sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Dos "milagres" que não glorificam a Deus . Por: Leonardo Bruno Galdino


Eu não pretendia escrever sobre isso hoje. Aliás, eu nem pretendia escrever hoje, uma vez que minhas atenções agora estão voltadas para minha mudança de cidade e com tudo o que isso acarreta (para quem não sabe, fui transferido para Santarém-PA e esta é a minha última semana aqui em SP). Mas, é que eu me deparei com algo que realmente me instigou. E me irritou! Na realidade, já faz tempo que coisas desse tipo tem me irritado. Não aguento mais ouvir falar em milagres, curas e “unções” que estão sendo derramadas por aí em nome de Deus, mas que em nada O glorificam. Sinceramente, sou meio desconfiado (ou “desconfiado e meio”, se preferirem) com certos “milagres” que tem sido divulgados por aí. Não apenas pelo fato de alguns serem extremamente bizarros e duvidosos, mas principalmente pelo fato de que a maioria deles não tem como meta o Soli Deo Gloria.
Acessando a internet hoje, “sem querer querendo” me deparei com mais um caso desses. Foi o do Valdir, “o homem que fala sem língua”.
Valdir de Souza era viciado em drogas há mais de 12 anos. Na madrugada do dia 28 de maio de 93, marcou um encontro com seus colegas em sua casa para mais uma noite de bebedeira. Naquela madrugada, embriagaram-se e drogaram-se até que Valdir começou a passar mal. Seu coração começou a bater forte e com movimentos taquicardíacos. Nisso, sua língua adormeceu e enrolou para dentro da garganta.

Ele conta que pediu ajuda aos seus colegas, porque já estava ficando sufocado. Apavorados, um deles tentou puxá-la para fora e, como não conseguia sustentá-la, segurou-a com sua própria boca, prendendo-a entre os dentes e cortou-a na metade.

As forças se acabaram e Valdir sentiu-se separado do seu corpo, e que seu espírito se dirigia para as trevas caminhando para o abismo. Ao vê-lo desmaiado, seus amigos o levaram para o Hospital Municipal do Tatuapé, onde teve sua língua completamente amputada pelos médicos. Desenganado pela Medicina, sem poder falar, recebeu a visita de sua mãe que lhe falou sobre Jesus Cristo. Ele fez um voto com Deus: que ao sair do hospital iria a uma igreja. Assim fez. Pegou uma Bíblia emprestada e foi. No momento em que era feita a oração pelos dons espirituais, foi à frente. Na oportunidade, aceitou a Jesus Cristo como Salvador de sua alma.

Durante a oração, pediu a Deus para que parasse de babar, voltasse a sentir paladar e que passasse a falar novamente. Segundo suas palavras, naquele momento a unção do Espírito Santo desceu sobre aquele lugar. Sentiu como se estivesse flutuando e uma língua invisível começou a bater de um lado para outro em sua boca. Disse ele: “Comecei a falar em línguas estranhas e a primeira palavra que pronunciei foi uma glorificação a Deus. Hoje falo, alimento-me normalmente, sinto paladar e paz completa com Deus”
[Fonte: clique aqui].
Sinceramente, a ideia de alguém flutuando com uma língua invisível batendo de um lado para o outro em sua boca é simplesmente inconcebível (para não dizer ridícula) para mim. E o pior de tudo é que pessoas assim geralmente acabam se transformando em pregadores itinerantes! Não. Eu não estou, aqui, duvidando se Deus ainda opera milagres nos dias de hoje. Creio, sim, que haja casos genuínos de curas operadas por Aquele que governa os céus e a terra. Contudo, não creio que todos os que arrogam para si legitimidade sejam mesmo genuínos. Além das muitas farsas e bizarrices flagrantes, há também muitas “atitudes suspeitas” naqueles que nos dizem que o que eles estão fazendo é para a glória de Deus.
Casos como o do Valdir tem sido o motivo da superlotação de muitos templos ditos evangélicos espalhados por esse país afora. As pessoas são atraídas não pelo Deus que operou o milagre, e sim pelo milagre em si mesmo. A situação é agravada ainda mais quando o caso recebe atenção da mídia, onde a pessoa que recebeu o “milagre” é convidada a dar o seu testemunho em algum programa de televisão famoso. E o curioso é que ninguém se interessa pelos milagres “ordinários”, como o abandono da mentira, da prostituição, da inveja, da malícia, do dolo, das relações extraconjugais, da ganância e das manifestações mais grotescas (e sutis, também) de pecado, e sim, pelos milagres sobrenaturais, como galinhas falando em línguas, pessoas que morreram e voltaram à vida, o câncer que desapareceu, homens que falam sem a língua e coisas do tipo. Para se ter uma ideia disso, em um dos programas do “apóstolo” Valdemiro Santiago, ele chegou ao ponto de dar um sabonete usado por ele a uma de suas ovelhas, para que esta fosse curada de uma certa enfermidade. E o pior de tudo é que essa tal senhora voltou depois para dar o seu testemunho dizendo que o sabonete usado pelo “apóstolo” estava realmente ungido por Deus, pois ela havia sido curada de fato! “Sabonete ungido”… Dá pra acreditar?!
Há tempos atrás eu diria que não consigo entender como é que as pessoas se deixam enganar a tal ponto. Mas hoje eu nem me pergunto mais, porque penso que já sei o porquê. Fico com Paul Washer, que disse que “os falsos profetas são o castigo de Deus para um povo rebelde”. PONTO. Não me surpreendo mais com essas esquisitices que acontecem no mundo gospel, porque foi o próprio apóstolo Paulo quem disse que nos últimos dias as pessoas procurarão pregadores que satisfaçam a coceira dos seus ouvidos (2Tm 4). E o fato é que, onde Deus não for verdadeiramente glorificado, a coceira só aumentará (para a própria destruição de quem a sente e de quem a “resolve”).
Soli Deo Gloria!
Autor: Leonardo Bruno Galdino
Fonte: [ Optica Reformata ]