"Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se
nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e
redenção". 1 Cor. 1:30
A primeira benção é: Cristo Se tornou sabedoria
para eles. No que, então consiste a sabedoria verdadeira? Se eu lhes
perguntasse, talvez alguns responderiam: "em satisfazer a concupiscência
da carne, e em dizer à sua alma: come, bebe, e se alegre", essa porém não
passa de sabedoria de ignorantes, os quais têm tanto gosto e apetite pelos
prazeres sensuais, como o maior epicurista na terra.
Outros me diriam que a verdadeira sabedoria
consiste em adquirir casas e campos e em chamar as terras pelos seus próprios
nomes. No entanto, essa não pode ser a verdadeira sabedoria, pois as riquezas
freqüentemente criam asas e voam para longe, como uma águia em direção aos
céus. Até a própria sabedoria nos assegura que "a vida do homem não
consiste na abundância das coisas que possui". Vaidade, vaidade, todas
essas coisas são vaidade, pois se as riquezas não abandonam o dono, o dono logo
terá que deixar as riquezas, "porque os ricos também devem morrer, e
deixar suas riquezas aos outros"; suas riquezas não podem livrá-los do
sepulcro, para onde todos nós estamos indo rapidamente.
Mas talvez vocês desprezem as riquezas e os
praze-res e, portanto digam que a sabedoria é aquela que se acha nos livros.
Contudo é possível que saibam contar o número das estrelas e citar os nomes de
todas elas, e ainda permaneçam tolos. Os homens cultos nem sempre são sábios;
não, a cultura que geralmente recebemos — tão louvada por todos — torna os
homens em meros estultos habilidosos. Não querendo deixá-los num suspense, mas
intentando humilhá-los ao mesmo tempo, vou mandá-los para uma escola paga, a
fim de aprenderem o que é a sabedoria verdadeira. Conhece-te a ti mesmo era o
ditado de um sábio da Grécia; essa certamente era sabedoria verdadeira, e
semelhante àquela mencionada no texto, o qual diz que Jesus Cristo Se tornou
sabedoria para todos os eleitos. Eles são obrigados a conhecerem a si mesmos,
de modo que não tenham um conceito elevado de si próprios. Antes estavam nas
trevas; agora, são luz no Senhor; e nessa luz, vêem as suas próprias trevas;
agora lastimam sua condição de criaturas caídas por natureza, mortas nas
transgressões e nos pecados, filhos e herdeiros do inferno, e filhos da ira.
Percebem agora que toda a sua justiça é apenas como trapos de imundícia; que
não há saúde na sua alma; que são pobres e miseráveis, cegos e nus; e que não
há outro nome dado debaixo dos céus, mediante o qual possam ser salvos, senão o
de Jesus Cristo.
Vêem a necessidade de abraçar o Salvador, e
percebem a sabedoria de Deus ao designá-lO para ser Salvador. Além disso, são
tornados dispostos a aceitarem a salvação segundo as condições impostas por
nosso Senhor, e a recebê-lO como seu tudo; assim Cristo Se lhes torna
sabedoria.