Não precisamos de nada mais do que aquilo que Deus
achou por bem revelar. Certos espíritos errantes nunca estão em casa até que
estejam viajando pelo exterior: têm fome de algo que nunca encontrarão "no
céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra" (Êx 20.4) enquanto tiverem o
pensamento que têm agora. Nunca descansam, porque não querem ter nada que ver
com uma revelação infalível, por isso, eles estão fadados a perambular através do
tempo e da eternidade e a não encontrar nenhuma cidade em que possam descansar.
Pois, no momento, eles se gloriam como se satisfeitos com seu último brinquedo
novo, mas em poucos meses o esporte deles será quebrar em pedaços todas as
noções que anteriormente prepararam com cuidado e exibiram com deleite. Sobem
um morro apenas para descê-lo de novo. De fato, dizem que a busca da verdade é
melhor do que a própria verdade. Gostam de pescar mais do que do peixe; o que
pode bem ser verdade, visto que seus peixes são muito pequenos e cheios de
ossos.
Esses homens são tão profícuos em destruir suas
teorias, como certos indigentes em esfarrapar suas roupas. Mais uma vez começam
de novo, vezes sem conta; sua casa está sempre com os alicerces expostos. Devem
ser bons em inícios, pois desde que os conhecemos sempre estão começando. São
como aquilo que roda no redemoinho, ou "como o mar agitado, incapaz de
sossegar e cujas águas expelem lama e lodo" (Is 57.20). Embora sua nuvem
não seja aquela que indica a presença divina, contudo está sempre andando à
frente deles e suas tendas nem estão bem armadas e já é tempo de levantar de
novo as estacas. Esses homens nem mesmo procuram certeza; seu céu é evitar toda
verdade fixa e seguir toda quimera de especulação; estão sempre aprendendo, mas
nunca chegam ao conhecimento da verdade.
Quanto a nós, lançamos âncora no abrigo da Palavra
de Deus. Eis aí nossa paz, nossa força, nossa vida, nosso motivo, nossa
esperança, nossa felicidade. A Palavra de Deus é nosso ultimato. Aqui nós o
temos. Nosso entendimento clama: "Encontrei"; nossa consciência
afirma que aqui está a verdade; e nosso coração encontra aqui um suporte ao
qual toda sua afeição pode se agarrar e, por isso, descansamos contentes.
A revelação de Deus é suficiente para nossa fé
O que poderíamos acrescentar se a revelação de Deus
não fosse suficiente para nossa fé? Quem pode responder essa pergunta? O que
qualquer pessoa proporia acrescentar à Palavra sagrada? Um momento de reflexão
nos levaria a escarnecer das mais atraentes palavras de homens, se fosse
proposto acrescentá-las à Palavra de Deus. O tecido não estaria em uma peça
única. Você adicionaria remendos a uma veste real? Você guardaria a sujeira das
ruas no tesouro do rei? Você juntaria as pedrinhas da praia aos diamantes
preciosos da antiga Golconda? Qualquer coisa que não seja a Palavra de Deus
posta diante de nós para que creiamos e preguemos como se fosse a vida do homem
nos parece totalmente absurda, contudo, enfrentamos uma geração de homens que
sempre querem descobrir uma nova força motriz e um novo evangelho para suas
igrejas. A manta de sua cama parece não ser suficientemente longa, e eles
querem pegar emprestado um metro ou dois de tecido misto e incongruente dos
unitaristas, agnósticos ou mesmo dos ateístas.
Bem, se existe qualquer força espiritual ou poder
dirigido aos céus, além daquele relatado nesse Livro, acho que podemos passar
sem ele. Na verdade, deve ser uma falsificação tão grande que estamos melhor
sem ela. As Escrituras em sua própria esfera são como Deus no
universo--Todo-suficiente. Nelas estão reveladas toda a luz e poder que a mente
do homem pode precisar em relação às coisas espirituais. Ouvimos falar de outra
força motriz além daquela encontrada nas Escrituras, mas cremos que tal força é
um nada muito pretensioso. Um trem está descarrilado, ou incapaz de prosseguir
por outro motivo, quando chega a turma do conserto. Trazem locomotivas para
tirar o grande impedimento. A princípio parece que nada se mexe: a força da
locomotiva não é suficiente. Escutem! Um garotinho tem uma idéia. Ele grita:
"Pai, se eles não têm força suficiente, eu empresto meu cavalo de balanço
para ajudá-los". Ultimamente, recebemos a oferta de um considerável número
de cavalos de balanço. Pelo que vejo, eles não têm conseguido muito, mas
prometeram bastante. Temo que o efeito disso tenha sido mais maléfico que
benéfico: eles já levaram pessoas a zombar e as retiraram dos lugares de culto
que antes gostavam de freqüentar. Os novos brinquedos foram exibidos, e as
pessoas, depois de olhá-los um pouco, foram adiante, à procura de outras lojas
de brinquedos. Esses belos e novos nadas não lhes fizeram bem nenhum e nunca
farão enquanto o mundo existir.
A Palavra de Deus é suficiente para atrair e
abençoar a alma do homem ao longo dos tempos; mas as novidades logo fracassam.
Alguém pode bradar: "Certamente, precisamos acrescentar nossos pensamentos
a isso". Meu irmão, pense o que quiser, mas os pensamentos de Deus são
melhores do que os seus. Você pode ter lindos pensamentos, como as árvores no
outono soltam suas folhas, mas há alguém que sabe mais sobre seus pensamentos
do que você e os julga de pouco valor. Não é verdade que está escrito: "O
Senhor conhece os pensa-mentos do homem, e sabe como são fúteis?" (Sl
94.11). Comparar nossos pensamentos aos grandes pensamentos de Deus, seria
total absurdo. Você traria sua vela para mostrá-la ao sol? O seu nada para
reabastecer o todo eterno? É melhor calar diante do Senhor, do que sonhar em
complementar o que ele falou. A Palavra do Senhor está para a concepção dos
homens como um pequeno jardim, para o deserto. Mantenha-se no escopo do livro
sagrado e estará na terra que mana leite e mel; por que tentar lhe acrescentar
as areias do deserto?
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Fonte: Charles Haddon Spurgeon,
via: Ministério Batista Beréia
Extraído de: [ Blog dos Eleitos ]
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