“Como
guardaste a palavra da minha paciência, também te guardarei da honra da
tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na
terra.” Ap.3:10
Venhamos refletir sobre a promessa de Cristo de livrar os seus fieis de Filadélfia da hora da tentação. Essa promessa é válida para todos os fieis de Deus, em todas as eras. As tribulações sobreviverão a todo o mundo e neste período conturbado também inclui a ira de satanás contra os fieis, contra todos que aceitaram a Cristo durante os períodos conturbados da História, na qual, os homens serão sujeitos causadores e vítimas das catástrofes naturais, perseguições e violências em suas variáveis proporções.
Sabendo disso, como nós, Cristãos, estamos nos comportando em meio a estes tempos catastróficos onde a depressão corroe a nossa sociedade em silêncio? A depressão é o sintoma da nossa sociedade e se consolida como o mal deste século que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) afetam aproximadamente 121 milhões de pessoas em todo o planeta. Ela alcança o quarto lugar como doença de maior mortalidade e está prevista para alcançar a vice-liderança até 2020.
Como sujeitos históricos, sofremos com as inúmeras exigências sociais e muitas das vezes tornamo-nos consumidores de ilusões que nos é vendida pelos meios de comunicação prometendo-nos um falso prazer, uma felicidade superficial e ascensão o tempo todo. Quando nos damos conta que somos incapazes de cumprir essas exigências e de que tudo aquilo que compramos fizeram de nós seres bestializados passamos a conviver com as reais sensações de fracasso pessoal e sentimos cair sobre nós o peso que nos assola mais do que o próprio contexto consumista e individualista.
Pensemos que junto aos males da pressão está a privatização dos nossos sofrimentos. Existe um equívoco relacionado aos sentimentos naturais dos seres humanos, tais como, a tristeza e a melancolia e até mesmo a apatia, sentimentos estes inadmissíveis nesta sociedade global de consumo e que atualmente está sendo confundida com síndromes depressivas.
Mais uma vez coloco você, leitor, como analista dos teus hábitos diários; “O que você assiste? O que você lê? O que você come? E como você reage as diversas influências culturais do nosso tempo?” Conforme fores respondendo a essas perguntas se defrontará com os porquês de estarmos confundindo sentimentos naturais da vida humana com doença. Algo tão exposto pelas grandes mídias e que faz com que as pessoas busquem soluções mágicas para as dificuldades da vida, como tomar uma pílula ou mergulhar em palavras de auto-ajuda. Segundo os especialistas a depressão se não diagnosticada fará com que o medicamento seja ineficaz e causador de efeitos colaterais graves como a disfunção sexual.
Maria Rita Kehl em sua obra O Tempo e o Cão defende a seguinte tese; “Ao patologizar a tristeza perde-se um importante saber sobre a dor de viver. Aos que sofreram o abalo de uma morte, de uma doença, de um acidente, a medicalização da tristeza rouba ao sujeito o tempo necessário para superar o abalo e construir novas referências, e até mesmo outras normas de vida, mais compatíveis com a perda ou a eventual incapacitação.”
A autora também coloca que não é incomum que meninos e meninas de catorze ou quinze anos se precipitem em tentativas de suicídio (por vezes fatais) não tanto em função da gravidade de seu quadro depressivo – que poderia ser um episódio passageiro, característico da chamada crise adolescente –, mas por não suportarem a imensa perda da auto-estima, os sentimentos de incompreensão e de isolamento provocados pelo estigma da depressão, que os afastam de amigos e os fazem alvos de preconceitos.
Eliane Parmezani em seu artigo publicado na Revista Caros Amigos cita a predominância biologicista questionada por Mirna Khoda referente às altas margens lucrativas da Indústria farmacêutica sobre a medicalização social geradora do Biopoder estudado anteriormente pelo filósofo francês Michel Foucault. Isso leva-nos a pensar em uma conclusão trágica para a nossa sociedade que atualmente protagoniza o drama da privatização do sofrimento cuja saída tem sido principalmente medicamentosa. Nunca podemos perde o foco de Cristo como nosso grande libertador.