ESPERANÇA DO CRENTE
NA MORTE - por Rev.
Steven R. Houck
Existem
muitos problemas e tribulações que vêem sobre o crente nesse
“vale
de lágrimas”, mas nenhum deles é tão perturbante como a morte. A
morte
é algo que lança temor no mais forte coração, pois é o fim dessa vida
terrena.
Na morte o corpo se dissolve e volta ao pó, e com essa dissolução do
corpo
tudo o que pertence à nossa vida terrena é destruído.
Além
do mais, não há como escapar das garras da morte. Com a
exceção
daqueles que estarão vivos no retorno de Cristo, todos devem morrer.
Deus
diz: “… aos homens está ordenado morrerem uma vez…” (Hebreus
9:27).
Isso é verdade do jovem, bem como do velho. Não sabemos o dia, nem
a
hora quando Deus nos dirá: “Esta noite te pedirão a tua alma” (Lucas
12:20).
Qualquer um de nós pode morrer a qualquer momento.
Tudo isso
faz da morte uma coisa muito assustadora. Para muitas
pessoas
ela é algo a ser temido. O próprio pensamento da morte enche seus
corações
de terror. A antecipação da morte traz sentimentos tais como
desespero
e desesperança, e as pessoas farão quase tudo para evitar sua
inevitabilidade.
Contudo,
para o crente as coisas são diferentes. Ele não teme a morte.
Com o
salmista ele diz: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte,
não
temeria mal algum…” (Sl. 23:5). Mesmo que esteja andando no “vale da
sombra
da morte”, ele não teme. Ele sabe que a morte não é o fim de tudo
para
ele. Ele não morre como a besta do campo. Não morre como alguém
sem
esperança. Pela graça ele crê que Deus lhe deu a vida eterna, e que a
morte
é o meio pelo qual ele passa para uma experiência mais gloriosa dessa
vida.
“Tragada foi a morte na vitória” (1Co. 15:54).
A
esperança do crente está fixa no dia do retorno do nosso Senhor, e
na
ressurreição do seu corpo dentre os mortos. Embora seu corpo retorne ao
pó, o
mesmo não permanecerá nessa corrupção. Ele será levantado dentre os
mortos.
O corruptível se vestirá de incorrupção, e o mortal de imortalidade.
“Porque
o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo,
e com
a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão
primeiro”
(1Ts. 4:16).
Essa
é uma das razões pelas quais o crente espera avidamente a vinda
de
Cristo. Ele anseia pelo dia quando será transformado “num momento, num
abrir
e fechar de olhos, ante a última trombeta” (1Co. 15:52). Nesse momento
glorioso
todos do povo de Deus serão glorificados e entrarão na bemaventurança dos novos
céus e nova terra. Assim, a oração diária de todo filho
de
Deus é: “Ora vem, Senhor Jesus” (Ap. 22:20).
Mas
isso não é tudo. A esperança do crente não é somente que ele será
ressuscitado
dentre os mortos quando Cristo retornar, mas que após a morte
ele entrará
imediatamente na presença de Cristo. O filho de Deus espera
Cristo
vir na morte para levá-lo ao céu, da mesma forma que espera ele vir no
final
do mundo. Embora o corpo retorne ao pós e não será ressuscitado até o
último
dia, na morte, a alma é levada ao céu. Na morte, o crente desfruta
conscientemente
da bem-aventurança de estar com o seu Senhor e Salvador.
Embora
essa verdade seja muito confortadora, ela é negada por muitos
que
professam ser cristãos. Por exemplo, os católicos romanos crêem que na
morte
as almas da maioria dos crentes irão para o purgatório, e permanecerão
ali
por um tempo considerável antes de irem para o céu. Antes de o crente
poder
ir para o céu, ele deve sofrer o restante da punição temporal por seus
pecados.
Existem
alguns protestantes evangélicos que crêem que os santos do
Antigo
Testamento não foram imediatamente para o céu na morte, mas para
um
lugar diferente que eles chamam de “paraíso” ou “seio de Abraão”.
Somente
após a morte e ressurreição de Cristo as almas dos santos do Antigo
Testamento
foram liberadas desse lugar e levadas ao céu. Ainda outros crêem
no
que é chamado “sono da alma”. Na morte, a alma entra num estado de
sono,
no qual a pessoa está inconsciente quanto a tudo. Ela permanece nesse
sono
até o dia da ressurreição, quando uma vez mais sua alma é unida ao seu
corpo.
Contudo,
a Bíblia deixa muito claro que nenhuma dessas visões é
correta.
Todo crente pode ter conforto no fato que quando morre, sua alma
vai
imediatamente para o céu.
Vemos
isso a partir das palavras pronunciadas por Cristo ao ladrão
sobre
a cruz. Jesus disse: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
Paraíso”
(Lucas 23:43).
Jesus
não disse que o ladrão estaria com ele no paraíso após uma longa
estadia
no purgatório. Nem disse que o ladrão entraria em algum tipo de sono
até a
ressurreição! Não! Jesus deixou muito claro que o ladrão estaria com ele
no
céu no mesmo dia em que ambos morreram. Na morte, o ladrão iria para o
céu.
Da
mesma forma, o apóstolo Paulo cria que na morte o crente vai
imediatamente
para o céu. Em 2 Coríntios 5:1, ele diz: “Porque sabemos que,
se a
nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um
edifício,
uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus”.
Quando
nossa “casa terrestre” – o corpo e tudo o que pertence à nossa
vida
terrena – se dissolver na morte, não seremos deixados nu. Há “de Deus
um
edifício” no céu, no qual habitaremos. Essa não é a ressurreição do corpo,
mas
um estado celestial de glória que o crente entra na morte. Ele não entra
no
purgatório quando morre, ou em alguma outra moradia que não o céu.
Nem
ele dorme. Ao morrer, o crente entra na glória do céu.
Não
deveria nos surpreender, portanto, que o apóstolo diria também:
“Porque
para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp. 1:21).
Que
ganho haveria, se na morte o crente fosse para o purgatório? Que
ganho
existiria, se sua alma entrasse num estado de inconsciência? Mas visto
que a
alma do crente vai para o céu imediatamente após a morte, a morte é
ganho.
Para o crente, a morte é a passagem que o leva desse “vale de
lágrimas”
para a glória do céu.
Ó,
quão glorioso é o céu!
No
céu o crente não experimentará nunca mais o pecado, sofrimento e
tristeza.
Todas essas coisas não mais existirão. Não haverá nenhum velho
pecador.
Finalmente o crente estará completamente livre da sua natureza má,
de
forma que será impossível que ele peque. Com o fim de seu pecado,
findará
também tudo o que o seu pecado traz – o sofrimento e a tristeza desta
vida.
Visto
que está no céu, e não na terra, ele não mais enfrentará a
perseguição
e crueldades dos ímpios. Sua alma estará em descanso, como a
voz
do céu proclama: “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem
no
Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as
suas
obras os seguem” (Ap. 14:13).
No
céu o crente experimentará a bem-aventurança da comunhão com
todos
os outros santos que morreram e foram para o céu. Jesus diz: “…
muitos
virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e
Isaque,
e Jacó, no reino dos céus” (Mt. 8:11).
Pense
nisso!
Quando
o crente morre, ele vai para o “seio de Abraão”, onde se
assentará
com Abraão, Isaque, Jacó e todos os santos que foram para lá antes
dele.
Ele se reunirá com os seus amados que morreram no Senhor. O céu será
como
um grande banquete, no qual o povo de Deus desfruta da companhia
uns
dos outros, e se regozijam na bem-aventurança da sua salvação.
A
esperança do céu, contudo, é muito mais que comunhão com os
santos.
No céu o crente experimentará a bem-aventurança da comunhão com
Cristo,
e em Cristo, comunhão com Deus.
O
apóstolo nos ensina que “enquanto estamos no corpo, vivemos
ausentes
do Senhor” (2Co. 5:6). Isso porque o Senhor está no céu, e nós na
terra.
Mas “deixar este corpo” é “habitar com o Senhor” (2Co. 5:8). Quando o
crente
morre e vai para o céu, ele entra na presença de Cristo. Ele vê Cristo
em
todo lugar e sempre. Ele o vê como nunca o viu antes, pois o verá face a
face.
Assim,
na morte o crente entra numa experiência maior do pacto da
graça.
Ele conhece o amor e a graça de Deus como nunca conheceu antes. Ele
anda
e fala com Deus de uma forma mais íntima e amorosa. Ele sabe, sem a
menor
sombra de dúvida, que Deus é o seu Deus e que habitará com ele agora
e
para sempre. Seu coração está cheio, transbordando em louvor e adoração a
Deus.
Não
estamos dizendo que na morte o crente entra em seu estado final
de
glória. Devemos lembrar que na morte o corpo do crente ainda está no
túmulo,
os céus e a terra ainda não terão sido feitos de novo, e os santos de
Deus
não estarão todos reunidos. Todavia, esse estado intermediário da alma
é o
princípio dessa glória eterna que nos espera. É algo que deve dar grande
conforto
a todos do povo de Deus. No meio de todas as tristezas que
pertencem
à morte, o crente tem uma esperança maravilhosa. Ele sabe que
está
indo para o céu!
Fonte: The Standar Bearer, Volume 66, Issue 7.