Gálatas 3:11: “E é evidente que, pela lei, ninguém
é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé”.
A doutrina da justificação – o núcleo
tormentoso da Reforma – era, para Paulo, o âmago do evangelho (Rm 1:17;
3:21-5:21; Gl 2:15-5:1), dando forma à sua mensagem (At 13.38-39) e à sua
devoção (2Co 5.13-21; Fp 3.4-14). Ainda que outros escritores do Novo Testamento
afirmem a mesma doutrina em substância, os termos com que os Protestante a têm
afirmado e defendido, por quase cinco séculos, são tirados essencialmente de
Paulo.
Justificação é o ato de Deus pelo qual
ele perdoa pecadores e os aceita como justos por causa de Cristo. Por esse ato,
Deus endireita permanentemente o anterior relacionamento alienado que os
pecadores tinham com ele. Essa sentença justificadora é a concessão por Deus de
um status de aceitação de pecadores por causa de Jesus Cristo
(2Co 5.21).
O juízo justificador de Deus parece
estranho, pois declarar justificados os pecadores parece ser exatamente o tipo
de ação injusta praticada por um juiz, que a própria lei de Deus o proíbe (Dt
25.1; Pv 17.15). Contudo, é um julgamento justo, porque sua base é a justiça de
Jesus Cristo. Como o ‘último Adão' (1Co 15.45), agindo em nosso favor, como
nosso Cabeça representativo, Cristo cumpriu a lei que nos prendia e suportou o
castigo que merecíamos pela desobediência à lei e, assim, ‘mereceu' a nossa justificação.
Por isso, nossa justificação tem base justa (Rm 3.25-26; 1Jo 1.9), com a
justiça de Cristo creditada em nosso favor (Rm 5.18-19).
A decisão justificadora de Deus é, na
prática, o julgamento do Último Dia, com relação ao lugar onde devemos estar na
eternidade; essa decisão já é trazida para o presente e é pronunciada aqui e
agora. É um juízo sobre o nosso destino eterno; Deus nunca voltará atrás, por
mais que Satanás possa apelar contra o veredito (Zc 3.1; Rm 8.33-34; Ap 12.10).
Estar justificado é estar eternamente seguro (Rm 5.1-5; 8.30).
O meio necessário para a justificação é
a fé pessoal em Jesus Cristo como Salvador crucificado e como Senhor ressurreto
(Rm 4.23-25; 10.8-13). A fé é necessária porque o fundamento meritório de nossa
justificação está totalmente em Cristo. Ao nos entregarmos a Jesus, em fé, ele
nos concede seu dom da justiça, de modo que no próprio ato de ‘fechar com
Cristo' – como os mais antigos mestres Reformados diziam -, recebemos o perdão
e a aceitação divinos, que não podemos encontrar em nenhum outro lugar (Gl
2.15-16; 3.24).
A teologia católica romana histórica
inclui a santificação na definição da justificação, considerada como um
processo, ao invés de um único evento decisivo, e afirma que, embora a fé
contribua para a nossa aceitação diante de Deus, nossas obras de satisfação e
mérito devem contribuir também. Os católicos vêem o batismo como portador da
graça santificadora, que nos justifica primeiramente. Depois, o sacramento da
penitência permite que mérito suplementar seja alcançado através das obras,
assegurando a justificação se a graça da aceitação inicial por Deus se perder
por causa de um pecado mortal. Esse mérito suplementar não obriga Deus a ser
gracioso, embora seja o contexto normal para recebe-lo. Segundo o conceito
católico romano, os fiéis efetuam sua própria salvação com a ajuda da graça que
procede de Cristo através do sistema sacramental da Igreja. Os Reformados
ressaltaram que esse conceito da salvação solapa o sentido de confiança que só
a livre graça pode oferecer àqueles que não têm méritos. Paulo já tinha
mostrado que todos os seres humanos, seja qual for o grau de sua piedade, estão
sem méritos e necessitam da livre justificação para serem salvos. Uma
justificação que precisa ser completada pelo beneficiado não oferece repouso
sólido.
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