Se existe um tipo de pessoa que respeito é aquela
que mesmo pensando diferentemente de mim é firme em suas convicções. Não me
refiro à firmeza vinculada a sentimentalismos ou experiências pessoais, que
podem variar radicalmente de pessoa para pessoa ou até na mesma pessoa. Meu
respeito é devotado àquelas pessoas que fundamentam seus posicionamentos em
argumentos racionais e palpáveis.
Por outro lado, já tive também o privilégio de me
deparar com muitos indivíduos dignos de respeito, não obstante estivessem mais
para ignorantes que para intelectuais no âmbito de suas crenças. Mas ainda
assim reitero minha admiração por tais seres humanos, pois sua fé numa
determinada linha ideológica, filosófica ou teológica está bem mais arraigada a
uma paixão convicta que a emocionalismos tempestivos que variam de acordo com a
sensação do momento.
Ao olhar para a Igreja dos dias atuais, percebo que
denominações que décadas atrás encontravam-se distantes em sua forma de cultuar
a Deus estão convergindo para um tipo de culto misto, a tal ponto que em alguns
casos não se encontra qualquer diferença na forma do culto dominical.
Descaracterizados sob a justificativa de
contextualização, os cultos de diferentes denominações se tornaram tão
parecidos que perderam a espiritualidade peculiar a cada um. Na tentativa de se
fazerem mais atrativos, tornaram-se insossos e triviais. São como árvores sem
raízes, levadas de um lado para outro pelos ventos de doutrina e modismos
mascarados de espírito evangelístico. Igrejas pentecostais deixaram os grupos
de senhoras, homens, jovens e crianças de lado, de modo que o púlpito tornou-se
exclusividade de pregadores e ministérios de louvor. Igrejas históricas
relegaram a palavra a um breve momento do culto, cedendo a centralidade do
mesmo a canções de forte apelo emocional e péssimo conteúdo teológico.
Onde está o fundamento dessa suposta evolução? Quem
em sã consciência acharia natural renegar seus hábitos e costumes pela simples
justificativa de adaptação ao meio? Isso não é sinal de inteligência, mas de
caráter fraco e mal formado. Para se contextualizar não é preciso se
descaracterizar!
É evidente que a igreja precisa amoldar-se ao novos
tempos, de modo que alguma práticas e exigências do passado tornaram-se
insustentáveis nos dias atuais. Mas a igreja evangélica no Brasil
miscigenou-se, dando origem, entre os tantos filhotes, a um neopentecostalismo
viral que adentrou por entre as fileiras dos bancos de madeira e alcançou os
púlpitos de igrejas histórias e pentecostais. Perdemos nossas identidades.
Felizmente, ainda sabemos de onde viemos e há tempo para replantar as raízes
arrancadas e vilipendiadas por uma geração ingrata para com seus precursores.
____________________________
____________________________
Sobre o autor: Cristão reformado, formado em
administração de empresas e teologia, membro da IPB - Fortaleza/CE.
Artigo enviado por e-mail.
Contatos com o autor: renatocesarmg@hotmail.com
.