Recomendado. Um excelente início de discussão e um poderoso chamado à
ação.
“Há muitos objetivos honrados para este mundo”, admite Voddie Baucham
Jr., “mas poucos deles chegam ao nível da honra de treinar nossos filhos para
seguirem o Senhor e guardarem seus mandamentos”. Então as convicções do autor,
literalmente, explodem ao longo das páginas: “É sério e muito forte o meu
desejo de que meus filhos e filhas caminhem com Deus. E estou disposto a fazer
o que for necessário, o que a Bíblia disser que devo fazer, a fim de ser usado
por Deus como veículo para alcançar esse objetivo” (p. 41).
Mas o que envolverá fazer “tudo o que a Bíblia diz” com respeito a
treinar nossos filhos para andar com Deus? Essa é a pergunta que Família
Guiada pela Fé — um livro sensato, perspicaz e às vezes provocativo —
procura responder. A resposta de Baucham é que a comunidade cristã deve
retornar à visão bíblica de criação de filhos: uma visão que delega aos pais a
responsabilidade primária de nutrir a fé dos seus filhos e alista o lar como o
local estratégico para esse treinamento.
O esboço que Baucham faz dessa visão bíblica é articulado de forma
cativante e apresentado de forma lógica. Os dois capítulos iniciais
(“Explorando o Terreno” e “Um Deus sem Rivais”) oferecem um diagnóstico dos
problemas contemporâneos da paternidade — para não dizer da igreja — e em
particular aborda a doença raiz da idolatria. Essa doença extremamente comum
dentro das paredes dos lares e corações cristãos é com frequência nutrida pelos
pais, que encorajam seus filhos a seguirem os deuses do Esporte, do Desempenho
Escolar e do Dinheiro.
Como remédio, os capítulos 3 e 4 prescrevem uma boa dose de Deuteronômio
6. Embora Moisés se dirija aos israelitas à beira da Terra Prometida há
séculos, os pais hoje são lembrados de suas prioridades similares. Primeiro,
eles devem amar a Deus com todo o seu coração; e segundo, devem amar seus
próximos como a si mesmos. Sem dúvida, tudo isso deve ser uma devoção genuína à
glória de Deus e ao bem-estar da
família do nosso próximo — sem hipocrisia no coração — como
nos adverte o capítulo 4.
Se tudo isso parece muito abstrato, capítulos 5 ao 8 chegam ao âmago da
questão. Com o que se parece um lar livre de ídolos bem como comprometido a
amar a Deus e aos outros? Baucham responde que o lar deveria ser um lugar onde
os pais estão ensinando (capítulo 5) e vivendo a Palavra (capítulo 6), e onde a
adoração em família seja central (capítulo 7) e onde a riqueza, o desempenho e
o status sejam periféricos (capítulo 8).
Naturalmente, visto que Baucham está considerando a família biológica
como a força motriz para o desenvolvimento da fé da criança, é somente no final
(capítulos 9-10) que ele aborda como essa visão poderia impactar a família da igreja.
Como o que se pareceriam as nossas igrejas se a “fidelidade multigeracional”
fosse a prioridade dos pais e também dos pastores? E quais são os obstáculos
que devemos superar para chegar lá?
Ao longo desses dez capítulos de melodia cativante, Baucham apresenta
muitas observações intrigantes — observações que poderiam facilmente ser vistas
como um afastamento da temática do livro:
- A necessária preeminência do
relacionamento marido-esposa sobre o pai-filho;
- Uma cultura anti-filhos sutil,
mas cada vez mais dominante dentro da igreja dos nossos dias (“Quantos
filhos você tem?!!”);
- A ameaça odiosa do legalismo
dentro das famílias que praticam devoções familiares; ou
- A necessidade urgente de igrejas
que levem à sério a qualificação bíblica para líderes que governem bem a
própria casa (quantos comitês de avaliação buscam informações sobre a
qualidade das devoções familiares de um pastor prospectivo?).
Em adição, algumas pessoas acharão alguns dos pontos de Baucham
controversos. Mais controversa é sua convicção de que uma igreja segregada por
idade, com foco no ministério jovem, com frequência milita contra a abordagem
bíblica dos pais terem como responsabilidade primária o desenvolvimento
espiritual dos seus filhos. Além disso, Baucham aborda a questão do home-schooling,
onde há muita discordância, e desafia a comunidade cristã a adotar essa
abordagem em maior número, ou pelo menos mostrar maior simpatia para com
aqueles que a utilizam.
Quer você concorde ou não com nessas questões, uma coisa que você
apreciará é o seu diálogo sincero com prováveis opositores. Todas as ideias em Família
Guiada pela Fé foram testadas ao longo de muitos anos e seminários
antes de finalmente serem impressas. O autor ouviu verdadeiramente as objeções
e frequentemente oferece contrapontos a elas ao longo de todo o livro.
Essa abordagem apologética, juntamente com as sugestões práticas no
final de cada capítulo, tornam Família Guiada pela Fé um
excelente início de discussão entre os pais sobre demarcar seus lares como
território de Deus. Se levarmos Baucham a sério, isso pode ser também um
importante ponto de partida para líderes eclesiásticos, à medida que eles
procuram pensar biblicamente sobre o discipulado de crianças. Não podemos fugir
com facilidade da tese de Baucham. A Escritura de fato convoca os pais à
responsabilidade de treinarem seus filhos na justiça. A visão bíblica para as
crianças não é primariamente uma fé orientada pela igreja, mas uma fé orientada
pela família.
Mas a igreja contemporânea continuará a ignorar esse fato óbvio? Ou a
prescrição bíblica de Baucham modelará de forma crescente o padrão do ministério
eclesiástico nos anos vindouros?
______________________
- Sobre o autor: Tim Challies é pastor da igreja Grace Fellowship, em
Toronto, no Canadá, editor do site de resenhas Discerning Reader e cofundador
da Cruciform Press. Casado com Aileen e pai de três filhos, ele também é
blogueiro, web designer e autor de várias obras.
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Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto — 4 de novembro de 2012
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