Paulo era visto por muitos como
um falso pregador, pois era perseguido pela grande maioria do povo judeu, os
quais rejeitavam sua mensagem. E Paulo sentia profunda dor e angústia por seus
parentes segundo a carne ao
ponto de como Moisés, desejar, se fosse possível, perder a salvação pelo bem
deles. Pode-se notar aqui que embora Paulo cresse na Soberania de Deus, isso
não o impedia de sentir compaixão pelo perdido que rejeitava a Cristo. Para
Paulo não há nenhuma contradição entre a Soberania de Deus e a compaixão pelo
perdido.
6: Toda essa rejeição pelos judeus colocava a
mensagem de Paulo em descrédito, e, por isso, Paulo então escreve os capítulos
9, 10 e 11 para mostrar que a Palavra de Deus não falhou e qual era o plano
escatológico de Deus para nação israelita.
7-13: O primeiro argumento de Paulo mostrando que a
Palavra de Deus não falhou é sobre a filiação espiritual. Paulo mostra que os
verdadeiros israelitas não são os filhos da carne (Ismael e Esaú), mas os
filhos da promessa (Isaque e Jacó). Logo, a promessa de Deus não falhou, mas se
cumpriu nos filhos da promessa, que foram eleitos por Deus. Paulo exemplifica
essa eleição nos irmãos gêmeos Esaú e Jacó, afirmando que Deus escolheu Jacó,
mas rejeitou Esaú, mesmo antes deles terem nascido ou praticado bem ou mal; e
isso para que a eleição estivesse firmada não nas obras, mas em Deus, que
chama.
14-18: Paulo a seguir começa a responder possíveis
argumentos que ele já prevê que serão feitos. O primeiro argumento é que se
Deus escolheu Jacó e rejeitou Esaú sem levar em conta a vida deles isso seria
injusto. E a resposta de Paulo é que a misericórdia de Deus é livre e Deus
escolhe com quem terá ou não misericórdia. Provando isso Paulo cita o Velho
Testamento (lembre-se que a discussão é em relação a judeus) onde Deus diz a
Moisés que teria misericórdia de quem quisesse e onde diz que levantou o Faraó
para glorificar Seu nome. Quanto ao Faraó há no relato bíblico tanto afirmações
de Deus dizendo que o endureceu, quanto do Faraó endurecendo seu próprio
coração.
19-24: Paulo prevê um novo contra-argumento: Se Deus
endurece quem quer, porque Ele ainda afirma que o homem é responsável? Ou em
outras palavras: como Deus pode ser Soberano e o homem responsável? A resposta
de Paulo é um “basta”, onde Paulo delimita o perguntar por buscar conhecer a
Deus e o perguntar por se rebelar a Deus. A resposta de Paulo é que de uma
mesma massa (caída) Deus pode fazer vasos para honra (crentes) e outros para
desonra (descrentes). Cabe ressaltar que quando ele fala os vasos preparados
para perdição, Paulo não deixa claro quem preparou – de forma oposta, está
explícito que os vasos preparados para glória foram preparados por Deus.
Pode-se entender disto que tanto o pecador se prepara para perdição, como Deus
o prepara e atura para tal fim (em semelhança a Faraó endurecendo seu coração e
Deus endurecendo o coração dele).
24-29:Paulo aqui mostra que esta eleição para
glória, os vasos de misericórdia, não é restrita aos judeus, mas também inclui
os gentios, corroborando isso com versículos do Velho Testamento. Mostra também
que a preservação de judeus crentes é baseada na misericórdia divina – o
remanescente, aqueles que Deus deixou descendência.
Logo, devemos lembrar que Paulo
mesmo crendo na Soberania divina na eleição:
1) Não via nenhuma incoerência em
sentir compaixão pelo perdido rejeitado;
2) Não via nenhuma incoerência na
necessidade de pregar o Evangelho (pois o mesmo Deus que elege pessoas elegeu
que o método pela qual elas seriam salvas fosse a pregação)
Se a sua crença na Soberania de
Deus impede você de sentir compaixão pelo perdido e de evangelizar, você deve
rever sua crença, pois certamente não impedia Paulo.
Deus é Soberano.