Nascido na Inglaterra em 1494 graduou-se ainda jovem na Universidade de Oxford em 1515. Aos 30 anos de idade fez uma promessa e determinou-se a cumpri-la até o fim de seus dias.
Para um sacerdote que queria pouco mais do que um lugar tranqüilo para traduzir a Bíblia, William Tyndale teve aventuras incomuns em sua vida. Ele foi caçado pela Europa por agentes secretos e foi pego enquanto imprimia secretamente o seu Novo Testamento em inglês. Ele foi mais tarde seqüestrado por um espião e morto como um herege quando tinha pouco mais de quarenta anos. E tudo isso por ter traduzido a Bíblia para o inglês.
Seus superiores católicos não aprovavam o projeto. Eles o associaram ao crescimento protestante, que ensinava que a Bíblia, não a Igreja, era a voz de Deus na terra. De fato, Tyndale estava alinhado com o movimento protestante. É possível observar nos comentários inseridos na sua Bíblia e também através das suas cartas, uma relação muito estreita com os princípios da Reforma Protestante. Ao contrário do Catolicismo, o Protestantismo sempre esteve, desde a sua gênese, ligado profundamente à tradução da Bíblia.
DE SACERDOTE A FUGITIVO
Apesar de educado em Oxford e Cambridge, e então, ordenado como um sacerdote, tudo que Tyndale queria era traduzir a Bíblia das línguas originais, hebraico e grego, para o inglês. Como um lingüista talentoso, ele parecia ser a pessoa certa para aquela tarefa. Ele dominava pelo menos sete línguas, incluindo as línguas bíblicas antigas.
Em 1523, em torno dos seus trinta anos, ele foi a Londres e pediu permissão do Bispo Cuthbert Tunstall para iniciar o trabalho de tradução. Essa atitude revela astúcia, porque o Bispo era um intelectual e amigo de Erasmo, o teólogo holandês que havia publicado a primeira edição grega do Novo Testamento e que escreveu no prefácio que desejava que a Bíblia fosse traduzida para todas as línguas. Tunstall, entretanto rejeitou o pedido de Tyndale, aparentemente temendo que uma Bíblia que o povo comum pudesse entender encorajaria o movimento da Reforma iniciado por Martinho Lutero, que levou Tyndale a concluir que “não somente não havia lugar na soberania do palácio de Londres para traduzir o Novo Testamento, mas também não havia lugar para fazê-lo em toda a Inglaterra”.
Com o patrocínio financeiro do seu amigo, Humphrey Munmouth, um rico vendedor de tecidos, Tyndale saiu da Inglaterra no ano seguinte para encontrar um lugar seguro para trabalhar. Ele nunca mais voltaria à Inglaterra. Ele mudou-se para Hamburgo, na Alemanha, e, em agosto de 1525, havia concluído a tradução do Novo Testamento grego de Erasmo para o inglês. Tyndale conseguiu um impressor em Colônia, mas o trabalho de impressão foi interrompido quando os oponentes do movimento protestante atacaram a tipografia. Tyndale, entretanto soube dos planos deles, salvou as páginas que já haviam sido impressas e escapou. Uma impressora na cidade de Worms, onde havia uma mentalidade mais favorável à Reforma, completou o trabalho, e as 6.000 cópias foram contrabandeadas para a Inglaterra em barris de farinha e em peças de tecido.
QUEIMANDO A BÍBLIA E O TRADUTOR
O Bispo Tunstall ficou horrizado quando descobriu a respeito das Bíblias. Ele ordenou que todas as cópias na sua Diocese fossem queimadas. Então, secretamente, planejou comprar todo o resto da produção de Tyndale. “Os livros são errados e maldosos”, ele disse a um vendedor que ele acreditava estar envolvido com Tyndale, “e eu tenho a intenção de destruir todos eles”. O vendedor estava, sim, envolvido, mas era um amigo do tradutor. Tyndale concordou em vender as Bíblias e usar o dinheiro para pagar por edições melhores, que ele publicou em 1534 e 1535
Por essa época, Tyndale estava bem encaminhado com uma tradução do Antigo Testamento. Ele completou os cinco primeiros livros da Bíblia, bem como Jonas, e os Livros de Josué a 2 Crônicas. Um de seus amigos, Miles Coverdale, concluiu a tradução do Velho Testamento, baseada na tradução de seu companheiro. Mas ele não viveu para vê-los impressos.
Tyndale passou a mudar-se constantemente para livrar-se de agentes ingleses e da Igreja enviados para prendê-lo. Enquanto vivia em Antuérpia, Tyndale foi enganado por um agente inglês que afirmava que era a fvaor do movimento protestante que começava a tomar forma. O agente convenceu Tyndale a dar uma caminhada pela cidade. Então, quando eles entraram num beco estreito, ele sinalizou para dois soldados que o esperavam. Eles pegaram Tyndale e o levaram para a prisão estadual próximo de Bruxelas, que ficava a 16 quilômetros de distância.
Em algum momento durante o ano e meio que Tyndale passou na prisão, ele escreveu uma carta que tem muita semelhança com uma das mensagens de Paulo a Timóteo e que dá a entender que ele ainda estava trabalhando na sua tradução do Antigo Testamento. Ela foi escrita em latim e enviada a uma autoridade cujo nome é desconhecido:
Eu imploro a vossa senhoria... que peça ao comissário que tenha a bondade de me enviar, dos meus bens que ele possui, um gorro mais quente, porque tenho sentido muito frio em minha cabeça... e também um casaco mais quente, porque o que tenho é muito fino; uma peça de tecido ainda para remendar as minhas calças... Mas, acima de tudo, eu imploro... para ter a Bíblia Hebraica, a gramática do hebraico e o dicionário do hebraico, para que eu possa passar o meu tempo estudando.
Tyndale foi julgado não somente por publicar o Novo Testamento em inglês, mas também por ter um pensamento semelhante ao de Lutero. Introduções e notas nas margens de sua Bíblia revelaram a sua teologia. Ele acreditava na salvação através da fé, não através da Igreja. Ele negava a existência do purgatório. Ele argumentava que a virgem Maria e os santos não intercediam por nós e que não deveríamos orar para eles.
Para um sacerdote que queria pouco mais do que um lugar tranqüilo para traduzir a Bíblia, William Tyndale teve aventuras incomuns em sua vida. Ele foi caçado pela Europa por agentes secretos e foi pego enquanto imprimia secretamente o seu Novo Testamento em inglês. Ele foi mais tarde seqüestrado por um espião e morto como um herege quando tinha pouco mais de quarenta anos. E tudo isso por ter traduzido a Bíblia para o inglês.
Seus superiores católicos não aprovavam o projeto. Eles o associaram ao crescimento protestante, que ensinava que a Bíblia, não a Igreja, era a voz de Deus na terra. De fato, Tyndale estava alinhado com o movimento protestante. É possível observar nos comentários inseridos na sua Bíblia e também através das suas cartas, uma relação muito estreita com os princípios da Reforma Protestante. Ao contrário do Catolicismo, o Protestantismo sempre esteve, desde a sua gênese, ligado profundamente à tradução da Bíblia.
DE SACERDOTE A FUGITIVO
Apesar de educado em Oxford e Cambridge, e então, ordenado como um sacerdote, tudo que Tyndale queria era traduzir a Bíblia das línguas originais, hebraico e grego, para o inglês. Como um lingüista talentoso, ele parecia ser a pessoa certa para aquela tarefa. Ele dominava pelo menos sete línguas, incluindo as línguas bíblicas antigas.
Em 1523, em torno dos seus trinta anos, ele foi a Londres e pediu permissão do Bispo Cuthbert Tunstall para iniciar o trabalho de tradução. Essa atitude revela astúcia, porque o Bispo era um intelectual e amigo de Erasmo, o teólogo holandês que havia publicado a primeira edição grega do Novo Testamento e que escreveu no prefácio que desejava que a Bíblia fosse traduzida para todas as línguas. Tunstall, entretanto rejeitou o pedido de Tyndale, aparentemente temendo que uma Bíblia que o povo comum pudesse entender encorajaria o movimento da Reforma iniciado por Martinho Lutero, que levou Tyndale a concluir que “não somente não havia lugar na soberania do palácio de Londres para traduzir o Novo Testamento, mas também não havia lugar para fazê-lo em toda a Inglaterra”.
Com o patrocínio financeiro do seu amigo, Humphrey Munmouth, um rico vendedor de tecidos, Tyndale saiu da Inglaterra no ano seguinte para encontrar um lugar seguro para trabalhar. Ele nunca mais voltaria à Inglaterra. Ele mudou-se para Hamburgo, na Alemanha, e, em agosto de 1525, havia concluído a tradução do Novo Testamento grego de Erasmo para o inglês. Tyndale conseguiu um impressor em Colônia, mas o trabalho de impressão foi interrompido quando os oponentes do movimento protestante atacaram a tipografia. Tyndale, entretanto soube dos planos deles, salvou as páginas que já haviam sido impressas e escapou. Uma impressora na cidade de Worms, onde havia uma mentalidade mais favorável à Reforma, completou o trabalho, e as 6.000 cópias foram contrabandeadas para a Inglaterra em barris de farinha e em peças de tecido.
QUEIMANDO A BÍBLIA E O TRADUTOR
O Bispo Tunstall ficou horrizado quando descobriu a respeito das Bíblias. Ele ordenou que todas as cópias na sua Diocese fossem queimadas. Então, secretamente, planejou comprar todo o resto da produção de Tyndale. “Os livros são errados e maldosos”, ele disse a um vendedor que ele acreditava estar envolvido com Tyndale, “e eu tenho a intenção de destruir todos eles”. O vendedor estava, sim, envolvido, mas era um amigo do tradutor. Tyndale concordou em vender as Bíblias e usar o dinheiro para pagar por edições melhores, que ele publicou em 1534 e 1535
Por essa época, Tyndale estava bem encaminhado com uma tradução do Antigo Testamento. Ele completou os cinco primeiros livros da Bíblia, bem como Jonas, e os Livros de Josué a 2 Crônicas. Um de seus amigos, Miles Coverdale, concluiu a tradução do Velho Testamento, baseada na tradução de seu companheiro. Mas ele não viveu para vê-los impressos.
Tyndale passou a mudar-se constantemente para livrar-se de agentes ingleses e da Igreja enviados para prendê-lo. Enquanto vivia em Antuérpia, Tyndale foi enganado por um agente inglês que afirmava que era a fvaor do movimento protestante que começava a tomar forma. O agente convenceu Tyndale a dar uma caminhada pela cidade. Então, quando eles entraram num beco estreito, ele sinalizou para dois soldados que o esperavam. Eles pegaram Tyndale e o levaram para a prisão estadual próximo de Bruxelas, que ficava a 16 quilômetros de distância.
Em algum momento durante o ano e meio que Tyndale passou na prisão, ele escreveu uma carta que tem muita semelhança com uma das mensagens de Paulo a Timóteo e que dá a entender que ele ainda estava trabalhando na sua tradução do Antigo Testamento. Ela foi escrita em latim e enviada a uma autoridade cujo nome é desconhecido:
Eu imploro a vossa senhoria... que peça ao comissário que tenha a bondade de me enviar, dos meus bens que ele possui, um gorro mais quente, porque tenho sentido muito frio em minha cabeça... e também um casaco mais quente, porque o que tenho é muito fino; uma peça de tecido ainda para remendar as minhas calças... Mas, acima de tudo, eu imploro... para ter a Bíblia Hebraica, a gramática do hebraico e o dicionário do hebraico, para que eu possa passar o meu tempo estudando.
Tyndale foi julgado não somente por publicar o Novo Testamento em inglês, mas também por ter um pensamento semelhante ao de Lutero. Introduções e notas nas margens de sua Bíblia revelaram a sua teologia. Ele acreditava na salvação através da fé, não através da Igreja. Ele negava a existência do purgatório. Ele argumentava que a virgem Maria e os santos não intercediam por nós e que não deveríamos orar para eles.
Em agosto de 1536, Tyndale foi condenado como culpado de heresia. Dois meses depois ele foi acorrentado a uma estaca onde um executor publicamente o estrangulou com uma corda e, então, queimou o seu corpo. Suas últimas palavras foram: “Senhor, abra os olhos do Rei da Inglaterra”, e enquanto ele falava, o clima estava mudando na Inglaterra. O Rei Henrique VIII, que havia sido incapaz de assegurar a aprovação do Papa para divorciar-se de Catarina de Aragão, sua “vaca espanhola”, estava se afastando da Igreja Católica.
Um ano depois da morte de Tyndale, Bíblias que revelam forte influência do trabalho dele começaram a ser distribuídas na Inglaterra, com a aprovação do Rei. Na verdade, o trabalho de Tyndale foi a base para a tradução da maioria das traduções da Bíblia inglesa. O famoso biógrafo, David Daniell, estima que 83% do Novo Testamento na versão King James foram retirados da obra de Tyndale. Em dois anos, todas as paróquias foram encorajadas a ter uma cópia para o seu povo. E, dentro de cinco anos, as igrejas pagavam multas se não cumprissem a ordem.
“Se Deus poupar a minha vida por alguns anos, farei de tudo para que um menino que correr atrás do arado saiba mais da Bíblia do que vocês”.
William Tyndale falando ao clero
Um ano depois da morte de Tyndale, Bíblias que revelam forte influência do trabalho dele começaram a ser distribuídas na Inglaterra, com a aprovação do Rei. Na verdade, o trabalho de Tyndale foi a base para a tradução da maioria das traduções da Bíblia inglesa. O famoso biógrafo, David Daniell, estima que 83% do Novo Testamento na versão King James foram retirados da obra de Tyndale. Em dois anos, todas as paróquias foram encorajadas a ter uma cópia para o seu povo. E, dentro de cinco anos, as igrejas pagavam multas se não cumprissem a ordem.
“Se Deus poupar a minha vida por alguns anos, farei de tudo para que um menino que correr atrás do arado saiba mais da Bíblia do que vocês”.
William Tyndale falando ao clero