terça-feira, 30 de outubro de 2012

William Tyndale, o pai da Bíblia Inglesa



William Tyndale nasceu aproximadamente em 1483, na vila de North Nibley. Ordenado ao sacerdócio em 1502, ele se distinguiu em Oxford recebendo o seu diploma de Bacharel em Artes, em 1515. Mais tarde ele se transferiu para Cambridge, onde se tornou familiarizado com Erasmo e o seu Novo Testamento Grego. Enquanto atravessava esse tempo de reflexão, Tyndale experimentou uma iluminação espiritual semelhante à de Lutero.
Quanto mais ele estudava esse tesouro recém descoberto, mais acentuada se tornava a sua preocupação no sentido de que os seus companheiros ingleses dele compartilhassem. Foi durante esse período de formação que aconteceu a clássica discussão de Tyndale com um papista fanático. Antagonizado pela sua incapacidade de refutar a racionalização Bíblica de Tyndale, o exasperado sacerdote gritou: "seria melhor que ficássemos sem as leis de Deus do que sem as leis do papa", ao que Tyndale retorquiu indignado:
Desafio o papa e todas as suas leis; e se Deus me poupar a vida por muitos anos, levarei um garoto que conduz o arado a conhecer mais a Escritura do que vós.
Com essas audaciosas palavras representando a motivação de toda a sua vida, Tyndale decidiu resgatar os seus iletrados patrícios da desesperança e infelicidade do Romanismo, declarando:
Essa causa apenas me conduziu a traduzir o Novo Testamento. Porque eu havia percebido, por experiência, como seria impossível levar o povo leigo à verdade, a não ser que as Escrituras fossem claramente colocadas diante dos seus olhos na língua mãe.
O pedido de Tyndale para se alojar com o renomado Cuthbert Tonstal, Bispo de Londres, recebeu uma fria negativa. Do mesmo modo como o estalajadeiro de Belém negou abrigo à "Palavra Viva" o prelado indiferente fez o mesmo ouvido surdo à "Palavra Escrita", nenhum deles reconhecendo o tempo de sua visitação.
O Senhor compensou essa humilhação, enviando Tyndale até um comerciante simpático, o qual não apenas abriu sua residência em Londres, para o Reformador, como ainda lhe deu dez libras de presente, pedindo-lhe que orasse por "seu pai, sua mãe, suas alma e todas as almas cristãs". Contudo seis meses depois do início da tradução, Tyndale detectou uma crescente hostilidade dos oficiais lacaios contra o seu projeto. Grande parte dessa pressão foi atribuída às pazes de Henrique VIII com Roma, a respeito do controvertido pedido de anulação do seu casamento com a "estéril" rainha Catarina. Tyndale conclui com tristeza:
A partir daí, percebi que não apenas no palácio do bispo de Londres, mas em toda a Inglaterra, não havia lugar onde eu pudesse tentar uma tradução das Escrituras.
Em face dessas condições inaceitáveis, Tyndale transferiu-se para a Alemanha, em 1524, sem imaginar que jamais colocaria os pés novamente em solo inglês (Contudo, Foxe chamou Tyndale de "o Apóstolo da Inglaterra").
Tendo garantido alojamento em Hamburgo, o fugitivo fez uma peregrinação imediata até Wittenberg. O patrocínio negado a Tyndale por Tonstal foi mais do que compensado pelo audacioso Lutero, que iria declarar sem timidez: "Nasci para a guerra e a luta contra as facções e os demônios".
O Dr. J. R. Green captou o espírito contagiante de Lutero com a narrativa da visita deste a Tyndale:
Encontramo-lo em seu caminho para a cidadezinha que havia repentinamente se tornado a cidade sagrada da Reforma. Estudantes de todas as nações ali se reuniam com um entusiasmo que lembrava aquele dos cruzados. "Quando vinham para ver a cidade", conta-nos um contemporâneo, "retornavam graças a Deus com as mãos preparadas para de Wittenberg, como a partir de Jerusalém fosse a luz da verdade do evangelho espalhada até aos confins da terra". Foi por insistência de Lutero que Tyndale ali traduziu os evangelhos e as epístolas.
Tyndale receberia muita coragem para suas futuras experiências da parte do austero alemão, cuja visão pessoal sobre os perturbadores era essa: "você não pode enfrentar um rebelde com a razão. Sua melhor resposta é esmurrá-lo no rosto até que ele sangre pelo nariz".
Com o coração reanimado, Tyndale iniciou o seu esforço pioneiro de produzir a Bíblia Inglesa traduzida diretamente das línguas originais. Partiu dele uma excepcional concessão para uma tão grandiosa ventura. O professor Herman Buschais descreveu Tyndale para Spalatin como:
Um homem tão versado nas sete línguas: Hebraico, Grego, Latim, Italiano, Espanhol, Inglês e Francês, que qualquer uma que ele falasse poderia dar a impressão de ser a sua língua nativa.
Esta erudição foi confirmada no comparecimento de Tyndale diante dos editores de Colônia, Quental e Byrschmann, antes de completar um ano. Embora desconhecido a Tyndale, o arquinimigo de Lutero, o teólogo católico John Cochlaeus, Deão da Igreja da Bendita Virgem em Frankfurt, seguiu direto em suas pegadas. Quando viu os católicos na Alemanha preparados com Bíblias até às orelhas, Cochlaeus se queixou:
O Novo Testamento de Lutero se multiplicou e espalhou de tal maneira através dos editores que até mesmo alfaiates e sapateiros, sim, até mesmo as mulheres e as pessoas ignorantes, que aceitaram esse novo evangelho luterano e podiam ler um pouco de alemão, estudavam-no, com a maior avidez, como sendo a fonte de toda a verdade. Alguns o memorizaram, carregando-o no íntimo. Em poucos meses esse povo ficou tão letrado que não se envergonhava de debater sobre a fé e o evangelho, não apenas com os leigos católicos, mas até mesmo com os padres e monges e doutores em divindades.
Cochlaeus não podia permitir que esse pesadelo alcançasse a Inglaterra. Certo dia ele escutou por acaso alguns tipógrafos discutindo a respeito da obra de Tyndale. Embriagando-os com uma certa quantidade de vinho, ele ficou perplexo ao descobrir que o Novo Testamento Inglês já estava sendo impresso. Depois de ver apenas dez folhas completadas, Tyndale foi advertido da chegada de magistrados. Auxiliado pelo seu amanuense, William Roye, ele pôde transferir os preciosos documentos para Worms, deixando ao chão um padre frustrado.
Com a comparativa segurança da "retaguarda" oferecida por Lutero, as primeiras três mil cópias do Novo Testamento de Tyndale foram completadas em 1525 pelo editor de Worms - Schoeffer – e contrabandeadas para a Inglaterra, em barris, pilhas de roupa e sacos de farinha. Ao contrário da tradução dos manuscritos latinos de Wycliff, a obra de Tyndale foi diretamente traduzida do Grego e, mais que isso, do Textus Receptus da segunda e terceira edições de Erasmo. (Erasmo havia rejeitado as leituras Alfa e Beta da Vulgata, pavimentando, assim, a estrada para centenas de mártires em Smithfield, os quais iriam morrer por causa do Texto Majoritário).
Tendo sido alertado por Cochlaeus da "importação pendente de perniciosa mercadoria", o clero inglês ficou de sobreaviso nos portos. Muitas Bíblias foram interceptadas e queimadas em cerimônias, na Saint Paul Cross em Londres, pelo bispo Tonstal, que as chamava de "uma oferta queimada ao Deus Todo Poderoso".
Esse bispo enfatuado afirmava ter encontrado 2.000 erros na mesma. Sir Thomas More acrescentou: "tentar encontra erros no livro de Tyndale foi o mesmo que tentar água no mar". More seria degolado mais tarde, como um traidor da pátria.
Sem se intimidar, Tyndale exclamou no espírito do seu mentor alemão:
Ao queimar o Livro eles fizeram exatamente o que eu esperava; provavelmente eles vão também me queimar, se for essa a vontade de Deus.
Contudo, apesar desse diabólico esforço, muitos dos volumes reprovados foram dispersos pela terra (quase 50.000, segundo alguns cálculos). As dores sofridas no sentido de proteger esses Novos Testamentos podem ser vislumbradas através do que um sóbrio cristão escreveu:
Guardas perigosos cheios de whisky,
que em vão buscavam essa coluna,
gozavam de clandestinidade
e esconderijo com sofrimento ansioso.
Enquanto tudo à volta era miséria e escuridão,
Este livros nos mostrava o beijo sem fronteira,
além da tumba,
libertos dos padres venais – do castigo feudal.
Ele permitiu ao sofredor
seus passos fatigados até Deus.
E quando essa sofrida maldição na terra aconteceu
Esta principal riqueza do seu filho desceu.
Que o poder do Novo Testamento de Tyndale foi causa de alarme entre os católicos ficou evidenciado pela carta do bispo de Nikke ao seu superior, na qual se lia em parte: "está além do meu poder, ou de qualquer homem espiritual, impedir isso agora, e se assim continuar por muito tempo, ele a todos nos destruirá".
Com a cabeça erguida, Tyndale se mudou para Marburg, em 1528, onde ficou sob a proteção de Philip, o Magnânimo, Conde de Hesse. Após ter trabalhado, por quase um ano, no Pentateuco, ele embarcou para Hamburgo, porém sofreu um naufrágio na viagem, perdendo o manuscrito de Deuteronômio recém concluído.
Após uma chegada com atraso em Hamburgo, ele foi residir com Margarete von Emmerson, onde concluiu a tradução de Gênesis até Deuteronômio. Com o seu aparecimento na cidade livre de Antuérpia (para conseguir a impressão desses novos livros), Tyndale arquitetou um plano engenhoso para repor suas urgentes carências financeiras. Já ficou conhecido que o arrogante bispo Tonstal, levado ao desespero pela divulgação do Novo Testamento, havia tentado salvaguardar-se, removendo-os do comércio através de uma compra ilegal. Contudo, sem que Tonstal o soubesse, o comerciante intermediário do qual ele se aproximou, Augustine Pakinghton, era um dos simpatizantes e mantenedores de Tyndale. Foxe o descreve com esta maravilhosa narrativa poética de justiça:
Alguma semanas mais tarde, Pakinghton entrou no humilde alojamento de Tyndale, cujas finanças ele sabia terem se esgotado.
Pakinghton – "Mestre Tyndale, encontrei para vós um bom comprador dos vossos livros.
Tyndale – quem é?
Pakinghton – o senhor bispo de Londres.
Tyndale – mas se o bispo quer esses livros será apenas para queimá-los.
Pakinghton – bem... e então? O bispo os queimará de qualquer maneira e bom seria que conseguíssemos dinheiro para imprimir mais.
Tyndale – ficarei contente por esses benefícios que advirão: vou receber o dinheiro para me livrar dos débitos e o mundo inteiro vai gritar contra a queima da Palavra de Deus. O restante do dinheiro me possibilitará corrigir o dito Novo Testamento, e novamente imprimir o mesmo, confiando em que o segundo será bem melhor do que o primeiro já impresso.
Depois disso, os Novos Testamentos reimpressos logo alcançaram a Inglaterra. Então o bispo mandou procurar novamente Pakinghton indagando como era possível que os livros fossem ainda tão abundantes? "Meu senhor", respondeu o comerciante, "realmente eu acho que seria melhor que comprásseis também os tipos pelos quais eles são impressos".
Que esse conselho não foi seguido, nem é preciso declarar.
Com o lucro do seu "mais novo cliente", Tyndale entregou o seu Pentateuco, em 1530, através da Casa publicadora Hans Luft, de Marburg, com a sua tradução de Jonas sendo publicada na Antuérpia, no ano seguinte.
Por esse tempo a animosidade contra Tyndale havia aumentado consideravelmente. Além das traduções desprezadas, seus diversos ataques verbais contra Roma não estavam lhe angariando muitos amigos:
"A parábola do Maligno Mamom", 1528; "A Obediência de um Cristão" e "Como os Governantes de Cristo Devem Governar", em 1530; e sua "Prática de Prelados" , também em 1530. Numa de suas notas marginais em Jonas ele comparou a Inglaterra com Nínive.
No ano de 1535, um crédulo Tyndale foi traído por um agente secreto católico, Henry Phillips, o qual havia angariado a confiança do reformador. Depois de tomar um empréstimo de última hora no valor de 40 shillings, de sua generosa vítima, os dois homens seguiram para a pensão de Tyndale, a fim de jantar. O traidor Phillips insistiu pretensiosamente como o seu "amigo", para ir na frente. Logo que saiu, Phillips, no espírito de Judas Iscariotes, apontou na direção dele pelas costas, como sinal combinado para identificá-lo aos oficiais. O idoso santo foi depressa levado para o calabouço da fortaleza próxima de Vilvorde, dezoito milhas ao norte de Antuérpia.
Como o julgamento do seu Mestre por Pilatos, o caráter de Tyndale era inquestionável, impressionando até mesmo o promotor do Imperador que o levara a considerá-lo "homo doctus, pius, et bonus" (homem sábio, piedoso e bom).
Durante os dezoito meses do seu encarceramento, Tyndale se manteve firme. Um dos documentos mais tristes existentes em toda a história da igreja (tirado dos arquivos do Concílio de Brabant) é uma carta escrita em Latim, pela própria mão do reformador, para o governador de Vilvorde, talvez o Marquês Burgon:
Creio, cheio de legítima adoração, que não estarei despercebido do que pode ter sido determinado com respeito a mim. Daí porque peço a Vossa Senhoria, e isso pelo Senhor Jesus, que se devo permanecer aqui pelo inverno, Vossa Senhoria diga ao comissário que faça a gentileza de enviar-me, dos meus pertences que estão com ele, um boné contra o frio, visto como sinto muito frio na cabeça e sou afligido pelo contínuo catarro, que aumentou muito nesta cela. Também uma capa de inverno, pois a que tenho é muito fina; também uma peça de roupa para agasalhar minhas pernas. Meu sobretudo está gasto; minhas camisas também estão gastas. Ele tem uma camisa de lã e por favor, ma envie. Também tenho com ele perneiras de pano grosso para usar por cima. Ele tem também toucas quentes de dormir.
Peço que me seja permitido ter uma lâmpada à noite. É de fato aterrador ficar sentado sozinho no escuro. Mas, antes de tudo, peço que ele gentilmente me permita ter uma Bíblia hebraica, uma gramática hebraica e um dicionário hebraico, para que eu aproveite o tempo estudando. Em compensação Vossa Senhoria possa conseguir o que mais deseja, contanto que seja apenas para a salvação de sua alma. Mas se qualquer outra decisão foi tomada a meu respeito para ser executada antes do inverno, terei paciência, aceitando a vontade de Deus, para glória da graça do meu Senhor Jesus Cristo, cujo Espírito eu oro que possa dirigir sempre o vosso coração. Amém!
Assinado: W. Tyndale
De fato, foi a vontade de Deus que o seu servo passasse ali, não apenas aquele inverno, mas a próxima primavera e também o verão. Temos confiança de que ele conseguiu seus auxílios lingüísticos, visto como deixou atrás dele a tradução completa de Josué até II Crônicas.
Com as folhas do outono de 1536 anunciando a aproximação certa de outro inverno, o tempo da partida de Tyndale havia chegado. Condenado pelo decreto do Imperador, na assembléia de Augsburg, a data de sua execução foi estabelecida para 6 de outubro. Foxe nos transporta até essa cena sombria:
Trazido para o local da execução, ele foi atado à estaca, estrangulado por um carrasco e depois consumido pelo fogo, na cidadezinha de Vilvorde em 1536 d.C., gritando na estaca, em alta voz com fervorosa preocupação: "Senhor, abre os olhos do Rei da Inglaterra!
Quando o fiel Tyndale estava terminando a obra de sua vida, com uma última e incompreensível oração pela iluminação do rei, ele não podia imaginar que a resposta do céu já estava a caminho. McClure relata o miraculoso testemunho de que:
O que foi mais estranho em tudo isso e inexplicável para aqueles dias é que na hora exata em que Tyndale, por obtenção dos eclesiásticos ingleses e pelo tácito consentimento do rei inglês, foi queimado em Vilvorde, uma edição paginada de sua tradução era impressa em Londres, com o seu nome na página titular e por Thomas Berthlet, com a própria patente de impressão do rei. Essa foi a primeira cópia das Escrituras impressa em solo inglês.
Contudo, muito mais significativo do que esse misterioso rasgo da Providência foi a sanção oficial dada pelo próprio Henrique de duas Bíblias Inglesas dentro de um ano, a partir do martírio de Tyndale. A primeira destas foi a Bíblia Coverdale, nomeada segundo o antigo revisor em Antuérpia, Miles Coverdale (1488-1569).
A Bíblia Coverdale mantém a honra exclusiva de ser a primeira Bíblia Inglesa completa já impressa. Como Wycliff, Coverdale era fraco nas língua originais, de modo que sua obra consistiu do Novo Testamento e do Pentateuco, com os demais livros do Velho Testamento sendo conseguidos, primeiramente da tradução alemã de Lutero, com pequeno empréstimo da Vulgata Latina e da Bíblia Suíça de Zurique.
Embora Coverdale tivesse sido forçado a publicar sua primeira edição em Colônia (1535), ele muito prudentemente dedicou-a ao rei da Inglaterra e também teve o cuidado de excluir o estilo controverso das notas marginais associadas com a Bíblia de Tyndale. Não é difícil entender a boa vontade de Henrique de pessoalmente autorizar essa Bíblia (segunda edição da Coverdale de 1537), quando a capa o apresentava sentado e coroado, empunhando uma espada na página dedicatória, creditando-o como "defensor da fé". A diplomacia de Coverdale coincidia com a recente quebra do controle de Roma sobre as igrejas inglesas. Embora sem renunciar às doutrinas católicas o Ato de Supremacia aprovado pelo Parlamento em 11/11/1534, foi certamente o passo mais importante em direção à Reforma Inglesa.
A segunda Bíblia a receber sanção especial naquele ano foi outra aventura discreta. Conhecida como a Bíblia de Mateus, essa tradução foi realmente feita por John Rogers (1500-1555), o qual usou o pseudônimo de Thomas Matthews, em vista de sua bem conhecida associação com Tyndale. O melhoramento fundamental da Bíblia de Matthews foi a inclusão das obras de Tyndale "escritas no cárcere" – Josué e 2 Crônicas. Com o Pentateuco de Tyndale e o Novo Testamento basicamente intactos, a Bíblia Coverdale preencheu o vácuo, visto como Rogers assegurou alguma assistência das versões francesas de Le Fevre e Olivertan. Como a Bíblia Coverdale, a de Rogers foi também autorizada pelo rei, que tornou legal que a mesma pudesse ser comprada, lida, reimpressa e vendida. Do lado mais claro, a Bíblia de Mateus é algo referido como "a Bíblia do homem que apanha da mulher", por causa da nota, fora de época, em 1 Pedro 3:1, onde se lê: "Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra".
Logo depois veio a Grande Bíblia de 1538, nomeada conforme o seu tamanho especial (16" por 11"). Ela era basicamente uma revisão da Bíblia de Mateus feita por Miles Coverdale, com pouca mudança, exceto pela remoção das notas marginais controversas de Rogers. A Grande Bíblia teve a distinção de ser a primeira Bíblia oficialmente autorizada para uso público nas igrejas da Inglaterra, pelo que foi exigido que ela fosse literalmente acorrentada a uma parte do mobiliário da igreja, onde os paroquianos tinham "acesso à mesma para ler".
Com a obesidade de Henrique forçando-o provavelmente a pensar na eternidade (tendo engordado tanto que precisava ser levantado com roldanas para montar no cavalo), o rei sancionou oficialmente a Grande Bíblia com: "Em nome de Deus, deixe-a partir para o estrangeiro, junto do nosso povo". Sem dúvida, Tyndale teria dado uma risada, por razões óbvias. Em janeiro de 1547, o próprio Henrique partiu desta terra.
Nota da tradutora:
Aqui tivemos um esboço da vida do pai da Bíblia inglesa, que se entregou à morte por amor à Palavra de Deus, levando ao seu país uma grande renovação espiritual, a qual aconteceria dentro de pouco anos.
Mary Schultze (maryschultze@uol.com.br)
Dados compilados do capítulo 9 do livro "Final Authority", do Dr. William P. Grady, Th.D.
Fonte: http://solascriptura-tt.org

domingo, 28 de outubro de 2012

Os Reformadores: Lutero, Úlrico Zwinglio, Guillherme Farel, João Calvino e John Knox.



A partir do ano 1300, o mundo ocidental experimentou um sentimento crescente de nacionalismo. Os povos não queriam sujeitar-se a Roma. Aspiravam ver surgir uma igreja nacional. Esse clima favoreceu o surgimento dos Precursores da Reforma. Eram homens cultos, de vida exemplar, que tinham prazer na leitura e na exposição da Bíblia Sagrada. São chamados precursores porque antecederam aos reformadores e, principalmente, porque não conseguiram superar o legalismo religioso – não descobriram a graça salvadora. Queriam fazer alguma coisa para alcançar a salvação, quando a Bíblia afirma: “Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8,9).
Os principais precursores da Reforma foram: João Wyclif (1328?-1384), professor na Universidade de Oxford, na Inglaterra: João Huss (1373?-1415), professor na Universidade de Praga, que foi queimado por causa de sua fé; e Girolano Savonarola (1452-1498), monge dominicano, que foi enforcado e queimado por ordem do Papa Alexandre VI, em Florença, na Itália.
Além dos movimentos liderados pelos Precursores da Reforma, ocorreram outras tentativas de reformar a igreja, mas sem êxito. No século XVI a situação era bastante propícia a uma reforma da igreja. A Europa estava no limiar de uma nova época política e social. Gutemberg revolucionara o processo de impressão de livro; Colombo descobrira a América... E o descontentamento com a igreja persistia. Tudo isso preparava o terreno para a reforma. E Lutero foi o homem que Deus levantou para desencadear o movimento que resultou na Reforma Religiosa do Século XVI.

MARTINHO LUTERO (1483-1546)
Martinho Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483. Sua família era pobre e ele lutou com muita dificuldade para estudar. Preparava-se para ingressar no curso de Direito, quando resolveu tor¬nar-se monge. Entrou para o mosteiro agostiniano de Erfurt, em 1505, antes de completar 22 anos de idade. Dois anos depois foi ordenado sacerdote. No ano seguinte foi para Wittenberg preparar-se para ser professor na recém-criada universidade daquela cidade. Foi lá que Lutero dedicou-se ao estudo das Escrituras. E ao estudar a Epístola aos Romanos, descobriu que “O justo viverá por fé” (Romanos 1.17). Ele já havia feito tudo que a igreja indicava para alcançar a paz com Deus. Mas sua situação interior só piorava. Ao descobrir a graça redentora, entregou-se a Jesus Cristo, pela fé, e encontrou a paz e a segurança de salvação.
No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou, na porta da capela de Wittenberg, as suas 95 teses. Era o início da Reforma.
Lutero tentou reformar a igreja, mas Roma não quis se reformar. Antes o perseguiu violentamente. Em 1521 ele foi excomungado. Neste mesmo ano teve que se es¬conder durante 10 meses no castelo de Wartburgo, perto de Eisenach, para não ser morto. Depois voltou para Wittenberg, de onde comandou a expansão do movimento de reforma.
Lutero faleceu em Eisleben, no dia 18 de fevereiro de 1546. 

ÚLRICO ZWÍNGLIO (1484-1531)
Paralela à reforma de Lutero, surgiu na Suíça um reformador chamado Úlrico Zwínglio. Era mais novo do que Lutero apenas 50 dias, mas tinha formação e idéias diferentes do reformador alemão.
Úlrico Zwínglio nasceu na Suíça, no dia 1º de janeiro de 1484. Seu pai era magistrado provincial. Sua família tinha uma boa posição social e financeira, o que lhe permitiu estudar em importantes escolas daquela época. Estudou na Universidade de Viena, de Basiléia e de Berna. Graduou-se Bacharel em Artes, em 1504, e Mestre dois anos depois.
Em 1506 Zwínglio tornou-se padre, embora o seu interesse pela religião fosse mais intelectual do que espiritual. Em 1520 Zwínglio passou por uma profunda experiência espiritual, causada pela morte de um irmão querido. Dois anos depois iniciou um trabalho de pregação do evangelho, baseando-se tão somente na Escritura Sagrada. O Papa Adriano VI proibiu-o de pregar. Poucos meses depois, o governo de Zurique, na Suíça, resolveu apoiar Zwínglio e ordenou que ele continuasse pregando.
Em 1525 Zwínglio casou-se com uma viúva chamada Ana Reinhard. Nesse mesmo ano Zurique tornou-se, oficialmente, protestante. Outros cantões (estados) suíços também aderiram ao protestantismo. As divergências entre estes cantões e os que permaneceram fiéis a Roma iam-se aprofundando.
Em 1531 estourou a guerra entre os cantões católicos e os protestantes, liderados por Zurique. Zwínglio, homem de gênio forte, também foi para o campo de batalha, onde morreu no dia 11 de outubro de 1531.
Zwínglio morreu, mas o movimento iniciado por ele não morreu. Outros líderes deram continuidade ao seu trabalho. Suas idéias foram reestudadas e aperfeiçoadas. As igrejas que surgiram como resultado do movimento iniciado por Zwínglio são chamadas de igrejas reformadas em alguns países, e igrejas presbiterianas em outros. Dentre os líderes que levaram avante o movimento iniciado por Zwínglio destacam-se Guilherme Farel e João Calvino.

GUILHERME FAREL (1489-1565)
Guilherme Farel nasceu em Gap, província francesa do Delfinado, no ano de 1489. Os seus biógrafos o descrevem como um pregador valente e ousado. Embora sua família fosse aristocrática, ele era rude e tosco. Sua eloqüência era como uma tempestade.
Farel converteu-se em Paris. O homem que o levou a Jesus Cristo era seu professor na universidade e se chamava Jacques LeFévre. Parece que Farel inicialmente não pretendia deixar a Igreja Católica, pois em 1521 ele iniciou um trabalho de pregação sob a proteção do bispo de Meaux, Guilherme Briçonnet. Mas logo depois foi proibido de pregar e expulso da França, acusado de estar divulgando idéias protestantes.
Em 1524 estava em Basiléia fazendo as suas pregações. Mas a sua impetuosidade o levou a ser expulso da cidade.
Em 1526 Farel iniciou o seu trabalho de pregação na Suíça de fala francesa. Ligou-se aos seguidores de Zwínglio. Conseguiu implantar o protestantismo em vários cantões (estados) suíços. E em 1532 entrou em Genebra pela primeira vez. Sua pregação causou tumulto na cidade. Teve que se retirar... Mas voltou logo depois. E no dia 21 de maio de 1536, a Assembléia Geral declarou a cidade oficialmente protestante.
Mas Genebra aceitara o protestantismo mais por razões políticas que espirituais. E agora Farel tinha uma grande tarefa pela frente: reorganizar a vida religiosa da cidade.
Guilherme Farel era um homem talhado para conquistar uma cidade para o protestantismo. Mas se perdia completamente no trabalho que vinha a seguir. Não sabia planejar, nem organizar, nem liderar, nem pastorear. Mas, felizmente, conhecia suas limitações e convidou João Calvino para reorganizar a vida religiosa de Genebra.
No dia 23 de abril de 1538, Farel e Calvino foram expulsos da cidade. Calvino foi para Estrasburgo, onde pastoreou uma igreja formada por refugiados franceses. Farel foi para Neuchâtel, uma cidade que havia sido conquistada por ele para o Evangelho. Calvino voltou para Genebra em 1541. Farel permaneceu em Neuchâtel, onde faleceu em 1565, com 76 anos de idade.

JOÃO CALVINO (1509-1564)
O homem responsável pela sistematização doutrinária e pela expansão do protestantismo reformado foi João Calvino. O “pai do protestantismo reformado” é Zwínglio. Mas o homem que moldou o pensamento reformado foi João Calvino. Por isso, o sistema de doutrinas adotado pelas Igrejas Reformadas ou Presbiterianas chama-se calvinismo.
João Calvino nasceu em Noyon, Picardia, França, no dia 10 de julho de 1509. Seu pai, Geraldo Calvino, era advogado e secretário do bispado de Noyon. Sua mãe, Jeanne le Franc, faleceu quando ele tinha três anos de idade.
A família Calvino tinha amizade com pessoas importantes. E a convivência com essas famílias levou João Calvino a aprender as maneiras polidas da elite daquela época.
Geraldo Calvino usou o seu prestígio junto ao bispado para conseguir a nomeação de seus filhos para cargos eclesiásticos, conforme os costumes daquela época. Antes de completar doze anos, João Calvino foi nomeado capelão de Lá Gesine, próximo de Noyon. Não era padre, mas seu pai pagava um padre para fazer o trabalho de capelania e guardava os lucros para o filho. Mais tarde essa capelania foi trocada por outra mais rendosas.
Em agosto de 1523, logo depois de ter completado 14 anos, João Calvino ingressou na Universidade de Paris. Ali completou seus estudos de pré-graduação no começo de 1528. A seguir foi para a Universidade de Orléans onde formou-se em Direito.
Em maio de 1531 faleceu Geraldo Calvino. E João, que estudara Direito para satisfazer o pai, resolveu tornar-se pesquisador no campo de literatura e filosofia. Para isto, matriculou-se no Colégio de França, instituição humanista fundada pelo rei Francisco I. Estudou Grego, Latim e Hebraico. Tornou-se profundo conhecedor dessas línguas.
Em 1532 João Calvino lançou o seu primeiro livro: Comentários ao Tratado de Sêneca sobre a Clemência. Os intelectuais elogiaram muito a obra. Era um trabalho de grande erudição. Mas o público ignorou o lançamento – poucos compraram o livro.
João Calvino converteu-se a Jesus Cristo entre abril de 1532 e o início de 1534. Não se sabe detalhes da sua experiência. Mas a partir daí Deus passou a ocupar o primeiro lugar em sua vida.
No dia 1º de novembro de 1533 Nicolau Cop, amigo de Calvino, tomou posse como reitor da Universidade de Paris. O seu discurso de posse falava em reformas, usando linguagem semelhante às idéias de Lutero. E o comentário geral era que o discurso tinha sido escrito por Calvino. O rei Francisco I resolveu agir contra os luteranos. Calvino e Nicolau Cop foram obrigados a fugir de Paris.
No dia 4 de maio de 1534 Calvino compareceu ao palácio do bispo de Noyon, a fim de renunciar ao cargo de capelão. Foi preso, embora por um período curto. Libertado logo depois, achou melhor fugir do país. E no final de 1535 chegava a Basiléia cidade protestante, onde se sentiu seguro.
Em março de 1536 Calvino publicou a sua mais importante obra – Instituição da Religião Cristã. O prefácio da obra era uma carta dirigida ao rei da França, Francisco I, defendendo a posição protestante. Mas a Instituição era apenas uma apresentação ordenada e sistemática da doutrina e da vida cristã. A edição definitiva só foi publicada em 1559.
Instituição da Religião Cristã, conhecida como Institutas de Calvino, é a mais completa e importante obra produzida no período da Reforma. [Veja a seção As Institutas do site Teologia Calvinista]
 Em julho de 1536 Calvino chegou a Genebra. A cidade tinha se declarado oficialmente protestante no dia 21 de maio daquele ano. E Guilherme Farel lutava para reorganizar a vida religiosa da cidade.
Calvino estava hospedado em uma pensão, quando Farel soube que ele estava na cidade. Foi ao seu encontro e o convenceu a permanecer ali para ajudá-lo na reorganização da cidade.
Calvino era bem jovem – tinha apenas 27 anos. A publicação das Institutas fizera dele um dos mais importantes líderes da Reforma na França. Mas o seu início em Genebra foi muito modesto. Inicialmente ele era apenas um preletor de Bíblia. Um ano depois foi nomeado pregador.  Mas enquanto isso elaborava as normas que pretendia implantar e fazer de  Genebra uma  comunidade modelo.
João Calvino teve muitos adversários e opositores em Genebra. À medida que ele ia apresentando as normas que pretendia implantar na cidade, a fim de torná-la uma comunidade modelo, a oposição ia crescendo. Finalmente a oposição venceu as eleições. E no dia 23 de abril de 1538, Calvino e Farel foram banidos de Genebra.
Calvino foi para Estrasburgo, onde pastoreou uma igreja constituída de refugiados franceses. Ali viveu os dias mais felizes de sua vida. Casou-se. A escolhida se chamava Idelette de Bure. Era holandesa. E viúva.
Genebra, enquanto isso, passava por várias mudanças. Os adversários de Calvino foram derrotados. E, no dia 13 de setembro de 1541, ele entrava novamente em Genebra. Voltava por insistência de seus amigos. Voltava fortalecido. E, enfim, pôde reorganizar a vida religiosa da cidade.
Calvino introduziu o estudo do seu catecismo, o uso de uma nova liturgia, um governo eclesiástico presbiterial, disciplinou a vida civil, estabeleceu normas para o funcionamento do comércio e fez de Genebra uma cidade modelo.
No dia 29 de março de 1549 Idelette faleceu. Mas Calvino continuou o seu trabalho. Pesquisava, escrevia comentários bíblicos e tratados teológicos, administrava, pastoreava, incentivava...
Em 1559 fundou a Academia Genebrina – a Universidade de Genebra. Jovens de vários países vieram estudar ali e levaram a semente do evangelho na volta à sua terra. Esses jovens se espalharam pela França, Países Baixos, Inglaterra, Escócia, Alemanha e Itália.
João Calvino faleceu em Genebra, no dia 27 de maio de 1564. Mas a sua obra permaneceu viva. [Veja a seções João Calvino e As Institutas]

JOHN KNOX (1505/15?-1587)
Os seguidores do movimento iniciado por Zwínglio e estruturado por Calvino se espalharam imediatamente por toda a Europa. Na França eles eram chamados de huguenotes; na Inglaterra, puritanos; na Suíça e Países Baixos, reformados; na Escócia, presbiterianos.
A Escócia é uma país muito importante na história do protestantismo reformado. Foi lá que surgiu o nome presbiteriano. Por isto, alguns livros de história afirmam que o presbiterianismo nasceu na Escócia.
O grande nome da reforma escocesa é John Knox. Pouco se sabe a respeito dos primeiros anos de sua vida. Supõe-se que tenha nascido entre os anos 1505 a 1515. Estudou teologia e foi ordenado sacerdote, possivelmente em 1536. Não se sabe quando e em que circunstâncias ocorreu a sua conversão. Em 1547 foi levado para a França, onde ficou preso dezenove meses, por causa de sua fé. Libertado, foi para a Inglaterra, onde exerceu o pastorado por dois anos. Em 1554 teve que fugir da Inglaterra, indo, inicialmente, para Frankfurt, e depois para Genebra, onde foi acolhido por Calvino. Em 1559 voltou para a Escócia, onde liderou o movimento de reforma religiosa. Sua influência extrapolou a área religiosa, atingindo também a vida política e social do país.  Sob a sua influência, o parlamento escocês declarou o país oficialmente protestante, em dezembro de 1567. A igreja organizada por ele e seus auxiliares recebeu o nome de Igreja Presbiteriana. John Knox faleceu no dia 24 de novembro de 1587.
O presbiterianismo foi levado da Escócia para a Inglaterra; de lá, para os Estados Unidos da América.
Em 1726 teve início um grande despertamento espiritual nos Estados Unidos. Este despertamento levou os presbiterianos a se interessarem por missões estrangeiras. Missionários foram enviados para vários países, inclusive o Brasil. No dia 12 de agosto de 1859 chegou ao nosso país o primeiro missionário presbiteriano: Ashbel Green Simonton. [Este foi fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil www.ipb.org.br .]

ASHBEL GREEN SIMONTON Rev. (1833-1867) - Fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil
Ashbel Green Simonton (1833-1867), o fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil, nasceu em West Hanover, no sul da Pensilvânia, e passou a infância na fazenda da família, denominada Antigua. Eram seus pais o médico e político William Simonton e D. Martha Davis Snodgrass (1791-1862), filha de um pastor presbiteriano. Ashbel era o mais novo de nove irmãos. Os irmãos homens (William, John, James, Thomas e Ashbel) costumavam denominar-se os "quinque fratres" (cinco irmãos). Um deles, James Snodgrass Simonton, quatro anos mais velho que Ashbel, viveu por três anos no Brasil e foi professor na cidade de Vassouras, no Rio de Janeiro. Uma das quatro irmãs, Elizabeth Wiggins Simonton (1822-1879), conhecida como Lille, veio a casar-se com o Rev. Alexander Latimer Blackford, vindo com ele para o Brasil.
Em 1846, a família mudou-se para Harrisburg, a capital do estado, onde Ashbel concluiu os estudos secundários. Após formar-se no Colégio de Nova Jersey (a futura Universidade de Princeton), em 1852, o jovem passou cerca de um ano e meio no Mississipi, trabalhando como professor. Voltando para o seu estado, teve profunda experiência religiosa durante um avivamento em 1855 e ingressou no Seminário de Princeton, fundado em 1812. No primeiro semestre de estudos, ouviu na capela do seminário um sermão do Dr. Charles Hodge, um dos seus professores, que despertou o seu interesse pela obra missionária no exterior. Concluídos os estudos, foi ordenado em 1859 e chegou ao Brasil no dia 12 de agosto do mesmo ano.
Pouco depois de organizar a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro (12/01/1862), o jovem missionário seguiu em viagem de férias para os Estados Unidos, vindo a casar-se com Helen Murdoch, em Baltimore. Regressaram ao Brasil em julho de 1863. No final de junho do ano seguinte, Helen faleceu nove dias após o nascimento da sua filhinha, que recebeu o seu nome. Helen Murdoch Simonton, a filha única do Rev. Simonton, nunca se casou e faleceu aos 88 anos no dia 7 de janeiro de 1952. Com o passar dos anos, Simonton criou o jornal Imprensa Evangélica (1864), organizou o Presbitério do Rio de Janeiro (1865) e fundou o Seminário Primitivo (1867), este último localizado em um edifício de vários pavimentos junto ao Campo de Santana.
No final de 1867, sentindo-se adoentado, o missionário pioneiro seguiu para São Paulo, onde sua irmã e seu cunhado criavam a pequena Helen. Seu estado de saúde agravou-se e ele veio a falecer no dia 9 de dezembro, acometido de "febre biliosa", conforme consta do seu registro de sepultamento. Seu túmulo foi um dos primeiros do ainda recente Cemitério dos Protestantes, no bairro da Consolação. Anos depois, foram sepultados perto dele os ossos do ex-sacerdote Rev. José Manoel da Conceição (1822-1873), o primeiro pastor evangélico brasileiro. Simonton e Conceição, um americano e um brasileiro, foram os personagens mais notáveis dos primórdios do presbiterianismo no Brasil.

sábado, 27 de outubro de 2012

A Instituição das Igrejas e a Ordem Apontada nelas por Jesus Cristo por Confissão de Savoy



1. Por determinação do Pai, todo poder para a vocação, instituição, ordem ou governo da Igreja, está investido de maneira suprema e soberana no Senhor Jesus Cristo, como seu Rei e Cabeça.

2. Na execução desse poder que lhe foi assim confiado, o Senhor Jesus chama do mundo para comunhão consigo, aqueles que lhe são dados por seu Pai, para que possam andar diante dele em todos os caminhos da obediência, as quais Ele lhes prescreveu em sua Palavra.

3. Aos assim chamados (através do ministério da Palavra por seu Espírito) ele ordena que andem juntos em sociedades ou igrejas locais para sua mútua edificação e o devido  desempenho do culto público, que lhes é exigido neste mundo.

4. 
A cada uma dessas igrejas assim reunidas, de acordo com a sua vontade declarada em sua Palavra, ele deu todo aquele poder e autoridade, que são de qualquer maneira necessários para levar adiante a ordem no culto e na disciplina, que instituiu para que observem com mandamentos e normas para o devido e correto emprego e exercício desse poder.

5. Essas igrejas locais assim estabelecidas pela autoridade de Cristo, e dotadas de poder por ele para os fins anteriormente expressos, são, cada uma delas, no que concerne a esses fins, a sede desse poder que lhe agrada comunicar a seus santos ou súditos neste mundo, de modo que eles o recebem diretamente dele.

6. Além dessas igrejas locais, não foi instituída por Cristo nenhuma igreja mais extensa ou católica dotada de poder para a administração de suas ordenanças [Batismo e Ceia do Senhor] ou a execução de qualquer autoridade em seu nome.

7. Uma igreja local, reunida e formada segundo a mente de Cristo, consiste de oficiais e membros. Tendo o Senhor Cristo concedido aos então chamados (unidos na ordem da igreja segundo o seu estabelecimento) a liberdade e o poder de escolher pessoas aptas pelo Espírito Santo para esse propósito, de estarem acima deles e de ministrar-lhes no Senhor.

8. Os membros dessas igrejas são santos por chamamento, manifestando visivelmente e evidenciando (em e por sua profissão e procedimento) sua obediência a esse chamado de Cristo; que, sendo mais bem conhecido de cada um pela confissão de fé operada neles pelo poder de Deus, declarada por eles mesmos ou de outra forma manifesta, consentem voluntariamente em andar juntos segundo a determinação de Cristo; entregando-se ao Senhor e uns aos outros conforme a vontade de Deus, em sujeição professa às ordenanças do evangelho.

9. Os oficiais apontados por Cristo para serem escolhidos e consagrados pela igreja, assim chamada e unida para a peculiar administração das ordenanças e execução do poder e dever que ele lhes confia, ou chama para ter, para continuarem até o fim do mundo, são os pastores, mestres, presbíteros e diáconos.

10. Igrejas assim reunidas e congregadas para o culto a Deus, são desse modo visíveis e públicas, e suas assembléias (em qualquer lugar que ocorram, conforme a liberdade ou oportunidade que tenham) são, conseqüentemente, assembléias ou igrejas públicas.

11. O modo estabelecido por Cristo para o chamamento de qualquer pessoa, apta e capacitada pelo Espírito Santo, para o ofício de pastor, mestre ou presbítero de uma igreja, é, que ele seja escolhido pelo sufrágio comum da própria igreja, e solenemente separado mediante jejum e oração, com a imposição das mãos dos presbíteros dessa igreja, se antes houver algum instituído nela. E quanto ao diácono, que ele seja escolhido pelo mesmo sufrágio e separado mediante oração, e a mesma imposição de mãos.

12. A essência desse chamado para a função de pastor, mestre ou presbítero, consiste na eleição da igreja, juntamente com a aceitação da mesma, e a consagração mediante jejum e oração. E aqueles que são assim escolhidos, ainda que não separados por imposição de mãos, são verdadeiramente constituídos ministros de Jesus Cristo, por cujo nome e autoridade exercem o ministério a eles então comprometido. O chamamento dos diáconos consiste na mesma eleição e aceitação com separação mediante oração.

13. Embora seja incumbência dos pastores e mestres das igrejas serem diligentes na pregação da Palavra, por meio do ofício; todavia, a obra da pregação da Palavra não está confinada exclusivamente a eles, mas aqueles outros também dotados e preparados pelo Espírito Santo para isto, e aprovados (sendo por formas e meios legítimos na providência de Deus assim chamados) podem pública, ordinária e constantemente fazê-lo; conforme se disponham para tanto.

14. No entanto, aqueles que estão engajados na obra da pregação pública, e por isso gozam do sustento público, não estão assim obrigados a dispensar os selos a nenhum outro além daqueles (santos por vocação, e reunidos segundo a ordem do evangelho) com quem se encontrem relacionados, como pastores ou mestres. Contudo não devem negligenciar outros que vivam dentro de seus limites paroquiais, mas além das constantes pregações públicas a eles, devem averiguar se estão tirando proveito da Palavra, instruindo-os e inculcando neles (sejam jovens ou velhos) as grandes doutrinas do evangelho, até mesmo de forma pessoal e particular, até onde suas forças e tempo o permitam.

15. Somente a ordenação, sem a eleição ou consentimento procedente da igreja, por aqueles que anteriormente foram ordenados em virtude daquele poder que receberam mediante sua ordenação, não constitui qualquer pessoa um oficial da igreja ou concede-lhe poder de ofício.

16. Uma igreja composta de oficiais (de acordo com a vontade de Cristo) tem todo o poder para administrar todas as suas ordenanças; e onde houver necessidade de um ou mais oficiais, esse oficial, ou aqueles que estão na igreja, podem administrar todas as ordenanças próprias aos seus deveres e ofícios particulares; mas, onde não houver oficiais ensinando, não se poderão administrar os selos, nem poderá a igreja autorizar ninguém a assim fazer.

17.
 No realização das administrações da igreja, nenhuma pessoa deve ser adicionada a igreja, a não ser pelo consentimento da própria igreja; para que assim o amor (sem dissimulação) possa ser preservado entre todos os seus membros.

18.
 Considerando que o Senhor Jesus Cristo apontou e instituiu como meios de edificação, que aqueles que não procedem de acordo com as normas e leis apontadas por ele (com respeito à fé e a vida, para que a justa ofensa não recaia assim sobre a igreja) sejam censurados em seu nome e autoridade. Toda igreja tem em si o poder para exercitar e executar todas aquelas censuras apontadas por ele na forma e ordem prescritas no evangelho.

19. 
As censuras assim apontadas por Cristo, são a admoestação e a excomunhão. E considerando que algumas ofensas são ou podem ser conhecidas somente por alguns, foi apontado por Cristo, que aqueles a quem elas são conhecidas, repreendam primeiro o ofensor em particular - em ofensas públicas onde há algum pecado, perante todos. Ou, em caso de não surtir efeito uma admoestação privada, a ofensa seja relatada à igreja, e se o ofensor não manifestar seu arrependimento, deve ser devidamente admoestado em nome de Cristo por toda a igreja, pelo ministério dos presbíteros da igreja; e se essa censura não resultar em seu arrependimento, então ele deve ser rejeitado mediante excomunhão com o consentimento da igreja.

20. 
Como todos os crentes estão destinados a unir-se a igrejas locais, quando e onde tenham oportunidade para assim fazer, ninguém é admitido aos privilégios das igrejas sem se submeter à lei de Cristo nas censuras para o seu governo.

21. Sendo esta a forma prescrita por Cristo em caso de ofensa, nenhum membro da igreja que cometeu qualquer ofensa, havendo cumprido os deveres dele requeridos nessa questão, deve perturbar qualquer ordem da igreja, ou ausentar-se das assembléias públicas, ou da administração de alguma ordenança sob esse pretexto, mas esperar em Cristo pelo procedimento posterior da igreja.

22. 
O poder das censuras assentado por Cristo em uma igreja local, deve ser exercido unicamente com relação aos próprios membros de cada igreja, respectivamente como tais; e não há nenhum poder dado por ele a qualquer sínodo ou assembléia eclesiástica para excomungar ou por seus decretos públicos ameaçar excomunhão, ou outras censuras da igreja contra igrejas, magistrados, ou seu povo - sob qualquer alegação: nenhum homem faz-se passível dessa censura, a não ser por seus próprios erros, como um membro de uma igreja local.

23. Embora a igreja seja uma sociedade de homens, congregados para a celebração das ordenanças segundo a determinação de Cristo, nem toda sociedade congregada para esse fim ou propósito, por causa da convivência dentro de qualquer recinto e limite civil, se constitui uma igreja, sabendo que pode estar faltando entre eles o que é essencialmente exigido para tanto; e portanto, um crente convivendo com outros em um tal recinto pode unir-se a qualquer igreja para sua edificação.

24. Para evitar diferenças que de outro modo podem surgir, para a maior solenidade na celebração das ordenanças de Cristo, e a abertura de um caminho para um uso mais amplo dos dons e graças do Espírito Santo; os santos vivendo em uma cidade ou vilarejo, ou dentro de distâncias semelhantes, podem convenientemente congregar-se para o culto divino, e devem preferencialmente juntar-se em uma só igreja para seu fortalecimento mútuo e edificação, ao invés de organizar várias sociedades distintas.

25. Como todas as igrejas e todos os seus membros estão destinados a orar continuamente pelo bem ou prosperidade de todas as igrejas de Cristo em todos os lugares, e em todas as ocasiões favorecê-las nisto; (todas dentro dos limites de seus lugares e chamados, no exercício de seus dons e graças). Assim as próprias igrejas (quando plantadas pela providência de Deus, de forma que possam ter oportunidade e vantagem nisto) devem celebrar a comunhão entre si por sua paz, incremento do amor, e edificação mútua.

26. Em casos de dificuldades ou divergências, sejam em pontos de doutrina ou nas administrações, onde estejam as igrejas em geral, ou qualquer igreja em sua paz, união, e edificação esteja sendo perturbada, ou qualquer membro ou membros de qualquer igreja tenham sido ofendidos, ou por qualquer censura em andamento, não de acordo com a verdade e a ordem: está de acordo com a mente de Cristo, que muitas igrejas que mantém comunhão entre si, encontrem-se, mediante seus representantes, em sínodos ou concílios, para considerarem e aconselharem-se sobre essa questão em divergência, sendo relatado [seu parecer] a todas as igrejas envolvidas. Contudo, esses sínodos assim reunidos não são dotados de nenhum poder eclesiástico, propriamente dito, ou com qualquer jurisdição sobre as igrejas como tais, para exercer quaisquer censuras, seja sobre quaisquer igrejas ou pessoas, ou para impor suas determinações às igrejas ou oficiais.

27. Além desses sínodos ou concílios ocasionais, não foram instituídos por Cristo quaisquer sínodos numa combinação fixa de igrejas, ou de seus oficiais em menores ou maiores assembléias; nem foram quaisquer sínodos estabelecidos por Cristo em forma de subordinação de uns aos outros.

28. Pessoas que estão associadas em uma irmandade de igreja, não devem apressadamente ou sem justa causa retirar-se da comunhão da igreja a qual estão associadas. Ainda assim, quando qualquer pessoa não pode continuar em uma igreja sem seu pecado, seja por falta da administração de qualquer ordenança instituída por Cristo, ou por estar sendo privado de seus devidos privilégios, ou compelido a qualquer coisa em prática não autorizada pela Palavra, ou em caso de perseguição, ou por uma questão de conveniência habitacional; ele, consultando a igreja, ou o oficial ou oficiais nela existentes, pode pacificamente deixar a comunhão da igreja, com a qual tem até então caminhado, para juntar-se a alguma outra igreja, onde possa gozar das ordenanças com a mesma pureza, para sua edificação e consolação.

29. As igrejas reformadas, como consistem de pessoas firmes na fé e com discurso adequado ao evangelho, não devem recusar a comunhão entre si, até onde sejam consistentes com seus próprios princípios, respectivamente, ainda que não andem inteiramente de acordo com as mesmas normas de ordem da igreja.

30. Igrejas reunidas e andando segundo a mente de Cristo, julgando que outras igrejas (embora menos puras) sejam verdadeiras igrejas, podem receber para comunhão ocasional entre eles, os membros dessas igrejas, caso possuam testemunho crível de serem crentes e de viverem sem ofensas.

Extraído e traduzido da Confissão de Fé de Savoy, de 1658.

Traduzido por: Márcio Santana Sobrinho

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Tiago menciona cinco maneiras de como se aproximar de Deus – Tiago 4.7-10 - por Pr. Miranda




1. Humilhe-se diante de Deus. Submeta-se à sua autoridade e vontade, comprometa sua vida com Ele e com o seu controle, e esteja disposto a segui-lo.
2. Resista ao diabo. Não permita que Satanás o tente e seduza.
3. Limpe suas mãos e purifique o seu coração (ou seja, viva uma vida pura). Seja limpo do pecado, substituindo o seu desejo de pecar pelo desejo de experimentar a pureza de Deus.
4. Sinta tristeza e profundo pesar pelos seus pecados. Não tenha medo de expressar uma profunda tristeza pelo que você fez.
5. Humilhe-se diante do Senhor, e ele o exaltará.
À respeito desse último item amados, tenha sempre em mente que humilhar-se perante o Senhor significa reconhecer que o nosso valor vem somente de Deus. O que somos e o que exercemos é puramente graça do Senhor. Ser humilde envolve nos apoiarmos em seu poder e em sua direção, e não em seguirmos a nossa própria maneira independente. Embora não mereçamos o favor de Deus, Ele quer nos exaltar e nos dar valor e dignidade, apesar da nossa negligência humana.
O pecado nos separa da vida de vitórias e honras, pois nos afasta da presença do Senhor, quando reconhecemos nossa fraqueza humana e buscamos em Deus a solução para nossa vida e o perdão de nossos pecados, o Senhor é misericordioso e nos estende sua mão, nos dando livramento, proteção, amor e a seu tempo nos exalta, nos levanta, tudo para honra e glória do nome que é sobre todo nome: JESUS!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Segredo do melhor marido, do melhor pai, do melhor casamento!




              Quando eu era bem pequeno eu decorei o salmo 128 porque conheci um hino que era exatamente a letra deste Salmo, e este hino era cantado por uma menininha que tinha mais ou menos a mesma idade que eu tinha ( Comunidade S8).
“Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao SENHOR. O SENHOR te abençoará desde Sião, e tu verás o bem de Jerusalém em todos os dias da tua vida. E verás os filhos de teus filhos, e a paz sobre Israel.” - Salmos 128:1-6
O segredo do melhor marido, melhor pai... está em algo em que o homem natural não pode ter. É otemor a Deus. “Bem-aventurado é o homem que teme ao Senhor e anda em seus caminhos”.
Isso, e só isso faz de um homem uma benção extraordinária para sua esposa e filhos. Esse temor o faz atraente para sua família. Um pai eficaz, um marido eficaz. Esse temor, e para ele não há substitutos, será o solo no qual a sua influência positiva vai crescer e a razão central do propósito pelo qual Deus constituiu a família será manifesto – e ela será também bem-aventurada!
Frutos abundantes fluem desse temor, e este fruto se aplica a homens e mulheres
Recebe clara instrução divina nas suas escolhas: “Qual é o homem que teme ao SENHOR? Ele o ensinará no caminho que deve escolher.” - Salmos 25:12
Experimentam a bondade de Deus: “Oh! quão grande é a tua bondade, que guardaste para os que te temem, a qual operaste para aqueles que em ti confiam na presença dos filhos dos homens!” - Salmos 31:19
São objetos especiais de proteção de Deus: “...que guardaste para os que te temem...Tu os esconderás, no secreto da tua presença” - Salmos 31:19-20

Tem filhos a quem Deus mostra compaixão: “Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Assim como está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões... Mas a misericórdia do SENHOR é desde a eternidade e até a eternidade sobre aqueles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos...” - Salmos 103:11-18
Tenho descendentes que serão grandes na terra das formas mais importantes, segundo o padrão de Deus: “A sua semente será poderosa na terra; a geração dos retos será abençoada.” - Salmos 112:2
São motivados a serem gracioso e generoso: “Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR, que em seus mandamentos tem grande prazer... A sua semente será poderosa na terra; a geração dos retos será abençoada. Aos justos nasce luz nas trevas; ele é piedoso, misericordioso e justo.”- Salmos 112:1-5
São confiantes, pessoas corajosas: “: “Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR... Porque nunca será abalado; o justo estará em memória eterna. Não temerá maus rumores; o seu coração está firme, confiando no SENHOR.” - Salmos 112:6-7  - “No temor do SENHOR há firme confiança e ele será um refúgio para seus filhos.” - Provérbios 14:26

Vai experimentar contentamento: “O temor do SENHOR encaminha para a vida; aquele que o tem ficará satisfeito” - Provérbios 19:23
Suas orações são ouvidas:  “Ele cumprirá o desejo dos que o temem; ouvirá o seu clamor, e os salvará.” - Salmos 145:19
São abençoados com a sabedoria: “O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento” - Provérbios 1:7 – “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência.” - Provérbios 9:10
São ensináveis ​​e pacíficos: “No temor do SENHOR há firme confiança e ele será um refúgio para seus filhos.” - Provérbios 14:26 – “O temor do SENHOR é a instrução da sabedoria, e precedendo a honra vai a humildade.” - Provérbios 15:33 – “Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo.” - Atos 9:31
São caracterizados pela integridade e fidelidade: “Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” - Jó 2:3


Destacam-se por discurso construtivo: “Então aqueles que temeram ao SENHOR falaram freqüentemente um ao outro; e o SENHOR atentou e ouviu; e um memorial foi escrito diante dele, para os que temeram o SENHOR, e para os que se lembraram do seu nome.” - Malaquias 3:16
É paciente, esperançoso, e genuíno: “O SENHOR se agrada dos que o temem e dos que esperam na sua misericórdia.” - Salmos 147:11

Persevera em fazer o que é certo: “Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.” - 2 Coríntios 7:1
Trabalha duro, mas não estão tão comprometidos com o trabalho que eles não têm tempo para o prazer: “A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa.” - Salmos 128:3
Aceitam a responsabilidade por suas próprias famílias e são muito responsáveis: “Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem.” – Salmos 128:1-2
São dedicados às suas famílias e acham que elas são uma fonte de grande satisfação - Sl 128:1-4
Tem prazer em adorar a Deus  - “Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” - Apocalipse 14:7
Ama a Escritura e ordenar as suas vidas de acordo com os mandamentos de Deus: “Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR, que em seus mandamentos tem grande prazer.” -Salmos 112:1 -
Verdadeiramente "Bem-aventurado é o homem que teme ao Senhor" ( Sl 112:1 )!
Esqueça os vários conselhos do mundo e da cultura ao redor, eis o retrato pintado por Deus do segredo do melhor marido, do melhor pai, do melhor casamento!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Brincando com o suicídio da alma - John Piper ·



Você pode imaginar Jesus jogando na loteria? O que aconteceria na alma de Jesus, quando Ele lesse: “Ganhe vinte e cinco mil reais agora — e dois milhões, depois… Jogue em qualquer lugar, ganhe em qualquer tempo… Para pessoas que não podem esperar para ficar ricas”?
Pelo que Jesus realmente espera? O que podemos querer na vida? A loteria é reveladora de muitos motivos ocultos.
A loteria é outra oportunidade de transpassar sua alma com muitas aflições. É uma oportunidade de levar seus filhos à ruína. Está sendo promovida além de nossas piores expectativas. Os seus efeitos são e serão terrivelmente destrutivos na vida moral de nossa sociedade. Eis algumas razões por que exorto você a resistir à tentação de jogar na loteria. Estabeleça em sua família a regra de não jogar. Diga não a seus filhos e ensine-os por quê.
1. A Bíblia nos ensina a não querermos ser ricos.
Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. 1Timóteo 6.9-10
O desejo de ser rico é suicida. O coração que arde por dinheiro não está buscando a Deus. Tal coração é a raiz de todos os males. A passagem diz também que devemos seguir “a justiça, a piedade, a fé, o amor” (v. 11). Jesus disse: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu [de Deus] reino” (Mt 6.33). Nossa busca na vida não é a de ficarmos ricos — nem rápida, nem lentamente. Nossa paixão na vida é sermos puros, santos, amáveis e consagrados à obra de Cristo. Jogar na loteria não é motivado por uma “fome e sede de justiça” (Mt 5.6). É norteado por um amor ao mundo; e é mortal porque o mundo e tudo o que nele há passarão (1 Jo 2.17).
Acautele-se:
Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. Mateus 6.21
2. É errado apostar com o dinheiro que nos foi confiado.
Bons mordomos não administram dessa maneira o dinheiro de seu Senhor. Os administradores fiéis não jogam com um dinheiro que lhes foi confiado. Eles não têm direito de fazer isso. Tudo o que temos é patrimônio de Deus confiado a nós, a fim de usarmos para a glória dEle (1 Co 4.7; 6.19-20). Como glorificamos a Deus, ao jogarmos com o dinheiro dEle?
Mordomos fiéis não se envolvem em jogos de azar. Trabalham e negociam: valor por valor, justo por justo. Este é o padrão repetido freqüentemente nas Escrituras. Salário e benefícios são proporcionais ao trabalho realizado. Quando estamos administrando o dinheiro de outra pessoa, quão mais irresponsável é jogarmos com esse dinheiro!
3. É errado aprovar e apoiar uma instituição que está determinada a confirmar as pessoas em suas fraquezas e a cultivar nos outros a cobiça que permaneceria latente, se não houvesse esse instrumento para despertá-la. A loteria fisgará mais facilmente aquelas pessoas que precisam do oposto, ou seja, encorajamento e orientação concernente a serem prudentes e responsáveis no uso do dinheiro.
Conseqüentemente, pela honra de nosso tesouro no céu, pelo bem de nossa sociedade e pela segurança e saúde de sua própria alma, exorto-o a não jogar na loteria.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O dever de guardarmos o Sábado do Senhor - Por Marcelo Lemos



 Se você vigiar os seus pés para não profanar o Sábado e para não fazer o que bem quiser em meu santo dia; se você chamar delícia o Sábado e honroso o Santo Dia do Senhor, e se honrá-lo, deixando de seguir seu próprio caminho, de fazer o que bem quiser e de falar futilidades, então você terá no Senhor a sua alegria, e eu farei com que você cavalgue nos altos da terra e se banqueteie com a herança de Jacó, seu Pai, pois é o Senhor quem fala” (Isaías 58.13,14, NVI)

Pergunta enviada a nós“Porque não guardamos o sábado, se é um mandamento?”.

As discussões sobre a guarda do Sábado são das mais apaixonantes. Eu mesmo já travei longos debates sobre o assunto, inclusive pessoalmente, com um adventista que veio a uma congregação que eu pastoreava, num debate agendado. Admito que, durante muito tempo, como eu achava que Cristo havia abolido a Lei de Deus – creio que este pensamento é aceito por muita gente – eu me valia de argumentos dos quais hoje me envergonho. Eu era um blasfemador da Lei de Deus, e muito me arrependo.

A pior maneira de começar a refletir sobre o Sábado é acreditar que Cristo aboliu a Lei de Deus. Tal opinião, além de ser contraditória e irracional, é completamente anti-biblica, e anti-evangélica. Aqui está algo que não deveríamos ousar tocar, a Eternidade da Lei de Deus. Não devemos falar mal da Lei de Deus, pois ela é parte da mensagem de Cristo: “Nisto conhecemos que amos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados” (I João 5.2,3).

Não estranhe, contudo, que boa parte dos escritos contra os sabatistas que encontramos na Net, e mesmo em livros, comecem, invariavelmente, com palavras contra a Lei de Deus. Se não tomarmos cuidado, podemos ser convencidos que não há meio de aceitar a Lei de Deus, e continuar adorando a Deus no “Dia do Senhor”, ou seja, no Domingo. Assim, que jeito mais fácil de refutar os sabatistas que destruindo a autoridade da Lei de Deus para os nossos dias? Mas, além de não ser fácil argumentar contra a Lei de Deus, trata-se de uma atitude pecaminosa.

Voltando a questão de não guardarmos o mandamento do Sábado, quero iniciar afirmando justamente o oposto: nós guardamos o Sábado. É verdade que não guardamos o Sábado no sétimo dia do calendário atual, mas no Primeiro Dia, contundo, qualquer documento da Igreja Reformada irá confirmar que nós nunca abrimos mão de guardar o Quarto Mandamento.

A mais importante confissão de fé reformada, Westminister, diz: “Como é lei da natureza que, em geral, uma devida proporção do tempo seja destinada ao culto de Deus, assim também em sua palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, preceito que obriga a todos os homens em todos os séculos, Deus designou particularmente um dia em sete para ser um sábado(descanso) santificado por Ele; desde o princípio do mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a ressurreição de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura é chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que há de continuar até ao fim do mundo como o sábado cristão (CFW; Capítulo XXI, Artigo VII).

Em outras palavras, na Teologia Reformada, o “Sábado” é eterno, mas a guarda do Sábano, ou seja, do Descanso, no Dia Sete, foi algo dado aos antigos, enquanto que para a Igreja, foi dado que guardassem o “Sábado” no Primeiro Dia da Semana, o Domingo. Observem que, se os evangélicos conhecessem a história de sua própria fé, e a aceitassem, não estariam questionando se devemos ou não obedecer a Lei de Deus, mas sim, se a guarda do Dia de Descanso foi realmente transferida para o Domingo.

Vários documentos históricos da fé reformada testificam a mesma coisa, citaremos mais:

Cremos que o primeiro dia da semana é o Dia do Senhorou o Sábado Cristãoe deve ser guardado como sagrado para propósitos religiosos, com uma abstinência de todo trabalho secular e de recreações pecaminosas; com a observância devota de todos os meios de graça, tanto privados como públicos, e com a preparação para aquele descanso que resta para o povo de Deus”(Confissão Batista de New Hampshire, Capítulo XV).

Assim, cremos que o mandamento moral do Sábado é ordenança eterna, como toda a Lei de Deus, e que o dia para seu cumprimento para a Igreja do Novo Testamento, de acordo com o registro bíblico, é o Primeiro Dia da Semana, certamente em conexão com o Dia da Ressurreição do Cristo. Adorar ao Senhor no Domingo - “partir o pão”, ou seja “Ceia do Senhor” - é o testemunho deixado a nós nas páginas do Novo Testamento.

E no Primeiro Dia da Semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite”Atos 20.7). “No Primeiro Dia da Semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar” (I Cor. 16.2). (

Os sabatistas modernos acham que tal mudança é arbitrária, mas não é o caso, pois no Antigo Testamento jamais se diz haver um “sábado no sétimo dia da semana, como muitos supõem. Provavelmente, eles tinham várias formas de começar a contagem, como ocorre em Êxodo 16, onde Deus pede que eles contassem os dias nos quais haviam recebido o maná (Ex. 16.4-5, 22-23). Ao lermos o texto é patente que após o sexto dia de maná recolhido, é que o povo recebe o aviso “amanhã é sábado”; ora, se o Descanso viesse sendo observado por um calendário regular, fixo desde a fundação do mundo, não haveria necessidade de tal aviso.

O importante de tal constatação é perceber que não existe nada de sagrado no “dia sete” de algum calendário específico (de fato, nem sabemos qual calendário eles usavam no deserto), o que importa é que, contando-se seis dias, observe-se o sétimo, e o que a Igreja Primitiva fez tomando o dia da Ressurreição de Cristo como referencia, deixando-nos a herança do Domingo.