quarta-feira, 31 de julho de 2013

Avaliando com a Bíblia a visita e pronunciamentos do Papa Francisco - Por Solano Portela







Nota: Sermão pregado na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro em 28.07.2013, baseado em um texto meu anteriormente postado no BLOG, atualizado para o contexto da visita do Papa ao Brasil, no final de julho de 2013.
Leitura: Mateus 9.35-38
E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades. Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Introdução:
Certamente temos visto multidões, idosos e jovens, enfrentando a chuva, a lama, o frio, a ausência de transporte, a insegurança das cidades, para ver o Papa em sua visita ao Brasil, que começou na segunda-feira, 22.07.2013, e se estende até o último domingo do mês. A mídia tem divulgado a visita com tanta intensidade, que se você estava neste planeta, nestas últimas semanas, não pode ter ignorado a presença do Papa no Brasil. Por exemplo, a revista semanal de maior circulação e repercussão (VEJA) trouxe reportagens de capa sobre o acontecimento em duas semanas seguidas. Como avaliar a pessoa do Papa, a sua visita e os seus pronunciamentos? Como entender as expressões de fé e devoção encontradas nos olhares das multidões? O texto de Mateus 9.35-38 fala de multidões às quais não faltava religiosidade! Ao lado da curiosidade, havia devoção, ensino dogmático, religião, mas eram ovelhas "que não tinham pastor"! A sinceridade, mesmo presente, não era passaporte para a verdade! E o pastor de que se fala no texto, é um só - Cristo Jesus, fora do qual não há salvação. Quem é o Papa atual?
O cardeal argentino, Jorge Mario Bergoglio foi escolhido Papa (e assumiu o nome de Francisco) em um dia considerado por muitos “cabalístico” (13.03.13). Havia uma expectativa em muitas pessoas e na mídia de que o novo líder da Igreja Católica fosse um Papa “progressista”. Estes se espantaram com a sua posição em relação à união de gays; à questão do homossexualismo, que hoje em dia é propagada como “apenas” uma opção sexual; e sobre o aborto. Ele é contra, ponto final! Alguns católicos se espantaram porque ele não colocou, de início, o envolvimento social como prioridade máxima da Igreja. Em vez disso, contrariou a mensagem que tem soado renitentemente ao longo das quatro últimas décadas, especialmente em terras brasileiras, proclamada pelos politizados “teólogos da libertação”, ou da natimorta “teologia pública”. Ele aparentou priorizar as questões espirituais!
Desde o início do seu “Papado” certas declarações chamaram a atenção, também, dos evangélicos. Por exemplo, ele disse que a missão da Igreja é difundir a mensagem de Jesus Cristo pelo mundo. Na realidade, ele foi mais enfático ainda e afirmou que se esse não for o foco principal, a Instituição da Igreja Católica Romana tende a se transformar em uma “ONG beneficente”, mas sem relevância maior à saúde espiritual das pessoas! Depois, o viés mudou um pouco, especialmente nesta visita ao Brasil. A ênfase passou para uma postura de vida ascética e humilde, demonstrando uma frugalidade que, em uma era de opulência, corrupção, apropriação de valores alheios e desprezo pelos valores reais da vida, também soa saudável e pertinente!
Ei! Disseram alguns evangélicos – essa é a nossa mensagem!!
Bom, não seria a primeira vez na história que um prelado católico reconhece que a Igreja tem estado equivocada em seus caminhos e mensagem. Já houve um monge agostiniano que, estudando a Bíblia, verificou que tinha que retornar às bases das Escrituras e reavivar a missão da igreja na proclamação do evangelho, libertando-a de penduricalhos humanos absorvidos através de séculos de tradição. Estes possuíam apenas características místicas, mas nenhuma contribuição espiritual e de vida que fosse real às pessoas. Assim foi disparado o movimento que ficou conhecido na história como a Reforma do Século 16, com as mensagens, escritos e ações de Martinho Lutero, em 1517. Lutero foi seguido por muitos outros reformadores, que se apegaram à Bíblia como regra de fé e prática.
Será que estamos testemunhando uma “segunda reforma” dentro da Igreja Católica? Se algumas dessas declarações do Papa Francisco forem levadas a sério, por ele próprio e por seus seguidores, vai ser uma revolução. Mas é importante lembrar, entretanto, que proclamar a mensagem de Jesus Cristo é algo bem abrangente e sério. Existem implicações definidas e explícitas nessa frase. E a questão que não quer calar é: será que a Igreja Católica está disposta a se definir com coragem em pelo menos nessas cinco áreas cruciais? Examinemos uma a uma.
1. AS ESCRITURAS: Rejeitar apêndices aos livros inspirados das Escrituras.Ou seja, assumir lealdade apenas às Escrituras Sagradas, rejeitando os chamados livros apócrifos. Proclamar as palavras de Jesus, nesta área, é aceitar tão somente o que ele aceitou. Em Lucas 24.44, Jesus referiu-se às Escrituras disponíveis antes dos livros do Novo Testamento, como “A Lei de Moisés, Os Profetas e Os Salmos” – essa era exatamente a forma da época de se referir às Escrituras que formam o Antigo Testamento, em três divisões específicas (Pentateuco, livros históricos e proféticos e livros poéticos) compreendendo, no total, 39 livros. Representam os livros inspirados aceitos até hoje pelo cristianismo histórico, abraçado pelos evangélicos, bem como pelos Judeus de então e da atualidade. Ou seja, nenhuma menção ou aceitação dos livros apócrifos, não inspirados, que foram inseridos 400 anos depois de Cristo, quando Jerônimo editou a tradução em Latim da Bíblia – a Vulgata Latina[1]. Evangélicos e católicos concordam quanto aos 27 livros do Novo Testamento, mas essas adições à Palavra são responsáveis pela introdução de diversas doutrinas estranhas, que nunca foram ensinadas ou abraçadas por Jesus e pelos apóstolos. Além disso, na Igreja Católica, a própria TRADIÇÃO tem força normativa igual à Bíblia. Proclamar a palavra de Jesus ao mundo começa com a aceitação das Escrituras do Antigo e Novo Testamento, e elas somente, como fonte de conhecimento religioso e regra de fé e prática. Se não nos atemos a conhecer as Escrituras verdadeiras, caímos em erro, como alerta Jesus a alguns religiosos do seu tempo, que apesar de citarem as Escrituras, se apegavam mais às tradições do que à Palavra de Deus: “Não provém o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus?” (Marcos 12.24). O livro do Apocalipse, no final da Bíblia, traz palavras duras tanto para subtrações como para ADIÇÕES às Escrituras: (22.18) “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; (22.19) e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro”.
2. A MEDIAÇÃO COM DEUS: Rejeitar a mediação de qualquer outro (ou outra) entre Deus e as Pessoas, que não seja o próprio Cristo. Não acatar a mediação de Maria, e muito menos a designação dela como co-redentora, lembrando que o ensino da palavra é o de que “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2.5). Na realidade, a Igreja precisa obedecer até à própria Maria, que ensinou: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (João 2.5); e Ele nos diz: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao pai, senão por mim” (João 14.6). Foi um momento revelador da dificuldade que o Papa tem na aderência a essa mensagem da Bíblia, observar sua homilia pública (angelus) de 17.03.2013. Após falar várias coisas importantes e bíblicas sobre perdão e misericórdia divina, finalizou dizendo:“procuremos a intercessão de Maria”... Ouvimos as próprias palavras do Papa:“No dia seguinte à minha eleição como Bispo de Roma fui visitar a Basílica de Santa Maria Maior, para confiar a Nossa Senhora o meu ministério de Sucessor de Pedro”.[2] Em Aparecida, nesta visita ao Brasil, ele também disse: “Hoje, eu quis vir aqui para suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude e colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano”“Que Deus os abençoe e Nossa Senhora Aparecida cuide de você”. Não é assim que irá proclamar a palavra de Jesus ao mundo, pois precisa apresentá-lo como único e exclusivo mediador; nosso advogado; aquele que pleiteia e defende a nossa causa perante o tribunal divino. Para o Papa, “a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria”, mas o Povo de Deus sabe, que a igreja verdadeira segue a vontade de Deus, expressa em Sua Palavra.
3. O CULTO ÀS IMAGENS: Rejeitar as imagens e o panteão de santoscomposto por vários personagens que também são alvo de adoração e devoção devidas somente a Cristo. Essa característica da Igreja Católica está relacionada com a utilização de imagens de escultura, como objeto de adoração e veneração; e também precisaria ser rejeitada.[3] Ela contraria o segundo mandamento e desvia os olhos dos fiéis daquele que é o “autor e consumador da fé - Jesus” (Hebreus 12.2). Proclamar a palavra de Jesus ao mundo significa abandonar a prática espúria e humana da canonização de mortais comuns, pecadores como eu e você, em complexos, mas inúteis processos eclesiásticos, que não têm o poder de aferir ou atribuir poderes especiais a esses santos. Proclamar a mensagem de Jesus, seria abandonar a adoração e devoção à “Nossa Senhora Aparecida” e a tantas outras “Nossas Senhoras” e ídolos que integram a religião Católico-Romana. Vejam o que nos diz a Bíblia:
Salmo:
115.3 No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.115.4 Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens.115.5 Têm boca e não falam; têm olhos e não vêem;115.6 têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram.115.7 Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta.115.8 Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam.115.9 Israel confia no SENHOR; ele é o seu amparo e o seu escudo.
Habacuque:
2.18 Que aproveita o ídolo, visto que o seu artífice o esculpiu? E a imagem de fundição, mestra de mentiras, para que o artífice confie na obra, fazendo ídolos mudos?
Jeremias:
10.3 Porque os costumes dos povos são vaidade; pois cortam do bosque um madeiro, obra das mãos do artífice, com machado;10.4 com prata e ouro o enfeitam, com pregos e martelos o fixam, para que não oscile.10.5 Os ídolos são como um espantalho em pepinal e não podem falar; necessitam de quem os leve, porquanto não podem andar. Não tenhais receio deles, pois não podem fazer mal, e não está neles o fazer o bem.
4. O DESTINO DAS PESSOAS: Rejeitar o ensino de que existe um estado pós-morte que proporciona uma “segunda chance” às pessoas. A doutrina do purgatório não tem base bíblica e surgiu exatamente dos livros conhecidos como apócrifos (em 2 Macabeus 12.45), sendo formalizada apenas nos Concílios de Lyon e Florença, em 1439. Mas Jesus e a Bíblia ensinam que existem apenas dois destinos que esperam as pessoas, após a morte: Estar na glória com o Criador – salvos pela graça infinita de Deus (Lucas 23.43 –  “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” – e Atos 15.11 -  “fomos salvos pela graça do Senhor Jesus”), ou na morte eterna (Mateus 23.33 – “Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?”), como consequência dos nossos próprios pecados. Proclamar a palavra de Jesus ao mundo é alertar as pessoas sobre a inevitabilidade da morte eterna, pregando o evangelho do arrependimento e a boa nova da salvação através de Cristo, sem iludir os fiéis com falsos destinos.
5. AS REZAS: Rejeitar os “mantras” religiosos, que são proferidos como se tivessem validade intrínseca, como fortalecimento progressivo pela repetibilidade. É o próprio Jesus que nos ensinou, em  Mateus 6.7: “... orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos”. É simplesmente incrível como a ficha não tem caído na Igreja Católica, ao longo dos séculos e, mesmo com uma declaração tão clara contra as repetições, da parte de Cristo, as rezas, rosários, novenas, sinais da cruz etc. são promovidos e apresentados como sinais de espiritualidade ou motivadores de ação divina àqueles que os repetem. Proclamar a palavra de Jesus ao mundo é dirigir-se ao Pai como ele ensina, em nome do próprio Jesus, no poder do Espírito Santo, abrindo o nosso coração perante o trono de graça (Filipenses 4.6: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”).
Conclusão:
Assim, enquanto acompanhamos a visita, é verdade que podemos admirar a coragem deste homem, Jorge Bergoglio, que tem se pronunciado claramente contra alguns pecados aberrantes que estão destruindo a família e a sociedade. No entanto, muito falta para que a Palavra de Deus e os ensinamentos de Jesus façam parte real de sua mensagem e de uma igreja transformada pelo poder do Espírito Santo – como vimos em cada uma dessas áreas mencionadas (e em outras, também).
Em toda essa situação, podemos aprender algumas coisas: (1) Pedir a Deus que dê forças às nossas lideranças evangélicas, e a nós mesmos, para termos intrepidez no interpelar de governantes e da mídia, quando promovem leis e comportamentos que contradizem totalmente os princípios que Deus delineia em Sua Palavra. Estes princípios sempre são os melhores para o bem da humanidade, na qual o povo de Deus (incluindo nossos filhos e netos) está inserido. (2) Exercitar cautela em nossa apreciação e entusiasmo das ações e palavras do Papa – a idolatria e diminuição da intermediação de Cristo continuam bem presentes em sua visão religiosa e na Igreja que o tem como líder. Envolvimentos de evangélicos nessas celebrações são totalmente desprovidas de base bíblica - representam um descaso por essas profundas diferenças doutrinárias que representam a diferença entre a vida e a morte espiritual das pessoas. (3) Clamar a Deus por misericórdia e salvação real para o nosso povo e para a nossa terra. Como é triste em ver tantos olhos e esperanças fixados em santos, mitos, misticismo e na pessoa humana, em vez de no Deus único soberano. O Deus da Bíblia é a esperança de nossas vidas. É ele que nos alcança e nos fala em Cristo Jesus, pelo poder do Espírito Santo. Esse nosso Deus é real e eterno e não temporal como o Papa.

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domingo, 28 de julho de 2013

Exército Soberano de Deus – Augustos Nicodemos




Texto base: Romanos 9:1-29

Paulo era visto por muitos como um falso pregador, pois era perseguido pela grande maioria do povo judeu, os quais rejeitavam sua mensagem. E Paulo sentia profunda dor e angústia por seus parentes segundo a carne ao ponto de como Moisés, desejar, se fosse possível, perder a salvação pelo bem deles. Pode-se notar aqui que embora Paulo cresse na Soberania de Deus, isso não o impedia de sentir compaixão pelo perdido que rejeitava a Cristo. Para Paulo não há nenhuma contradição entre a Soberania de Deus e a compaixão pelo perdido.

6: Toda essa rejeição pelos judeus colocava a mensagem de Paulo em descrédito, e, por isso, Paulo então escreve os capítulos 9, 10 e 11 para mostrar que a Palavra de Deus não falhou e qual era o plano escatológico de Deus para nação israelita.

7-13: O primeiro argumento de Paulo mostrando que a Palavra de Deus não falhou é sobre a filiação espiritual. Paulo mostra que os verdadeiros israelitas não são os filhos da carne (Ismael e Esaú), mas os filhos da promessa (Isaque e Jacó). Logo, a promessa de Deus não falhou, mas se cumpriu nos filhos da promessa, que foram eleitos por Deus. Paulo exemplifica essa eleição nos irmãos gêmeos Esaú e Jacó, afirmando que Deus escolheu Jacó, mas rejeitou Esaú, mesmo antes deles terem nascido ou praticado bem ou mal; e isso para que a eleição estivesse firmada não nas obras, mas em Deus, que chama.

14-18: Paulo a seguir começa a responder possíveis argumentos que ele já prevê que serão feitos. O primeiro argumento é que se Deus escolheu Jacó e rejeitou Esaú sem levar em conta a vida deles isso seria injusto. E a resposta de Paulo é que a misericórdia de Deus é livre e Deus escolhe com quem terá ou não misericórdia. Provando isso Paulo cita o Velho Testamento (lembre-se que a discussão é em relação a judeus) onde Deus diz a Moisés que teria misericórdia de quem quisesse e onde diz que levantou o Faraó para glorificar Seu nome. Quanto ao Faraó há no relato bíblico tanto afirmações de Deus dizendo que o endureceu, quanto do Faraó endurecendo seu próprio coração.

19-24: Paulo prevê um novo contra-argumento: Se Deus endurece quem quer, porque Ele ainda afirma que o homem é responsável? Ou em outras palavras: como Deus pode ser Soberano e o homem responsável? A resposta de Paulo é um “basta”, onde Paulo delimita o perguntar por buscar conhecer a Deus e o perguntar por se rebelar a Deus. A resposta de Paulo é que de uma mesma massa (caída) Deus pode fazer vasos para honra (crentes) e outros para desonra (descrentes). Cabe ressaltar que quando ele fala os vasos preparados para perdição, Paulo não deixa claro quem preparou – de forma oposta, está explícito que os vasos preparados para glória foram preparados por Deus. Pode-se entender disto que tanto o pecador se prepara para perdição, como Deus o prepara e atura para tal fim (em semelhança a Faraó endurecendo seu coração e Deus endurecendo o coração dele).

24-29:Paulo aqui mostra que esta eleição para glória, os vasos de misericórdia, não é restrita aos judeus, mas também inclui os gentios, corroborando isso com versículos do Velho Testamento. Mostra também que a preservação de judeus crentes é baseada na misericórdia divina – o remanescente, aqueles que Deus deixou descendência.
Logo, devemos lembrar que Paulo mesmo crendo na Soberania divina na eleição:

1) Não via nenhuma incoerência em sentir compaixão pelo perdido rejeitado;
2) Não via nenhuma incoerência na necessidade de pregar o Evangelho (pois o mesmo Deus que elege pessoas elegeu que o método pela qual elas seriam salvas fosse a pregação)
Se a sua crença na Soberania de Deus impede você de sentir compaixão pelo perdido e de evangelizar, você deve rever sua crença, pois certamente não impedia Paulo.


Deus é Soberano.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A lógica da crença. - Por Renato César










Roy Ingle, em seu artigo A Lógica da Descrença, cuja tradução pode ser encontradaaqui, lança algumas questões a respeito da lógica da doutrina calvinista. Os questionamentos são de fato relevantes e merecem esclarecimento.
Perguntas de Roy Ingle:
1) Como pode algum calvinista genuíno dizer que eles uma vez estavam em seus pecados até que colocaram a fé salvadora em Jesus, uma vez que Jesus morreu pelos seus pecados (todos eles?) 2000 anos atrás? Se Jesus morreu e sua expiação garantiu a salvação dos eleitos, então segue logicamente que todos os pecados dos eleitos foram colocados em Cristo e todos os eleitos de Deus foram salvos na cruz. Dessa forma os eleitos, todos conhecidos por Deus desde a fundação do mundo, são vistos como salvos na cruz. 
2) Mas, então, por que chamar as pessoas ao arrependimento? Por que dizer às pessoas para elas abandonarem os seus pecados pelos quais Jesus já pagou e já assegurou a sua eterna salvação? Como podemos exigir um duplo pagamento pelos pecados, e o pecado pode ser legitimamente chamado pecado se de fato a pessoa já foi perdoada de todos os seus pecados na cruz? 
Antes de responder às perguntas acima, quero registrar meu respeito por aqueles que estão envolvidos com o supracitado site, desde seus autores até aqueles que contribuem para sua manutenção de alguma forma. Não somos inimigos, mas irmãos, e apesar de nossas diferenças creio firmemente que compartilhamos da mesma fé em Cristo.
O autor faz um apelo à lógica para derrubar o argumento calvinista. Esse é um caminho muito bom a se seguir, pois ajuda a esclarecer os pressupostos que estão por trás de cada afirmação calvinista. Na verdade, só posso falar inteiramente por mim. Mesmo assim, creio que estarei representando a muitos que compartilham da minha visão, bem como poderei expor alguns dos fundamentos que, a meu ver, devem ser estabelecidos antes de se discutir a natureza do sacrifício de Cristo.
Primeiramente, precisamos entender que Deus é um ser atemporal. Logo, suas decisões podem perfeitamente ter sido tomadas antes que o tempo fosse por ele trazido à existência. Defendo essa ideia pois Deus não precisa aguardar o desenrolar da história do universo para tomar suas decisões, visto que são suas próprias decisões que determinam a história. Além disso, sendo Deus onisciente, ele pode contemplar nosso futuro. Se ele pode fazer isso, e como nada no futuro existe sem que Deus o tenha planejado, então podemos concluir que ele tomou todas as suas decisões em algum ponto na eternidade, antes que tudo que existe viesse a existir.
Mas esse entendimento não basta. Precisamos compreender também que Deus executou todas as suas decisões na eternidade, visto que a execução é uma consequência óbvia do planejamento. Se Deus tem tudo planejado, é lógico pensar que ele tenha também executado na eternidade todas as ações necessárias à implementação de seu planejamento. Falar em consequência pode, entretanto, trazer uma concepção cronológica equivocada dos atos divinos. Lembremo-nos de que o tempo é uma criação divina, e obviamente não existia quando Deus o planejou e o criou. Mas não podemos falar fora destes termos porque, ao contrário do que ocorre com Deus, o tempo nos limita.
Devemos também ter em mente que quando falamos em eternidade a ideia que se deseja exprimir não é apenas que Deus existia antes da criação do tempo. Na verdade, Deus está além do tempo. Assim como eu e você, o tempo e o espaço são criações divinas, e não podem, por isso, contê-lo e muito menos limitá-lo.
Feitas essas considerações, passemos a responder aos questionamentos de Roy Ingle. Pode-se perceber que todas as perguntas feitas pelo autor sugerem que o calvinismo é incoerente do ponto de vista do tempo. De fato, seria se o tempo fosse um fator limitante para Deus. Mas já vimos que não é. Deus já tomou e executou todas as suas decisões na eternidade, de modo que, dentro da história em que estamos inseridos, a seu tempo cada uma de suas decisões executadas concretizam-se, tornando-se manifestas no universo. Podemos afirmar, inclusive, que o sacrifício de Cristo na cruz foi somente a concretização, dentro da história do universo, de uma decisão que Deus tomou na eternidade.
Uma ilustração pode nos ajudar a entender melhor a atuação divina. Imagine alguém que escreve uma mensagem e programa o celular para enviá-la uma hora mais tarde. A decisão de escrever a mensagem e sua execução ocorrem num dado momento, mas a mensagem só chega efetivamente a seu destinatário, tornando-se manisfesta para ele, uma hora depois. De forma similar, as decisões divinas podem perfeitamente ter sido executadas na eternidade mas apenas se concretizarem em algum momento da história.
Cristo morreu pelo eleitos há dois mil anos, mas seu sacrifício não precisa ter efeito concreto na vida de cada pessoa no mesmo momento em que o sacrifício ocorre. Se assim fosse, que se diria dos que viveram antes de Cristo? Seu sacrifício não serviria para estes? Ou seu sacrifício somente surtiria efeito nos que viveram séculos antes de Cristo a partir do evento da cruz em diante? Claro que não! O sacrifício de Cristo tem efeitos que superam os limites impostos pelo tempo. Os atos de Deus que nos são manifestos, apesar de se efetivarem em um determinado momento da história, não estão limitados por ela, visto que Deus já havia decidido e executado seu propósito na eternidade. Seus efeitos atravessam passado, presente e futuro.
Tal compreensão de como Deus age e se move no tempo ajuda-nos compreender o porque de em At 18:9,10 o Senhor anunciar a Paulo que ainda tem muito povo na cidade em que Paulo está. Como Deus poderia ter ali um povo que ainda não estava convertido ao evangelho? A explicação mais aceitável que podemos ter é que Deus não está inserido no tempo da forma que estamos.
Além do exposto, Roy Ingle parece esquecer-se completamente de que a Bíblia vincula a aplicação de todas as promessas divinas que dizem respeito à salvação ao ato de crer (At 10:43; 13:36; 16:31), o que não significa que Deus já não tenha se decidido pelos salvos muito antes disso. Até mesmo arminianos tem que concordar com este argumento, visto que postulam que Deus, em sua onisciência, elege os salvos segundo a previsão daqueles que crerão no evangelho. Logo, segundo a lógica de Roy Ingle, como pode alguém ser eleito estando ainda em pecado, visto que somente crerá no futuro? Novamente, o problema surge a partir de uma compreensão equivocada da natureza divina e sua atuação.
Nós calvinistas cremos que Cristo sacrificou-se substitutivamente por cada um dos eleitos. Ele alcançou a cada um de modo específico, pagando preço de sangue. Os efeitos de seu sacrifício tornam-se concretos na vida de cada um dos eleitos em diferentes momentos da história, segundo o propósito divino, apesar de o ato haver sido executado há dois mil anos, assim como demonstrei no exemplo do celular. Deus não precisa estar executando cada um de seus decretos no exato momento em que estes se tornam efetivos, gerando consequências temporais. Isso seria limitar a ação de Deus ao tempo, sua própria criação. Assim, apesar das decisões divinas se consumarem em algum ponto do espaço e do tempo, ele optou, na eternidade, por somente aplicar o sacrifício de Cristo aos eleitos no momento da conversão, dentro do tempo, quando estes são regenerados pela obra do Espírito Santo em sua vidas.
O fato de um eleito nascer em estado de pecado, então, não significa que durante o intervalo de tempo até sua conversão ele tenha estado fora do alcance do sacrifício de Cristo, pois na eternidade todos os atos divinos já foram consumados, da mesma forma que o fato de um eleito ser ainda um incrédulo não implica que ele não tenha sido eleito ainda. Em ambos os casos, Deus já decidiu e executou sua vontade na eternidade, de forma que os efeitos da vontade de Deus apenas nos são manifestos em um dado momento histórico, a saber, a partir do momento em que o pecador crê.
Todas as perguntas, por decorrerem dessa concepção limitada que o autor parece ter de Deus, recebem a mesma resposta. Ainda assim, deve-se acentuar que o calvinista chama o pecador ao arrependimento, primeiramente, porque isso glorifica a Deus, e também porque essa foi a forma deixada por nosso Senhor para que Deus agisse na vida de seus eleitos.
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domingo, 21 de julho de 2013

Coisas que até um ateu pode verPor Augustus Nicodemus Lopes

 



Um número razoável de cientistas e filósofos ateus ou agnósticos vem em anos recentes engrossando as fileiras daqueles que expressam dúvidas sérias sobre a capacidade da teoria da evolução darwinista para explicar a origem da vida e sua complexidade por meio da seleção natural e da natureza randômica ou aleatória das mutações genéticas necessárias para tal.
Poderíamos citar Anthony Flew, o mais notável intelectual ateísta da Europa e Estados Unidos que no início do século XXI anunciou sua desconversão do ateísmo darwinista e adesão ao teísmo, por causa das evidências de propósito inteligente na natureza. Mais recentemente o biólogo molecular James Shapiro, da Universidade de Chicago, ele mesmo também ateu, publicou o livro Evolution: A View from 21st Century onde desconstrói impiedosamente a evolução darwinista.
Thomas Nagel
E agora é a vez de Thomas Nagel, professor de filosofia e direito da Universidade de Nova York, membro da Academia Americana de Artes e Ciências, ganhador de vários prêmios com seus livros sobre filosofia, e um ateu declarado. Ele acaba de publicar o livro Mind & Cosmos(“Mente e Cosmos”) com o provocante subtítulo Why the materialist neo-darwinian conception of nature is almost certainly false(“Por que a concepção neo-darwinista materialista da natureza é quase que certamente falsa”), onde aponta as fragilidades do materialismo naturalista que serve de fundamento para as pretensões neo-darwinistas de construir uma teoria do todo (Não pretendo fazer uma resenha do livro. Para quem lê inglês, indico a excelente resenha feita por William Dembski e o comentário breve de Alvin Plantinga).
Estou mencionando estes intelectuais e cientistas ateus por que quando intelectuais e cientistas cristãos declaram sua desconfiança quanto à evolução darwinista são descartados por serem "religiosos". Então, tá. Mas, e quando os próprios ateus engrossam o coro dos dissidentes?
Neste post eu gostaria apenas de destacar algumas declarações de Nagel no livro que revelam a consciência clara que ele tem de que uma concepção puramente materialista da vida e de seu desenvolvimento, como a evolução darwinista, é incapaz de explicar a realidade como um todo. Embora ele mesmo rejeite no livro a possibilidade de que a realidade exista pelo poder criador de Deus, ele é capaz de enxergar que a vida é mais do que reações químicas baseadas nas leis físicas e descritas pela matemática. A solução que ele oferece – que a mente sempre existiu ao lado da matéria – não tem qualquer comprovação, como ele mesmo admite, mas certamente está mais perto da concepção teísta do que do ateísmo materialista do darwinismo.
Ele deixa claro que sua crítica procede de sua própria análise científica e que mesmo assim não será bem vinda nos círculos acadêmicos:
“O meu ceticismo [quanto ao evolucionismo darwinista] não é baseado numa crença religiosa ou numa alternativa definitiva. É somente a crença de que a evidência científica disponível, apesar do consenso da opinião científica, não exige racionalmente de nós que sujeitemos este ceticismo [a este consenso] neste assunto” (p. 7).
“Eu tenho consciência de que dúvidas desta natureza vão parecer um ultraje a muita gente, mas isto é porque quase todo mundo em nossa cultura secular tem sido intimidado a considerar o programa de pesquisa reducionista [do darwinismo] como sacrossanto, sob o argumento de que qualquer outra coisa não pode ser considerada como ciência” (p.7).
Ele profetiza o fim do naturalismo materialista, o fundamento do evolucionismo darwinista:
“Mesmo que o domínio [no campo da ciência] do naturalismo materialista está se aproximando do fim, precisamos ter alguma noção do que pode substitui-lo” (p. 15).
Para ele, quanto mais descobrimos acerca da complexidade da vida, menos plausível se torna a explicação naturalista materialista do darwinismo para sua origem e desenvolvimento:

“Durante muito tempo eu tenho achado difícil de acreditar na explicação materialista de como nós e os demais organismos viemos a existir, inclusive a versão padrão de como o processo evolutivo funciona. Quanto mais detalhes aprendemos acerca da base química da vida e como é intrincado o código genético, mais e mais inacreditável se torna a explicação histórica padrão [do darwinismo]” (p. 5).
“É altamente implausível, de cara, que a vida como a conhecemos seja o resultado da sequência de acidentes físicos junto com o mecanismo da seleção natural” (p. 6).
Não teria havido o tempo necessário para que a vida surgisse e se desenvolvesse debaixo da seleção natural e mutações aleatórias:
“Com relação à evolução, o processo de seleção natural não pode explicar a realidade sem um suprimento adequado de mutações viáveis, e eu acredito que ainda é uma questão aberta se isto poderia ter acontecido no tempo geológico como mero resultado de acidentes químicos, sem a operação de outros fatores determinando e restringindo as formas das variações genéticas” (p. 9).
Nagel surpreendentemente defende os proponentes mais conhecidos do design inteligente:
“Apesar de que escritores como Michael Behe e Stephen Meyer[1] sejam motivados parcialmente por suas convicções religiosas, os argumentos empíricos que eles oferecem contra a possibilidade da vida e sua história evolutiva serem explicados plenamente somente com base na física e na química são de grande interesse em si mesmos... Os problemas que estes iconoclastas levantam contra o consenso cientifico ortodoxo deveriam ser levados a sério. Eles não merecem a zombaria que têm recebido. É claramente injusta” (p.11).
Num parágrafo quase confessional, Nagel reconhece que lhe falta o sentimento do divino que ele percebe em muitos outros:
“Confesso um pressuposto meu que não tem fundamento, que não considero possível a alternativa do design inteligente como uma opção real – me falta aquele sensus divinitatis [senso do divino] que capacita – na verdade, impele – tantas pessoas a ver no mundo a expressão do propósito divina da mesma maneira que percebem num rosto sorridente a expressão do sentimento humano” (p.12).
Para Nagel, o evolucionismo darwinista, com sua visão materialista e naturalista da realidade, não consegue explicar o que transcende o mundo material, como a mente e tudo que a acompanha:
“Nós e outras criaturas com vida mental somos organismos, e nossa capacidade mental depende aparentemente de nossa constituição física. Portanto, aquilo que explicar a existência de organismos como nós deve explicar também a existência da mente. Mas, se o mental não é em si mesmo somente físico, não pode, então, ser plenamente explicado pela ciência física. E então, como vou argumentar mais adiante, é difícil evitar a conclusão que aqueles aspectos de nossa constituição física que trazem o mental consigo também não podem ser explicados pela ciência física. Se a biologia evolutiva é uma teoria física – como geralmente é considerada – então não pode explicar o aparecimento da consciência e de outros fenômenos que não podem ser reduzidos ao aspecto físico meramente” (p. 15).
“Uma alternativa genuína ao programa reducionista [do darwinismo] irá requerer uma explicação de como a mente e tudo o que a acompanha é inerente ao universo” (p.15).
“Os elementos fundamentais e as leis da física e da química têm sido assumidos para se explicar o comportamento do mundo inanimado. Algo mais é necessário para explicar como podem existir criaturas conscientes e pensantes, cujos corpos e cérebros são feitos destes elementos” (p.20).
Menciono por último a perspicaz observação de Nagel, que se a mente existe porque sobreviveu através da seleção natural, isto é, por ter se tornado na coisa mais esperta para sobreviver, como poderemos confiar nela? E aqui ele cita e concorda com Alvin Plantinga, um filósofo reformado renomado:
“O evolucionismo naturalista provê uma explicação de nossas capacidades [mentais] que mina a confiabilidade delas, e ao fazer isto, mina a si mesmo” (p. 27).
“Eu concordo com Alvin Plantinga que, ao contrário da benevolência divina, a aplicação da teoria da evolução à compreensão de nossas capacidades cognitivas acaba por minar nossa confiança nelas, embora não a destrua por completo. Mecanismos formadores de crenças e que têm uma vantagem seletiva no conflito diário pela sobrevivência não merecem a nossa confiança na construção de explicações teóricas do mundo como um todo... A teoria da evolução deixa a autoridade da razão numa posição muito mais fraca. Especialmente no que se refere à nossa capacidade moral e outras capacidades normativas – nas quais confiamos com frequência para corrigir nossos instintos. Eu concordo com Sharon Street [professora de filosofia na Universidade de Nova York] que uma auto-compreensão evolucionista quase que certamente haveria de requerer que desistíssemos do realismo moral, que é a convicção natural de que nossos juízos morais são verdadeiros ou falsos independentemente de nossas crenças” (p.28).
Não consegui ler Nagel sem lembrar do que a Bíblia diz:
"Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim" (Eclesiastes 3:11).
"De um só Deus fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós"(Atos 17:26-27).
Nagel tem o sensus divinitatis, sim, pois o mesmo é o reflexo da imagem de Deus em cada ser humano, ainda que decaídos como somos. Infelizmente o seu ateísmo o impede de ver aquilo que sua razão e consciência, tateando, já tocaram.
Nota:
[1] Os dois são os mais conhecidos defensores da teoria do design inteligente. Ambos já vieram falar no Mackenzie sobre este assunto.
Fonte: O Tempora! O Mores!

sábado, 20 de julho de 2013

A benção de ser um derrotado - Por P massolar





Ninguém gosta de perder... A perda sempre gera momentos de dor, angústia, frustração, insegurança em relação ao futuro e quase nunca estamos preparados emocionalmente para perder, seja pela surpresa, pelo inesperado que nos atropela de repente ou por precisar abrir mão de algo importante.Numa sociedade viciada em ganhar, onde, desde muito pequenos, somos adestrados e incentivados a agir sempre competitivamente em todas as coisas, aprendemos que somente os fracos perdem.Em tempos como os que vivemos, a derrota parece ser o não sucesso, o não se sobressair tanto no mercado de trabalho como na conquista de uma pessoa desejada, não alcançar algo que se quer ou perder para alguém mais forte, aparentemente melhor preparado que a gente.Não é tão incomum, e aliás está se tornando uma doença crônica que vai se alastrando incontrolavelmente, ouvir até mesmo os ambientes religiosos reproduzindo o velho discurso a favor da "vitória" a qualquer custo.Mesmo que para isto seja preciso abrir mão do bom senso, do Evangelho puro e simples ensinado por Jesus, não como um meio de ganhar tudo o que se quer ou se deseja, mas, mesmo na aparente derrota, encontrar o caminho da consciência pacificada de que todas as coisas cooperam sempre para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo um propósito infinitamente maior do que perder ou ganhar.Até mesmo a perda ou o não ser atendido na petição que fazemos se torna motivo de glória e livramento incontáveis vezes. Na perspectiva do Reino nem sempre os "vitoriosos", os "fortes" ou aqueles que chegam em "primeiro lugar" cheios de "honras" herdarão a terra.Tenho visto uma geração inteira dentro dos templos/mercados pagando, e pagando muito caro, alguns dão o que não podem para tentar se tornar "vitoriosos" segundo as suas próprias perspectivas viciadas e distorcidas. Dão ofertas/oferendas generosas, fazem pactos, propósitos, compram o favor das entidades ou das forças e elementos da natureza afim de se tornarem imbatíveis.Querem fechar o corpo, ganhar força e poderes sobrenaturais para jamais perderem. Como se fosse possível, tentam até mesmo comprar o "in-comprável", acham que Deus é um negociador que distribui bens, fortuna e sucesso em troca de moedas, sacrifício ou serviço abnegado. Eles até ganham alguma coisa, conquistam lugares, pessoas, situações e demandas, mas acabam perdendo o essencial da vida. "Ganham" sempre, mas ganham sem paz, sem alegria, sem sabor e sem verdade.Precisamos entender que nossa limitada e frágil humanidade, nossa derrota diante das vitórias que provocam mais mal do que bem, na verdade, é uma bênção. É exatamente a capacidade de perder que nos faz crescer para a vida. A perda não é sinal de fraqueza, mas sim de força pois é neste momento que a consciência de que não somos indestrutíveis cresce ou que nossa aparente força nada é, que descobrimos o dom do quebrantamento.Por incrível que pareça, o poder de Deus em nossas vidas se aperfeiçoa mesmo é na fraqueza, no reconhecimento de que o controle de todas as coisas é somente Dele. Perder ou ganhar, neste sentido tanto faz, é só mais um aprendizado.A arrogância dos "vencedores" e dos "poderosos" é, de fato, a anti-vitória. Quem ganha sempre forçado ou comprado, está acumulando para si próprio uma perda irrecuperável, a destruição dos valores fundamentais da vida, da segurança de passar pelo vale da sombra da morte sem temer mal algum porque a presença Daquele que habita o coração dos quebrantados e humildes o acompanha.Não! Eu não quero ganhar sempre, decretado, comprado ou profetizado... Ganhando ou perdendo, vou seguir minha vida habitando com Aquele que me faz mais do que vencedor até mesmo nas derrotas que me sobrevém, sendo seguido pela bondade e pela misericórdia todos os dias da minha vida.Eu não sei se amanhã eu vou ganhar ou perder, a única certeza que está viva e pulsante no meu coração, todos os dias, é que eu sei em Quem tenho crido e sei também que Ele é fiel e poderoso para me guardar até mesmo no dia da derrota, no dia mal.O Deus que chamou para junto de si os fracos e sobrecarregados te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!
Fonte: [ Ovelha Magra ]

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Via: [ Pensar e Orar ]

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Examina as Escrituras



Se você não quer que a obra da sua conversão venha a ser abortada, uma vez entendido o que lhe é oferecido, ' examine as Escrituras todos os dias para ver se as coisas são de fato assim ou não ' (At 17:11).

Assim fizeram os Bereanos, e o texto 'diz que por causa disso creram ' (At 17:12). Nós não queremos enganá-lo, por isso não queremos que você aceite qualquer coisa que dissermos, mas aquilo que pudermos provar, pela palavra de Deus ser realmente verdade. Não desejamos guiá-lo nas trevas mas, pela luz do evangelho, queremos retirá-lo das trevas. Assim sendo, não recusamos submeter toda a nossa doutrina a um teste justo. Embora não desejemos que você se torne culpado por desconfiar de nós injustamente, ainda assim, não desejamos que aceite este ensinos importantes e preciosos, confiado meramente nas nossas palavras; porque neste caso, a sua fé seria colocada no homem; e, então seria de admirar que viesse a ser fraca, ineficaz, e facilmente abalada. Você pode confiar em um homem hoje e não mais confiar amanhã; um homem pode merecer o maior crédito de você este ano, mas no ano seguinte pode ser que outro homem, com pensamentos contrários, venha a merecer mais crédito aos seus olhos. Assim, nós não queremos que acredite em nós mais do que o suficiente para conduzí-lo a Deus, e para que o ajudemos a entender aquelas palavras nas quais você precisa crer. O nosso desejo, portanto, consiste em que você examine as Escrituras, e teste se as coisas que lhe dizemos são verdadeiras.

A nossa palavra nunca alcançará o seu propósito em você, até que veja e ouça a Deus nelas, e compreenda que é Ele, e não apenas homens, quem está lhe falando. Se você não ouvir ninguém lhe falar, a não ser o ministro, não é de admirar que ouse desdenhar dele; pois ele é um homem frágil e mortal como você mesmo. Enquanto você pensar que a doutrina que pregamos é meramente o produto da nossa própria imaginação ou conjecturas, não é de admirar que não a valorize, nem abandone tudo o que cria anteriormente, pela simples persuasão de um pregador. Mas quando você sondar as Escrituras, e vier a descobrir que o que lhe está sendo pregado é a palavra do Deus dos Céus, ousaria você então desprezá-la? Quando você descobrir que nós não lhe dissemos mais do que fomos ordenados, e que o Deus que falou esta palavra a sustentará, então ela certamente lhe falará mais intimamente; você a considerará, e não mais a ouvirá com descaso.

Se nós vendêssemos mercadorias defeituosas, certamente desejaríamos uma loja escura para esconder os defeitos; e se o nosso ouro ou prata fossem leves ou de má qualidade, nós certamente não recomendaríamos que os pesassem e testassem.Mas quando estamos convictos de que aquilo que falamos é verdade, não desejamos outra coisa, senão teste. Beleza e boa aparência não apresentam nenhuma vantagem sobre uma deformidade repugnante quando ambas encontram-se nas trevas, mas a luz mostrará a diferença. O erro será um perdedor quando houver luz, e assim fugirá dela. Mas a verdade será vitoriosa quando houver luz, e portanto a buscará. Deixe que os papistas escondam as Escrituras do povo, proíbam sua leitura na língua que eles conhecem, e ensinem-lhes a falar de Deus o que não entendem. Nós não ousamos fazer isso, nem o desejamos. Nossa doutrina não é pregada nas trevas; por isso convidamos você à 'lei e aos testemunhos '.

Autor: Richard Baxter
Fonte: [ Mayflower ]

terça-feira, 16 de julho de 2013

A cultura numa perspectiva cristã reformada - A cultura numa perspectiva cristã reformada







A cultura consiste nas instituições, tecnologias, arte, costumes e pautas sociais que se desenvolvem numa sociedade. A cultura é o contexto dentro do qual toda pessoa vive inevitavelmente a sua vida cotidiana.
O problema de “Cristo e cultura” somente se entende como a relação entre os cristãos e a cultura em que vivem. Mas esta ênfase obscurece uma importante questão: inclusive quando os cristãos rejeitam a cultura que os cerca, esta continua sendo o meio de sua existência, enquanto criam uma subcultura cristã. O Cristianismo acultural não existe.
As posturas históricas
O clássico livro de H. Richard Niebuhr com o título Christ and Culture[1] relata as cinco atitudes que os cristãos adotam historicamente frente à questão da cultura. Tanto na história como na vida individual do cristão, não existe uma resposta única frente à cultura.
A postura mais radical sustenta que Cristo está contra a cultura. Aqui se entende a cultura como um elemento hostil ao Cristianismo, tanto em teoria como na prática. Independentemente da sociedade em que se encontrem imersos os cristãos, são chamados a opor-se aos costumes e traços desta. A entrega a Cristo requer uma decisão entre ambas as coisas.
Uma segunda postura é a atitude de ver a Cristo na cultura, que permite a harmonia fundamental entre Cristo e a cultura. O próprio Cristo é considerado como um herói supremo da cultura. A sua vida e ensino é o maior benefício humano da história. Portanto, os seguidores de Cristo podem confiar que a cultural é essencialmente congruente com os seus próprios ideais, e não tem porque renunciar àquela em que se estão imersos.
Uma terceira possibilidade é a de que Cristo está por cima da cultura. Esta postura de síntese afirma tanto a Cristo como a cultura, mas mantendo a distinção entre eles. Cristo é algo mais que um simples herói cultural. Ele é superior e maior que a cultural e digno de uma fidelidade maior. Ma a cultura também exige a participação cristã. Como cidadãos de dois reinos, os cristãos podem viver com uma consciência limpa em ambos os mundos, do mesmo modo que fez Jesus, o Deus Homem.
Em quarto lugar, os teólogos como o apóstolo Paulo, ou Lutero enfatizaram a Cristo e a cultura de mundo paradoxo. Esta postura se baseia na dualidade que aceita a autoridade tanto de Cristo como da cultura. Consequentemente, os cristãos vivem experimentando uma desagradável tensão, tentando satisfazer as exigências de ambas autoridades, e desejando uma salvação eventual e meta-histórica que resolva essa situação.
Por último, se pode entender a Cristo como o transformador da cultura. A tradição de Agostinho e Calvino afirma que, considerando a condição da queda da cultura humana, o compromisso com Cristo permite à pessoa converter a cultura num objetivo santo. Devido ao fato de que Cristo converte as pessoas e as instituições sociais, os cristãos podem seguir com a obra de Deus mediante as suas atividades culturais ordinárias.
Fundamentos doutrinários
O respaldo cristão da cultura começa com a doutrina da criação. Isto obriga aos cristãos a reivindicar o mundo para Deus, e fomenta a sua ira ao ver o grau em que o mundo de Deus foi dominado por Satanás e o mal. Os cristãos têm um chamado criacional e outro missionário.
Uma segunda doutrina chave é a Queda e o mal consequente que incide na natureza humana e as instituições sociais. Para um cristão a cultura é sempre uma prova, com tendências para a depravação (se bem que com mais em certas épocas e lugares que em outros). Como tudo o mais dentro de um mundo caído a cultura possui uma tendência permanente de cruzar a linha entre o bem e o mal.
Todavia, a Bíblia não localiza o mal em algumas formas externas per si. O mundo e a cultura humana são capazes de ser usados bem ou mal. O abuso que se faz de algo, não o invalida. O resultado é a necessidade da responsabilidade moral na busca da cultura.
O aforismo de Cristo que ordenou aos seus seguidores a “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22:21), resume o tema bíblico que diz que as instituições da sociedade formam parte do design que Deus fez da vida humana e, como tal são dignas de sua sinceridade legítima. Mas no centro do Cristianismo achamos a convicção de que o “que é de Deus” merece um maior respeito que o que é de César. A cultura é sempre um bem secundário.
A doutrina da vocação (crença de que Deus chama as pessoas para desempenhar trabalhos específicos e lhes concede a capacidade necessária para realizá-las) contribui igualmente para a afirmação cristã da cultura. A Bíblia aceita como fato (por exemplo: Gn 4:20-22) que Deus chama a certas pessoas a serem agricultores, outros para serem músicos, outras a serem arquitetos, chamamentos que todos eles tem conexões culturais.
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A convicção cristã de que para uma pessoa redimida toda a vida pertence a Deus permanece resumida na frase do NT que diz: “assim, pois, quer comais ou bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10:31). Para um cristão, inclusive o projeto cultural mais corrente pode formar parte de uma vida centrada em Deus.

sábado, 13 de julho de 2013

Dia do Senhor 01 - por Pr. Julius VanSpronsen





Leitura: Romanos 06


Amada congregação do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo,
Qual é o propósito da sua vida? Devem existir muitas respostas a esta pergunta. Muitas pessoas não têm um propósito nesta  vida, apenas prosseguem em seu próprio prazer. Outras argumentam que o seu propósito é contribuir com a sociedade, mas a sua esperança na bondade da sociedade as deixa enganadas e nunca conseguem ajudar em certa situação. Muitos cristãos acham que têm só o propósito espiritual, mas fazem distinção entre as coisas físicas e as coisas espirituais – eles negam o seu mandato nesta terra e são desagradáveis ao Senhor.

Então, qual é o propósito da sua vida? A Bíblia diz que o nosso propósito deve estar no nosso relacionamento com Deus – e esse relacionamento tem consequências em todas as áreas da nossa vida: físicas, emocionais e espirituais! O ponto é que, o nosso propósito de viver, repousa completamente em Cristo – ele é o nosso dono, e somos escravos d’Ele . Esse conhecimento nos dá paz, alegria e consolo em todas as situações desta vida. Prego o evangelho de Cristo sob o seguinte tema:
Tema: Até os fios de nossos cabelos pertencem a Jesus Cristo, porque:
·         1. Ele nos comprou
·         2. Ele nos protege
·         3. Ele nos renova
1. Ele nos comprou.
A confissão que nós professamos começa com as palavras: “Não pertenço a mim mesmo”. Estas palavras nos lembram de Romanos 6, onde Paulo se compara com um escravo. Naquela época, o escravo não tinha o direito de escolher a sua ocupação ou o lugar de residência. Se um amigo lhe pedisse ajuda, ele respondia: “Não pertenço a mim mesmo, fui comprado e agora não posso fazer nada fora da vontade do meu dono”. Hoje em dia, ninguém gosta de pensar em escravidão – todos acham que todo mundo deve ser livre, sem nenhum mestre nem dono. Mas, o que diz Paulo em Romanos 6, e o que diz o nosso catecismo, é que ninguém é realmente livre – escravidão é uma realidade para todos! Gênesis deixa claro que ninguém tem uma vontade livre. Embora tomemos decisões sobre várias coisas, somos, por natureza, escravos da vontade do diabo, e somos inclinados a odiar a Deus e ao nosso próximo. O homem sem Cristo, não está livre para fazer qualquer coisa que ele desejar, mas é como uma marionete ou um fantoche, nas mãos do diabo. Por natureza, todos são filhos da serpente, e ficam assim, a não ser que Deus transforme o seu coração. Em João 6.65 Jesus diz: “(...) ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido”. Em Romanos 6, Paulo mostra que, ou a pessoa é um escravo do pecado, ou ele é um escravo da justiça. Cada pessoa é um escravo – ninguém é dono de si mesmo – então, a pergunta é: “(...) quem é o seu mestre?” A resposta a esta pergunta tem a ver com o seu único consolo na vida e na morte.

Se o mestre for o diabo, o escravo provavelmente não será capaz de reconhecer isso. Por natureza, os nossos corações são maus; e os nossos próprios desejos e a nossa própria vontade nunca nos conduzem a buscarmos a Deus. Uma pessoa sem Cristo escolherá fazer a mesma coisa que o diabo quer que ela faça – a vontade impura age de acordo com o desejo do diabo, e ela nem percebe isso. Não existem muitas normas na vida sem Cristo, e tal pessoa vive sem fundamento e propósito firmes; ela não gosta das coisas que causam atrito à sua vida, e sempre é dirigida pelos seus sentimentos e emoções. Então, elas estudam as novidades em sociedade, gostam do estudo científico mais atual ou das novidades nas modas do dia; ou elas estão rastreando a vida dos políticos; ou se interessam por qualquer esporte ou divertimento. Só nestas coisas consiste a vida: televisão, roupas, corpos, dinheiro, e uma diversão. Não pensam sobre morte, Deus, justiça e verdade; elas procuram os prazeres temporários deste mundo, a saber: dinheiro, saúde, direitos ou qualquer coisa que estimulem as suas mentes. São escravos do prazer mundano - não pertencem a si mesmos, mas os seus corações os conduzem a servir ao diabo, que é o seu mestre e rei. Não se engane – não há alegria na vida de quem está sob o domínio do diabo – ele é um mestre que odeia os seus súditos!

Porém, a Bíblia revela que há um outro mestre. Na sua misericórdia, o SENHOR Deus declarou que tiraria algumas pessoas das mãos do diabo. Embora todos os homens fossem destinados à condenação eterna, Deus escolheu alguns para si mesmo. Deus enviou o seu único Filho para pagar completamente todos os seus pecados, com o seu sangue precioso. Cristo pagou o preço de um resgate e libertou o seu povo escolhido da punição que merecia, da sua rebelião contra Deus! Agora, como membros da Igreja de Cristo, reconhecemos que pertencemos, de corpo e alma, tanto na vida quanto na morte, ao nosso fiel Salvador Jesus Cristo. Ele é o nosso mestre e dono – Ele nos comprou e pertencemos a Ele – Cristo é o nosso Senhor, e isso tem muitas consequências na nossa vida e na nossa morte.

Por que achamos que é um consolo ser um escravo? Por que confessamos que é um consolo que Jesus Cristo é o nosso Senhor e Mestre? Paulo responde a estas perguntas em Romanos 6.20-23 quando compara a vida dos escravos do pecado com a vida dos escravos de Deus: “Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça. Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte. Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna; porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Os escravos do diabo vivem com vergonha até da sua morte eterna; os escravos de Cristo experimentam bênçãos ricas já nesta vida e as bênçãos continuam para sempre! Os que foram comprados com o sangue de Cristo são salvos da vaidade na sua vida. Eis a resposta.

Temos um propósito na nossa vida! Deus nos concedeu corpos para um propósito; o nosso trabalho tem um alvo; temos famílias porque Deus tem planos para nós. Se alguém lhe perguntasse: “Por que você está ensinando os seus filhos assim?”, ou “Por que você mostra amor ao seu marido enquanto ele não a respeita?”. A resposta do cristão é simples: “Porque estou servindo meu Mestre, servindo ao seu reino e isso é a vontade divina na minha vida... E como escravo de Cristo, também reconheço que Ele me protege.

2. Ele nos protege.
A confissão continua, e fala sobre a natureza do nosso Mestre – Ele não só nos concedeu vida e nos libertou do diabo, mas também nos protege e guarda dia a dia – até nossos fios de cabelo! Em Mateus 10.28-31, o Senhor Jesus diz: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo. Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais”. Jesus diz que “até os cabelos todos da cabeça estão contados”. Pensem nisso um momento... Vocês têm uma noção do número dos cabelos na sua cabeça? Vocês percebem quantos cabelos caem da sua cabeça cada dia? Cientistas dizem que todo dia a pessoa perde entre 25 a 100 fios de cabelo. Vocês percebem quando mais 01 (um) cabelo cai? Com certeza percebem em longo prazo que o número está diminuindo, mas quando mais 01 (um) cabelo cai?. Então, é bom notar que o SENHOR nos conhece melhor do que conhecemos a nós mesmos!

Deus não apenas vê os seus filhos no meio dos milhões que moram na terra (Salmo 139); Ele não apenas conhece a sua morada e a situação da sua família aqui em Recife, mas também conhece a sua situação de uma forma tão íntima que sem a vontade d’Ele nem um fio de cabelo pode cair da sua cabeça! Louvemos ao Senhor pelo seu poder! Aprendamos também sobre a profundidade do amor do SENHOR – Ele presta atenção às coisas insignificantes na nossa vida! A perda de cabelo é normal e, de qualquer forma, não nos afeta – quando estivermos correndo, um fio de cabelo caindo ao chão não nos impede, nem nos ajuda – não nos afeta de forma nenhuma. Mas, por causa do amor para conosco, Deus vê aquele cabelo caindo... e se cremos que um fio de cabelo não pode cair sem a vontade do SENHOR, também temos que confessar que tudo e qualquer coisa que acontece, sempre acontece por causa da vontade de Deus! Cremos na soberania do SENHOR – tudo está nas mãos d’Ele... e todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus! Devemos reconhecer isto também: desfrutamos da proteção do SENHOR somente porque pertencemos a Cristo! Somente os escravos de Cristo têm a proteção do Deus Soberano.

Cristãos pertencem a Cristo – as suas almas pertencem a Ele, os seus corpos pertencem a Ele, até seus fios de cabelo pertencem a Ele, porque Ele os comprou com o seu sangue.

Somos identificados com Cristo – quando falamos sobre Cristo, falamos sobre a Sua Igreja que é o Seu corpo! Então, o consolo do evangelho continua além desta vida na terra para a eternidade nos céus – pertencemos a Ele! Nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor! E o consolo para a cristão é que Cristo cuida daquilo que pertence a Ele - Ele o protege para que permaneça com Ele para sempre -- pertencemos a Cristo para toda eternidade! Temos certeza de que Cristo viverá para sempre, então, temos certeza de que nós também viveremos para sempre!

O verdadeiro consolo para o filho de Deus é mais do que a garantia da proteção nas tribulações desta vida. Temos raízes mais profundas do que as coisas que vemos.

O consolo do cristão não se baseia nos seus relacionamentos (esposo, esposa, filhos, pais, ou amigos), não se baseia nas suas posses, nos seus feitos, no seu dinheiro, ou na sua saúde... todas estas coisas são extras.

O verdadeiro consolo consiste no conhecimento que temos (na palma da mão) d’Aquele que criou tudo e reina acima de tudo e de todos. A coisa mais preciosa na nossa vida é o amor do SENHOR, e ninguém pode tirar de nós esse amor! Quando baseamos a nossa identidade em Cristo Jesus, o nosso Senhor, as tribulações da vida não podem nos abalar!

Seu consolo fique em Cristo – e ninguém pode lhe abalar, porque não depende de você, mas do seu Dono, que é Cristo. Nas tribulações mais difíceis, nenhuma coisa permanente é arriscada, porque tudo deste mundo é temporário, menos o seu relacionamento com Cristo! Por isso, vivamos todos como escravos de Cristo, com o consolo que não é abalado.

3. Vivemos para a glória d’Ele.
Se Deus não revelasse esse consolo a nós, nunca o perceberíamos. Confessamos que reconhecemos esse consolo só por causa do trabalho do Espírito Santo. Dizemos: Pelo Seu Espírito Santo, Ele também nos assegura a vida eterna. O Espírito Santo garante o que temos em Cristo, e nos lembra do trabalho de Cristo para que experimentemos esse consolo. Pelo Espírito Santo e a Palavra do SENHOR, somos lembrados do consolo indizível que temos em Cristo que nos comprou! Por isso, é muito importante que continuemos a ler a Bíblia e frequentemos os cultos para ouvirmos a pregação desta Palavra. E, reconhecendo o nosso consolo em Cristo, queiramos viver como escravos fiéis do nosso Mestre... O Espírito Santo nos torna dispostos e prontos de coração para vivermos para Ele de agora em diante.

Viver para Ele. O que significa esta frase? Basicamente confessamos que o Espírito Santo nos orienta a vivermos com o propósito de glorificarmos a Cristo que é o nosso Senhor e Dono. Não vivemos para o nosso prazer, o nosso bem, ou a nossa satisfação! Não temos vida para nós mesmos – as nossas vidas não nos pertencem! Antes, somos representantes do Senhor – temos que representar o nosso Dono – isto é o propósito desta vida. Devemos fazer tudo para a glória do Senhor – representemos constantemente a natureza do nosso Dono aos olhos das pessoas com quem nos encontrarmos.

Quando tivermos de tomar uma decisão na nossa vida, nunca devemos tomá-la para o nosso proveito, mas sempre para o proveito do nome de Jesus Cristo. A pergunta nunca deve ser: O que é melhor para mim? Mas sempre devemos perguntar: O que devo fazer como escravo de Jesus Cristo? O que é melhor para glorificar o Seu nome? Daí então, ganhamos paz e consolo em tudo que fizermos – temos que agradar à audiência de um só, que é Deus! Não somos escravos e servos dos nossos esposos, das nossas esposas, da nossa família, ou dos nossos próximos, mas somos escravos de Jesus Cristo, o nosso Mestre! Temos que dar contas somente a Ele das nossas decisões e ações.

Cristo vai perguntar: “Você era meu representante na sua vida? Mostrava gratidão pelo meu trabalho em seu favor, ou você ficava preocupado com a sua própria vida? Morava como meu escravo ou do seu dinheiro, ou do seu êxito, ou do seu trabalho?”

Quando o mestre ordena que seu escravo faça algo, e o escravo faz fielmente o que foi ordenado, se tiver consequências más, é o mestre e não o escravo que fica responsável pelo resultado. O escravo só tem que obedecer a seu Mestre.

Vivemos para o Senhor quando obedece a Ele. Os resultados ficam nas mãos do Senhor! Muitas vezes tomamos a responsabilidade pelos resultados, mas a nossa responsabilidade não é determinar as consequências, mas sermos fiéis na nossa tarefa para com o nosso Senhor. Quando confessamos os nossos pecados e nos arrependemos das ações odiosas, e tentamos obedecer às Leis do Senhor, os resultados ficam com Deus – podemos desfrutar paz. E quando crescermos também  reconheceremos que aquilo que é para a glória de Jesus, é bom também para nossa vida.

Quando cessarmos de viver para a nossa própria satisfação, e quando não vivermos mais com base nas expectativas dos outros, começaremos a perceber a nossa situação com uma nova perspectiva.

As pessoas que somente pensam no seu próprio bem e sucesso são egoístas e julgam outros somente com base no proveito que têm para tirarem algo deles. Se eles os ajudam, por enquanto são tolerados, mas se alguém lhes impedem, acham que estão interrompendo o seu propósito; esquecem que não pertencem a si mesmos; esquecem que não devem servir ao seu próprio pequeno reino, mas que devem servir ao Mestre que é o Rei acima de todos! Quem colocou aquela pessoa, aquela família, aquele padrão no seu caminho, na sua vida, foi Deus e Ele quer que você sirva a Ele naquele relacionamento! Vivemos no reino do SENHOR Todo-Poderoso! Somos servos d’Ele, e com esta perspectiva (que é uma perspectiva eterna), vivemos com muita alegria e paz.

O coração do crente é transformado por Jesus Cristo que o comprou. O coração transformado reconhece a natureza da sua vida, que é um serviço para o Rei Eterno. Jesus Cristo nos comprou para nos libertar de todo o domínio do diabo, e pertencermos a Ele de corpo e alma, tanto na vida quando na morte. Vivemos para Cristo, não para nós mesmos. Ele nos guarda. Ele vê tudo que acontece na nossa vida, até os fios de cabelo caindo da nossa cabeça.. Ele nos conhece, e nesta situação de consolo e alegria, podemos viver para Cristo, nosso Mestre!

O seu trabalho não é para você; suas diversões na vida não são privadas. Trocando fraldas, visitando seus vizinhos, cuidando dos idosos, participando nos cultos, limpando a sua casa, faça tudo a serviço de Jesus Cristo!
Vivamos para Ele – não pertençamos a nós mesmos; estejamos em Cristo, o nosso Dono. Somos filhos adotivos do Pai celestial – é assim hoje e vai continuar para sempre. Amém