segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O que Edir Macedo diz e o que a Bíblia diz sobre cura




Edir Macedo diz:
“A tradição religiosa ensina que devemos pedir todas as coisas dizendo ‘se for da vontade de Deus’. Conseqüentemente, poucas pessoas têm experimentado milagres de cura. Parece contraditório, mas a realidade é que muitos cristãos, e até pastores, acreditam que ‘talvez não seja da vontade de Deus curar’. Isso é diabólico, falso, abominável”. (“Folha Universal”, 4/05/08, p. 3.)


A Bíblia diz:
A nossa vontade nem sempre coincide com a vontade de Deus e a vontade de Deus deve ser levada a sério. Na oração modelo, o Senhor Jesus mesmo coloca em nossos lábios o respeito pela soberania de Deus: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10). O próprio Jesus, em sua tremenda agonia no Getsêmani, três vezes seguidas suplicou a suspensão do cálice do sofrimento sem abrir mão da submissão devida a Deus: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres” (Mt 26.39). Mesmo convencido várias vezes pelo Espírito de que passaria por prisões e sofrimentos em Jerusalém (At 20.22-24), o que foi confirmado dramaticamente por um profeta chamado Ágabo, o apóstolo Paulo não desistiu da viagem, apesar do pedido de Lucas e dos crentes de Cesaréia, que acabaram descobrindo que essa era a vontade de Deus (At 21.10-14).

A Bíblia diz que Davi já havia se arrependido do seu adultério e que a mão do Senhor já não pesava mais dia e noite sobre a sua cabeça (Sl 32.1-5), quando seu jejum e oração chorosos em favor da criancinha gravemente enferma não foram atendidos (2Sm 12.15-23).

Havia muitos leprosos em Israel (povo eleito) no tempo de Eliseu, todavia nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o gentio (Lc 4.27).

Timóteo era um homem doente. É Paulo quem nos dá esta informação: “Tome um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas freqüentes enfermidades” (1Tm 5.23). Ora, será que sua avó Lóide, sua mãe Eunice, os presbíteros da igreja, Paulo (seu pai na fé e tutor eclesiástico) e ele mesmo, todos crentes, não oravam por sua cura?

Paulo foi obrigado a deixar Trófimo em Mileto, porque ele havia adoecido (2Tm 4.20). Cabe aqui a mesma pergunta: será que Paulo, os demais companheiros de viagem, a igreja de Mileto e o próprio Trófimo não clamaram em favor de cura?

É certo que a Bíblia encoraja a oração em favor dos doentes. É uma das obrigações da igreja, nem sempre levada avante: “Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, ele será perdoado” (Tg 5.14-15). Mas nem sempre o doente é levantado por Deus, não por falta de fé nem por ter cometido algum pecado não confessado. Muitos cristãos notáveis por este mundo afora adoecem, permanecem doentes e morrem.

A soberania de Deus tem que ser levada em conta. Ou será que a igreja primitiva não orou em favor de Estêvão, que foi apedrejado (At 7.54-59), nem de Tiago, irmão de João, que foi decapitado (At 12.1-2)? Será que ela só intercedeu em favor de Pedro, que foi milagrosamente libertado da prisão (At 12.3-19)?

Sindicato de mágicos
Acha-se disponível no Portal Domínio Público (www.dominiopublico.gov.br) a tese de doutorado em História Social intitulada “Sindicato de Mágicos: Uma História Cultural da Igreja Universal do Reino de Deus”, defendida em 2007 na Universidade Estadual Paulista (UNESP). A autoria é de Wander de Lara Proença, 38, professor de história do cristianismo, movimentos religiosos contemporâneos e Novo Testamento na Faculdade Teológica Sul-Americana, em Londrina, PR.


Fonte original da matéria acima: Revista Ultimato, edição Nº313 - Julho-Agosto 2008. Na íntegra: www.ultimato.com.br

domingo, 28 de setembro de 2014

A CRUZ DE CRISTO TEM PODER PARA CONQUISTA O MAL




Embora a palavra morte” esteja aproximadamente associada a fim, destruição ou ruína, há um convite a todos nós para que olhemos a crucificação de outro ângulo: vitória ou conquista.

Este vocábulo – vitória – estava presente nos lábios e na pena dos escritores do 2.º Testamento - "Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou". (Rm 8,37); "Mas graças sejam dadas a Deus, que nos concede sempre triunfar em Cristo, e que por nosso meio difunde o perfume do seu conhecimento em todo lugar". (2Cor 2,14). E não é sem motivo que cada uma das sete cartas do Ap 2-3, termina com a expressão “ao vencedor”. Paulo bradou - "Graças, porém, seja dado a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo!" (1Cor 15,57). E todo o caminhar triunfante da Igreja só se tornou possível por causa do sangue do Cordeiro –"Mas estes venceram-no por causa do sangue do Cordeiro e de seu eloqüente testemunho. Desprezaram a vida até aceitar a morte". (Ap 12,11), o que nos remete a cruz.

I.                    AS DIMENSÕES DA VITÓRIA DE CRISTO.

Em – "Espoliou os principados e potestades, e os expôs ao ridículo, triunfando deles pela cruz". (Cl 2,15) Paulo atesta que, na cruz, Jesus triunfou sobre o mal. Stott sustenta que embora a derrota decisiva que Deus, por meios de Cristo, trouxe a Satanás se tenha dado na cruz, há seis etapas descritas nas Escrituras que representam o desenvolvimento desta conquista.

Þ     A predição da conquista – Gn 3,15.

Ás vezes esquecemos que o chamado “proto-evangelho” (primeiro evangelho) é, na verdade, uma sentença passada à serpente. Ou seja, Gn 3,15 é uma palavra de Deus para a serpente e não para o primeiro casal.

Þ     O inicio da conquista no ministério de Jesus.

Há vários fatos que comprovam o desígnio de Satanás em se livrar de Jesus, porque sabia que ali estava seu  futuro conquistador.

·         A matança dos meninos por ordem de Herodes – Mt 2,1-18;
·         A tentação no deserto - Mt 4,1-11;
·         Alguns homens que, após a multiplicação dos pães, queriam fazer de Jesus um rei – sem a cruz – Jo 6,15;
·         A repreensão ao apóstolo Pedro – para trás de mim, Satanás” – Mt 16,21-23;
·         A traição de Judas em que Satanás havia, de fato, “entrado” – Jo 13,27.

Toda via, mesmo antes da crucificação, há evidencias da vitória de Jesus sobre o mal. A expulsão de demônios - "Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus!" (Mc 1,24), a cura da enfermidade – "Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, curando todas as doenças e enfermidades entre o povo". (Mt 4,23) e a própria natureza  se submetendo a Ele - "E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Silêncio! Cala-te! E cessou o vento e seguiu-se grande bonança". (Mc 4,39) são alguns exemplos, além do relato dos discípulos que voltam da missão e a declaração do Senhor – “Vi Satanás cair do céu como um raio.” Lc 10,17-20.

Þ     A realização da conquista.

Em três ocasiões, Jesus se referiu ao diabo como “o príncipe deste mundo”"Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo". (Jo 12,31);"Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo; mas ele não tem nada em mim". (Jo 14,30); "ele o convencerá a respeito do juízo, que consiste em que o príncipe deste mundo já está julgado e condenado". (Jo 16,11).

Acrescentando que ele estava preste a “vir” – no sentido da lançar sua última ofensiva – mas que seria “expulso” e “julgado”. Os intérpretes do 2.º Testamento tem visto nestas palavras de Jesus  uma referência antecipada à vitória que Jesus aplicaria sobre os poderes das trevas por ocasião da sua crucificação.

O texto de Cl 2,1-15 demonstra isto ao relatar dois fatos que ocorriam enquanto o Cordeiro de Deus era moído e transpassado. O perdão dos nossos pecados – O perdão veio mediante o cancelamento das dívidas. O triunfo sobre os poderes das trevas – De que maneira a cruz de Cristo é um triunfo sobre os poderes das trevas? Paulo usa três verbos para retratar e derrotar o mal – “despojar”, “expor” e “triunfar”. “Despojar” podia significar que Deus em Cristo “desnudou” os poderes das trevas  com se faz  com uma roupa imunda. E “desnudar” pode significar “desarmar”, “privar da posse ou poder”. Ele “publicamente os expôs ao desprezo” “fez deles um espetáculo público”. Parece-nos que há uma espécie de “jogo de palavras”, porque a crucificação era também a exposição do criminoso ao público, todavia, na morte de Jesus Cristo, quem estava sendo exposto não era Ele, que não tinha crime algum -"Quando os pontífices e os guardas o viram, gritaram: Crucifica-o! Crucifica-o! Falou-lhes Pilatos: Tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não acho nele culpa alguma". (Jo 19,6), mas os principados e potestades, que não conseguiram evitar que o Senhor não chegasse até a cruz, estes eram os verdadeiros desprezados e derrotados.“Triunfando sobre eles na cruz” é provavelmente uma referência à procissão de cativos que celebrava a vitória. “Foi como se a cruz, que era cheia de vergonha, houvesse sido transformada numa carruagem triunfal”! JOÃO Calvino.
Satanás adquire poder sobre o homem – condenado a viver distante de Deus através do pecado trazido ao mundo pela serpente. Cristo, ao cancelar e remover o pecado, desarmou, desacreditou e derrotou os poderes das trevas. Ele também venceu o mal mediante a resistência total às suas tentações - "E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz". (Fl 2,8).“Se Jesus tivesse desobedecido, desviando-se um pouquinho que fosse do caminho da vontade de Deus, o diabo teria ganhado um ponto e frustrado o plano da salvação” – Stott. A ressurreição foi a confirmação e o anúncio da conquista – At 2,24; Ef 1,20-23; 1Pe 3,22.

A cruz foi a vitória conquistada e a ressurreição a vitória endossada. Aquele que começou seu ministério anunciando a vida não poderia termina-lo tragado pela morte. E os poderes das trevas que haviam sido privados de suas armas e domínio na cruz, agora, como conseqüência da derrota, foram colocados sob os pés de Cristo e sujeitos a Ele.

Þ     A extensão da conquista.

A conversão é descrita na Bíblia não apenas como processo de levar os homens do pecado para Cristo, mas também de “convertê-los das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus”, “dos ídolos para servir o Deus vivo e verdadeiro”, “do império das trevas para o reino do filho do mundo”  - At 26,18; 1Ts 1,9; Cl 1,13 - . Isto significa  que a medida que pessoas vão se convertendo, as trevas se vão dissipando e a luz vai brilhando. O poder de Deus chega e o mal perde o controle ou domínio da vida escravizada.

Þ     A consumação da conquista.

Na verdade, a conquista do mal é um processo. Começou na cruz e caminhará até a consumação do século. Quando Cristo morre, a cabeça da serpente é esmagada e o diabo tem os seus dias contados. A partir daí, Deus está aguardando o Senhor colocar todos os seus inimigos debaixo dos seus pés – “Cristo ofereceu pelos pecados um único sacrifício e logo em seguida tomou lugar para sempre à direita de Deus, onde espera de ora em diante que os seus inimigos sejam postos por escabelo dos seus pés (Sl 109,1).” Hb 10,12-13. Quando isto acontecer, “todo o joelho se dobrará em sua presença e toda a língua confessará que ele é o Senhor”  - Fl 2,9-11. O diabo será jogado no lago de fogo, onde a morte e o inferno o seguirão .  Então,  quando todo o domínio, autoridade e poder do mal tiverem sido destruídos, o Filho entregará o reino ao Pai, e Ele será tudo em todos – Ap 20,10.14; 1Cor 15,24-28.

II.                  DESFRUTANDO DA VITÓRIADE CRISTO.

Nós precisamos, como cristãos aprender quem somos em Cristo Jesus. Olhando para alguns textos do 2.º Testamento, aprendemos que temos o “direito” de desfrutar de algumas coisas que Cristo conquistou pelo reino do Pai para nós, os seus co-herdeiros – 1Jo 2,13; Ef 2,5-6; Ap 3,21.

Entretanto, não é tão simples assim, porque embora o diabo tenha sido derrotado,ele ainda não admitiu a derrota. Na verdade, como diz o título de um livro, ele continua “vivo e ativo no planeta terra”. E isso traz muita tensão, tanto para a nossa teologia quanto para a nossa experiência. Parece um paradoxo:  recebemos a certeza de que aquele que é nascido de Deus “o maligno não lhe toca”, mas recebemos também aviso para vigiar porque o nosso adversário, o diabo, “anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar”– 1Jo 5,18; 1Pe 5,8.

Porem existe o dilema cristão-teológico do “já” e do “ainda não”. O reino de Deus já foi instaurado, Cristo já morreu por nossos pecados, Ele já triunfou sobre principados e potestades na cruz; mas a era antiga ainda não passou completamente. Já somos filhos de Deus, e não mais escravos; mas ainda não entramos na “liberdade da gloria dos filhos de Deus” – 1Jo 2,8; Rm 8,21. Sabemos que Jesus veio destruir as obras do diabo - "Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio". (1Jo 3,8). Vejamos quais são elas:

Þ     A cruz de Cristo aboliu a tirania da LEI.

Paulo diz - "Por conseguinte, a lei é santa e o mandamento é santo, e justo, e bom..". (Rm 7,12). Porém ela condena a desobediência, levando-nos assim à sua “maldição”  ou juízo - "Cristo remiu-nos da maldição da lei, fazendo-se por nós maldição, pois está escrito: Maldito todo aquele que é suspenso no madeiro (Dt 21,23)". (Gl 3,13). É nesse sentido que “Cristo é o fim da lei” e já não estamos “sob” ela - "Porque Cristo é o fim da lei, para justificar todo aquele que crê". (Rm 10,4). Contudo, isto não quer dizer que de agora em diante já não existem absolutos morais a não ser amor, ou que já não temos obrigação de obedecer a lei de Deus. O que acontece é que a lei não nos escraviza por meio da sua condenação ou maldição, porque não estamos “debaixo” dela  - "O pecado já não vos dominará, porque agora não estais mais sob a lei, e sim sob a graça". (Rm 6,14). Estamos “em Cristo” e já nenhuma condenação há para estes – Rm 8,1-4. devemos lembrar que na tentação de Jesus o maligno “usou” as Escrituras de forma errada. Ele ainda as usa para tentar escravizar os filhos de Deus, como instrumento de acusação ou condenação. Mas Cristo nos libertou da impossível missão de guardar a lei - "Porque julgamos que o homem é justificado pela fé, sem as observâncias da lei". (Rm 3,28); "Pois quem guardar os preceitos da lei, mas faltar em um só ponto, tornar-se-á culpado de toda ela". (Tg 2,10). Então, é neste sentido que recebemos a libertação da lei. Mas antes de encerrar este ponto, atente para esta frase – “Devo observar a lei não para ser salvo, mas porque já sou salvo.”

Þ     A cruz de Cristo desfez a tirania da CARNE.

A carne é a nossa natureza caída, herdade de Adão, a qual se abre para o pecado. Algumas das obras da carne são bem conhecidas de todos nós – imoralidade sexual; alcoolismo, idolatria, feitiçarias, ódio, ciúme, ira, inimizades, etc. Quem vive na prática destas e outras coisas semelhantes a estas, diz a Escritura - "Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo". (Jo 8,34); “Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!” (Gl 5,19-21). Nossa liberdade só é possível através de Jesus, pelo poder do Espírito Santo - "Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres". (Jo 8,36); "De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis," (Rm 8,13).

Þ     A cruz de Cristo anulou a tirania do MUNDO.

“Se a carne é ponto de apoio que o diabo tem dentro de nós, o mundo é o meio pelo qual ele exerce pressão de fora sobre nós” – Stott.

Esse “mundo” é a sociedade humana sem Deus que, por isso, abre suas portas para toda influencia maligna - "Sabemos que somos de Deus, e que o mundo todo jaz (está deitado, reciclado) sob o Maligno". (1Jo 5,19). As três coisas que caracterizam o mundo são “a concupiscência (desejo de coisas proibidas) da carne, a concupiscência  dos olhos e a soberba da vida”, Jesus, porém, replicou - "Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo". (Jo 16,33).

Ele venceu rejeitando, por completo, seus valores distorcidos e fixando os olhos somente na verdade do Pai, através de Cristo, também podemos vencer o mundo – “porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1 Jo 5,4-5). Nada tem mais poder  para nos afastar do mundanismo que a cruz de Cristo - "Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo". (Gl 6,14).

Þ     A cruz de Cristo destruiu a tirania da MORTE.

Esta verdade está muito clara em – “Porquanto os filhos participam da mesma natureza, da mesma carne e do sangue, também ele participou, a fim de destruir pela morte aquele que tinha o império da morte, isto é, o demônio, e libertar aqueles que, pelo medo da morte, estavam toda a vida sujeitos a uma verdadeira escravidão.” (Hb 2,14-15). O medo da morte é próprio do ser humano. É necessário lembrarmos que a morte é o salário do pecado, ou seja, é um castigo - "Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo," (Hb 9,27).

Paulo comparou a morte a um escorpião cujo aguilhão (ferrão) foi retirado, e a um conquistador militar  cujo poder foi quebrado - "A morte foi tragada pela vitória (Is 25,8). Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão (Os 13,14)?" (1Cor 15,55). Agora que Cristo tirou nossos pecados, que fomos perdoados, a morte já não nos pode causar danos, nem nos apavorar, mas ela ainda continua sendo um inimigo desnaturado, desagradável e indigno - "O último inimigo a derrotar será a morte, porque Deus sujeitou tudo debaixo dos seus pés". (1Cor 15,26). Jesus nos deu livramento ao proclamar – “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?” (Jo 11,25-26).

CONCLUINDO

O mal entrou no mundo através do pecado porque o homem abriu-lhe a porta. Para ele poder sair, Cristo teve de derramar seu precioso sangue não cruz, porque “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9,22b). No Apocalipse, a derrota de Satanás vem por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que homens deram, homens que mesmo em face da morte, não amarram a própria vida - "Mas estes venceram-no por causa do sangue do Cordeiro e de seu eloqüente testemunho. Desprezaram a vida até aceitar a morte". (Ap 12,11). Sendo assim, a vitória sobre o mal tem dois lados para a humanidade – crer no sangue do Cordeiro e confessar com a própria língua o senhorio de Jesus. Daí o livro de Provérbios nos ensinar que "Morte e vida estão à mercê da língua: os que a amam comerão dos seus frutos". (Pr 18,21). O mal já foi conquistado, mas o homem precisa crer naquele que conquistou.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Para Onde Vão os Mortos? - Por Pr. J Miranda



Sabemos que a resposta óbvia é "enterrados no cemitério", mas eu me refiro à alma dos que deixarão o mundo dos vivos. Podemos encontrar a resposta na palavra de Deus:
1- Imediatamente após a morte, as almas dos homens voltam a Deus. Seus corpos permanecem na terra, onde são destruídos – Eclesiastes 12.7   e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.
2- As almas dos mortos não caem em um estado de sono ou de inconsciência após a morte – Lucas 16.22   Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado.
16.23   No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.
16.24   Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
3 - As almas dos salvos em Cristo Jesus entram em um estado de perfeita santidade e alegria, na presença de Deus provando do seu maná, e reinam com Cristo, enquanto aguardam a ressurreição de seus corpos – Apocalipse 2.17 “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido.
4- Eles não têm poder de interceder pelos vivos ou tornar-se mediadores entre eles e Deus – Lucas 16.30   Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.

16.31   Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.

5- As almas dos perdidos não são destruídas após a morte, mas entram em um estado de sofrimento consciente e de escuridão, tirados da presença de Deus, enquanto esperam o dia do julgamento. Lucas - 16.27   Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna
16.28   porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento.
Não há outros estados além destes dois após a morte. Não há qualquer base bíblica para a doutrina do purgatório e nem da reencarnação. Cristo é quem purifica o pecador vivo do seu pecado – “o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado” (1Jo 1:7)
Conclusão:
Nem as almas dos salvos nem as dos perdidos podem voltar para a terra dos vivos após a morte. Todos os fenômenos considerados como a ação de almas desencarnadas devem ser atribuídos à imaginação humana ou à ação de demônios – Lucas - 16.26   “E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós”.

5 motivos por que você deve pregar sobre a ira de Deus - Por Rev. Steven J. Lawson


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O reformador de Genebra João Calvino disse: “A pregação é a exposição pública da Escritura pelo homem enviado de Deus, na qual o próprio Deus está presente em juízo e em graça”. O fiel ministério do púlpito requer a declaração tanto do juízo como da graça. A Palavra de Deus é uma espada afiada de dois gumes, que suaviza e endurece, conforta e aflige, salva e condena.
A pregação da ira divina serve como um pano de fundo negro, que faz o diamante da misericórdia de Deus brilhar mais do que dez mil sóis. É sobre a tela escura da ira divina que o esplendor da sua graça salvadora irradia mais plenamente. Pregar a ira de Deus exibe do modo mais resplandecente a sua graciosa misericórdia para com os pecadores.
Como trombeteiros sobre a muralha do castelo, que anunciam a vinda de uma catástrofe, os pregadores devem proclamar todo o conselho de Deus. Aqueles que ocupam os púlpitos devem pregar por inteiro o corpo de verdade das Escrituras, o que inclui tanto a ira soberana quanto o supremo amor. Eles não podem pegar e escolher o que querem pregar. Abordar a ira de Deus nunca é algo opcional para um pregador fiel – é um mandato divino.
Tragicamente, a pregação que lida com o juízo iminente de Deus está ausente de muitos púlpitos contemporâneos. Os pregadores se escusam ao falar da ira de Deus, isso quando não se silenciam por completo. Para magnificar o amor de Deus, muitos argumentam, o pregador deve minimizar a sua ira. Mas omitir a ira de Deus significa obscurecer o seu maravilhoso amor. Parece estranho, mas é falta de misericórdia omitir a declaração da vingança divina.
Por que a pregação da ira divina é tão necessária? Primeiro, o caráter santo de Deus a exige. Uma parte essencial da perfeição moral de Deus é o seu ódio pelo pecado. A.W. Pink assevera: “A ira de Deus é a santidade de Deus incitada a agir contra o pecado”. Deus é um “fogo consumidor” (Hebreus 12.29) que “sente indignação todos os dias” (Salmo 7.11) contra os ímpios. Deus “odeia a iniquidade” (45.7) e se enfurece contra tudo o que é contrário ao seu perfeito caráter. Ele irá, portanto, destruir (5.6) os pecadores no Dia do Juízo.
Todo pregador deve anunciar a ira de Deus, ou irá marginalizar a sua santidade, amor e justiça. Porque Deus é santo, ele está separado de todo pecado e, por conseguinte, em oposição a todo pecador. Porque Deus é amor, ele se deleita na pureza e, por necessidade, odeia tudo aquilo que é profano. Porque Deus é justo, ele deve castigar o pecado que viola a sua santidade.
Segundo, o ministério dos profetas a exige. Os profetas do passado proclamavam com frequência que os seus ouvintes, por causa de sua contínua impiedade, estavam acumulando para si mesmos a ira de Deus (Jeremias 4.4). No Antigo Testamento, mais de vinte palavras são usadas para descrever a ira de Deus, e essas palavras são usadas, em suas várias formas, num total de 580 vezes. De novo e de novo, os profetas falavam com imagens vívidas para descrever a ira de Deus derramada contra a impiedade. O último dos profetas, João Batista, escreveu acerca da “ira vindoura” (Mateus 3.7). De Moisés ao precursor de Cristo, houve um contínuo esforço para alertar os impenitentes do furor divino que os espera.
Terceiro, a pregação de Cristo a exige. Ironicamente, Jesus teve mais a dizer acerca da ira divina do que qualquer outro na Bíblia. Nosso Senhor falou sobre a ira de Deus mais do que falou sobre o amor de Deus. Jesus alertou acerca do “inferno de fogo” (Mateus 5.22) e da “destruição” eterna (7.13) onde há “choro e ranger de dentes” (8.12). Sem rodeios, Jesus foi um pregador do fogo do inferno e da condenação. Os homens nos púlpitos fariam bem em seguir o exemplo de Cristo em sua pregação.
Quarto, a glória da cruz a exige. Cristo sofreu a ira de Deus por todos aqueles que haveriam de invocá-lo. Se não há nenhuma ira divina, não há nenhuma necessidade da cruz, muito menos da salvação das almas perdidas. De que os pecadores precisariam ser salvos? Apenas quando reconhecemos a realidade da ira de Deus contra aqueles que merecem o juízo é que nós descobrimos que gloriosa notícia é a cruz. Muitos ocupantes de púlpito de hoje se vangloriam de terem um ministério centrado na cruz, embora raramente, se é que o fazem, pregam a ira divina. Isso é uma violação da própria cruz.
Quinto, o ensino dos apóstolos a exige. Aqueles que foram diretamente comissionados por Cristo foram incumbidos de proclamar tudo o que ele lhes havia ordenado (Mateus 28.20). Isso requer a proclamação da justa indignação de Deus contra os pecadores. O apóstolo Paulo advertia os descrentes do Deus que aplica ira (Romanos 3.5) e declara que somente Jesus pode nos “livrar da ira vindoura” (1Tessalonicenses 1.10). Pedro escreve sobre o “Dia do Juízo e da perdição dos homens ímpios” (2Pedro 3.7). Judas aborda a “pena do fogo eterno” (Judas 7). João descreve “a ira do Cordeiro” (Apocalipse 6.16). Claramente, os escritores do Novo Testamento reconheceram a necessidade da pregação da ira de Deus.
Os pregadores não devem se esquivar de proclamar o justo furor de Deus contra os pecadores que merecem o inferno. Deus tem um dia determinado no qual ele há de julgar o mundo com justiça (Atos 17.31). Este dia está despontando no horizonte. Assim como os profetas e apóstolos, e como o próprio Cristo, nós também devemos advertir os descrentes deste terrível dia vindouro e compeli-los a correrem para Cristo, o único que é poderoso para salvar.
***Fonte: Ministério Fiel

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Interpretando 1 Pedro 1:1-2 - Interpretando 1 Pedro 1:1-2


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Pedro, apóstolo de Jesus Cristo,
Aos eleitos de Deus, peregrinos dispersos no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na Bitínia, escolhidos de acordo com a pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência a Jesus Cristo e a aspersão do seu sangue:
Graça e paz lhes sejam multiplicadas. (1 Pedro 1.1-2)
A passagem de 1 Pedro 1. 1-2 afirma que somos eleitos “de acordo com a pré-conhecimento de Deus Pai”. Como já vimos, a presciência de Deus é o deleite especial ou a afeição graciosa com a qual Ele nos vê. Mais uma vez, um bom sinônimo é “amar primeiro”. Precisamos também interpretar a força da proposição traduzida por “de acordo com” (kata).
A maioria concorda que a palavra kata nessa passagem tem o sentido de “em conformidade com”. Em outras palavras, a presciência de Deus ou seu amor eterno por nós era o padrão ou norma à luz da qual seu ato eletivo foi realizado. Contudo, como sugerido por M.J. Harris, é quase como se a noção de conformidade fosse “totalmente deslocada, passando kata a denotar ‘fundamento’. Assim, a eleição é fundamentada na (kata) presciência de Deus Pai, realizada pela (en) obra santificadora do Espírito, tendo como objetivo ou conquista (eis) a obediência e a aspersão constante do sangue de Cristo”.
Precisamos ser cautelosos para não fundamentar uma grande parte da nossa teologia nas nuances das preposições gregas. Entretanto, não podemos nos dar ao luxo de ignorar as preposições como se elas não tivessem qualquer importância. Um exemplo relacionado a ignorar as preposições é a tentativa de Norman L. Geisler de contornar a doutrina da eleição incondicional. Geisler insiste em que, segundo 1 Pedro 1. 1-2, a eleição e a presciência são atos simultâneos, que nenhum se baseia no outro, seja cronológica ou logicamente. Mas dizer que a eleição é “de acordo com” a presciência (que é a interpretação de Geisler) não é a mesma coisa que dizer que a eleição é “concomitante” ou “simultânea” à presciência. A exegese de Geisler tem duas falhas graves. Primeira: ele pensa erroneamente que a presciência se refere a não mais do que a onisciência divina, o atributo em virtude do qual Deus conhece todas as coisas. E a segunda: ele lê na preposição kata um significado estranho ao Novo Testamento.
Em suma, o argumento de Pedro é o mesmo que o de Paulo. Em conformidade com o amor, ou talvez com base nele e na afeição graciosa pré-temporais de Deus pelos pecadores, Ele nos predestinou à fé e à vida.
***Fonte: Texto extraído do capítulo 8 da obra Escolhidos: Uma exposição da doutrina da eleição.Selecionado por: Thiago OliveiraDivulgação: Bereianos

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O Confessionalismo e a Igreja Moderna


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Introdução
Vivemos numa época disseminadora de insubmissão e que é contrária a qualquer fonte de autoridade. O confessionalismo histórico da igreja reformada tem valor atual e continua tendo seu lugar como documentos importantíssimos para o povo de Deus. Ao usar o termo confessionalismo histórico nos remetemos ao Credo dos apóstolos, a fórmula de Calcedônia, o Credo Atanasiano, também os documentos confessionais pós-reforma. Referimos-nos aos mais populares como os artigos anglicanos: Livro da oração comum, os Artigos da Religião e o Livro das Homílias; no Luteranismo temos o Livro de concórdia que na realidade é uma serie de diferentes artigos: o credo apostólico, o credo niceno, o credo atanasiano, a confissão de Augsburgo (1530), A apologia a confissão de Augsburgo (1531), os artigos de Esmalcalde (1537), Tratado sobre o poder e o primado do papa (1537), Catecismo menor (1529), o catecismo maior (1529), e a formula de concórdia (1577). É imprescindível também as três formas de unidade que são a confissão Belga (1561), o catecismo de Heidelberg (1563) e os Cânones de Dort. Também mencionamos entre o confessionalismo histórico os padrões de Westminster: a confissão, o catecismo maior e o breve. Estes são os mais utilizados entre as igrejas reformadas. Finalmente a confissão Batista de 1689 e a Declaração de Savoy, que é a confissão dos congregacionais, ambas têm suas bases doutrinárias na confissão de fé de Westminster.

A Utilidade dos Documentos Confessionais

Ao lermos os documentos confessionais das igrejas reformadas, podemos destacar alguns pontos fundamentais: 

• O declaratório – Que tem por objetivo mostrar aos fiéis sua confissão de fé.
• O Apologético – Que tem por objetivo defender a fé e mostrar a grupos heterodoxos a firmeza da fé reformada e que ela está alicerçada nas Escrituras.
• O Didático – Que tem por objetivo ensinar a igreja os fundamentos teológicos de sua confissão.
• O Litúrgico – Que tem por objetivo o culto público e a proclamação do Evangelho pela pregação.[1]

Diante de uma evolução cultural relativista, negativista, burocrata e intelectualmente pragmática, não é raro ouvirmos alguém dizer que não tem confissão, que sua confissão é a Bíblia e que não precisa de tais documentos da igreja, porque isso seria substituir a Palavra de Deus por palavras de homens. É claro que consideramos tais declarações na sua maioria sinceras, mas, equivocadas por parte dos que pretendem negar e invalidar o confessionalismo histórico da igreja cristã.

O Contexto histórico das confissões 

Ao fazermos uma leitura da história e do contexto político, econômico, artístico e teológico do Século XVI, veremos que as transformações ocorridas na época não foram somente restritas a reforma protestante, mas, ocorreu também o florescer cultural da renascença. Da mesma forma que os reformadores questionavam a igreja católica nos âmbitos teológico, econômico e politico, os líderes do renascentismo questionavam os padrões da filosofia e das artes. Vivemos em semelhante contexto, temos um desafio cultural e espiritual que não se resume a diferenças de nomenclatura, mas, existe uma concentração de fatores que exigem da igreja sua postura doutrinária, e são os símbolos de fé que servirão como ferramenta. O Teólogo M.A. Noll nos diz:

O Mundo do século XVI precisava de novas declarações da fé cristã, não para meramente reorientar a vida cristã, mas também para reposicionar o próprio cristianismo dentro das forças da Europa moderna que nascia. [2]

Essa efervescência intelectual iniciada pela renascença e posteriormente com as revoluções tanto no âmbito político como cultural que vieram a posteriori, são o fundamento para a era cultural que vivemos no mundo ocidental. Estamos diante da urgência de um confessionalismo que nos proporcione bases sólidas teologicamente, uma característica da evolução do pentecostalismo e suas variantes, juntamente com a explosão das igrejas emergentes é uma postura que ignora a confessionalidade[3]. Essa é uma ideologia que trata pontos fundamentais da doutrina como secundários e irrelevantes. Isso nos mostra a fragilidade de uma teologia que despreza o confessionalismo histórico. Vivemos uma relativização do fundamento, e uma difusão de ideias que beiram o liberalismo teológico. Temos como exemplo  a postura papal de certos líderes evangélicos, dominando o povo de forma carismática, levam o rebanho a uma ignorância do verdadeiro conhecimento do cristianismo, privando o povo e roubando dele as verdades do Evangelho.

Questões Modernas Contra o Confessionalismo

Ao analisarmos os fatores mais comuns que formam o caráter cultural moderno, podemos apontar pelo menos quatro que versam contra o confessionalismo: 

     • O Sincretismo e Misticismo
     • O Pragmatismo
     • O Hedonismo
     • A Tecnologia

A grande mistura religiosa e de filosofias pagãs tem invadido as igrejas de todos os continentes, esse caldeirão místico tem levado o evangelicalismo a uma apostasia intelectual e dogmática. A confissão documental da fé não é viável as novas denominações, porque dentro desse sincretismo é que emerge o pragmatismo, se der certo, então é verdadeiro, essa é sua declaração. Os resultados é que dizem o que é certo ou errado. Não é assim que devemos analisar a questão, se o pragmatismo é fator fundamental para o julgamento da verdade, então o Hinduísmo e Islamismo são religiões verdadeiras, pois, são as maiores religiões do mundo, elas deram certo. Outro fator que se levanta contra o confessionalismo é o Hedonismo, a exaltação do prazer que tem estado evidente nas novas igrejas, o ter em detrimento do ser, o que você tem diz quem você é; resumindo a vida cristã a prosperidade material. Temos também a Tecnologia, que se usada de forma errada também labuta contra a importância da confissão nas igrejas, a sinuosidade do pensamento moderno que exalta a ciência e lhe dá um crédito canônico pode ser uma forca para a igreja.

A acusação mais comum é que as confissões engessam a igreja e diminuem sua espiritualidade, que o culto deve ser espontâneo e deve ser livre, dizem. Em nenhum lugar nas escrituras lemos algo sobre um culto espontâneo, ao contrário, Paulo exorta a igreja que está em Corinto a cultuarem com ordem e decência (I Co 14.40), no livro do profeta Malaquias observamos que é Deus quem estabelece o culto, na história da reforma observamos o princípio regulador do culto. Os tipos de cultos que vemos estão estreitamente ligados às manifestações modernas que pontuamos anteriormente.

É interessante pontuarmos que aqueles que são contra uma igreja prezar por seus símbolos de fé e utilizá-los no culto, não são contra o cântico de louvores escritos pelos mais diversos compositores, ao cantar tais músicas nos cultos estão confessando algo também. Pode-se ser contra a leitura de confissões ou credos na liturgia, mas, comumente não se é contra as manifestações rotineiras nos cultos como a recitação de poesias ou cantar uma música rotineira nos culto. Com isso entendemos que todos tem uma confissão seja ela materializada ou não. [4]

As Fontes de Autoridades

Os símbolos de fé não tem a mesma autoridade da Escritura, pelo contrário são baseados nas escrituras e defendem a suficiência das Escrituras, por isso temos a revisão das confissões. Embora muitos digam que a autoridade pertence só na Bíblia – e defendo isso também – é necessário esclarecermos alguns pontos. Os credos, confissões e catecismos não reivindicam autoridade infalível ou canônica. Segundo, a autoridade dada aos símbolos confessionais está baseada no arcabouço histórico e teológico da igreja cristã. De fato, mesmo os que dizem não ter por autoridade os documentos históricos da igreja, terão por autoridade outra fonte, sejam elas suas opiniões particulares ou o pensamentos de teólogos ou líderes eclesiásticos.  

Todos na Igreja tem uma Confissão de Fé

Ao ouvirmos alguém dizer que sua confissão de fé é a bíblia, temos aí uma declaração de fé. Afirmativas como esta, em vez de demonstrar superioridade e fidelidade às escrituras demonstram também uma confissão de fé, semelhante a uma confissão escrita. Neste caso a diferença está no fato que, os documentos históricos confessionais estão redigidos e podem ser avaliados e estudados pela igreja, o segundo existe na mente do professante e não pode ser julgado e examinado cuidadosamente, porque não é um documento confirmado pela igreja. Os símbolos de fé da igreja, principalmente os que foram redigidos após a reforma protestante nos mostram por um estudo cuidadoso, que os documentos que temos em mãos são declarações de fé que precisaram ser feitas principalmente pelo contexto que a igreja vivia. Muitos ainda levantam a questão que a utilização atual dos credos, confissões e catecismos é anacrônica, porque eles não correspondem à necessidade atual da igreja. 

O Confessionalismo e a Igreja Moderna

A problemática que enfrentamos no que diz respeito ao confessionalismo dentro das igrejas segue-se de motivos históricos, políticos e éticos. Desde a revolução estudantil na década de 60 como diz Francis Schaeffer [5], vivemos uma supervalorização da invalidação das fontes de autoridade, na verdade desde a queda o homem vive esse infortúnio condenatório sobre ele. A “liberdade” civilizatória e cultural na realidade levou a humanidade a estagnação intelectual a respeito de Deus e sua Palavra. O fato de a igreja não dar mais importância a uma declaração de fé, pautada nas escrituras, na verdade mostra claramente que ela na verdade não a tem. O testemunho cristão não está restrito a documentos, ele sai deles e isso é tão importante à fé cristã que as confissões valorizam essa práxis. 

Ao observarmos a construção do catecismo de Heidelberg e os padrões de Westminster notaremos o valor que tais documentos dão a uma vida santa e piedosa como fruto das verdades da Palavra de Deus. Isso nos leva a um imperativo confessional, a urgência que os reformadores tinham em esboçar suas crenças doutrinárias é a mesma que temos hoje de professa-las e emprega-las na catequese e doutrinamento da igreja. Igrejas historicamente reformadas esqueceram e ignoraram seus símbolos de fé, que consequentemente desembocou no abandono de uma dogmática sadia. Por isso é necessário um resgate da utilização das confissões, tanto no trabalho pastoral de doutrinamento da igreja, como no trabalho de ensino aos novos conversos. O valor dos documentos confessionais do protestantismo é inalienável, que possamos dar-lhes o devido valor e lugar.

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Notas:
[1] O Imperativo Confessional, Carl R. Trueman – Ed Monergismo
[2] Enciclopédia Histórico -Teológica da Igreja Cristã – Ed. Vida Nova
[3] A Subscrição Confessional, Ulisses Horta Simões -  Ed. Efrata
[4] O Imperativo Confessional, Carl R. Trueman – Ed Monergismo
[5] A Igreja no Final do Século 20, Francis Schaeffer – Ed. Cultura Cristã

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Divulgação: Bereianos

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Por que a Igreja de Cristo tem Confissões de Fé?


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Não queremos que você fique confuso. Por isso, quero primeiro dizer que uma Confissão de Fé não é a mesma coisa que uma confissão de pecado. A palavra “confessar” realmente significa “concordar com a verdade”. Você pode falar a verdade sobre os seus pecados e pode também falar a verdade sobre o que crê. Falando de confissão de pecado, não podemos concordar com a ideia da Igreja Católica Romana que diz que você pode confessar o seu pecado para um Padre e este pode perdoar seus pecados em nome de Cristo. Você deve sempre confessar os seus pecados a Deus e também à pessoa que você ofendeu se for o caso. Podemos falar mais sobre este assunto numa outra ocasião. Agora quero falar sobre as Confissões de Fé que a Igreja de Cristo usa.
Numa Confissão de Fé a Igreja explica o que é o ensino da Bíblia. A Igreja tem muitas Confissões de Fé. Algumas são bem curtas. Elas muitas vezes são chamadas de Credos, que significa: O que se crê. Outras confissões são documentos com muitos parágrafos explicando o que a Bíblia ensina. Entre estas Confissões tem também os Catecismos. Um Catecismo ensina as verdades da Bíblia aos membros da Igreja e especialmente às crianças. Para facilitar este ensino, um Catecismo geralmente usa perguntas e respostas. Estas devem ser memorizadas pelos membros da Igreja.
Só a Bíblia!
Talvez você diga: Eu não quero Confissões. Quero só a Bíblia. Somente a Bíblia é a Palavra de Deus. Nunca podemos confiar em palavras de homens. É verdade que nunca devemos acrescentar nada à Bíblia. Qualquer pessoa que acrescenta ou tira alguma coisa da Bíblia é sujeita à grande ira de Deus. Uma verdadeira Confissão de Fé que é fiel à Bíblia jamais acrescenta nem diminui nada dela.
Uma Confissão de Fé é uma escrita humana, mas ela não pode acrescentar nada à Bíblia. Por que, então, a Igreja de Cristo tem Confissões de Fé? A Bíblia não é suficiente? Ou será que a Bíblia não foi escrita muito bem e que a Igreja precisa de uma apresentação melhor do que a Bíblia? Não, nada disso, a Bíblia é perfeita e nenhum homem pode melhorá-la. O defeito não está na Bíblia. É o homem que tem as suas limitações e é por causa destas limitações que temos Confissões de fé.
Confissões de Fé fazem parte do ensino de Cristo
A idéia de fazer uma Confissão não foi inventada por algum homem. Foi Cristo que deixou este ensino importante para a Igreja e isto resultou nas Confissões de Fé. Primeiro, Cristo mandou os crentes confessarem a sua fé. Devemos declarar abertamente o que é que nós cremos. Em Atos 7, Estêvão fez um discurso diante do Tribunal. Esta foi sua confissão de fé. Nela ele declarou o que ele cria. Em Atos 15 encontramos um relato sobre um concílio da Igreja que teve que tomar uma decisão sobre uma controvérsia na Igreja. O Concílio tomou uma decisão e mandou o resultado às igrejas. Este resultado foi uma declaração do que a Igreja crê, em outras palavras, era uma Confissão de Fé. Na Bíblia, sempre quando alguém é batizado ele primeiro declara o que ele crê. Ele faz, então, uma confissão de fé. Paulo fala desta confissão de fé em 1 Timóteo 6:12.
Cristo deu à Igreja pastores e mestres (Efésios 4:11). Estes devem instruir os membros no ensino bíblico e devem zelar para que ninguém se desvie da Verdade. Para cumprir estas responsabilidades os pastores preparam documentos que podem ser usados como Confissões de Fé, documentos que explicam aos membros o que é que a Igreja crê que a Bíblia ensina. É o próprio Cristo que encarregou os pastores com esta tarefa.
Não existe igreja que não tenha uma Confissão de Fé
Há algumas igrejas que dizem que não têm Confissão de Fé. Dizem que rejeitam todos os documentos humanos e só têm a Bíblia. Quando você falar com membros destas igrejas você percebe logo que eles se enganam. Você pergunta, por exemplo: Cristo morreu por todos os homens? Eles respondem logo com uma explicação, talvez até longa. Esta sua explicação já é uma confissão de fé. Quando você participar de uma igreja que diz que não tem uma Confissão de Fé, você percebe que os pastores desta igreja insistem em certas doutrinas e não permitem que você traga outro ensino, mesmo quando você citar somente a Bíblia. Eles explicam suas doutrinas em sermões e em lições para escola dominical. Este ensino que trazem não é nada menos do que uma confissão de fé.
Quer seja formal ou informal, toda igreja tem as suas confissões de fé. A questão não é ter ou não ter uma confissão de fé. A questão é se as Confissões (ou o ensino) da igreja é ou não plenamente fiel à Bíblia.
Por que a Igreja de Cristo tem Confissões de Fé?
A Igreja tem Confissões porque os homens são limitados. Ninguém consegue memorizar a Bíblia toda. Ninguém pode sozinho entender toda a Bíblia direito. Ninguém pode entender tudo certo só citando versículos sem nenhuma ajuda para saber a explicação certa. Para ajudar em todas estas limitações a Igreja usa Confissões de Fé. Nelas a igreja explica o que ela entende ser o verdadeiro ensino da Bíblia.
A Igreja usa Confissões para declarar a sua fé a Deus e isto para ser salva. Romanos 10:9 diz: “Se com a tua boca confessares Jesus como Senhor e, em seu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
A Igreja usa Confissões para evangelizar os homens. Com estes documentos ela proclama no mundo qual é a verdadeira Boa Nova de Jesus. Diz o Senhor Jesus em Mateus 10:32: “Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus”.
A Igreja usa Confissões para defender a fé contra ensino falso. Lemos em 1 Timóteo 1:3 o seguinte: “Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina”.
A Igreja de Cristo usa Confissões para ensinar a seus membros. Colossenses 3:16 diz: “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria...”
Uma igreja que não valoriza as fiéis Confissões de Fé geralmente não guarda firme a doutrina de Cristo. A tendência, neste caso, é abrir as portas para uma variedade de ensinos porque tal igreja não sabe bem o que é verdadeiro e o que é invenção dos homens. As confissões que a Igreja de Cristo desenvolveu através dos séculos são bons instrumentos para ajudar-nos a guardar a fé bíblica e crescer nela. Mesmo assim, é de grande importância nunca permitir que as confissões se tornem um substituto pela Bíblia.
***Sobre o autor: Pastor Ralph Boersema foi missionário no Brasil por mais de 20 anos e atualmente é diretor da Faculdade Internacional de Teologia Reformada (Fitref).
Fonte: Bandeira da Graça