"A Bíblia sempre pressupõe que cristãos devem
se casar com outros cristãos. Em 1 Coríntios 7.39, por exemplo, Paulo diz:
"A mulher está ligada ao seu marido enquanto ele viver. Mas, se o seu
marido morrer, ela estará livre para se casar com quem quiser, contanto que ele
pertença ao Senhor" (NVI). Outras passagens são usadas para corroborar
esse princípio, e com razão. Em 2 Coríntios 6.14-15, lemos: "Não vos
coloqueis em jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça
com a injustiça? Que comunhão há entre luz e trevas? Que harmonia existe entre Cristo
e Belial? Que parceria tem o crente com o incrédulo?" As muitas proibições
no A.T. de que judeus se casassem com não judeus podem parecer, à primeira
vista, exigir que a pessoa se case com alguém da mesma etnia, mas passagens
como Números 12, em que Moisés se casa com uma mulher de outra etnia, indicam
que a preocupação de Deus não era o casamento inter-racial, mas o casamento com
alguém de outra fé.
Muita gente considera que desestimular os cristãos
a se casar com alguém que não compartilha da mesma fé é algo preconceituoso e
bitolado, mas há fortes razões para essa regra bíblica. Se seu parceiro não
compartilha de sua fé cristã, ele não entende da mesma forma que você, que tem
uma experiência interior dessa fé. E se Jesus ocupa uma posição central em sua
vida, isso significa que seu parceiro não entende você de fato. Não entende sua
motivação principal, a base para tudo que você faz... Sabe-se que ninguém é
capaz de conhecer seu parceiro perfeitamente antes de se casar. Mas, quando
duas pessoas que têm em comum a fé em Cristo se casam, cada uma sabe algo
importante à respeito das motivações fundamentais da outra pessoa e de como a
outra encara a vida. Se, contudo, você se casa com alguém que não compartilha
de suas convicções mais profundas e importantes, com frequência você tomará
decisões que fugirão inteiramente à compreensão de seu cônjuge. Essa área de
sua vida que, aliás, é a mais importante, será sempre obscura e misteriosa para
seu cônjuge.
A essência da intimidade no casamento é que você finalmente
tenha alguém que, com o tempo, virá a conhecê-lo e aceitá-lo como você é. Seu
cônjuge deve ser alguém de quem você não precise se esconder, ou que você não
precise "enrolar"; deve ser alguém que o entenda. Se, contudo, a
pessoa não for cristã, não conseguirá compreender a essência de seu
coração.
Se você se casar com alguém que não compartilha de
sua fé, há dois caminhos a seguir. No primeiro, você terá de se tornar cada vez
mais transparente. Na vida cristã normal e saudável, você relaciona Cristo e o
evangelho a todas as coisas. Você pensa em Cristo quando assiste a um filme.
Você baseia suas decisões em princípios cristãos. Medita sobre aquilo que leu
na Bíblia naquele dia. Se, contudo, você for natural e transparente sobre todos
esses pensamentos, para seu cônjuge isso será entediante, irritante ou mesmo
ofensivo. Ele dirá: "Não fazia ideia de que você era tão
fanático(a)". E você terá de esconder isso tudo.
No segundo caminho, a pior possibilidade, você
removerá Cristo da posição central em seu consciente. Terá de deixar o fervor
de seu coração por Cristo esfriar. Também terá de deixar intencionalmente de
pensar na relação que há entre seu compromisso cristão e cada uma das áreas de
sua vida. Rebaixará Cristo em sua mente e coração, pois, se continuar a
mantê-Lo no centro, se sentirá isolado de seu cônjuge.
Esse dois resultados possíveis são, obviamente,
terríveis. Por isso, você não deve se casar com alguém que você sabe que não
compartilha de sua fé cristã."
Fonte: KELLER, T.; KELLER, K. O significado do
casamento. São Paulo: Vida Nova, p. 254-256, 2012.
Via: UMPCGYN