sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Breve História da Reforma na Escócia


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Nesta palestra o Rev. Dorisvan fala acerca do estabelecimento da Reforma na Escócia. Segundo o pastor, antes do estabelecimento da Fé Reformada na Escócia, a Igreja Católica Romana estava totalmente corrompida em sua maneira de cultuar a Deus e em sua forma de governar a igreja. Nesse ambiente de total apostasia, aprouve ao Senhor levantar um corajoso e destemido homem chamado John Knox para conduzir o povo de volta aos princípios da Palavra de Deus. Assista:

Transcrição:

Antes do estabelecimento da Fé Reformada na Escócia, a Igreja Católica Romana estava totalmente corrompida e pervertida em sua maneira de cultuar a Deus e em sua forma de governar a igreja. Nada muito diferente dos movimentos neo-pentecostais de nossos dias.

Os estudiosos nos contam que naqueles dias as pessoas se curvavam diante de imagens de esculturas e adoravam inúmeros objetos de culto, abominados pela palavra de Deus. Os mártires, os apóstolos e a virgem Maria também eram cultuados. 

A igreja estava abarrotada de invenções de homens, e, portanto, completamente fora dos padrões que os apóstolos nos legaram.  A igreja na Escócia estava no caos e precisava urgentemente de uma intervenção verdadeiramente reformada. E nesse ambiente de total apostasia, aprouve ao Senhor Deus levantar um corajoso e destemido homem chamado John Knox. 

Knox era Discípulo de João Calvino, e veio com a finalidade de trazer o povo de volta ao Testemunho dos apóstolos. Knox era homem corajoso e ousado, muito diferente de alguns líderes covardes de nossos dias. Por sua coragem e bravura, enfrentou as corrupções do catolicismo Romano, e lutou incansavelmente para purificar a igreja e a nação das corrupções da falsa adoração. 

A história foi mais ou menos assim: 

Por conta da severa perseguição aos Protestantes na Escócia, Knox foi forçado a fugir do seu país. Nesse período ele foi para Genebra onde João Calvino estava balançando a cidade com a obra da reforma. Durante este período, pastoreou uma pequena congregação de ingleses exilados e ganhou bastante experiência na fé reformada.

Como aluno de Calvino, John Knox aprendeu acerca do verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo, em especial sobre a forma de governo bíblico e os princípios básicos da adoração cristã.

Pelo fato de ter percebido que eram ideais absolutamente apostólicos, e, portanto, validados pela Palavra de Deus, Knox abraçou tais ideais e decidiu lutar por eles. 

Dezembro de 1557 foi um período importante, pois foi nesta época que os nobres escoceses fizeram um pacto de usar suas vidas e bens para estabelecer "a Palavra de Deus" na Escócia. E nessa conjuntura, Knox iria voltar para implantar o calvinismo e fundar a igreja presbiteriana escocesa. Em 1559 ele retornou e no ano seguinte, o parlamento escocês estabelecia a Igreja da Escócia, a igreja Presbiteriana. 

John Knox fez severa oposição à rainha católica Maria Stuart (1542-1587), que era prima de Elizabete. Isso de tal maneira que alguns anos mais tarde, Maria teve de fugir e buscar refúgio na Inglaterra, onde acabou sendo executada por ordem da própria Elizabete, em 1587.

Da obra de Knox, gostaria de destacar dois pontos importantíssimos:

Primeiro: Foi então na Escócia de John Knox que surgiu o conceito de “presbiterianismo” que diz respeito à forma de governo da igreja. Obviamente, os reis ingleses e escoceses não eram simpatizantes desta forma de governo, pois sempre defenderam o episcopalismo. 

O episcopalismo é aquele forma de governo onde a igreja é governada por bispos, e os reis ingleses amavam essa ideia, uma vez que os bispos eram nomeados pelos reis, e com isso, a Igreja seria mais facilmente controlada pelo estado e serviria aos interesses da Corte. Porém, fundamentado no testemunho dos apóstolos, e com uma mentalidade agora verdadeiramente reformada, Knox insistiu que a forma de governo do Novo Testamento é Presbiteriana, o que significa que a igreja deve ser governada por oficiais eleitos pela comunidade, e não pelo estado.

Como era de se esperar, portanto, o estabelecimento do modelo Presbiteriano de governo não foi fácil. Foi somente após um longo e tumultuado processo que o presbiterianismo implantou-se definitivamente na Escócia.

Em segundo lugar, destaco os esforços de Knox em relação à pureza do culto público. Knox condenou abertamente as práticas da igreja e mostrou ao povo os erros grotescos da igreja em relação à adoração. Knox acreditava que Somente a Escritura deve ser o guia para a adoração pública. Sendo assim, todas as práticas que não são validadas pela Palavra de Deus, devem ser repudiadas e abolidas. Assim, Knox apresentou à igreja uma forma de adoração totalmente bíblica.

O culto passou a ser então, uma atividade corporativa, onde as pessoas de fato estavam envolvidas. O latim foi substituído pelo inglês, de modo que todos podiam entender o que estava acontecendo na celebração. A Bíblia foi traduzia e entregue nas mãos do povo. Agora todas as igrejas tinham uma Bíblia em inglês e a expunham regularmente para que até mesmo aqueles que não podiam ler, pudessem se fossem beneficiados. A mensagem da cruz passou a ser uma mensagem simples, sem a implementação de aparatos papista. Os Salmos passaram a ser cantados e a igreja se tornou totalmente comprometida com Palavra de Deus.

Estou convencido de que hoje, no século 21, precisamos urgentemente de uma nova reforma. Isso porque, infelizmente, a grande ênfase é naquela forma de culto ditada pelo gosto do freguês e não pela autoridade da Palavra, o que leva muitas denominações introduzem elementos estranhos na adoração do Senhor. Em nossos dias, Deus se transformou em um objeto de manipulação dos adoradores extravagantes. Vemos nos cultos de hoje campanhas políticas, distribuição de amuletos da sorte e muitos outros aparatos pagãos repudiados pela Palavra de Deus. A fiel pregação foi substituída por piadas motivacionais e o resultado é que a igreja se paganizou e se afastou totalmente do ideal da Reforma protestante. Mas, com Knox aprendemos que o homem por si mesmo não pode decidir como Deus deve ser adorado. Somente Deus pode determinar isto. E se isso é verdade, então, as práticas pagãs dos movimentos neo-pentecostais, precisam ser condenadas e abandonadas urgentemente. Como disse Paulo, “é preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância”.

Somente o que Deus ordenou em sua palavra deve ser levado a sério e defendido como parte da adoração de Deus. 

Permaneçamos firmes e não negociemos o que recebemos a preço do sangue de milhares de mártires.

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Fonte: Guerra pela Verdade
Divulgação: Bereianos

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A Importância da Reforma - Pr J Miranda




Ao questionar a visão de mundo teocêntrica (que coloca a religião no centro da sociedade), o humanismo renascentista foi como uma bomba que abalou as estruturas da Igreja Católica Apostólica Romana. Muitos intelectuais passaram a criticar abertamente as doutrinas católicas. Mesmo entre os religiosos surgiram pessoas que contestavam o poder excessivo que a Igreja desempenhava na sociedade.
Apesar disso, o humanismo ainda se restringia ao meio intelectual, não atingindo as camadas populares da sociedade. Essa situação somente se modificou quando as ideias humanistas chegaram à religião.
E o ambiente propício para isso foi encontrado na região da Alemanha. Pois no começo do século XVI não existia uma Alemanha unificada como conhecemos hoje. Na região existiam vários pequenos reinos e principados que, por sua vez, estavam abrigados debaixo do enfraquecido Sacro Império Romano. Na região, a economia era muito atrasada se comparada a outras áreas da Europa. A nobreza constituía a camada social dominante e a clero (padres, monges e bispos), apesar de dominarem no aspecto ideológico, não tinham o mesmo domínio político que desfrutavam em outras regiões.
Para piorar a situação de miséria do povo, no início do século XVI, chagaram a região cobradores de indulgências (documento que garantia o perdão dos pecados ao portador). Os “padres indulgentes” tinham por missão vender o máximo de documentos expiatórios que pudessem aos empobrecidos camponeses alemães.
Foi dentro deste contexto que surgiu o monge católico Martinho Lutero (1483-1546).
Lutero, assim como muitos monges da época, não concordava com a “venda do perdão” e, muito menos, com a exploração que seus conterrâneos estavam submetidos. Com isso, em outubro de 1517, Lutero afixou na porta do castelo de Wittenberg suas famosas 95 Teses. Nelas, o monge alemão, defendia a extinção das indulgências e condenava o luxo de que desfrutava o papa em Roma. Para surpresa do alto clero romano, Lutero obteve o apoio de praticamente todos os setores da sociedade alemã.
Com isso, o papa Leão X exigiu que Martinho Lutero se arrependesse e se retratasse. Como o monge  negou-se, foi excomungado (expulso da Igreja) pelo papa. Fato que levou uma série de nobres alemães a se desligarem da Igreja de Roma.
Livre das limitações teológicas a que estava submetido, Lutero passou a escrever uma série de livros e tratados onde defendia a revitalização (renascimento) da Igreja. Nestes livros, Lutero estabeleceu a Bíblia como a mais alta autoridade doutrinária da Igreja. Para ele, todas as doutrinas deveriam ter a Bíblia como fundamento.
Para Lutero, a salvação era fruto direto da fé do cristão em Deus. Ao contrário do que defendiam os católicos, para o reformador, não havia intermediários entre os homens e Deus. A salvação somente poderia ser alcançada pelo relacionamento entre o fiel e Deus.
Enquanto Igreja Católica defendia ser ela mesma a intermediária entre os homens e Deus. Lutero afirmava que a Igreja não era o caminho até o Senhor, o papel da Igreja era o de apontar o caminho até Deus. Mas, mesmo que criticasse a atuação da Igreja, Lutero defendia a existência dela, pois, o fiel necessitava fazer parte da Igreja (que era o Corpo de Cristo).

Ellen G. White falou a verdade? O testemunho dos Pais da Igreja


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Evidências históricas anteriores à Constantino 

Sem recorrermos ao Novo Testamento como prova histórica,[1] é possível evidenciar documentalmente que os cristãos observaram o primeiro dia da semana desde os seus primórdios? Devemos recordar que o argumento de Ellen G. White é que o abandono do sétimo dia para a guarda do domingo somente ocorreu em 321 d.C. quando Constantino promulgou a “Lei Dominical”. Leiamos o que registraram os pais da Igreja, nos séculos que antecederam à Constantino, e a nossa conclusão poderá descansar sobre o firme alicerce da verdade. 

Didaquê 

O mais antigo manual de preparação de batismo e discipulado da Igreja Cristã (80-90 d.C.) conhecido por Didaquê instrui como deveria ser a vida comunitária. A orientação era de que “reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacríficio de vocês seja puro.”[2] A expressão dia do Senhor, em grego kuriakê heméra e, em latim Dies Domini tornou-se o termo para indicar o primeiro dia da semana, a que chamamos de Domingo, o dia em que o Senhor ressuscitou! 

Inácio de Antioquia 

Inácio de Antioquia em sua Carta aos Magnésios (110 d.C.) declara que 

aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte. Alguns negam isso, mas é por meio desse mistério que recebemos a fé e no qual perseveramos para ser discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre.[3]

A sistematização doutrinária exposta por Inácio aponta para a transição da antiga para a nova aliança. Esclarece que a ressurreição de Cristo é a causa da descontinuidade e acomodação para a nova ordem, e, isto inevitavelmente envolve a mudança do dia de descanso do sétimo para o primeiro dia da semana, inaugurando uma nova era. 

Plínio “o jovem” 

Conhecido por ser justo em seus julgamentos, Plínio “o jovem”, segundo o seu relato, procurava através de tortura e questionamentos descobrir o grau de culpabilidade do réu. Num período em que o imperador romano Trajano exigia a prisão, tortura, e dependendo do caso a pena de morte dos cristãos, e, neste contexto Plínio escreve uma carta questionando do motivo de prender e executá-los, se neles nenhum motivo de culpa era encontrado. Em 113 d.C., o relator descreve que os cristãos, sob tortura, confessaram que “unânimes em reconhecer que sua culpa se reduzia apenas a isso: em determinados dias, costumavam comer antes da alvorada e rezar responsivamente hinos a Cristo como a um deus...”.[4] 

O testemunho do governador pagão expressou admiração com o costume cristão. Não havia nada de absurdo, nem ofensivo naquela religião. A menção de determinados dias confirma que as suas reuniões seguiam uma norma semanal, e que antes do amanhecer se reuniam. 

A carta a Diogneto 

O desconhecido escritor da Carta a Diogneto afirma que “não creio que tenhas necessidade de que eu te informe sobre o escrúpulo deles a respeito de certos alimentos, a sua superstição sobre os sábados...”.[5] Em 120 d.C., o contraste entre cristãos e judeus estava estabelecido, de modo que a guarda do sétimo dia era visto pelos cristãos como sendo uma superstição judaica, e não como algo normativo para a Igreja. 

A carta de Bárnabé 

Um importante documento histórico apresenta alguns traços do Cristianismo do século II. A “carta de Barnabé” não tem autoria certa, mas pelo seu conteúdo a crítica literária especializada em patrística é de consenso datá-la entre 134-135 d.C.. O autor interpreta o significado do sábado. Ele declara que 

vede como ele diz: não são os sábados atuais que me agradam, mas aquele que eu fiz e no qual, depois de ter levado todas as coisas ao repouso, farei o início do oitavo dia, isto é, o começo de outro mundo. Eis por que celebramos como festa alegre o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar, subiu aos céus.[6]

O seu conteúdo é abertamente contrário aos sistemas judaizantes. Nesta interpretação acerca do sábado, o autor contrasta entre o entendimento do Judaísmo e o Cristianismo. 

Justino de Roma 

O apologista cristão expressou que “no dia que se chama do sol, celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se lêem, enquanto o tempo o permite, as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas.” Noutro lugar ele continua


celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame.[7]

A preocupação de Justino não era de firmar novas doutrinas, mas apenas de expor aos seus inquisitores o que era crença e prática tradional dentro do Cristianismo. A sua I Apologia é datada em 155 d.C. apontando para a proximidade da era apostólica, um período de pureza na fé cristã. 

Irineu de Lião 

Enquanto Justino defendia os cristãos diante dos governadores pagãos, Irineu se dedicava a atacar as heresias que brotavam dentro do Cristianismo. Irineu como apologista analisava os desvios doutrinários que haviam se infiltrado dentre os cristãos. Especificamente para o nosso propósito selecionamos os heréticos que se nomeavam ebionitas,[8] que segundo Irineu eles “praticam a circuncisão e continuam a observar a Lei e os costumes judaicos da vida e até adoram Jerusalém como se fosse a casa de Deus.”[9] Além de negar a salvação somente pela graça e a sua suficiência em Cristo, os ebionitas ensinavam uma redenção por meio da obediência da lei. Dentre os “costumes judaicos da vida” incluíam a prática de guardar o sétimo dia. Eles não entenderam a cessação dos aspectos civis da lei, nem o seu cumprimento cerimonial em Cristo, de modo que, persistiam em exigi-los como complemento da salvação, e nisto consistia a sua heresia. O livro Contra as Heresias é datado entre 180 a 190 d.C.. 

Tertuliano 

No início do século III os cristãos demonstravam desprezo pelos costumes judaizantes. Em seu livro Da Idolatria, escrito entre os anos 200 e 210 d.C., Tertuliano declara que “não temos praticado os Shabbats ou, outras festividades judaicas, do mesmo modo que evitamos as práticas pagãs.”[10] A sua afirmação esclarece que, tanto a idolatria quanto práticas judaicas, eram evitadas no mesmo pé de igualdade. Não há dúvidas de que o descanso cristão no fim do século II era marcadamente o domingo, da mesma forma que o exclusivismo cristão testemunhava contra pagãos e judeus! 

Conclusão 

As evidências exigem um veredicto! A declaração da senhora Ellen G. White é insustentável por causa da ausência de fontes e de provas. A verdade está contra ela, pois todo testemunho histórico aponta para a celebração do primeiro dia da semana como sendo o santo dia de descanso, de comunhão e de celebração dos cristãos primitivos que antecederam a “Lei Dominical” de Constantino. 

Todos os editos e leis foram promulgados para que os seus súditos incentivados por benefícios civis adotassem a religião cristã. O império romano estava se adaptando ao Cristianismo e não o contrário. Assim, o primeiro dia da semana tornou-se descanso civil, por ser tradicionalmente desde o final do primeiro século um dia reservado para o culto cristão. 

Evidências históricas apontam para o favorecimento do imperador romano para o Cristianismo. O que vimos foi que a Igreja no período da Patrística não somente evitava a guarda do sétimo dia, mas desprezava-a como sendo superstição, idolatria e heresia judaizante! Não há no puro Cristianismo nenhum grupo, em nenhum lugar e período que celebrasse o sábado como o dia cristão. 

A adoração em sua igreja é mais pagã do que cristã?


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Há um grande mal-entendido nas igrejas sobre o propósito da música na adoração cristã. Igrejas rotineiramente anunciam um culto “dinâmico” e “transformador”, o qual “levará você para mais perto de Deus” ou “que irá mudar a sua vida”. Certos CD’s de adoração prometem que a música irá “levá-lo para dentro da presença de Deus”. Até mesmo um panfleto, anunciando uma conferência para líderes de adoração, dizia:

Junte-se a nós para essa dinâmica aula, a qual irá colocar você no caminho certo e inspirador, onde você poderá se encontrar com Deus e receber a energia e o amor que você precisa para ser um agente e um agitador no mundo de hoje… Além disso, nossos programas de ensino são eventos de adoração que irão colocar você em contato com o poder e o amor de Deus”.

O problema com o panfleto e com muitos anúncios de igrejas é que esse tipo de promessa revela um significante erro teológico. A música é vista como um meio para facilitar um encontro com Deus. Ela irá nos levar para perto de Deus. Nesse esquema, a música se torna um mediador entre Deus e o homem. No entanto, essa ideia está mais próxima das práticas pagãs do que da adoração cristã.

Jesus é o único mediador entre Deus e o homem. Somente Ele é quem nos leva para Deus. A noção popular – porém errônea – relativa à música de adoração mina a fundamental verdade da fé cristã. É irônico que muitos cristãos neguem o papel das ordenanças sacramentais, as quais o próprio Senhor deu para sua igreja (batismo e a Santa Ceia), mas anseiem em dar poderes sacramentais para a música. A música e a “experiência da adoração” são vistas como meios pelos quais nós entramos na presença de Deus e recebemos seus benefícios salvíficos. Não há simplesmente nenhuma evidência na Escritura que diga que a música media diretamente encontros ou experiências com Deus. Essa é uma noção comum no paganismo. Está bem longe do Cristianismo.

Em seu útil livro “True Worship” (Verdadeira Adoração), Vaughan Roberts mostra quatro consequências de se ver a música como um encontro com Deus. Vou resumi-los.

1. A palavra de Deus é marginalizada

Em várias igrejas e encontros cristãos, não é incomum a Palavra de Deus ser deixada de lado. A música dá uma elusiva sensação de “entorpecimento”, enquanto a Bíblia é algo mundano. Os púlpitos têm diminuído e até mesmo desparecido, enquanto as bandas e as luzes têm crescido. Mas a fé não vem da música, experiências dinâmicas ou supostos encontros com Deus. A Fé nasce por meio da proclamação da Palavra de Deus (Rom. 10.17).

2. Nossa certeza é ameaçada

Se associarmos a presença de Deus com uma particular experiência ou emoção, o que acontecerá quando não sentirmos mais isso? Nós procuraremos igrejas cujas bandas de louvor, orquestras ou órgãos produzam em nós os sentimentos que nós estamos procurando. Mas a realidade de Deus em nossas vidas depende da mediação de Cristo, não de experiências subjetivas.

3. Músicos ganham status sacerdotais

Quando a música é vista como meio de encontro com Deus, os líderes de louvor e músicos começam a exercer o papel de pastor. Eles se tornam aqueles – no lugar de Jesus Cristo, o único que já cumpriu esse papel – que trazem até nós a presença de Deus. Dessa forma, quando um líder de louvor ou banda não me ajuda a experimentar Deus, então ele falhou e deve ser substituído. Por outro lado, quando acreditamos que eles tiveram sucesso em nos levar à presença de Deus, então eles terão em nossa mente um status elevado.

4. A divisão aumenta

Quando nós identificamos um sentimento como um encontro com Deus, e apenas uma determinada música produz esse sentimento, então nós insistiremos que aquela música deverá ser tocada regularmente em nossa igreja e reuniões. Se todos tiverem o mesmo gosto que o nosso, não haverá problema. Mas se outros dependem de outra música para produzirem esse sentimento, então é importante para eles que a divisão seja cultivada. E porque nós rotineiramente classificamos esses sentimentos como encontros com Deus, nossas demandas para que esse sentimento seja produzido se tornam rígidas. Esse é o motivo pelo qual muitas igrejas sucumbem ao oferecerem múltiplos estilos de culto. Fazendo isso, eles, sem querer, sancionam a divisão e a centralização do ego no meio do povo de Deus.

A Escritura é cheia de exortações para o povo de Deus cantar e fazer músicas para o Senhor. Nosso Deus foi gracioso em nos dar esse meio de adorá-lo. Mas é importante entender que a música, em nossa adoração, é para dois propósitos específicos: honrar a Deus e edificar a comunidade dos crentes. Infelizmente, muitos cristãos tendem a dar à música um poder sacramental sobre o qual a Escritura jamais falou.

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Fonte: Christianity.com
Tradução: Victor Bimbato
Via: Reforma21

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Comer Sangue: O Que a Bíblia Ensina? por Gary Fisher



Deus proibiu definitivamente comer sangue em todas as épocas. Nos dias logo após o dilúvio, o Senhor disse: "Pavor e medo de vós virão sobre todos os animais da terra e sobre todas as aves dos céus; tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar nas vossas mãos serão entregues. Tudo o que se move e vive ser-vos-á para alimento; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora. Carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis" (Gênesis 9:2-4). Na lei de Moisés, Deus simplesmente ordenou: "Qualquer homem da casa de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam entre vós que comer algum sangue, contra ele me voltarei e o eliminarei do seu povo. Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida"(Levítico 17:10-12). No Novo Testamento, a palavra de Deus continua a proibir o consumo de sangue: "Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas cousas essenciais: que vos abstenhais das cousas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas cousas fareis bem se vos guardardes. Saúde" (Atos 15:28-29). Veja também Atos 15:20; 21:25.
Essas proibições se aplicam a nós hoje? Alguns dizem que não, e argumentam que esses mandamentos do Novo Testamento tinham um propósito especial: evitar ofender os preconceitos dos judeus e permitir a partilha de refeições entre judeus e gentios. Eles dizem que as admoestações de Atos 15 foram meros conselhos para promover boas relações, mas não tinham a intenção de serem mandamentos inalteráveis de Deus. Assim, eles ensinam, não precisamos mais seguir essas proibições. Há três problemas com tal abordagem.
Linguagem usada
Esses não eram meramente conselhos de alguns homens. Atos 15:28 diz especificamente que o Espírito Santo autorizou esse ensinamento. Desde que o que os apóstolos disseram através do Espírito Santo foi inspirado por Deus (João 16:13; 1 Coríntios 14:37; 1 Tessalonicenses 2:13), não temos direito a pô-lo de lado.
Ainda mais, esses mandamentos são chamados "cousas essenciais" (Atos 15:28). O que é essencial não é opcional e não pode ser anulado por nossa vontade.
Finalmente, essas decisões deviam ser observadas pelos irmãos (Atos 16:4). A palavra "decisões" se refere a decretos e ordenanças. As outras passagens onde ela é usada na Bíblia são Lucas 2:1; Atos 17:7; Efésios 2:15; Colossenses 2:14 onde ela é traduzida como "decretos" e "ordenanças". Elas se referem a mandamentos obrigatórios, quer de César, nas primeiras duas passagens (Lucas 2:1; Atos 17:7), quer de Deus nas duas últimas (Efésios 2:15; Colossenses 2:14). A palavra "observar" é uma palavra freqüentemente usada na Bíblia em relação à obediência da lei: veja Atos 7:53 e 21:24 como exemplos. A linguagem usada nessas decisões certamente não deixa a impressão de que eram opcionais ou temporárias.
Contexto
O contexto de Atos 15 envolve a situação de alguns judeus cristãos tentarem forçar os gentios a guardarem a lei de Moisés (veja versículos 1 e 5). A idéia nesse capítulo era para mostrar que essa posição era errada. Os gentios não precisavam guardar a lei de Moisés. Pedro referiu-se a guarda da lei de Moisés como "um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós" (Atos 15:10). Paulo não permitiu que Tito fosse circuncidado, porque ele não queria dar a entender que concordava de algum modo com esses mestres judaizantes (veja Gálatas 2:1-5, que provavelmente se refere ao mesmo encontro). Nesse contexto, seria quase impossível imaginar que os apóstolos mudassem de idéia e pedissem aos gentios que fizessem exatamente o que os falsos mestres queriam, isto é, que guardassem a lei de Moisés. Tal grupo estava absolutamente determinado a não perturbar os gentios, mas somente informá-los sobre os mandamentos essenciais. (Atos 15:19). É difícil imaginá-los emitindo decretos a uma grande área meramente para acomodar o preconceito judeu. Isto seria fazer exatamente o que os falsos mestres queriam. Queira ler Atos 15 e examinar o texto cuidadosamente.
O contexto mais amplo mostra que esses mandamentos eram ensinados em vários lugares (Atos 16:4) e ainda estavam em vigor alguns anos depois (Atos 21:25). Eles não estavam lidando só com um assunto temporário local. Esses mandamentos também fazem parte dos ensinamentos apostólicos revelados pela boca de Deus.
É significativo, contudo, que a proibição contra comer sangue não se tenha originado na lei de Moisés, mas tenha feito parte da ordem de Deus para a humanidade desde o dia em que ele autorizou os homens a comer carne de animais (Gênesis 9).
Os outros itens
Não foi somente comer sangue e coisas estranguladas o que foi proibido nessas decisões. Foram também a fornicação e as "contaminações dos ídolos" (Atos 15:20). Se a proibição quanto a comer sangue não pretendesse ser universal, então a proibição contra a fornicação e a idolatria também não teriam a intenção de serem universais. Não se pode entendê-la de duas maneiras: se um desses itens está certo hoje, todos eles estão. Se um deles está errado hoje, todos também estão. Linguagem idêntica é usada para descrever todos eles.
Sabemos que a fornicação e a idolatria são sempre erradas. Não há situação, ou lugar, ou tempo no qual o Novo Testamento permita qualquer delas. Assim, não há situação, ou lugar, ou tempo no qual o Novo Testamento permita comer sangue.
Uma objeção freqüentemente levantada é que as "contaminações dos ídolos" eram às vezes aceitáveis na Bíblia. Isto é incorreto. A expressão usada em Atos 15:20 não é usada em nenhuma outra ocasião no Novo Testamento. A expressão usada em Atos 15:29; 21:25 é usada também em 1 Coríntios 8:1, 4, 7, 10; 10:19; Apocalipse 2:14, 20. Todas essas passagens condenam quanto a comer "cousas sacrificadas aos ídolos."
1 Coríntios 8-10 condena comer "cousas sacrificadas aos ídolos" por duas razões: isso viola o amor ao nosso próximo, porque encoraja os irmãos a pecarem (1 Coríntios 8) e viola o amor a Deus, porque é idolatria (1 Coríntios 10:14-22). Paulo diz claramente que não se pode participar na ceia do Senhor sendo participante da mesa dos ídolos (1 Coríntios 10:19-22; veja também Mateus 6:24). Alguns acreditam que 1 Coríntios 10:23-33 permite comer "cousas sacrificadas aos ídolos" porque permite aos cristãos comprar carne no açougue sem perguntar compulsivamente qual a origem da carne. Mas quando a carne é comprada no açougue ela já não se enquadra na categoria de "cousas sacrificadas aos ídolos", e por essa razão pode ser comida pelo cristão. Chamar alguma coisa de "alimento sacrificado aos ídolos" implica que seja alimento sendo comido em ligação com a festa do ídolo.
Observe cuidadosamente as passagens no Apocalipse:"Tenho todavia, contra ti algumas cousas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem cousas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição.... Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem cousas sacrificadas aos ídolos" (Apocalipse 2:14, 20). Essas passagens mostram que Deus considera o comer alimento sacrificado aos ídolos como idolatria (observe Apocalipse 2:15-16, 21-23).
Quando se entende que fornicação e idolatria são sempre erradas, torna-se fácil ver que comer sangue é errado também.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Um breve panorama das heresias cristológicas sobre as naturezas de Cristo


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A história do cristianismo tem como uma de suas principais marcas o surgimento de doutrinas que vão de encontro ao ensinamento bíblico. Já na igreja apostólica do Novo Testamento, nós percebemos facilmente a existência de heresias destruidoras. Em I Jo 4.1-3 nós lemos:

Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo.” 
Outra passagem do Novo Testamento afirma: “Porque já muitos enganadores saíram pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Tal é o enganador e o anticristo.” (II Jo 7)
Estas passagens demonstram claramente que já no período neotestamentário havia conceitos equivocados a respeito de Cristo. Os textos dizem que alguns afirmavam que Cristo não vira em carne. E foi justamente esse um dos objetivos de João ao escrever essa epístola: enfrentar a heresia gnóstica do primeiro século. Talvez essa tenha sido a heresia mais perigosa que ameaçava a igreja dos três primeiros séculos. 
O gnosticismo (do grego “gnosis”, sabedoria) defende um forte dualismo espírito/matéria. A ideia gnóstica é que enquanto o espírito é “bom”, a matéria é essencialmente “má”. Essa percepção trouxe várias consequências desastrosas para o cristianismo. Uma delas é, que, pela lógica, se a matéria é essencialmente má, logo, Cristo não poderia ter “vindo em carne” (I Jo 4.2), negando assim a doutrina bíblica da encarnação como o cristianismo ortodoxo crê. Além disso, consequentemente, a humanidade de Cristo também era negada.
Franklin Ferreira (2007, p.487) agrupa as heresias antigas sobre as naturezas de Cristo em duas classes: primeira, as negações da humanidade de Jesus Cristo, que seriam o docetismo, o apolinarismo e o eutiquianismo. Segunda, as negações da divindade de Cristo, que seriam o ebionismo, o adocionismo e o arianismo.
O docetismo tem uma forte ligação com o gnosticismo tratado há pouco. O nome docetismo vem do grego dókesis cujo significado é “aparência”. Isto é, os docetas criam que, pelo fato de a matéria ser intrinsecamente má, Cristo não foi plenamente encarnado na carne, pois uma vez que a matéria tem essa característica, o espírito, que é bom, não poderia se envolver com ela. O corpo de Jesus, então, era uma mera ilusão e somente “parecia” que Cristo tinha sido crucificado. 
Um outro ensinamento difundido no século IV por Apolinário, bispo de Laodicéia (310-390), pregava que Cristo era divino mas não humano (apolinarismo). Ele entendia que Jesus Cristo não possuía uma alma racional humana, a alma divina (ou logos) teria tomado o lugar da alma humana. As ideias de Apolinário foram condenadas no concílio de Constantinopla no ano 381.
A última heresia que negava a humanidade de Cristo foi o eutiquianismo. Essa heresia era defendida por um monge de Constantinopla chamado Eutiques. Ele defendia que a natureza divina de Cristo absorveu a natureza humana. Nesse sentido, Cristo teria apenas uma natureza após a união, a divina, revestida de Carne humana. O eutiquianismo, conhecido posteriormente como monofisismo, foi condenado em Calcedônia e continuou exercendo influência sobre Cristãos do Egito, Etiópia, Síria, Armênia e outras regiões. Em oposição ao monofisismo, o concílio de Calcedônia reconhecia o diofisismo (duas naturezas).
A segunda classe de heresias cristológicas é aquela referente aos ensinamentos que negam a divindade de Cristo. São Elas: ebionismo, o adocionismo e o arianismo.
Os ebionistas defendiam uma heresia surgida em Israel no final do primeiro século. O ebionismo parece ter desaparecido conforme a igreja foi se tornando cada vez mais gentílica e menos judaica. O nome é derivado do hebraico “’ebyôn”, que significa “pobre”, “necessitado”, etc. O ensino ebionista era que Jesus Cristo não era Deus, mas somente um profeta extraordinário, o qual se identificava com os pobres (daí o nome), sendo filho natural de José e Maria. Segundo Berkhof (1992, p.43), os ebionistas “negavam tanto a divindade de Cristo como o seu nascimento virginal”.
Outra heresia que negava a divindade de Cristo foi o adocionismo. O ensinamento por trás dessa heresia era que Jesus era simplesmente um homem virtuoso, tão submisso ao Pai que este o adotou como o salvador dos homens. Tal doutrina foi ensinada por Paulo de Samosata, bispo de Antioquia. Segundo ele, Jesus teria sido iluminado por Deus de maneira extraordinária, sendo progressivamente aperfeiçoado até que ele tornou-se Cristo, o filho de Deus com uma posição divina. Porém, filho por “adoção”, não por natureza. Logo, a existência eterna de Cristo com o pai foi negada pelos adocionistas também.
Por último, o arianismo foi a principal heresia dos primeiros séculos da história do cristianismo. Ário foi um bispo de Antioquia que ensinava que Cristo era apenas uma criatura, não o Deus eterno. Uma expressão típica desse movimento era que “houve um tempo quando Cristo não era”. Os debates em torno dessa doutrina resultaram na formulação de uma das mais importantes confissões de fé cristãs: o credo de Nicéia, elaborado no primeiro grande concílio da igreja em 325 na cidade de Nicéia (atual İznik, Turquia).
O surgimento de heresias na história da igreja tem conduzido servos de Deus a debates com o objetivo de definir o ensinamento correto das Escrituras. No entanto, mesmo em meio a tantas controvérsias, o Senhor cuidou de preservar a sua verdade através dos séculos.


___________Referências:FERREIRA, Franklin & Alan Myatt. Teologia sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007. BERKHOF, Louis. A história das doutrinas cristãs. São Paulo: Pes, 1992.
Fonte: Bereianos


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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O Direito de Governar - Por Pr. J Miranda



Autoridade é o direito de governar, de mandar, de exercer domínio. A palavra grega exousia, traduzida para o português como autoridade em Mateus 28.18-20, literalmente significa “aquilo que emerge do ser”. É o direito de governar que emerge das presentes condições (estado de ser) ou da relação em que alguém se encontre. Um pai tem o direito de governar em virtude da relação ordenada por Deus que o pai tem com seu filho. Jesus tem o direito de governar em virtude do seu presente estado de ser, ou condição, como aquele que venceu o pecado, a morte e o inferno.
Assim, antes de o Senhor Jesus comissionar os seus discípulos, ele asseverou a sua autoridade para fazê-lo. Eis aqui a reivindicação de autoridade universal e ilimitada. Devemos notar primeiro a fonte de sua autoridade: ele a recebeu de seu Pai. Em seu estado de humilhação (a sua vida terrena antes da ressurreição), ele possuía autoridade, mas havia voluntariamente limitado o seu exercício. Contudo, em algumas ocasiões ele a asseverou com grande poder.

Cremos que o Bom Deus, depois de ter criado a todas as coisas, não as abandonou nem as entregou ao acaso ou à sorte, mas as dirige e governa conforme sua santa vontade de tal maneira que, neste mundo, nada acontece sem a sua determinação. O HOMEM PODE ATÉ PLANEJAR, SONHAR, no entanto, saiba: "A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda a determinação."- Provérbios 16.33. Portanto amados, Deus não sonha, não pensa, ele faz, porque sonhar, pensar é algo puramente humano, Deus tem decretos. E a Bíblia nos diz que nenhum dos seus planos pode ser frustrado (Jó 42.2). Sendo verdadeiro, podemos crer e descansar que Deus está no controle de tudo. Ele é Senhor, sua vontade vai sempre reinar. 

domingo, 26 de outubro de 2014

Calvino e a Providência de Deus - Por Pr J Miranda


      
  Calvino reflete acerca do caráter precário e incerto da vida humana sobre a terra. Sua doutrina da providência não reflete um otimismo piedoso, mas resulta de uma avaliação realista das vicissitudes da vida e da ansiedade que elas produzem.
        Ele critica duas concepções errôneas: o fatalismo e o deísmo. A doutrina estóica do destino pressupõe que todos os eventos são governados pela necessidade da natureza. Calvino pondera que, na concepção cristã, o “regente e governador de todas as coisas” não é uma força impessoal, mas o Criador pessoal do universo, que em sua sabedoria decretou desde a eternidade o que iria fazer e agora em seu poder realiza o que decretou.
        Ele também combate a idéia de que Deus fez o mundo no princípio, mas depois o deixou entregue a si mesmo. Como mostram as Escrituras, Deus está contínua e eficazmente envolvido no governo da sua criação. Assim, a providência é uma espécie de continuação do processo criador, tanto nos grandes como nos pequenos eventos.
        Essa ênfase na atividade imediata e direta de Deus no mundo leva Calvino a rejeitar a teoria traducianista da origem da alma, a idéia de que a alma é transmitida de geração a geração pelo processo da procriação humana (Lutero). Calvino cria que, toda vez que uma criança é gerada, Deus cria uma nova alma ex nihilo.
        Apesar de sua interação direta com o mundo, Deus também pode usar causas secundárias para realizar a sua vontade. Ele pode até mesmo usar instrumentos maus (como Satanás e suas hostes), transformando o mal em bem.
        Se Deus decreta cada evento, onde fica a responsabilidade humana? Calvino responde que a providência de Deus não atua de modo a negar ou tornar desnecessário o esforço humano. As próprias ações humanas são um dos meios pelos quais Deus realiza os seus propósitos.
        O governo divino de todos os eventos não torna Deus o autor do pecado? Assim como Lutero, Calvino distingue entre a vontade revelada e a vontade oculta de Deus. Ao enviar Cristo para a cruz, a Bíblia diz que Herodes e Pilatos estavam cumprindo o que Deus havia determinado (Atos 4.27-28). Ao mesmo tempo, eles também estavam violando a vontade expressa de Deus revelada em sua lei.
        Vez após vez Calvino apela ao mistério e incompreensibilidade das ações de Deus. O problema do mal é tão difícil precisamente porque não podemos entender como as tragédias da vida contribuem para a maior glória de Deus.
        A fé verdadeira percebe que, por trás dos sofrimentos, que em si mesmos são maus, existe um Pai de justiça, sabedoria e amor que prometeu nunca abandonar-nos. Nessas questões, não se pode submeter Deus aos padrões humanos de julgamento.

Institutas

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A Minha Alma Confia Somente no Senhor - Por Pr. J Miranda

Salmo 39:6-8                                         

                   Queridos irmãos, não há ninguém em quem possamos esperar com tanta certeza de ajuda, como no Deus do Céu, o Senhor da vida.

                   Na verdade, Ele é o Único Senhor que não muda. Mudarão os céus e a terra, o mar, governantes, e tudo o que nele há, mas a Palavra, o Verbo de Deus, jamais mudará! Permanece igual a Si mesmo para sempre, portanto, podemos confiar na Sua Pessoa como  governante fiel.

                   Ele jamais se esquecerá de nós, pois deu a Sua vida para nos comprar por bom preço, um preço incomparável. Como se esqueceria de vós? "Ainda que a mulher se esqueça do filho que gerou nas suas entranhas e se não compadeça dele, Eu não me esquecerei de ti, pois na palma das minhas mãos te tenho gravado e te tenho continuadamente perante os meus olhos..." ( Isaías 49:15-16).

                  "Espera no Senhor, anima-te e fortalece o teu coração; espera somente em Deus" (Salmo 27:14). "Confia no Senhor e faz o bem, habitarás na terra e verdadeiramente serás  sustentado" (Salmo 37:3). "Espera no Senhor e guarda os Seus caminhos e Ele te exaltará para sempre". A promessa é verdadeira!

                    Neste mundo de incertezas, de promessas falíveis, de contratos corruptos e enganadores, em quem confiaremos? Em quem poremos a nossa esperança? Eu direi como o salmista: "Agora, Senhor, espero em Ti"! A “minha esperança está somente em Ti, pois só Tu és fiel para sempre e não podes negar-Te a Ti mesmo”.

                    Em quem tens posto a tua esperança? No dinheiro, que os ladrões roubam e minam? Na ciência, que hoje é verdade, mas amanhã já não? Nas religiões e nos ídolos, que nada podem fazer?  Nos políticos, que mentem com todas as suas forças?


                    A minha alma confia somente em Deus! A minha esperança está no Senhor que fez os céus e a terra!

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Atentos as Exigências do Santo Espírito




A Questão do Sangue 

Leitura: Levítico 17.10; Atos 15.28-29

No primeiro concílio realizado pela igreja, em 49 d.C., na cidade de Jerusalém, a questão do sangue mereceu consideração. A pergunta era: deve o cristão obedecer à lei de Moisés? Tiago apresenta um conjunto de quatro mandamentos necessários: “que se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue”.
É proibido comer a carne de animais com sangue?
É muito claro na Bíblia que a idolatria e a fornicação são proibidas (1Co 10.14; 1Jo 5.21; Cl 3.5; 1Ts 4.3; Ef 5.3). Mas quanto a comer carne com sangue, este preceito vale para os crentes de todas as épocas e lugares ou era uma recomendação para aquele momento específico? O crente deve abster-se de comer sangue, hoje?

Alguns dizem: NÃO
Os que defendem que a proibição era apenas para aquele momento argumentam que Tiago faz um resumo das leis dadas aos estrangeiros para que fossem aceitos minimamente em Israel (Lv 17, 18). Não era o conjunto total de regras para os cristãos, pois deixaria de fora diversos outros mandamentos, como não matar, não roubar, não mentir, etc. Embora os cristãos não estivessem sob a lei mosaica (Rm 6.14; Gl 5.18), o concílio, inspirado pelo Espírito Santo, julgou que era “necessário” que se abstivessem do sangue para que pudesse haver harmonia entre os irmãos judeus e gentios. Os cristãos gentios deviam respeitar seus irmãos judeus por meio da observação dessas práticas, para que assim não fossem "causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus" (1 Co 10.32). Estes que não consideram esta proibição dizem que Jesus apresenta as regras da lei quanto à comida como anuladas (Mc 7.18,19) e o apóstolo Paulo segue o mesmo princípio (1 Co 10.24-31; Cl 2.16,20-23; 1 Tm 4.1-5), mas ressalta que o crente deve abster-se de fazê-lo quando isto puder causar escândalo para alguém (1 Co 8.13; 14.13-21). Pedro também entende desta forma, a partir da revelação que recebeu (At 10). Assim, a determinação do Novo Testamento de se abster de comer sangue, carne de animais sufocados e coisas sacrificadas aos ídolos seria uma medida de amor, não uma lei restritiva. O caso das relações sexuais ilícitas, embora conste do mesmo capítulo e da mesma recomendação apostólica, é diferente do comer sangue e carne de animais sufocados, pois fazem parte da Lei Moral, os 10 mandamentos. Por isso, essa recomendação apostólica que se refere às relações sexuais ilícitas continua em vigor na igreja do Novo Testamento.

Outros dizem: SIM
Os que consideram pecado comer a carne com sangue argumentam que este mandamento era anterior à lei (Gn 9.3,4; 19.1-25; 34.31; 35.2-4). Após o Dilúvio, não havendo ainda vegetação suficiente para alimentar o homem e os animais, Deus permite ao homem comer carne de animais, porém com o cuidado de tirar-lhe previamente o sangue. Na lei de Moisés, este mandamento é reforçado e ampliado (Lv 3.17; 7.22-27; 17.10, 11, 14; 19.26; Dt 12.16, 23-25; 1Sm 14.33), acrescido de outras regras que restringiam o consumo de carne e gordura (Lv 11.1-47). O que reforça a proibição em At 15 é o fato de estar agrupada com outras claramente expressas na Palavra de Deus. Os que a defendem argumentam que se a proibição quanto a comer sangue não pretendesse ser universal, então a proibição contra a fornicação e a idolatria também não teriam a intenção de serem universais. Os textos do NT que liberam o crente das restrições alimentares da lei dizem respeito ao consumo de carne, mas não incluem o sangue dos animais e nem todas as comidas e bebidas, como drogas e bebidas alcoólicas.Portanto, podemos entender que embora a proibição de comer sangue e carne de animais sufocados tenha sido ratificada no NT num contexto de preservação da harmonia entre os irmãos, Deus a deu no momento em que a carne foi dada como alimento ao homem e em nenhum momento, nem no AT, nem no NT, esta foi revogada e faz bem o crente que se abstiver destas coisas.
Por que não comer sangue?
Esta proibição foi dada para inspirar no homem o respeito pelo sangue. Pelo sangue se respeita a vida, da qual o mesmo é símbolo.Existe outra razão de aspecto higiênico: O sangue não deve servir de alimento, porque é bastante indigesto, pelas albuminas bem resistentes dos seus glóbulos vermelhos e, ainda, pelo teor elevado de pigmento ferruginoso que os mesmos contêm. Além disso, o sangue se corrompe facilmente, putrefazendo-se. Ao sair dos vasos coagula-se, dividindo-se em uma parte sólida (o coalho) e outra líquida (o soro). E então, não tendo mais vida, fica sujeito aos germes que o transformam inteiramente, dando-lhe aspecto e cheiro repelentes. Compreende-se logo o que vai de perigoso no uso de alimento corrompido, cheio de toxinas venenosas, que causam grave dano à saúde e até a morte. Daí a sabedoria da Bíblia, mandando derramá-lo na terra, que o absorve.O crente que quiser abster-se de sangue e de estrangulados, que o faça, nisto glorificando a Deus: Queridos irmãos, destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde.




quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Os sonhos de Deus? Thomas Magnum




Uma pergunta dessas no século dezesseis seria absurda. Nos anais da reforma protestante encontramos discursos, tratados, sermões, confissões, catecismos e declarações de fé que vão dizer que Deus é soberano e que é o governador absoluto do universo. No entanto, vivemos momentos estreitos nas terras tupiniquins onde Deus leva porta na cara, como diz a música de uma celebridade do gospel nacional, Deus pede permissão para operar na vida de alguém. Esse não é o Deus das Escrituras! A frouxidão doutrinaria no ranço da musicalidade evangélica brasileira é repleto de heresias, desvios doutrinários e sorrateiras doses de liberalismo, libertinagem, pluralismo, hedonismo e blasfêmias a sã doutrina.Tive o desprazer de ver algumas vezes os surtos de modinhas na música gospel no Brasil. Um tempo desses, todos cantavam sobre chuva, tudo era chuva. Depois,apaixonados por Deus, aí todo mundo cantava que estava apaixonado. E dentre tantas modas musicais no meio gospel, surge os sonhos de Deus. Eu pergunto: onde está escrito que Deus sonha? Alguém que sonha é porque não tem perspectiva do futuro, não tem domínio sobre a história, tal afirmativa diminui a soberania de Deus e o coloca como um Deus frustrado que não pode agir na criação, invalida a doutrina da providência que é o cumprimento histórico dos decretos de Deus. Se Deus sonha, então o cumprimento de seu sonho depende de quem para se cumprir? Alguém que sonha não tem poder em si mesmo desamparado por causas externas para cumprir o fato. Sei que quem tem cantado isso não acredita que existe um Deus acima de Deus, mas muitas vezes em nome da licença poética se ultrapassa os ensinos da sã doutrina, isso é muito perigoso.A Confissão Fé de Westminster diz sobre os decretos de Deus:Desde de toda a eternidade e pelo mui sábio e santo conselho de sua própria vontade, Deus ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece. ¹A confissão de fé Belga nos diz:Cremos que o Bom Deus, depois de ter criado a todas as coisas, não as abandonou nem as entregou ao acaso ou à sorte, mas as dirige e governa conforme sua santa vontade de tal maneira que, neste mundo, nada acontece sem a sua determinação. ²É interessante notarmos aqui que o emprego da palavra sonho carrega nessas músicas um aparato semântico, ou seja, o significado de sonho aqui é idealização, aspiração por algo bom para o futuro. Vemos na Bíblia, principalmente no Antigo Testamento, alguns sonhos; o copeiro de Faraó, o próprio Faraó, Nabucodonosor. Notamos, no entanto, que os sonhos foram dados por Deus e também sua interpretação, os sonhos ali tinham um porque, Deus deu aqueles sonhos e deu a interpretação, por quê? Simplesmente porque ele domina a história, ele diz o que irá acontecer.Vejamos alguns textos bíblicos:"Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o SENHOR, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas. " - Isaías 45.6,7"Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!" - Romanos 11.33"A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda a determinação."Provérbios 16.33 Portanto, Deus não tem sonhos, porque sonhar é algo puramente humano, Deus tem decretos e planos. E a Bíblia nos diz que nenhum dos seus planos pode ser frustrado (Jó 42.2). A teologia esboçada no gospel infelizmente está cheia de erros e problemas doutrinários. Infelizmente vivemos na geração que mais canta nas igrejas, mas também a mais analfabeta de Bíblia. Shows, eventos e entretenimento tomaram o lugar da meditação, do estudo, da leitura e da pregação da Palavra. Não sou contra todas as formas de entretenimento, devemos ter momentos de recreação e relaxamento, isso é bom e é bíblico, mas a verdade das Escrituras não pode ser negociada, o Senhorio de Cristo deve ser a tônica do culto, das canções e de tudo que fizermos em nossa vida. Que Deus nos ajude, minha oração é que Ele levante uma geração que ama as Escrituras Sagradas e não os prazeres que as vãs filosofias oferecem.Sola Scriptura,  Solus Crhistus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria!