A conversão do carcereiro de Filipos -por Josivaldo de França Pereira
Outro exemplo fabuloso do extraordinário alcance do evangelho em Filipos foi a conversão do carcereiro. "O carcereiro despertou do sono e, vendo abertas as portas do cárcere, puxando da espada, ia suicidar-se, supondo que os presos tivessem fugido" (At 16.27). Aquele terremoto, as portas do cárcere abertas e principalmente a "ausência" dos presos levaram o carcereiro ao desespero. Ele ia se suicidar. Com certeza pretendia antecipar a injusta condenação romana (a morte por decapitação) que certamente cairia sobre ele.
"Mas Paulo bradou em alta voz: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos!" (v28). E nesse episódio todo, o que realmente importa é uma pergunta e uma resposta. O carcereiro se aproximou e perguntou a Paulo e Silas: "Senhores, que devo fazer para que seja salvo?" (v30). No grego o termosotho é o aoristo passivo subjuntivo de sozo (salvar). "O aoristo indica a totalidade da salvação do carcereiro, o passivo implica que Deus é o agente, e o subjuntivo denota o pedido cortês do carcereiro".[1]
Os contextos anterior e posterior da pergunta do carcereiro mostram que seu desejo de ser salvo era tão somente por salvação eterna. A resposta de Paulo e Silas implica que eles dois entenderam o tipo de salvação que o carcereiro buscava. "Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e tua casa" (v31). Se o carcereiro verdadeiramente direcionasse a sua fé para o Senhor Jesus, conforme sugere a preposiçãoepi do texto original, a salvação dele e de sua família estaria definitivamente garantida, pois a expressão grega sothese su kai ho oikos sou é regida por um verbo no futuro (sothese). Na língua grega o futuro é definido.
A dádiva oferecida ao carcereiro também seria concedida à totalidade da sua casa (kai ho oikos sou). Diz Marshall:
O Novo Testamento leva a sério a união da família, e quando a salvação se oferece ao chefe de um lar, torna-se logicamente disponível ao restante do grupo familiar (inclusive dependentes e servos) também (cf. 16.15). A oferta, porém, segue as mesmas condições: devem ouvir a Palavra também (16.32), crer e ser batizados; a fé do próprio carcereiro não dá cobertura a todos eles.[2]
As conversões relatadas no capítulo 16 de Atos são alguns exemplos de que a obra missionária só é bem sucedida quando o Espírito Santo vocaciona, capacita e envia seus obreiros, além é claro, de preparar o caminho para eles. Assim acontece dentro do livro de Atos e não pode ser diferente fora dele.