domingo, 29 de abril de 2012

Abusando da misericórdia de Cristo - Richard Sibbes (1577-1635)



               E os melhores dentre nós podem cometer escândalo contra essa disposição misericordiosa, caso não estejamos vigilantes contra aquela liberdade que nossa disposição carnal estará pronta para dela tirar. Desse modo, arrazoamos, se Cristo não apagará o pavio que fumega, que necessidade temos de recear que qualquer negligência de nossa parte possa nos trazer para uma condição sem conforto? Se Cristo não apagará, o que poderá fazê-lo?

Tu conheces a interdição do apóstolo, qual seja, “não extingais o Espírito” (1 Ts 5.19). Tais cautelas para não apagar são santificadas pelo Espírito como meio de não apagar. Cristo desempenha seu ofício de não apagar excitando adequados esforços em nós; e ninguém há mais solícito no uso dos meios do que aqueles que estão mais certos de seu bom êxito.

A razão é esta: os meios que Deus reservou para o efetuar de qualquer coisa estão inclusos no propósito que ele tem de fazer aquilo se suceder. E isso é um princípio tido por certo, mesmo nas matérias civis; pois quem, se de  antemão soubesse que este seria um ano frutífero, penduraria pois seu arado e descuidaria da lavoura?

Por isso, o apóstolo estimula-nos a partir da expectativa certa de uma bênção (1 Co 15.57,58), e tal encorajamento, que parte do bom desfecho da vitória, é pensado para nos incitar, e não para nos dissuadir. Se formos negligentes no exercício da graça recebida e do uso dos meios prescritos, permitindo que nossos espíritos sejam oprimidos com muitos e variados cuidados desta vida, e não tivermos cuidado com os desencorajamentos momentâneos, em razão desse tipo de descuido, Deus, em seu sábio cuidado, permite que freqüentemente caiamos em uma condição pior em nossos sentimentos do que aqueles que nunca foram tão iluminados. Todavia, em misericórdia ele não tolerará que sejamos tão inimigos de nós mesmos a ponto de inteiramente negligenciar essas faíscas uma vez acendidas. Caso fosse possível que devêssemos abandonar todo esforço em absoluto, então poderíamos procurar por não outro resultado senão apagar; porém, Cristo tomará o cuidado dessa fagulha e nutrirá essa sementinha, para que ele sempre preserve na alma algum grau de cuidado.

Se fizermos um confortador uso disso, devemos considerar todos aqueles meios pelos quais Cristo preserva a graça iniciada; tais como, primeiro, a santa comunhão, pela qual um cristão aquece outro. “Melhor é serem dois do que um” (Ec 4.9). “Não ardia em nós o nosso coração?”, disse os discípulos (Lucas 24.32). Em segundo lugar, muito mais comunhão com Deus nos santos deveres, tais como meditação e oração, que não apenas acende como agrega um lustre à alma. Em terceiro lugar, sentimos por experiência o sopro do Espírito ir junto com o de seus ministros. Por essa razão o apóstolo entrelaça esses dois versículos em um: “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias” (1 Ts 5.19,20). Natã, por poucas palavras, assoprou as centelhas que definhavam em Davi. Em vez de Deus aceitar que seu fogo em nós se extinga, ele enviará algum Natã ou outro, e algo é sempre deixado em nós para juntar com a Palavra, desde que da mesma natureza dela; como um carvão que tem fogo em si rapidamente ajunta mais fogo para si. O pavio que fumega facilmente pegará fogo.

Em  quarto lugar, a graça é fortalecida pelo seu exercício: “Levanta-te, pois, e faze a obra, e o Senhor seja contigo” (1 Cr 22.16), disse Davi a seu filho Salomão. Estimula a graça que está em ti, pois desse modo santas moções viram resoluções, resoluções, prática, e prática, uma preparada prontidão para toda boa obra.

Não obstante, que lembremos que a graça é aumentada, no seu exercício, não em virtude do exercício em si, mas por Cristo, que, pelo seu Espírito, flui na alma e nos traz mais próximos de si próprio, a fonte, assim instilando tal conforto que o coração é mais adiante dilatado. O coração de um cristão é o jardim de Cristo, e suas graças são como tantas doces especiarias e flores as quais, quando seu Espírito sopra sobre elas, emitem um aroma agradável. Portanto, mantenha a alma aberta para acolher o  Espírito Santo, pois ele introduzirá continuamente forças adicionais para vencer a corrupção, e isso, sobretudo, no dia do Senhor. João estava no Espírito no dia do Senhor, precisamente em Patmos, o lugar de seu banimento (Ap 1.10). Então, os golpes de vento do Espírito soprarão de modo mais forte e meigo.

Como vimos, portanto, para o consolo dessa doutrina, que não favoreçamos nossa preguiça natural, mas antes nos exercitemos na piedade (1 Tm 4.7), e labutemos para manter esse fogo sempre queimando sobre o altar de nossos corações. Que preparemos nossas lâmpadas diariamente, e ponhamos dentro óleo novo, e alcemos nossas almas mais e mais alto ainda.

Descansar em uma boa condição é contrário à graça, que não pode senão promover a si para uma medida ainda maior. Que ninguém torne essa graça “em lascívia” (Judas 4). As fraquezas são uma razão de humildade, não uma justificativa à negligência nem um encorajamento à presunção. Longe estejamos de sermos maus, pois que Cristo é bom para que aquelas brasas de amor nos derretam. Logo, aqueles em quem a consideração de tal ternura de Cristo não opera dessa forma bem podem suspeitar de si próprios. Certamente, onde a graça está, a corrupção é “como vinagre para os dentes, como fumo para os olhos” (Pv 10.26). E, por conseguinte, eles labutarão, considerando o seu próprio conforto e, da mesma forma, o mérito da religião e a glória de Deus, para que a luz deles possa irromper. Se uma centelha de fé e amor é tão preciosa, que honra será ser rico em fé! Quem não prefere antes andar na luz, e nos confortos do Espírito Santo, a viver em um estado sombrio, confuso? E a velejar a todo pano para o céu a ser agitado sempre com medos e dúvidas? A presente dificuldade no conflito contra um pecado não é tanta quanto aquela perturbação que qualquer corrupção favorecida trará sobre nós posteriormente. A paz verdadeira está em conquistar, não em se entregar. O conforto tencionado neste texto é para aqueles que querem fazer melhor, porém, descobrem que suas corrupções os obstruem; que estão em uma tal bruma, que amiúde não podem dizer o que pensar de si mesmos; que querem acreditar e, todavia, com freqüência temem que não acreditam; e que pensam que não pode ser que Deus seja tão bom para miseráveis tais como eles, e, contudo, não permitem tais receios e dúvidas em si próprios.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

JESUS NO GETSÊMANI


JESUS NO GETSÊMANI


“E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o Seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra.” 
Lucas 22:44.

Jesus travou a mais sangrenta batalha da humanidade no Jardim do Getsêmani. Os horrores do inferno bafejavam a alma do Filho de Deus. Prostrado com o rosto em terra, Jesus orou três vezes, enfrentando uma angústia de morte. Seus discípulos dormiam enquanto Jesus erguia aos Céus seu clamor regado de lágrimas. Naquela fatídica noite, as autoridades judaicas tramavam contra Jesus enquanto Ele suava Sangue no Getsêmani. Capitaneados por Judas Iscariotes, os soldados do templo, armados até aos dentes, entraram no Jardim para prender Jesus, mas Este consolado pelo anjo e fortalecido pelo Pai, caminhou para a Cruz como um Rei caminha para a coroação.

A angústia de Jesus não era pelo temor do sofrimento físico, mas por saber que, na Cruz, assumiria o nosso lugar, carregaria em Seu corpo os nossos pecados e, seria feito maldição para nos resgatar do pecado e da morte. Jesus não foi à Cruz porque Judas O traiu por ganância, nem porque os judeus O entregaram por inveja, nem mesmo porque Pilatos O sentenciou por covardia; Ele foi à Cruz por amor!

Oremos
Bendito Deus, nada moveu Teu filho em direção à Cruz senão unicamente o Teu amor eterno. Portanto, que esse amor preencha meu coração e me mova aos pés da Cruz. Em nome de Jesus, amém

quarta-feira, 25 de abril de 2012

PAZ COM DEUS


Navia no tempestade
Há no homem um fator chamado consciência. Ah, quantos não há que gostariam que não houvesse consciência! Contudo eles a têm, e ela vai lhes falando e os vai segurando; é uma influência em sua vida. Que é ela? É a lembrança, a reminiscência da sua retidão original. No fundo do coração o homem sabe que foi feito para algo melhor. Ele tem senso de justiça, do certo e do errado, do bem e do mal…., a natureza humana decaída, a cobiça, a paixão, o desejo, o ciúme, a inveja, todas estas coisas feias e horríveis. O apóstolo fala disso uma vez por todas no capítulo sete de Romanos: “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.” As duas são antagônicas, e o resultado é que o homem fica inquieto e como as ondas do mar, do mar inquieto, que não tem descanso. E então, ocasionalmente, vem os temporais. Refiro-me a alguma furiosa investida do diabo! Há sempre um ligeiro movimento no ar, todavia nem sempre dizemos que é uma ventania. Quando o movimento aumenta, torna-se ventania, vendaval. O diabo e as suas forças parecem incontroláveis, e as nossas vidas ficam tão turbulentas e agitadas como o mar na mais violenta tempestade não é só isso – as circunstâncias também! Vem as guerras, vem a enfermidade, um ente querido cai doente, algo vai mal, e toda a nossa vida se transtorna. Não sabemos onde estamos; abalam-se as nossas bases, como dizemos. Tudo vai rolando para lá e para cá, como o mar. Vocês veem como a descrição é perfeita. Esse homem que não tem relação com Deus, o homem resultante da queda. Não tem paz, vive inquieto.
Naturalmente, a consequência disso tudo é que o homem nunca está satisfeito. Não há nada que caracterize tanto a vida pecaminosa como a inquietude. Acaso vocês não veem isso no mundo atual? O mundo alguma vez esteve tão inquieto como no presente? Vejam a moderna mania de lazer. A que se deve? À inquietude! As pessoas dizem: vamos sair, vamos fazer alguma coisa; não podemos aguentar ficar só em casa; isso nos fará enlouquecer. Vamos sair, vamos esquecer tudo, vamos fugir de tudo. Lazer! Estão tentando livrar-se da inquietude! Uma nova emoção, um ansioso desejo de algo novo! Escapismo é o termo usado para isso hoje, o mundo se enquadra no fato. O mundo está emocionalmente agitado, e está procurando agitar-se mais ainda. Tem que receber estímulo na forma de bebidas ou de diversão. Tem que ter algo que mantenha a coisa andando. É tudo expressão dessa inquietude fundamental, desse desassossego, dessa falta de paz, dessa falta de tranquilidade mental. O homem em pecado não conhece a paz mental, não conhece a paz de coração. É instável, diz Tiago, como as ondas do mar. Tem mentalidade dupla…, sua vida e seus caminhos são de fato como as inquietas ondas do mar. Sem nada que o satisfaça.
…Cristo, e somente Cristo oferece e é capaz de dar esta paz a todos os que veem a necessidade dela.
Extraído do livro: “Reconciliação, Método de Deus” – de D. M. Lloyd-Jones. Tradução de Odayr Olivetti, PES, 1995, 262, 263 pp

Augustus Nicodemus - Um Risco que os Reformados Correm



Um dos riscos que reformados correm é enfatizar a soberania de Deus a ponto de esquecer que o próprio Deus estabeleceu e determinou que o mundo funciona na base da lei das causas e efeitos. O mundo natural é regido por leis dentro deste princípío. Da mesma forma o mundo espiritual. Esperar efeitos (resultados) sem que se usem as causas (ações) que os produzem é zombar de Deus, conforme Paulo ensinou aos Gálatas: "De Deus não se zomba: aquilo que o homem semear, isto também ceifará" (Gal 6:7). Quem quer ver sua igreja cheia de convertidos que amam a Deus tem que usar os meios para isto: evangelizar, ensinar, discipular, treinar e orar muito. Quem quer vencer o pecado tem que usar os meios para isto: mortificação, negar a si mesmo, fugir das ocasiões de tentação. Quem quer um casamento feliz tem que praticar o que a Bíblia diz quanto aos papéis do marido e da esposa. Um milagre é quando o próprio Deus faz que os efeitos aconteçam sem o emprego das causas. Somente Ele pode fazer isto. E ele não nos ensina a viver na espera de milagres, mas sim a diariamente usar os meios corretos para se obter os fins desejados.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Os Princípios Reformados - (CFW, I-7)



1. Base Bíblica
A Fé Reformada considera a Bíblia com a maior seriedade. Esta não é senão outra maneira de dizer: “Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” (Rm. 11.36). A Fé Reformada busca manter corretamente entendido o ensino integral da Bíblia. Não temos espaço aqui para desenvolver as ênfases específicas da Fé Reformada.
Mas esperamos que apenas através deste breve estudo o leitor poderá: (1) ver que há uma profunda diferença entre a Fé Reformada e todas as demais formulações menos consistentes da Fé Cristã e (2) ser desafiado a investigar com mente aberta nossa reivindicação de que esta Fé Reformada é nada mais nada menos, que o ensino que a Bíblia consistentemente expressou.
a. Suficiência
A Fé Reformada encontra toda a sua autoridade no ensino da Palavra de Deus. A Bíblia é a única regra infalível sobre o que devemos crer e como devemos viver. Revelações carismáticas contínuas, profecias ou línguas estranhas não mais são necessárias porque Deus falou Sua Palavra final e toda suficiente ao completar-se o cânon das Escrituras Sagradas. A Bíblia e apenas a Bíblia - esta é a nossa confissão!
b. Necessidade
A Bíblia é a revelação da vontade e da pessoa de Deus. “o homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor” (Dt 8.3). Mas as pessoas tentam por natureza viver de pão apenas sem aquela Palavra; eles tentam viver pela sua própria sabedoria (cf. Sl. 36.1-4). A verdade, entretanto, é que homem nenhum pode viver sem a luz da revelação especial de Deus. Isto era verdade para o primeiro homem criado, Adão, mesmo antes de ele cair em pecado ao negar a luz de Deus e desobedecê-LO. Adão, embora criado perfeito e com a lei de Deus inscrita em seu coração, mesmo assim necessitava de que uma luz exterior brilhasse sobre ele para habilitá-lo a andar de acordo com as ordens de Deus. Adão ainda necessitava de que Deus falasse com ele. Ele sabia muito, em virtude de ter sido feito à imagem de Deus, mas ainda necessitava da voz divina. E é também assim com todos os descendentes de Adão, gostem eles ou não de ouvir isto. Em Romanos 1.21, o apóstolo Paulo faz a surpreendente afirmação de que por natureza todos sabem a respeito da existência e poder de Deus devido ao Seu trabalho na criação do universo, e ainda assim rejeita e despreza essa luz que eles têm. Desde a queda da humanidade, a vontade humana foi grosseiramente pervertida. Cada um de nós, afastados da ação salvadora de Deus, quer seguir seu próprio caminho, ao invés do caminho de Deus. Este caminho, expresso na lei de Deus, é parte do íntimo do nosso ser. Ninguém pode escapar da consciência, a qual gera uma constante atividade de acusar ou desculpar. Mas a linha básica é que, afastados do trabalho regenerador de Deus, todos nós odiamos a lei de Deus porque somos descendentes do Adão caído (cf. Jo 3.19-20). Conseqüentemente, nossa única esperança é o Evangelho. Após declarar que o homem ama a escuridão, Jesus disse “21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus.” (Jo 3.21). As Escrituras Sagradas são “indispensáveis” porque somente através dela vem “aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação” (Confissão de Fé de Westminster I.1). Os cristãos precisam da Bíblia também. Disse Jesus “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos;” (Jo 8.31). Como conheceremos esse ensino a menos que nosso caminho seja iluminado? Os crentes mostram-se serem felizes portadores da graça de Deus ao obedecer a Sua Palavra e andar na Sua luz.
Inerrância
A Bíblia está livre de erros, uma vez que foi entregue pelas mãos de Deus. O salmista diz o seguinte: “A lei do Senhor é perfeita... Os estatutos do Senhor são dignos de confiança... Os preceitos do Senhor são justos... O temor [objeto de referência, chamado, a Palavra de Deus] do Senhor é puro” (19:7-9). A ultima característica significa “sem defeito”. Será que nós imaginávamos de outra forma, sabendo que a Bíblia é o sopro de Deus? (Ref. 2 Tim. 3:16, “Toda escritura é inspirada por Deus” e 2 Pe. 1:21, “Pois a profecia nunca teve sua origem na vontade humana, mas os homens falaram de Deus sendo levados pelo Espírito Santo.”- O verbo grego para “sendo levados” algumas vezes descreve o efeito que o vento faz em um barco a velas.). A Bíblia não caiu do céu. Homens escreveram, mas com sua forma de escrita, com toda variedade de vocabulário e estilo próprio, o Espírito Santo, pela sua palavra e exposição, foi determinante para o resultado da Palavra. Os autores humanos foram levados pelo seu poder, assegurando que o produto seria sem defeito. Conseqüentemente, como a Fé Reformada insiste, a Bíblia é infalível e absolutamente digna de confiança.
Clareza
A Bíblia é clara e isso é fruto de sua inerrância. Salmo 19:8 diz, “Os mandamentos do Senhor são radiantes, trazendo luz aos olhos.” A analogia (trazer luz) é: sem mácula, pura, que não se mistura com outro material conflitante ou controverso. A Bíblia não seria clara se houvesse uma mistura de verdades e erros. Isso não quer dizer que tudo o que contém na Bíblia está igualmente formado. Existem doutrinas nas Sagradas Escrituras que confundem a mente. Nos sabemos o que a doutrina da Trindade não significa (a igreja primitiva gastou centenas de anos para definir as “explicações”!). Nós sabemos como a Bíblia nos apresenta esse assunto: existe um só Deus; esse Deus único existe em três pessoas; cada pessoa é distinta. As crenças reformadas não declaram poder esclarecer isto. Mas eles firmemente crêem nisto. Não há uma necessidade para que “experts” no assunto, nos guiem através “caminhos obscuros”. Pois como diz nossa confissão de fé: “Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão claramente expostas e explicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas.” 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Quem era Habacuque - Pr. Elso Venema




O profeta Habacuque era um homem muito sofrido. Ele tinha duas grandes angústias. A primeira grande  angústia dele era o estado espiritual de seu povo. Habacuque só via injustiça. Ele só via  violência, iniqüidade e opressão. Ele disse: "A lei se afrouxa, e a justiça nunca se  manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida". (Habacuque 1:4). Toda essa falta de justiça, que deixava os perversos bem à vontade, e que deixava os justos num sufoco muito  grande, era uma das grandes angústias de Habacuque. Ele ficou até confuso. Ele não entendia como  tanta falta de justiça, que só fazia os justos sofrerem, era possível no meio do povo de Deus!  Ele até disse ao SENHOR: "SENHOR, tu não salvarás"? Desta maneira ele questionou:  "Será que Deus está indiferente ou apático diante de toda essa injustiça e opressão"?

Havia ainda outra grande angústia na vida do profeta Habacuque. O SENHOR Deus revelou o seguinte a seu  profeta. Ele disse: Vou suscitar os caldeus. Eles são uma nação violenta. Eles marcham pela  largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas (Habacuque 1:6). Desta maneira Deus  revelou o seguinte plano a seu profeta: Eu vou enviar o povo dos caldeus, melhor conhecidos como babilônios, para julgar o meu povo. Os babilônios vão tomar posse do país do meu povo. Qual a intenção que Deus tinha com isso? A seguinte intenção, irmãos: Deus queria dar uma lição dura aos corruptos e perversos. A intenção de Deus era destruir os ímpios, que estavam cercando os justos. Ao receber esta revelação de Deus, ao receber este anúncio sobre o castigo de Deus, Habacuque ficou mais angustiado ainda. Essa cura não era pior do que a doença? Se os babilônios, que não tinham piedade com ninguém, viessem, a situação do povo de Deus não ficaria pior ainda?

Podemos entender as angústias de Habacuque, irmãos. Podemos até ter experiências semelhantes. Pois assim é a vida. Também no Brasil há falta de justiça. Há corrupção, violência e opressão. Às vezes os filhos de Deus não vêem mais soluções. Às vezes os filhos de Deus não vêem mais uma saída. Enquanto outros vivem bem, pois tomaram os bens ou os salários dos outros. E onde há soluções? Soluções não há. O que prevalece são a corrupção e a violência. Desta mesma forma, meus irmãos, sofreu o profeta Habacuque. Vendo as imoralidades do povo de Deus, sabendo da vinda de um povo violento para julgar esse povo, ele ficou muito abatido. Ele não via mais soluções. Então o que ele ainda podia fazer? Ele não podia fazer mais nada senão orar a Deus. Todos os caminhos ficaram bloqueados, meus irmãos. Mas o caminho para Deus está sempre aberto. Por isso Habacuque orou ao SENHOR. Ele depositou suas angústias e suas queixas diante de Deus. Ele disse na sua oração: SENHOR, eu não entendo como tu podes admitir tanto sofrimento. Eu não entendo como tu podes ser tão duro com teu povo. Tu não és o Deus eterno, o Todo-Poderoso? Então, depois de ter orado muito, Habacuque disse consigo mesmo: "Vou vigiar para ver o que Deus me dirá e que resposta terei à minha queixa" (Habacuque 2:1).

Então, irmãos, veio uma resposta do SENHOR. O Deus eterno, o Todo-Poderoso, disse a seu servo Habacuque: "Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé" (Habacuque 2:4)! E Deus disse mais: "O arrogante não permanecerá" (Habacuque 2:5). Quer dizer: os perversos, os arrogantes que acham que podem tudo sem que ninguém faça nada a eles, eles irão ver! Deus os julgará, que ninguém se engane! Desta maneira Deus também prometeu julgar os babilônios. Aqueles babilônios tinham a tarefa de castigar o povo de Deus, sim. Mas eles próprios receberiam seu castigo merecido também. Porque toda a terra vai ter que se calar diante de Deus. E mais! Deus salvará os humildes que confiam nele. De fato Deus deu uma promessa. Foi a seguinte promessa: "O justo viverá pela sua fé". Irmãos, esta promessa de Deus, como todas as promessas dele, são seguras. Por isso existe uma coisa que jamais devemos deixar de fazer. Jamais devemos deixar de confiar humildemente nas promessas de Deus. Foi justamente isso que Habacuque fez. Ele sabia: o nosso povo, que se desviou tanto de Deus, ainda tem muito sofrimento pela frente. "Mas eu, em silêncio, devo esperar o dia da angústia" (Habacuque 3:16). Ele sabia: estou angustiado, mas posso confiar em meu Deus.

Irmãos, nós também podemos sofrer as dificuldades que Habacuque sofreu. Podemos ficar angustiados pelos sofrimentos deste tempo presente. É possível estar na igreja e ter uma vida sofrida, onde há falta de justiça, violência, opressão. A vida pode ser tão difícil para os filhos de Deus que eles ficam abatidos e deprimidos. Podemos sofrer tanto, pelas aflições que existem ou pela falta de futuro, que chegamos a questionar a presença de Deus em nossas vidas. Podemos até entrar em desespero, quando só vemos dificuldades, e quando não há mais perspectiva e luz nenhuma. Mas em tudo isso, irmãos, não devemos deixar de ter fé em Deus. Pois temos as promessas de Deus. Deus nos prometeu a sua salvação. Ele disse: O justo viverá pela sua fé. Cristo nos prometeu a vida eterna. Esta promessa de Deus é segura, irmãos. Devemos sempre confiar nesta promessa de Deus, mesmo que a nossa vida seja uma vida difícil e sofrida.

Olham só como era a situação de Habacuque. Ele sabia que o povo dos babilônios vinha para julgar o povo de Deus. Ele sabia: estou angustiado e vou ficar mais angustiado ainda! Mas uma coisa Habacuque tinha por certo. Uma coisa ele sabia com certeza: Em todas estas coisas, sou mais do que um vencedor! Pois ninguém desfará a promessa de Deus, o qual prometeu: o justo viverá pela sua fé! Pode até faltar tudo na vida dos filhos de Deus! Pode haver angústias e sofrimentos, mas Deus cumprirá as suas promessas. Ele salvará os seus e lhes dará a glória e a vida, como também diz o apóstolo Paulo: "As aflições deste tempo presente não se compararão com a glória que será revelada em nós" (Romanos 8). Esta é a verdadeira fé, irmãos. A verdadeira fé é a que confia nas promessas de Deus, mesmo que não haja nenhum sinal externo de sua presença e de seu poder em nossas vidas. Esta é a verdadeira fé, a fé que confia em Deus independentemente das circunstâncias da nossa vida.

Habacuque sabia: tenho muito sofrimento pela frente. O meu povo tem muito sofrimento pela frente. Os babilônios virão para acabar com tudo. Aquele povo acabará com os frutos da terra. Não haverá mais frutos na videira. Não haverá mais ovelhas no curral. Não haverá mais paz, e sim, guerra. O sofrimento será enorme. Haverá fome, desemprego e miséria total. Tudo está ruim e vai ficar pior ainda. As mesmas dificuldades e sofrimentos podem acontecer também conosco, irmãos. Ou dizendo melhor, hoje também há muitos filhos de Deus que vivem cercados por ímpios, que vivem sofrendo. Muitos sofrem por causa da corrupção de outros. Muitos vivem gemendo, enquanto experimentam o que Habacuque experimentou: "A justiça nunca se manifesta". Mesmo assim, meus irmãos, não devem jamais perder a esperança. Não devem jamais parar de louvar ao SENHOR Deus. Pois Cristo é nosso Salvador. Ele prometeu nos salvar e nos livrar de toda a nossa miséria. Ele é nosso Rei. Ele virá para nos salvar e para destruir todos os nossos inimigos. Cristo virá para julgar os vivos e os mortos e para dar a vida aos justos. Os arrogantes não permanecerão.
Amém.

domingo, 22 de abril de 2012

Cristo, nossa Justiça!! - George Whitefield (1714-1770)



 "Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça..." 1 Cor. 1:30

"O qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça"; a totalidade da justiça pessoal de Cristo é imputada a eles e considerada como deles. Sendo capacitados pela fé a firmar-se em Cristo, Deus Pai apaga suas transgressões, como se fossem uma nuvem espessa; dos seus pecados e iniqüidades não Se lembra mais; são feitos justiça de Deus cm Jesus, que é o fim da lei para a justiça de todo aquele que crê. Em certo sentido, Deus agora não vê neles nenhum pecado; a aliança das obras é inteiramente cumprida neles; são realmente justificados, absolvidos e considerados justos aos olhos de Deus; são perfeitamente aceitos no Amado; estão completos nEle; a espada flamejante da ira de Deus, que antes girava em todas as direções, agora é removida, e livre acesso é dado à árvore da vida; são capacitados a estender o braço da fé, colher o fruto, e viver para todo o sempre. É daí que o apóstolo, consciente deste privilégio abençoado, irrompe nessa linguagem triunfante: "é Cristo quem justifica, quem condenará?"

O pecado condena? A justiça de Cristo liberta os crentes da culpa do pecado; Cristo é seu Salvador, e Se tornou uma propiciação pelos seus pecados; quem, portanto, intentará acusação contra os eleitos de Deus? A lei condena? Ora, tendo a justiça de Cristo imputada a eles, estão mortos para a lei, a qual era aliança de obras; Cristo a cumpriu para eles, e no seu lugar. A morte os ameaça? Ora, não precisam temer. O aguilhão da morte é o pecado, a força do pecado é a lei; mas Deus lhes deu a vitória, imputando a eles a justiça do Senhor Jesus.

E que privilégio está aqui! Foi com razão que os anjos, na ocasião do nascimento de Cristo, falaram aos humildes pastores: "Eis aqui vos trago boa nova de grande alegria" — a vós que credes em Cristo — "nasceu o Salvador". E bem podem regozijar-se diante da conversão dos miseráveis pecadores, porque o Senhor é a justiça deles; têm paz com Deus, mediante a fé no sangue de Cristo, e nunca entrarão em condenação. Ó crentes! (pois este sermão se dirige de modo especial a vocês) levantem as suas cabeças; "Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos".

Cristo Se tornou da parte de Deus, justiça; o que, pois, podem temer? Vocês são feitos nEle justiça de Deus, podem ser chamados: "O Senhor nossa justiça". De que, pois, podem ter medo? Doravante, o que nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Não. Estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor, que Se nos tornou da parte de Deus justiça.

Esse é um privilégio glorioso, mas é apenas o início da felicidade dos crentes!

sábado, 21 de abril de 2012

As Doutrinas da Graça e a Paixão John A. Broadus - John A. Broadus




Porque eu mesmo desejaria ser anátema,
separado de Cristo, por amor de meus irmãos.
               (Romanos 9.3)
A preocupação com a salvação
dos outros não é anulada pela crença
naquilo que chamamos “As Doutri-
nas da Graça”. Tal preocupação não
diminui por crermos na soberania di-
vina, na predestinação e na eleição.
Muitas pessoas demonstram intensa
antipatia às idéias expressas nestes
últimos vocábulos. Recusam-se a
aceitá-las, porque, em suas mentes,
tais idéias estão associadas ao con-
ceito de indiferença apática. Estas
pessoas dizem que, se a predestinação
é verdadeira, conclui-se que um ho-
mem não pode fazer nada por sua
própria salvação; se tiver de ser sal-
vo, ele o será, não podendo fazer
coisa alguma para isso, nem ele nem
qualquer outra pessoa precisa se im-
portar com isso.
Mas isto não é verdade; eu o pro-
varei mediante o fato de que o próprio
Paulo, o grande porta-voz dessas
doutrinas nas Escrituras, pronunciou
essas palavras de interesse e amor ar-
dente, em favor da salvação dos ou-
tros, vinculando-as intimamente às
passagens em que ele ensinou as dou-
trinas da graça. Volte os seus olhos a
algumas frases anteriores a Romanos
9.3 e encontrará a própria passagem
sobre a qual muitos tropeçam. “E aos
que predestinou” — muitas pessoas
estremecem ao ouvir essas palavras
— “a esses também chamou; e aos
que chamou, a esses também justi-
ficou; e aos que justificou, a esses
também glorificou” (Rm 8.30).

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Por que Deus ordena nos converter se somos incapazes?



 “Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes, e fazei-vos um coração novo e um espírito novo; pois, por que razão morreríeis, ó casa de Israel?”

Ezequiel 18:31

A resposta é óbvia – Houve um tempo que o homem tinha o poder. Deus nos deu um estoque de santidade, mas o jogamos fora. Se um patrão dá o seu dinheiro a um empregado para empregar em seu serviço, e este o desperdiça e o rouba, não pode o patrão exigir seu dinheiro dele? Embora tenhamos perdido nossa capacidade de obedecer, Deus não perdeu Seu direito de ordenar.

A Lei mostra não nossa capacidade, mas nossa falência e incapacidade. Só Ele agora (Deus) por sua Graça soberana pode conceder, como disse Agostinho, aquilo que Ele ordena (Fala de Agostinho que deu início a controvérsia com Pelágio ) – Deus exige um novo coração – somos incapazes – O que Ele faz?

Soberanamente Ele dá a quem ele quer: “E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis.

Ezequiel 36:26-27

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O aborto e os evangélicos que rasgaram as Escrituras - Por Renato Vargens



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Eu sou absolutamente contra qualquer tipo de aborto. Creio que o aborto é crime e assassinato, e fundamento minha crença naquilo que as Escrituras Sagradas me ensinam. Todavia, ao emitir minha opinião sobre o assunto, não foram poucos aqueles que me rotularam de fundamentalista execrável e de crente bitolado. Para piorar a situação os defensores da morte relativizaram a Bíblia considerando-a ultrapassada e arcaica.

Caro leitor, creio que a Bíblia é a nossa única e exclusiva regra de fé. Creio que na concepção, nos primeiros momentos de existência do embrião, uma vida se formou e que em virtude disso, promover o aborto é cometer assassinato.

Ora, no Salmo 139.16, o salmista diz com referência a Deus: "Os teus olhos me viram a substância ainda informe". O autor se utiliza da palavra golem, traduzida como "substância", para descrever-se a si mesmo enquanto ainda no ventre materno. Outros textos da Bíblia também indicam que Deus se relaciona com o feto como pessoa. Jó 31.15 diz: "Aquele que me formou no ventre materno, não os fez também a eles? Ou não é o mesmo que nos formou na madre?" Em Jó 10.8,11 lemos: "As tuas mãos me plasmaram e me aperfeiçoaram... De pele e carne me vestiste e de ossos e tendões me entreteceste". O Salmo 78.5-6 revela o cuidado de Deus com os "filhos que ainda hão de nascer". O Salmo 139.13-16 afirma: "Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe. Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste... Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram a substância ainda informe".

Prezado amigo, as Escrituras são por definição a única Palavra de Deus escrita como também a única expressão verbal das verdades de Deus publicamente acessível, visível, e infalível no mundo. A Bíblia possui suprema autoridade em matéria de vida e doutrina; e somente ela é o árbitro de todas as controvérsias. Ela é o parâmetro para todas as decisões de fé e vida. Se junta a isso o fato, de que a autoridade das Escrituras é superior à da Igreja, da tradição como também de qualquer estrutura hierárquica religiosa, ou percepção humana.

Isto, posto, ao contrário de muitos que preferiram rasgar suas Bíblias, eu continuo afirmando à luz das Escrituras que aborto é crime, e que os que cometem tal ato, afrontam a santidade do Eterno. Como bem afirmou o ministro César Peluso, a única diferença entre o aborto e o homicídio é o momento da execução. 

Pense nisso.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A Importância da Igreja


A Importância da Igreja

John MacArthur em seu livro: Ministério Pastoral mostra a importância da igreja:
1. A igreja é a única instituição que nosso Senhor prometeu edificar e abençoar (Mt. 16.18).
2. A igreja é o lugar de reunião dos verdadeiros adoradores (Fp 3.3).
3. A igreja é a assembleia mais preciosa sobre a terra, uma vez que Cristo a adquiriu com seu próprio sangue (At 20.28; l Co 6.19; Ef 5.25; Cl 1.20; l Pe 1.18; Ap 1.5).
4. A igreja é a expressão terrena da realidade celestial (Mt 6.10; 18.18).
5. A igreja por fim triunfará, tanto no âmbito universal como no local (Mt 16.18; Fp 1.6).
6. A igreja é a esfera de comunhão espiritual (Hb 10.22-25; IJo 1.3; 6,7).
7. A igreja é quem proclama e protege a verdade divina (l Tm 3.15; Tt 2.1,15).
8. A igreja é o lugar principal de edificação e crescimento espiritual (At 20.32; Ef 4.11-16; 2 Tm 3.16,17; l Pé 2.1,2; 2 Pe 3.18).
9. A igreja é a plataforma de lançamento para a evangelização do mundo (Mc16.15; Tt 2.11).
10. A igreja é o ambiente em que se desenvolve e amadurece uma liderança espiritual forte (2 Tm 2.2).

Extraído do Livro: Ministério Pastoral de John MacArthur Jr.

terça-feira, 17 de abril de 2012

A depressão é o cárcere da alma - Hernandes Dias Lopes



A depressão foi definida por Andrew Solomon como um parasita que suga a seiva da nossa vida. É como engolir seu próprio funeral e vestir-se de uma roupa de madeira. A depressão é o cárcere da alma, a masmorra das emoções, o cativeiro que priva milhões de pessoas de nutrirem na alma, a esperança do amanhã. A depressão é classificada como uma doença e, essa doença, que possui múltiplas causas, atinge ricos e pobres, jovens e velhos, doutores e analfabetos, religiosos e ateus. A depressão é uma doença que provoca muitas outras. Se não tratada convenientemente pode desembocar em tragédias irremediáveis. A depressão é a principal causa do suicídio no mundo.
John Piper, em seu livro O Sorriso Escondido de Deus, trata deste assunto com esmerado cuidado. Há duas posições que circulam no meio evangélico sobre o assunto, que revelam um desequilíbrio perigoso. A primeira delas liga a depressão à ação demoníaca. Os defensores dessa vertente afirmam que as pessoas deprimidas estão oprimidas e até possuídas por demônios. A segunda interpretação vincula a depressão a algum pecado específico ainda não confessado. Assim, uma pessoa fica deprimida porque esconde algum pecado que precisa ser confessado e abandonado. Não subscrevemos essas duas interpretações. Julgamo-las deficientes e assaz injustas. É muito verdade que uma pessoa pode ficar deprimida em virtude de seu envolvimento com demônios e também como resultado de algum pecado escondido. Porém, uma pessoa pode ser assolada pela depressão, mesmo levando uma vida cheia do Espírito Santo. Assim como um indivíduo pode ser cheio do Espírito e ter um problema cardíaco, também uma pessoa pode estar plena da presença de Deus e enfrentar o drama da depressão.
Se há várias causas que provocam a depressão, também há vários sintomas que a revelam. O primeiro sintoma é que a pessoa deprimida é tomada por uma desesperança crônica e passa a enxergar a vida pelas lentes escuras do pessimismo. Não vê uma luz no fim do túnel nem janelas de escape. Foi o que aconteceu com o profeta Elias. Pensou que somente ele havia restado dos profetas de Deus em Israel, quando na verdade sete mil ainda não haviam se dobrado a Baal. O segundo sintoma é olhar para a vida pelas lentes do retrovisor. Uma pessoa deprimida sente uma saudade mórbida dos bons tempos que se foram e se desespera diante das incertezas do seu futuro. Sente-se num calabouço existencial e sem ânimo e forças para sair desse cárcere da alma. Nessa saga cheia de pavores, flerta com a própria morte. Não que seu desejo seja de fato morrer, mas é que sente uma dor tão profunda na alma que o único alívio que consegue vislumbrar é o alívio da morte. Não podemos subestimar esses presságios que rondam a alma de uma pessoa depressiva. Isso é uma espécie de alarme, uma trombeta que precisa de encontrar ouvidos sensíveis. É por essa razão, que o terceiro sintoma de uma pessoa deprimida é um completo desânimo quanto ao futuro. É o desejo de fechar as cortinas da vida e colocar um ponto final na existência.
Como devemos lidar com a depressão? Como ajudar uma pessoa deprimida? Primeiro, precisamos orar por ela e com ela. Depois, precisamos cientificar-nos se essa pessoa está recebendo o tratamento médico adequado para a sua doença. Ainda, precisamos estar perto dela, oferecendo-lhe um ombro amigo, um ouvido atento e um coração generoso. Finalmente, precisamos compartilhar com ela a esperança do evangelho, o poder da graça de Deus e o consolo das Escrituras. Deus nos vivifica segundo a sua Palavra. Ele tira a nossa alma do cárcere. Ele acende uma luz de esperança no túnel escuro do nosso sofrimento. Deus arranca os gemidos da nossa alma e coloca em nossos lábios, um cântico de vitória. Em síntese, trata-se da depressão com remédio, terapia e fé no Deus Pai, no Deus Filho e no Deus Espírito Santo.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Louvor no Culto - por C. Gonçalves


Dos elementos do culto, o louvor recebe especial destaque. É como se a Bíblia ordenasse "cantai sem cessar" e "cante quer seja oportuno, quer não". Infelizmente, o problema não é apenas de quantidade, nem só de ênfase, mas principalmente de qualidade. Embora muitos discordem de que os louvores cantados na igreja sofram de uma probreza espartana, isto se dá porque não pensaram o bastante sob qual prisma os louvores devem ser avaliados. Este texto é um convite à reflexão, a partir de três perguntas básicas.

1. A quem o louvor é dirigido? Todos concordam que louvor é adoração, como o são os demais elementos do culto. E sendo adoração, tem Deus como objeto, uma vez que louvar outro ser é idolatria. Assim, todos os cânticos são oferecidos a Deus, mesmo aqueles que visam edificar a igreja, pois diz a Bíblia "instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus" (Cl 3:16). Acredito também que todos concordam que sendo oferecido a Deus, o nosso louvor deve ser o melhor que poduermos oferecer. Não podemos oferecer animais cegos, doentes ou aleijados ao Senhor, esperando que Ele seja menos exigente que um governador. "Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? —diz o SENHOR dos Exércitos" (Ml 1:8). Somente o nosso melhor é aceitável.

2. Mas quem define o que é melhor em matéria de louvor? Na antiga dispensação, Deus definia como deveria ser o sacrifício oferecido a Ele. "Quando alguém oferecer sacrifício pacífico ao SENHOR, quer em cumprimento de voto ou como oferta voluntária, do gado ou do rebanho, o animal deve ser sem defeito para ser aceitável; nele, não haverá defeito nenhum" (Lv 22:21). Na Nova aliança, o sacrifício de animais foi substituído pelo perfeito sacrifício de Jesus, porém ainda é ordenado aos crentes "que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Rm 12:1). Como uma oferta a Deus, nosso louvor deve ser "como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus"(Fp 4:18). O Senhor nosso Deus é que decide o louvor que Lhe é agradável.

3. Como podemos saber qual é o louvor que agrada a Deus? Deus não nos abandonou à sorte, para descobrirmos por tentativa e erro, que tipo de louvor lhe é agradável. Temos na Sua Palavra, instruções claras e exemplos práticos de como deve ser o cântico que entoamos no culto. Basta-nos salientar neste artigo o seguinte ponto: a quem o louvor que cantamos exalta, a Deus ou ao homem? "Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem"(Is 42:8) é a reivindicação de Jeová. "Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade" (Sl 115:1) deve ser nossa resposta. Acima de qualquer qualidade técnica ou melódica, nosso louvor deve refletir esse princípio.

É possível, triste mas possível, que você acredite que apesar do que a Bíblia diz, você pode cantar louvores que sejam clara ou sutilmente anti-bíblicos. Talvez você pense que seus gostos musicais vem antes da glória de Deus ou quem sabe Deus prefira o seu prazer ao dEle. Se este for o caso, permita-se ouvir o que Deus diz através de Isaías: "Parem de trazer ofertas inúteis! O incenso de vocês é repugnante para mim. Luas novas, sábados e reuniões! Não consigo suportar suas assembléias cheias de iniqüidade. Suas festas da lua nova e suas festas fixas, eu as odeio. Tornaram-se um fardo para mim; não as suporto mais!" (Is 1:13-14, NVI)

domingo, 15 de abril de 2012

Cristo! Nossa Sabedoria! - George Whitefield (1714-1770)



"Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção". 1 Cor. 1:30
A primeira benção é: Cristo Se tornou sabedoria para eles. No que, então consiste a sabedoria verdadeira? Se eu lhes perguntasse, talvez alguns responderiam: "em satisfazer a concupiscência da carne, e em dizer à sua alma: come, bebe, e se alegre", essa porém não passa de sabedoria de ignorantes, os quais têm tanto gosto e apetite pelos prazeres sensuais, como o maior epicurista na terra.
Outros me diriam que a verdadeira sabedoria consiste em adquirir casas e campos e em chamar as terras pelos seus próprios nomes. No entanto, essa não pode ser a verdadeira sabedoria, pois as riquezas freqüentemente criam asas e voam para longe, como uma águia em direção aos céus. Até a própria sabedoria nos assegura que "a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui". Vaidade, vaidade, todas essas coisas são vaidade, pois se as riquezas não abandonam o dono, o dono logo terá que deixar as riquezas, "porque os ricos também devem morrer, e deixar suas riquezas aos outros"; suas riquezas não podem livrá-los do sepulcro, para onde todos nós estamos indo rapidamente.

Mas talvez vocês desprezem as riquezas e os praze-res e, portanto digam que a sabedoria é aquela que se acha nos livros. Contudo é possível que saibam contar o número das estrelas e citar os nomes de todas elas, e ainda permaneçam tolos. Os homens cultos nem sempre são sábios; não, a cultura que geralmente recebemos — tão louvada por todos — torna os homens em meros estultos habilidosos. Não querendo deixá-los num suspense, mas intentando humilhá-los ao mesmo tempo, vou mandá-los para uma escola paga, a fim de aprenderem o que é a sabedoria verdadeira. Conhece-te a ti mesmo era o ditado de um sábio da Grécia; essa certamente era sabedoria verdadeira, e semelhante àquela mencionada no texto, o qual diz que Jesus Cristo Se tornou sabedoria para todos os eleitos. Eles são obrigados a conhecerem a si mesmos, de modo que não tenham um conceito elevado de si próprios. Antes estavam nas trevas; agora, são luz no Senhor; e nessa luz, vêem as suas próprias trevas; agora lastimam sua condição de criaturas caídas por natureza, mortas nas transgressões e nos pecados, filhos e herdeiros do inferno, e filhos da ira. Percebem agora que toda a sua justiça é apenas como trapos de imundícia; que não há saúde na sua alma; que são pobres e miseráveis, cegos e nus; e que não há outro nome dado debaixo dos céus, mediante o qual possam ser salvos, senão o de Jesus Cristo.

Vêem a necessidade de abraçar o Salvador, e percebem a sabedoria de Deus ao designá-lO para ser Salvador. Além disso, são tornados dispostos a aceitarem a salvação segundo as condições impostas por nosso Senhor, e a recebê-lO como seu tudo; assim Cristo Se lhes torna sabedoria.

sábado, 14 de abril de 2012

Justificação e Mérito - por Bíblia de Estudo de Genebra



Gálatas 3:11: “E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé”.
A doutrina da justificação – o núcleo tormentoso da Reforma – era, para Paulo, o âmago do evangelho (Rm 1:17; 3:21-5:21; Gl 2:15-5:1), dando forma à sua mensagem (At 13.38-39) e à sua devoção (2Co 5.13-21; Fp 3.4-14). Ainda que outros escritores do Novo Testamento afirmem a mesma doutrina em substância, os termos com que os Protestante a têm afirmado e defendido, por quase cinco séculos, são tirados essencialmente de Paulo.
Justificação é o ato de Deus pelo qual ele perdoa pecadores e os aceita como justos por causa de Cristo. Por esse ato, Deus endireita permanentemente o anterior relacionamento alienado que os pecadores tinham com ele. Essa sentença justificadora é a concessão por Deus de um status de aceitação de pecadores por causa de Jesus Cristo (2Co 5.21).
O juízo justificador de Deus parece estranho, pois declarar justificados os pecadores parece ser exatamente o tipo de ação injusta praticada por um juiz, que a própria lei de Deus o proíbe (Dt 25.1; Pv 17.15). Contudo, é um julgamento justo, porque sua base é a justiça de Jesus Cristo. Como o ‘último Adão' (1Co 15.45), agindo em nosso favor, como nosso Cabeça representativo, Cristo cumpriu a lei que nos prendia e suportou o castigo que merecíamos pela desobediência à lei e, assim, ‘mereceu' a nossa justificação. Por isso, nossa justificação tem base justa (Rm 3.25-26; 1Jo 1.9), com a justiça de Cristo creditada em nosso favor (Rm 5.18-19).
A decisão justificadora de Deus é, na prática, o julgamento do Último Dia, com relação ao lugar onde devemos estar na eternidade; essa decisão já é trazida para o presente e é pronunciada aqui e agora. É um juízo sobre o nosso destino eterno; Deus nunca voltará atrás, por mais que Satanás possa apelar contra o veredito (Zc 3.1; Rm 8.33-34; Ap 12.10). Estar justificado é estar eternamente seguro (Rm 5.1-5; 8.30).
O meio necessário para a justificação é a fé pessoal em Jesus Cristo como Salvador crucificado e como Senhor ressurreto (Rm 4.23-25; 10.8-13). A fé é necessária porque o fundamento meritório de nossa justificação está totalmente em Cristo. Ao nos entregarmos a Jesus, em fé, ele nos concede seu dom da justiça, de modo que no próprio ato de ‘fechar com Cristo' – como os mais antigos mestres Reformados diziam -, recebemos o perdão e a aceitação divinos, que não podemos encontrar em nenhum outro lugar (Gl 2.15-16; 3.24).
A teologia católica romana histórica inclui a santificação na definição da justificação, considerada como um processo, ao invés de um único evento decisivo, e afirma que, embora a fé contribua para a nossa aceitação diante de Deus, nossas obras de satisfação e mérito devem contribuir também. Os católicos vêem o batismo como portador da graça santificadora, que nos justifica primeiramente. Depois, o sacramento da penitência permite que mérito suplementar seja alcançado através das obras, assegurando a justificação se a graça da aceitação inicial por Deus se perder por causa de um pecado mortal. Esse mérito suplementar não obriga Deus a ser gracioso, embora seja o contexto normal para recebe-lo. Segundo o conceito católico romano, os fiéis efetuam sua própria salvação com a ajuda da graça que procede de Cristo através do sistema sacramental da Igreja. Os Reformados ressaltaram que esse conceito da salvação solapa o sentido de confiança que só a livre graça pode oferecer àqueles que não têm méritos. Paulo já tinha mostrado que todos os seres humanos, seja qual for o grau de sua piedade, estão sem méritos e necessitam da livre justificação para serem salvos. Uma justificação que precisa ser completada pelo beneficiado não oferece repouso sólido.


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sexta-feira, 13 de abril de 2012

ESPERANÇA DO CRENTE NA MORTE - por Rev. Steven R. Houck


ESPERANÇA DO CRENTE NA MORTE  -  por  Rev. Steven R. Houck

Existem muitos problemas e tribulações que vêem sobre o crente nesse
“vale de lágrimas”, mas nenhum deles é tão perturbante como a morte. A
morte é algo que lança temor no mais forte coração, pois é o fim dessa vida
terrena. Na morte o corpo se dissolve e volta ao pó, e com essa dissolução do
corpo tudo o que pertence à nossa vida terrena é destruído.
Além do mais, não há como escapar das garras da morte. Com a
exceção daqueles que estarão vivos no retorno de Cristo, todos devem morrer.
Deus diz: “… aos homens está ordenado morrerem uma vez…” (Hebreus
9:27). Isso é verdade do jovem, bem como do velho. Não sabemos o dia, nem
a hora quando Deus nos dirá: “Esta noite te pedirão a tua alma” (Lucas
12:20). Qualquer um de nós pode morrer a qualquer momento.
Tudo isso faz da morte uma coisa muito assustadora. Para muitas
pessoas ela é algo a ser temido. O próprio pensamento da morte enche seus
corações de terror. A antecipação da morte traz sentimentos tais como
desespero e desesperança, e as pessoas farão quase tudo para evitar sua
inevitabilidade.
Contudo, para o crente as coisas são diferentes. Ele não teme a morte.
Com o salmista ele diz: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte,
não temeria mal algum…” (Sl. 23:5). Mesmo que esteja andando no “vale da
sombra da morte”, ele não teme. Ele sabe que a morte não é o fim de tudo
para ele. Ele não morre como a besta do campo. Não morre como alguém
sem esperança. Pela graça ele crê que Deus lhe deu a vida eterna, e que a
morte é o meio pelo qual ele passa para uma experiência mais gloriosa dessa
vida. “Tragada foi a morte na vitória” (1Co. 15:54).
A esperança do crente está fixa no dia do retorno do nosso Senhor, e
na ressurreição do seu corpo dentre os mortos. Embora seu corpo retorne ao
pó, o mesmo não permanecerá nessa corrupção. Ele será levantado dentre os
mortos. O corruptível se vestirá de incorrupção, e o mortal de imortalidade.
“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo,
e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão
primeiro” (1Ts. 4:16).
Essa é uma das razões pelas quais o crente espera avidamente a vinda
de Cristo. Ele anseia pelo dia quando será transformado “num momento, num
abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta” (1Co. 15:52). Nesse momento
glorioso todos do povo de Deus serão glorificados e entrarão na bemaventurança dos novos céus e nova terra. Assim, a oração diária de todo filho
de Deus é: “Ora vem, Senhor Jesus” (Ap. 22:20).
Mas isso não é tudo. A esperança do crente não é somente que ele será
ressuscitado dentre os mortos quando Cristo retornar, mas que após a morte
ele entrará imediatamente na presença de Cristo. O filho de Deus espera
Cristo vir na morte para levá-lo ao céu, da mesma forma que espera ele vir no
final do mundo. Embora o corpo retorne ao pós e não será ressuscitado até o
último dia, na morte, a alma é levada ao céu. Na morte, o crente desfruta
conscientemente da bem-aventurança de estar com o seu Senhor e Salvador.
Embora essa verdade seja muito confortadora, ela é negada por muitos
que professam ser cristãos. Por exemplo, os católicos romanos crêem que na
morte as almas da maioria dos crentes irão para o purgatório, e permanecerão
ali por um tempo considerável antes de irem para o céu. Antes de o crente
poder ir para o céu, ele deve sofrer o restante da punição temporal por seus
pecados.
Existem alguns protestantes evangélicos que crêem que os santos do
Antigo Testamento não foram imediatamente para o céu na morte, mas para
um lugar diferente que eles chamam de “paraíso” ou “seio de Abraão”.
Somente após a morte e ressurreição de Cristo as almas dos santos do Antigo
Testamento foram liberadas desse lugar e levadas ao céu. Ainda outros crêem
no que é chamado “sono da alma”. Na morte, a alma entra num estado de
sono, no qual a pessoa está inconsciente quanto a tudo. Ela permanece nesse
sono até o dia da ressurreição, quando uma vez mais sua alma é unida ao seu
corpo.
Contudo, a Bíblia deixa muito claro que nenhuma dessas visões é
correta. Todo crente pode ter conforto no fato que quando morre, sua alma
vai imediatamente para o céu.
Vemos isso a partir das palavras pronunciadas por Cristo ao ladrão
sobre a cruz. Jesus disse: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
Paraíso” (Lucas 23:43).
Jesus não disse que o ladrão estaria com ele no paraíso após uma longa
estadia no purgatório. Nem disse que o ladrão entraria em algum tipo de sono
até a ressurreição! Não! Jesus deixou muito claro que o ladrão estaria com ele
no céu no mesmo dia em que ambos morreram. Na morte, o ladrão iria para o
céu.
Da mesma forma, o apóstolo Paulo cria que na morte o crente vai
imediatamente para o céu. Em 2 Coríntios 5:1, ele diz: “Porque sabemos que,
se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um
edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus”.
Quando nossa “casa terrestre” – o corpo e tudo o que pertence à nossa
vida terrena – se dissolver na morte, não seremos deixados nu. Há “de Deus
um edifício” no céu, no qual habitaremos. Essa não é a ressurreição do corpo,
mas um estado celestial de glória que o crente entra na morte. Ele não entra
no purgatório quando morre, ou em alguma outra moradia que não o céu.
Nem ele dorme. Ao morrer, o crente entra na glória do céu.
Não deveria nos surpreender, portanto, que o apóstolo diria também:
“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp. 1:21).
Que ganho haveria, se na morte o crente fosse para o purgatório? Que
ganho existiria, se sua alma entrasse num estado de inconsciência? Mas visto
que a alma do crente vai para o céu imediatamente após a morte, a morte é
ganho. Para o crente, a morte é a passagem que o leva desse “vale de
lágrimas” para a glória do céu.
Ó, quão glorioso é o céu!
No céu o crente não experimentará nunca mais o pecado, sofrimento e
tristeza. Todas essas coisas não mais existirão. Não haverá nenhum velho
pecador. Finalmente o crente estará completamente livre da sua natureza má,
de forma que será impossível que ele peque. Com o fim de seu pecado,
findará também tudo o que o seu pecado traz – o sofrimento e a tristeza desta
vida.
Visto que está no céu, e não na terra, ele não mais enfrentará a
perseguição e crueldades dos ímpios. Sua alma estará em descanso, como a
voz do céu proclama: “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem
no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as
suas obras os seguem” (Ap. 14:13).
No céu o crente experimentará a bem-aventurança da comunhão com
todos os outros santos que morreram e foram para o céu. Jesus diz: “…
muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e
Isaque, e Jacó, no reino dos céus” (Mt. 8:11).
Pense nisso!
Quando o crente morre, ele vai para o “seio de Abraão”, onde se
assentará com Abraão, Isaque, Jacó e todos os santos que foram para lá antes
dele. Ele se reunirá com os seus amados que morreram no Senhor. O céu será
como um grande banquete, no qual o povo de Deus desfruta da companhia
uns dos outros, e se regozijam na bem-aventurança da sua salvação.
A esperança do céu, contudo, é muito mais que comunhão com os
santos. No céu o crente experimentará a bem-aventurança da comunhão com
Cristo, e em Cristo, comunhão com Deus.
O apóstolo nos ensina que “enquanto estamos no corpo, vivemos
ausentes do Senhor” (2Co. 5:6). Isso porque o Senhor está no céu, e nós na
terra. Mas “deixar este corpo” é “habitar com o Senhor” (2Co. 5:8). Quando o
crente morre e vai para o céu, ele entra na presença de Cristo. Ele vê Cristo
em todo lugar e sempre. Ele o vê como nunca o viu antes, pois o verá face a
face.
Assim, na morte o crente entra numa experiência maior do pacto da
graça. Ele conhece o amor e a graça de Deus como nunca conheceu antes. Ele
anda e fala com Deus de uma forma mais íntima e amorosa. Ele sabe, sem a
menor sombra de dúvida, que Deus é o seu Deus e que habitará com ele agora
e para sempre. Seu coração está cheio, transbordando em louvor e adoração a
Deus.
Não estamos dizendo que na morte o crente entra em seu estado final
de glória. Devemos lembrar que na morte o corpo do crente ainda está no
túmulo, os céus e a terra ainda não terão sido feitos de novo, e os santos de
Deus não estarão todos reunidos. Todavia, esse estado intermediário da alma
é o princípio dessa glória eterna que nos espera. É algo que deve dar grande
conforto a todos do povo de Deus. No meio de todas as tristezas que
pertencem à morte, o crente tem uma esperança maravilhosa. Ele sabe que
está indo para o céu!

Fonte: The Standar Bearer, Volume 66, Issue 7.