quarta-feira, 25 de abril de 2012

PAZ COM DEUS


Navia no tempestade
Há no homem um fator chamado consciência. Ah, quantos não há que gostariam que não houvesse consciência! Contudo eles a têm, e ela vai lhes falando e os vai segurando; é uma influência em sua vida. Que é ela? É a lembrança, a reminiscência da sua retidão original. No fundo do coração o homem sabe que foi feito para algo melhor. Ele tem senso de justiça, do certo e do errado, do bem e do mal…., a natureza humana decaída, a cobiça, a paixão, o desejo, o ciúme, a inveja, todas estas coisas feias e horríveis. O apóstolo fala disso uma vez por todas no capítulo sete de Romanos: “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.” As duas são antagônicas, e o resultado é que o homem fica inquieto e como as ondas do mar, do mar inquieto, que não tem descanso. E então, ocasionalmente, vem os temporais. Refiro-me a alguma furiosa investida do diabo! Há sempre um ligeiro movimento no ar, todavia nem sempre dizemos que é uma ventania. Quando o movimento aumenta, torna-se ventania, vendaval. O diabo e as suas forças parecem incontroláveis, e as nossas vidas ficam tão turbulentas e agitadas como o mar na mais violenta tempestade não é só isso – as circunstâncias também! Vem as guerras, vem a enfermidade, um ente querido cai doente, algo vai mal, e toda a nossa vida se transtorna. Não sabemos onde estamos; abalam-se as nossas bases, como dizemos. Tudo vai rolando para lá e para cá, como o mar. Vocês veem como a descrição é perfeita. Esse homem que não tem relação com Deus, o homem resultante da queda. Não tem paz, vive inquieto.
Naturalmente, a consequência disso tudo é que o homem nunca está satisfeito. Não há nada que caracterize tanto a vida pecaminosa como a inquietude. Acaso vocês não veem isso no mundo atual? O mundo alguma vez esteve tão inquieto como no presente? Vejam a moderna mania de lazer. A que se deve? À inquietude! As pessoas dizem: vamos sair, vamos fazer alguma coisa; não podemos aguentar ficar só em casa; isso nos fará enlouquecer. Vamos sair, vamos esquecer tudo, vamos fugir de tudo. Lazer! Estão tentando livrar-se da inquietude! Uma nova emoção, um ansioso desejo de algo novo! Escapismo é o termo usado para isso hoje, o mundo se enquadra no fato. O mundo está emocionalmente agitado, e está procurando agitar-se mais ainda. Tem que receber estímulo na forma de bebidas ou de diversão. Tem que ter algo que mantenha a coisa andando. É tudo expressão dessa inquietude fundamental, desse desassossego, dessa falta de paz, dessa falta de tranquilidade mental. O homem em pecado não conhece a paz mental, não conhece a paz de coração. É instável, diz Tiago, como as ondas do mar. Tem mentalidade dupla…, sua vida e seus caminhos são de fato como as inquietas ondas do mar. Sem nada que o satisfaça.
…Cristo, e somente Cristo oferece e é capaz de dar esta paz a todos os que veem a necessidade dela.
Extraído do livro: “Reconciliação, Método de Deus” – de D. M. Lloyd-Jones. Tradução de Odayr Olivetti, PES, 1995, 262, 263 pp