Amados
irmãos no Senhor Jesus Cristo
O salmo 23
é um dos textos mais conhecidos da Bíblia. A grande maioria das pessoas no
mundo inteiro (crentes e até descrentes) conhece o salmo 23, que é o salmo do
pastor. Quem não conhece as palavras: “O SENHOR é o meu pastor, nada me
faltará”? Certamente você já encontrou essas palavras ou todo o conteúdo do
salmo 23 sendo citados em vários lugares: adesivos em pára-brisas de carros,
pára-choques de caminhões, estampas de camisas, quadros de paredes e etc.
Salmo 23 também é muito conhecido por ser o salmo preferido para ser lido em
velórios. Muitos conhecem e gostam das palavras do salmo 23.
Mas a
questão a ser feita é a seguinte: Será que todos que conhecem o salmo do
pastor conhecem também o Pastor do salmo? Todos podem realmente confessar as
palavras deste salmo? Todos podem dizer: O SENHOR é o meu Pastor, nada me
faltará? Ou afirmar com confiança: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da
morte, não temerei mal nenhum; porque Tu estás comigo, a tua vara e o teu
cajado me consolam?”. Quem pode confessar estas palavras?
Salmo 23 é
um cântico de confiança em Deus; são palavras proferidas por um crente que
conhece e confia no SENHOR. Salmo 23 é uma confissão de fé do crente que
deposita sua confiança no cuidado e na proteção de Deus. No salmo 23, o
salmista usou duas figuras para expressar sua atitude de confiança em Deus: 1
- A figura do pastor que concede repouso, proteção, direção e consolo para o
rebanho que está sob os seus cuidados (v.1-4); 2 - A figura de um anfitrião
que recebe com honra um hóspede em sua casa, oferecendo-lhe um grande
banquete e ungindo-o com óleo (v.5,6). Ambas as figuras, além de expressar a
confiança do salmista, evidenciam o cuidado e a bondade de Deus para com
aqueles que lhe pertencem e nele confiam.
Neste
sermão vamos tratar especialmente do versículo 4, atentando para o cuidado de
Deus para conosco como nosso Pastor. Nós podemos confessar com confiança as
palavras do salmo 23, pois conhecemos não apenas o salmo do pastor, mas
principalmente o Pastor do salmo. As palavras do salmo 23 têm um profundo
significado para nós que cremos em Deus. Ele é o Nosso Pastor e nós somos
ovelhas do seu rebanho e como tais estamos peregrinando nas veredas deste
mundo. Nessa peregrinação necessitamos depositar nossa confiança Nele.
Tema: O crente peregrino confessa a sua confiança em Deus, Seu Pastor. Com base no Salmo 23, nós precisamos entender nossa peregrinação à luz da figura de um rebanho que está sendo conduzido por um pastor. Salmo 23 foi escrito por Davi que, antes de conduzir o povo de Israel como um rei, conduzia um rebanho de ovelhas como um simples pastor. O pastoreio de ovelhas era uma atividade comum no meio do povo de Israel. Davi conhecia muito bem o trabalho de um pastor. Sua tarefa como pastor era conduzir o rebanho de um pasto para outro a fim de providenciar alimento para as ovelhas. Ele sabia dos perigos que as ovelhas haveriam de enfrentar. Também era seu dever proteger as ovelhas dos perigos (animais ferozes). À procura de verdes pastos, as ovelhas tinham de caminhar sob a liderança do pastor. Nessa caminhada era necessário passar por caminhos pedregosos, subir montanhas e também descer por meio de vales sombrios. A região de Israel era uma região geograficamente acidentada. Havia muitas montanhas e também vales sombrios e escuros. As ovelhas eram animais sensíveis que facilmente se assustavam, principalmente quando passavam por vales escuros. Elas tinham de confiar no pastor que as conduzia. Cada crente é uma ovelha que está peregrinando nas veredas deste mundo. Essa peregrinação nem sempre será por caminhos planos e pastos verdejantes, mas há também montanhas e vales a serem transpostos. Nenhum crente vai conseguir caminhar sozinho. Todos precisam do cuidado e da proteção de Deus para prosseguir na peregrinação. É necessário que todos os crentes peregrinos depositem toda sua confiança em Deus, principalmente diante dos perigos e males que podem encontrar na sua peregrinação.
A exemplo
de um rebanho de ovelhas, nós também estamos sujeitos a andar no meio de
vales sombrios e escuros durante nossa peregrinação. Por essa razão
precisamos confiar Naquele que nos conduz. “Ainda que eu ande pelo vale da
sombra da morte...”. A expressão “vale da sombra da morte” é uma expressão
muito forte. Ela aponta para trevas profundas. Poderíamos pensar, por
exemplo, na grande escuridão que há no final de um poço profundo. Tal
expressão também é usada na Bíblia para referir-se à morada dos mortos, que é
um lugar de densas trevas e escuridão (Jó 10.21,22). Ninguém gosta de ficar
num lugar muito escuro. Trevas provocam medo nas pessoas.
No entanto, não estamos livres da escuridão. Poderemos passar pelo vale da sombra da morte. O salmista reconhece isso quando diz: “ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte”. No contexto do salmo 23, a expressão vale da sombra da morte é uma figura que aponta para a realidade dos terríveis perigos e males que o crente pode experimentar durante sua peregrinação nesta terra. Davi deixa bem claro que os crentes não estão isentos de perigos nesta vida. Eles podem sofrer males nesta vida. Não é pelo fato de você já ser crente e ter Deus como seu pastor que as aflições e males do tempo presente deixarão de existir na sua vida. O próprio Jesus disse que no mundo teremos aflições (Jo. 16.33). Não devemos pensar e ensinar como muitos outros aí afora estão fazendo ao afirmarem que uma vez que você se tornou crente, seus problemas acabaram e você não pode mais sofrer mal ou perigo algum. E se isso está acontecendo em sua vida é porque você está em pecado. Não é isso que a Bíblia ensina. Conforme a Bíblia, estamos sujeitos a andar pelo vale da sombra da morte, a enfrentar perigos em nossa peregrinação.
Que
perigos ou males poderíamos experimentar em nossa peregrinação? Podemos citar
alguns exemplos gerais: fome, doenças, desemprego, outras calamidades
públicas tais como seca, cheias, tempestades; problemas familiares, morte e
outros males que podem nos afligir. Todos estes males e perigos constituem o
vale da sombra da morte pelo qual estamos sujeitos a andar em nossa peregrinação.
Sejamos mais específicos. Pense por exemplo na situação de um jovem crente
que foi acometido por uma doença gravíssima tal como o câncer e que está com
os dias contados para morrer. Tal crente está peregrinando pelo vale da
sombra da morte. Pense também no caso de uma mulher crente que vive uma vida
sofrida por ter um marido descrente que não a apóia em nada. Ela está
passando pelo vale da sombra da morte. Um outro caso seria o de um pai de
família que está desempregado e sem condições de sustentar sua família. Ele
está andando pelo vale da sombra da morte.
Tais perigos e males são comuns a crentes e descrentes. É inevitável que eles venham para todos. Mas há uma grande diferença. Qual é a grande diferença? A grande diferença está na atitude de ambos diante do vale da sombra da morte pelo qual passam. O descrente, embora necessitando, não deposita a sua confiança em Deus. No meio dos perigos e males que lhe sobrevêm nesta vida, podem chegar a murmurar e blasfemar contra Deus. Também sentem um grande medo do mal que lhes acontece, pois não conhecem nem confiam em Deus, aquele que é maior que o mal e que tem poder para transformar o mal em bem em favor dos seus filhos.
O crente,
porém, diante do vale da sombra da morte que está passando, confessa com toda
confiança: “não temerei mal nenhum”. Com essa confissão de fé, o crente não
está negando o poder e a realidade do mal que pode lhe sobrevir, mas está
afirmando com plena segurança que não há de ser abalado com o mal ou perigo
que pode lhe acontecer no vale da sombra da morte. Ele não tem medo de andar
pelo vale da sombra da morte nem de enfrentar o mal e o perigo que há neste
vale. Os vales escuros e sombrios pelos quais o crente anda em sua
peregrinação não lhe infundirão medo. Sua confissão firme e segura no meio do
vale da sombra da morte é: “Não temerei mal nenhum”.
Por que o crente não teme o mal que há no vale da sombra da morte por onde ele está passando? Por que ele confessa com confiança: “não temerei mal nenhum”? Em que, ou melhor, em quem ele baseia a sua confiança? Ele mesmo confessa a base para a sua confiança: “... porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam”. Ele conhece e confia no SENHOR que é o seu pastor e o guia a todo o momento, especialmente quando ele está andando pelo vale da sombra da morte. Quando estiver sendo afligido e pressionado com os perigos e males que a sua peregrinação lhe apresenta, ele então confessará com confiança: “Não temerei mal nenhum”; ele dirá com toda segurança: “Em me vindo o temor, hei de confiar em ti. Em Deus, cuja palavra eu exalto, neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei” (Salmo 56.3,4). O crente não confia em si mesmo para prosseguir em sua peregrinação, mas baseia sua confiança no SENHOR que é o seu Pastor que o guia e está sempre presente na sua vida. Porque tu (SENHOR) estás comigo. O crente não confia num Deus distante, mas num Deus que está sempre presente em sua vida. “Porque Tu (SENHOR) estás comigo”. A palavra que Davi usa aqui e que foi traduzida pelo termo “comigo” transmite a idéia básica de comunhão e companheirismo; aponta para alguém que está sempre junto de outra pessoa mantendo a comunhão com ela. Pense na figura do pastor. Assim como o pastor não abandona suas ovelhas, mas está sempre junto delas, assim também o SENHOR Deus jamais nos abandona, mas está sempre perto de nós e presente em nossas vidas, guiando-nos em nossa peregrinação. Ele é o Nosso Pastor e jamais nada nos faltará, pois ele não se esquece nem desampara a nós, suas ovelhas.
Não
somente no Salmo 23, mas também em muitos outros lugares do Antigo Testamento
encontramos a comparação do relacionamento de Deus com o seu povo como o
relacionamento de um pastor com suas ovelhas (Sl. 28.9; Is. 40.11). Tal
relacionamento é evidenciado pela comunhão. Deus está sempre presente no meio
do seu povo. Ele é o Deus Emanuel (Deus Conosco). Como o Senhor esteve
presente no meio do seu povo na época do Antigo testamento? Pensemos na
peregrinação de Israel no deserto. Deus conduziu o seu povo e jamais o
abandonou durante quarenta anos em meio ao calor e a escuridão do deserto.
Durante o dia o SENHOR era com o seu povo por meio de uma nuvem que os
guiava. À noite, o Senhor se apresentava numa coluna de fogo para iluminar o
caminho do seu povo e guiá-lo pelo deserto. Além disso, a arca da aliança que
se encontrava no tabernáculo, simbolizava presença de Deus no meio do seu
povo. Israel podia caminhar seguro e confiante, pois o SENHOR, Seu Pastor,
era com ele por onde quer que andasse. O SENHOR sempre cuidou do seu povo,
providenciando-lhe alimento e dando-lhe proteção dos inimigos.
Nós somos o novo Israel de Deus, as ovelhas que pertencem ao rebanho do seu pastoreio. Nosso pastor também está presente no meio de nós. Como Deus está presente em nosso meio? Através do SENHOR Jesus Cristo. Cristo é o nosso pastor que está em nosso meio. Ele é o nosso Emanuel, o Deus conosco. Ele próprio se identificou como o nosso bom pastor. Ele conhece suas ovelhas e deu sua vida por elas. Ele viveu na terra entre os homens, esteve presente no meio dos seus discípulos. Deu sua vida por suas ovelhas, ressuscitou, foi para junto de seu Pai, mas não se esqueceu nem abandonou a sua igreja. Ele prometeu aos seus discípulos e também a nós: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt. 28.20).
A nuvem, a
coluna de fogo, a arca da aliança apontavam para Cristo que viria habitar com
seu povo. Hoje ele está conosco guiando-nos em nossa peregrinação, não mais
por meio da nuvem, da coluna de fogo, da arca da aliança, mas através do Seu
Espírito e da Sua Palavra. Seu Espírito é o nosso Consolador que habita em
nós e está sempre do nosso lado encorajando-nos diante das tribulações que
passamos. Sua Palavra que está conosco nos revela os seus mandamentos para
que os guardemos, e também nos conforta com as suas maravilhosas promessas.
Em meio à nossa peregrinação, especialmente no vale da sombra da morte,
podemos confessar com toda confiança que Cristo, o nosso Bom Pastor, está
sempre conosco. Sua vara e o seu cajado nos dão consolo. A vara e o cajado são
instrumentos importantes no trabalho de um pastor de ovelhas. A vara é uma
peça de madeira bem dura que serve como instrumento de defesa. Com esta vara
o pastor defendia as ovelhas de animais ferozes. O cajado, por sua vez, é uma
vara bem longa que contém uma curva em uma de suas pontas. Era usado para
dirigir as ovelhas e também para puxar algumas ovelhas que tinham caído em
algum buraco durante a caminhada. Era um motivo de grande consolo e alegria
para as ovelhas quando o pastor as protegia de animais ferozes, fazendo uso
de sua vara, e também quando as conduzia com seu cajado e as tirava do buraco
quando caíam.
Cristo é o
nosso pastor. Ele nos providencia tudo o que precisamos para nosso corpo e
nossa alma. Ele nos defende e protege por seu poder contra todos os inimigos.
Nele encontramos refúgio e consolo. Sua palavra e o seu Espírito nos
consolam.
Você está passando pelo vale da sombra da morte? Não fique amedrontado. Confie no Seu Pastor. Ele é contigo por onde quer que andares.Por que temer o vale da sombra da morte? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Quem poderá nos separar do seu amor e da sua presença? Os perigos e males desta vida? Nossas tribulações? O diabo? A morte? Não! Nada nem ninguém poderão separar-nos do amor e da presença do Nosso Deus. Portanto, confessemos com confiança que o SENHOR está sempre conosco, conforme as palavras de confiança do Salmo 46: “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam... O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio” (vs. 1-3,7). Não importa quão escuro seja o vale no qual estamos peregrinando, não temeremos mal nenhum, pois o Nosso Pastor está sempre conosco guiando-nos em nossa peregrinação e consolando-nos com Sua Palavra e Seu Espírito Santo. O SENHOR é o nosso pastor e nada nos faltará! Ele cuida sempre de nós. Por isso, como crentes peregrinos, confiamos nele em toda nossa peregrinação, inclusive quando estivermos passando pelo vale da sombra da morte.
AMÉM.
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