Por quem Cristo morreu? Por
Denis Monteiro
Uma
refutação ao artigo publicado no Blog do Ciro.
O pastor
Ciro, em seu blog, argumentou em favor da doutrina arminiana da expiação
universal. O texto base para seu argumento foi Romanos 5.6-10; 12,15,18 e
19.
Segundo
a sua explicação, o texto de Romanos 5.12,15,18 e 19 mostra uma conexão com a
doutrina da expiação universal. Segue abaixo algumas explicações dele:
Pr. Ciro - Versículo 18: "por uma só ofensa [a
de Adão] veio o juízo sobre todos os homens para condenação [...] por um só ato
de justiça [realizado pelo Senhor Jesus] veio a graça sobre todos os homens
para a justificação de vida". O termo "todos", aqui, à luz do
contexto imediato, refere-se, sem dúvidas, à totalidade da humanidade pecadora.
O pastor
Ciro, falando em contexto, está negando a passagem anterior. O verso 17 explica
o verso 18. Paulo diz que "pela ofensa de um só, a morte reinou por
esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça,
reinarão em vida por um só, Jesus Cristo." (Romanos 5:17). Perceba que
no versículo 18 Paulo explica como ocorreu este ato de condenação por uma só
ofensa veio o juízo sobre todos. Mas o mais interessante do verso 17 é sobre os
que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça. Como o verso 18 diz que
veio, graça sobre todos, sendo que no verso 17 diz que a graça recebem? (vs
17)
Perceba
que quem recebe a graça, recebe o dom da justiça como descrito no verso 18 para
justificação e vida.
Se
Cristo morreu por todos, logo todos estão justificados diante de Deus, eles
receberam reconciliação e perdão de seu delito. A doutrina da justificação,
segundo o que explica Paulo, é pela fé "receberam a abundância da graça"
(vs 17). Paulo descreve em Romanos 3.28 e Gálatas 2.26 que a justificação vem
por intermédio da fé.
Se
"muitos" significa "todos" (vs 18) logo, toda a humanidade
está justificada diante de Deus e já receberam o dom da graça e reinarão com
Cristo (vs 17).
Mas como
descrito em Romanos 5.17 aquele que recebe (gr. lambano) este
recebe a justiça de Deus, assim como descrito em Rm 3.28 e Gl 2.26, pela fé o
crente recebe a justificação.
Logo, o
"todos" de Rm 5.18b são os "muitos" que receberam a Cristo
e assim foram justificados.
Pr. Ciro - Por outro lado, pela mesma lógica, todos
os que crerem, considerando que Deus não faz acepção de pessoas (Rm 2.11; Tg
2.1).
Mas uma
vez me deparo com um argumento de que Deus não faz acepção de pessoas. Mas como
entender que Deus não faz acepção de pessoas? Mas antes de explicar sobre este
questionamento, quero fazer uma reflexão: Segundo a teologia arminiana a
eleição ocorre, a partir do momento que Deus olha no futuro e vê a fé de tal
pessoa e a mesma é salva mediante uma fé prevista. Mas como isso pode ser
possível, sendo que Deus não faz acepção de pessoas?
Mas
voltando ao questionamento, a palavra acepção no grego é prosopolepsia,
ou seja, segundo o termo grego indica que Deus não leva em consideração as
circunstâncias externas do gênero e nem seus méritos, como ocorria, segundo
Tiago descreve: "Porque, se entrar na vossa reunião algum homem com
anel de ouro no dedo e com traje esplêndido, e entrar também algum pobre com
traje sórdido. E atentardes para o que vem com traje esplêndido e lhe
disserdes: Senta-te aqui num lugar de honra; e disserdes ao pobre: Fica em pé,
ou senta-te abaixo do escabelo dos meus pés, não fazeis, porventura, distinção
entre vós mesmos e não vos tornais juízes movidos de maus pensamentos." (Tiago
2:2-4)
Então,
concordo que Deus não faz acepção de pessoas, Deus escolhe incondicionalmente
baseado unicamente em sua gloriosa vontade, como diz em Romanos 9: "Todavia,
antes que os gêmeos nascessem ou fizessem qualquer coisa boa ou má — a fim de
que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse, não por obras,
mas por aquele que chama." (Romanos 9:11). Deus não leva em
consideração cargo, obras ou qualquer coisa parecida. Deus escolhe mediante sua
livre graça e amor.
O verso
19 não é preciso explicar pelo o fato de que, como foi provado acima, a
condenação de "muitos" é igual a "todos", mas a graça que
veio sobre "todos" são os "muitos" que recebem a Cristo,
como descreve o texto da Ceia: "E lhes disse: Isto é o meu sangue da
aliança, que é derramado em favor de muitos." (Marcos 14:24).
Algumas
passagens citadas pelo Ciro, como Jo 3.16; 1Tm 2.4, são explicadasneste artigo.
Pr. Ciro - Embora o Senhor Jesus tenha provado a
morte por toda a humanidade (Hb 2.9).
Segundo
a interpretação do Ciro, Hebreus 2.9 diz que Cristo morreu por toda a
humanidade, por ter sofrido a morte[..] em favor de todos. Mas será que
"todos" são toda a humanidade? Veja o que diz o verso 10: "Aquele
para quem e por quem todas as coisas existem, desejando conduzir à glória
numerosos filhos, deliberou elevar à perfeição, pelo sofrimento, o autor da
salvação deles."
Ou seja,
àqueles por quem Cristo morre é aperfeiçoado e leva à glória. Ou será que todos
são filhos e estão sendo aperfeiçoado?
A
palavra "todos" no grego "pas" significa que
Cristo morreu por classes de pessoas e não todas as pessoas de todas as
classes, como descrito em Apocalipse 5.9: "com teu sangue
compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação."
Logo,
Hebreus não prova que Cristo morreu por toda a humanidade, e sim, pelos filhos
de Deus.
O pastor
Ciro comete um erro interpretativo enorme. Segundo a sua argumentação Romanos
5.6,8 apoia que Cristo morreu por todos os homens.
Romanos
5.6 "De fato, no devido tempo, quando ainda éramos fracos, Cristo
morreu pelos ímpios."
Romanos
5.8 "Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso
favor quando ainda éramos pecadores."
Veja que
os ímpios por quem Cristo morre, são àqueles por quem Deus prova seu amor, nós
os que éramos pecadores.
Fonte: Teologia & Apologética