sexta-feira, 31 de julho de 2015

Carta aos Jovens Não Convertidos

Carta aos Jovens Não Convertidos

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Neste vídeo o Rev. Dorisvan Cunha tem uma importante mensagem para os jovens que ainda não são convertidos. Assista:




Transcrição:

Seja você quem for que se proponha a ler esta carta, faça isso em caráter de urgência, esperando que o Deus Eterno desperte sua consciência adormecida pelo engano do pecado para a realidade da vida que há em Deus. Tudo o que aqui está registrado tem a ver com o seu futuro eterno. O Deus dos céus nos constituiu ministros da Palavra e nos deu a responsabilidade de conclamar os pecadores ao arrependimento, na esperança de que os mesmos se convertam dos seus maus caminhos e recebam a vida eterna em Cristo Jesus.

Você tem apenas uma breve vida, que logo passará, portanto, imploro que reserve o tempo que ainda lhe resta para refletir seriamente nas palavras que se seguem. E quando seus dias findarem por aqui elas certamente o acompanharão por todas as eras da eternidade. 

Jovem, estou extremamente preocupado e deveras angustiado por você. Minha aflição aumenta ainda mais à medida que percebo que você não se importa com o futuro eterno de sua alma. Perturba-me pensar que em troca de fugazes prazeres, você tem rejeitado o precioso evangelho da cruz de Cristo. Você trocou tão estimado tesouro por uma curta vida de deleites mundanos, e com isso está desperdiçando o escasso tempo que lhe resta para preparar-se para a eternidade.

Jovem, lamentavelmente você demonstra que não sabe o que está fazendo de sua vida. Se você soubesse quem é o Deus a quem tu tens enojado e ofendido, você certamente se arrependeria da maldade de viver em inimizade contra Ele. Ele criou você e te deu a oportunidade de existir no chão deste planeta. Mas, de que maneira você o agradece? Como dizia um velho pregador, como “um monstro que tem a cabeça e o coração no lugar dos pés, e este esperneando contra o céu - tudo fora do lugar.”[1]  

E o pior de tudo é que você tem se mostrado um pecador contumaz e descuidado. Embora tenha sido criado por Deus, vive como filho do diabo. Embora tenha recebido a vida e todos os privilégios de cidadão do cosmo, sua resposta vem em forma de transgressão deliberada da Lei de Deus. 

Jovem, considere o que você está fazendo, desprezando e zombando do glorioso e terrível Deus dos céus. Ele é fogo consumidor! Ele tem grande aversão pelo teu pecado. Diante Dele o sol escurece. Diante dele os anjos rebeldes não prevaleceram, antes foram precipitados em cadeias eternas para o juízo do grande dia.[2]

Portanto, tome cuidado para que sua alma não se torne tão perversa a ponto de não perceber quão maligno é o pecado. Lembre-se que além de uma vida amarga que o pecado vai te dar aqui na terra, a morte e o julgamento estão à sua espera, prontos para lança-lo na destruição.  

Jovem, esse estilo de vida que você leva hoje não satisfará sua alma imortal. Você foi criado para encontrar descanso em Deus. Mas, você vive aprisionado em um poço de vaidades, de bar em bar, de mesa em mesa, de pecado em pecado, embriagado com o veneno da serpente, tentando resolver o drama do seu desencontro nas coisas desta vida. E assim você despreza o precioso sangue de um Redentor tão amável! Você desvaloriza a glória celestial e dança à beira do grande abismo.

Por isso, temo e muito que você chegue à tamanha dureza de coração que nada além da morte interrompa seu sono. Temo que você se apegue tanto a este mundo inútil que nada além da ira de Deus possa separá-lo dele. 

Aproxima-se o dia, o dia em que você terá que partir para prestar contas das suas impiedades. Então, não esqueça que, por mais forte que você seja agora, você em breve irá partir para a eternidade.  Seu tempo é curto! Seus dias são como a erva. Suas conquistas são como a flor da erva, efêmeras, voláteis, como um conto ligeiro. A qualquer momento sua saúde pode lhe ser tirada e a morte pode lhe dar o último golpe.

Reflita sobre essas coisas. Ouça o conselho dos santos de Deus. Procure estudar sobre quem é o SENHOR. Estude sobre a malignidade do pecado. Estude sobre Cristo e Sua obra consumada. Estude sobre o que é o mundo; estudo sobre o inferno e veja o terrível juízo reservado para os não convertidos. Estude sobre a glória eterna que você terá, caso você se arrependa... 

Lembre-se que no dia em que você partir daqui, seus amigos, seus estudos, seus deleites não responderão por você no grande tribunal. Naquele dia somente um amigo poderá falar por você: JESUS DE NAZARÉ e, isso se você estiver do lado dele: bem aventurados todos os que Nele se refugiam. Mas, caso você seja encontrado como Seu inimigo, saiba que Sua santa ira urrará estrondosamente contra você. 

Ah! Aquele dia! Será um dia terrível, assustador e desesperador para todos os que rejeitaram o evangelho. A consciência acusará, a memória dará amargas provas. E ali todos saberão quão terrível é a ira de Jeová e, quão maligno é o ato de rejeitar Seu precioso Filho. Será um dia de desolação e completa ruína. Não haverá amigos e consolos, mas somente um terrível senso de abandono de Deus. E nestas circunstancias você certamente irá lamentar e dizer: 

Ah! Senhor! Tantas vezes fui advertido deste doloroso dia pelos pregadores da Palavra de Deus, e qual foi minha reação? Eu zombei! Eu os ridicularizei! Que proveito agora tenho de todos os encantos do pecado? Que proveito tenho agora de tantos amigos e amantes que tive sobre a terra? Em que deu o gostoso sabor de todos os meus deliciosos manjares que adquiri em troca do evangelho de Jesus Cristo? Tantas vezes me ofereceram a misericórdia e, eu a negligenciei, preferindo os prazeres transitórios do pecado.[3]

Ah! Meu amigo, esse será o seu lamento! E sabe, não haverá mais possibilidade de arrependimento. Nesta hora restará apenas trevas e condenação. 

Jovem, eu ainda tenho a esperança de que tal coisa não aconteça com você! Hoje é o dia de você deixar a vida louca de lado! Hoje é o dia de você volte-se para Deus. Então, pela graça de Deus, decida ler as Escrituras todos os dias da tua vida; decida gastar tempo ouvindo bons sermões, recebendo a Ceia do Senhor, chorando por seus pecados, jejuando, vigiando, orando e preparando a sua alma para a eternidade! 

Recomece sua vida, agora mesmo! Despreze o mundo e suas vaidades! Viva de forma pura e comprometida com os valores do reino. Frequente uma igreja verdadeiramente evangélica. Procure ter comunhão com os santos e santifique o Dia do Senhor! E se, porventura, Satanás te oferecer todos os tesouros e promoções deste mundo; se ele te sugerir que os encantos desta vida são preciosos demais para serem menosprezados, jamais esqueça que no fim definitivo você terá que responder por cada ato de maldade que você decidiu praticar contra o precioso Deus dos céus.

Jovem, agora olhe para o passado de sua vida. Veja o que você fez até aqui, além de acumular pecado e mais pecado para tua própria destruição. Você está com seus olhos fixos neste mundo e precisa mudar esta perspectiva. Oh! Pecador! acorda! Levanta ó tu que dormes e comece a olhar para a eternidade! Lembre-se que em pouco tempo, com dinheiro ou sem dinheiro, você estará do outro lado da vida e, precisará de uma justiça perfeita para apresentar-se diante do terrível juiz. 

Qual será teu destino? Qual será tua sorte se fores encontrados sem essa justiça? Jesus diz que o teu futuro será terrível: “E irão estes para o castigo eterno”.[4] E nesta condição você permanecerá por todas as infindáveis eras da eternidade. 

Então, jovem, acorda para a realidade! Você está a caminho do tribunal do grande Deus. E enquanto caminhas para lá a justiça santa te ameaça. Se, porventura, você partir sem estar reconciliado com o único Deus Verdadeiro, seu estado será de ruína absoluta em meio aos demônios do inferno, longe do olhar gracioso de Deus. 

O grande rei Davi falou desse dia como o “dia da Sua ira.”[5] Esse é o dia que te espera, pecador rebelde! Será terrível! Será o dia da vingança de Deus. Será o dia que Ele reservou para vindicar a glória da Sua majestade. E se você não for reconciliado com Ele agora mesmo, através da Cruz, você terá que sofrer todas as terríveis consequências de tamanha rebelião. Então, a fim de que você não seja vomitado e condenado a um castigo de proporções infinitas, considere, com muita seriedade, o que significa partir para o outro mundo.

Você está preparado? Você já foi reconciliado? Você está em um estado de pecado? Se você se encontra nessa última situação, está descendo a passos largos ao inferno! Você é um inimigo de Deus e usa todas as suas posses e prazeres contra Ele. Não seria, então, justo se Ele te amaldiçoasse nessas coisas, e as revertesse contra você, para a sua destruição? 

Jovem, ainda há esperança! Se você é um desviado da fé, filho de pais crentes lembre-se de onde você caiu e volte-se para o Senhor. Considere no que diz Charles Spurgeon, “que ninguém pode entrar no inferno com uma pior desgraça do que o homem que vai para lá com as gotas de lágrimas de sua mãe sobre sua cabeça, e com as orações de seu pai seguindo seus calcanhares.”[6]

A esperança do Evangelho ordena que você fuja do inferno! Se você é um ser humano e não um bloco de pedras sem sentimentos, reflita. Veja onde você está: à beira do precipício. Tão certo como o Senhor vive, há apenas um passo entre você e a destruição. 

Portanto, eu te ordeno agora, em nome do Senhor Jesus que você acorde e fuja da ira vindoura. Desperte! Desperte! Levante-se e fuja. Pense nas riquezas da graça de Deus. Volte-se para a Cruz de Cristo, afim de que teus pecados todos sejam perdoados. 

Venha, trêmulo pecador! Lembre-se que há somente uma porta e há somente um monte, portanto, corra para esta porta, corra para este monte, aos pés daquele que bebeu o cálice amargo da ira de Deus. Ele é a única esperança da nossa vida. Ele é a única esperança de qualquer transgressor deliberado da Lei de Deus. 

Saiba que na casa do Pai há comida simples, pão e vinho com fartura ... se você se arrepender Ele promete perdoar todos os teus pecados e te receber como um herdeiro eterno do reino de nosso Senhor Jesus Cristo. 

Porém, se após ter lido estas palavras, você ainda permanecer no estado em que se encontra, tenho apenas a lhe dizer, que você será seu próprio assassino.[7]

Jovem! Arrependa-se e creia no evangelho. 

Seu amigo,

Dorisvan Cunha 

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Notas:
[1] Joseph Aleyne
[2] Judas 6
[3] Parafraseando Lewis Bayly, em “A prática da Piedade, p.86”
[4] Mateus 25
[5] Salmo 110. 5-7
[6] No sermão “O céu e o inferno”.
[7] Uma paráfrase de Charles Spurgeon: “Que cada homem se lembre, que se ele perecer, depois de ter ouvido o Evangelho, ele será seu próprio assassino.” 

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Thalles: seu narcisismo passou dos limites! - Por Thiago Oliveira



Que o Thalles Roberto é um narcisista crônico, isso eu já sabia. Mas eu não tinha a noção do que ele seria capaz de fazer para satisfazer/promover a sua auto-imagem de "homem espiritual influente". Não contente em ser um cantor gospel vendável e que faz sucesso, Thalles ostenta um título de "Pastor" já faz um tempo e vive falando que a sua fama é algo que Deus usa para alcançar milhões de pessoas.

Se não bastasse as caras e bocas, as roupas com sua marca estampada e até um bonequinho horroroso chamado "Thalleco", o cantor lançou uma Bíblia que tem seu nome na capa e um prefácio cheio de fotos (propagandistas) suas, letras de suas músicas e parte de sua biografia. Segundo o próprio Thalles, o lançamento é uma "estratégia de Deus" e ele colocou o seu nome e sua cara na "Bíblia Apostólica IDE"para que com a sua influência (humilde, hein?) as pessoas que não leem a Bíblia despertem e nutram o interesse pela leitura.

Engraçado é que eu sempre pensei que a vontade de ler a Palavra de Deus, assim como de orar, congregar, evangelizar e etc. fosse algo inerente a atuação do Espírito Santo. Muito me surpreende saber que nem o Evangelho, nem Jesus e nem personagens como Moisés, José, Davi, Sansão, Paulo, Pedro, são atrativos suficientes para que os jovens leiam a Bíblia. Fico embasbacado com o fato do Thalles ser o chamariz que fará com que as pessoas comecem a ler a Bíblia. Como não pensei nisso antes? Afinal, o perfil do Facebook do Thalles é um dos maiores do país. Logicamente, Deus sabendo do tamanho do seu Facebook, utilizou-se da popularidade virtual do cantor e mandou um recado: "Edite uma bíblia com seu nome (slogan) estampado nela".

Caro leitor, desculpe o meu tom irônico, mas é inacreditável que este homem não enxergue o quanto que ele tem feito mal a causa do Evangelho, com suas estratégias carnais que apenas fazem a Igreja crescer numericamente, todavia oca, pois lhe falta alimento consubstancial. isto é, a sã doutrina. Francis Schaeffer já havia alertado a Igreja acerca disto quando falou em seu sermão:

"(...) Embora reconheçamos que o poder do Espírito Santo pode ser nosso, nós ainda copiamos a sabedoria do mundo, confiamos em sua forma de publicidade, seu barulho, e imitamos seus modos de manipular pessoas! Se tentarmos influenciar o mundo usando os métodos dele, estaremos fazendo o trabalho do Senhor na carne. Se colocarmos atividade no centro, até mesmo boa atividade, em vez de confiar em Deus, então poderá haver o poder do mundo, mas nos faltará o poder do Espírito Santo".

Carnalidade é algo que o Thalles demonstra ter de sobra, pois tem um ego inflado. Nenhum homem comprometido como Reino de Deus busca aparecer tanto assim. Um dos princípios da adoração é a humildade. Importa que o SENHOR cresça e nós diminuamos (Jo 3.30). Como é que uma pessoa diz que está emprestando a sua imagem para que os jovens venham a querer ler a Bíblia? Sua visão de si mesmo é extremamente ensimesmada, e essa ótica gera uma distorção dos fatos. As igrejas de Sardes e Laodicéia se achavam muita coisa, então Jesus tratou de informá-las o que elas realmente eram aos olhos de Deus (Leia Apocalipse 3). 

Ademais, o descaramento do Thalles é tão grande que ele diz que seu propósito não é vender Bíblias. Porém o seu mais novo produto custa mais de R$ 100 reais. Que incentivo aos jovens hein? A questão é muito simples: Se o propósito não é vender, então não vende! Agora vir com discurso hipócrita é que não dá. Keith Green, um ministro de louvor e evangelista norte-americano de renome (morto em um trágico acidente aéreo na década de 1980) abriu mão de receber pelo seu álbum So You Gona Go Back To Egypt. Ele mandava gratuitamente pelos correios, e em suas apresentações o público comprava pelo valor que quisesse, e se quisesse, pagar. Isso é coerência, coisa que o Thalles não tem.

Por fim, gostaria de lembrar que o que está ruim pode piorar. A Tal "bíblia do Thalleco" é comentada pelo Estevam Hernandes, um homem que se intitula apóstolo e que foi um dos grandes responsáveis pela expansão do movimento apostólico no Brasil, tal como o modelo G12 de crescimento, a infame teologia da prosperidade e o neopentecostalismo em si. Os verbetes escritos por ele são todos ligados a esta visão herética, dita "apostólica". Indo para a Bíblia vemos que para exercer o ofício apostólico existiam duas condições: 1. O apóstolo tinha que ser testemunha ocular da ressurreição de Cristo (Atos 1:2-3, 1:21-22, 4:33 e 9:1-6; 1Co 9:1 e 15:7-9). 2. O apóstolo tinha que ter sido comissionado diretamente por Jesus (Mt 10:1-7, Mc. 3:14, Lc 6:13-16, At 1:21-26, Gl 1:1 e  1:11-12 ). Não existe nenhuma condição bíblica para crer que o ofício apostólico é válido em nossos dias.  Por isso, tal bíblia de estudo é um instrumento disseminador de heresias.

Triste saber que apesar de muitos alertas, milhares de pessoas comprarão este produto que é uma ofensa a Palavra de Deus. Mas porque tanta gente segue falsos mestres? Essa pergunta foi respondida recentemente pelo Dr. Augustus Nicodemus: "A humanidade sem Deus reconhece na mensagem dos falsos profetas um tom familiar e identifica-se com ela. Pensamentos satanicamente inspirados são atraentes para as mentes mundanas". É uma declaração forte, mas que tem respaldo bíblico: “Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (2Tm 4.3).

Muito triste também é saber que a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) está em parceria com esse tipo de gente, promovendo esta aberração. Será que o lucro fala mais alto que o compromisso de honrar o texto sagrado? Pelo visto sim... Deus livre os seus eleitos de serem seduzidos por estes que adoram a Mamon e a si mesmos. 

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Divulgação: Bereianos

terça-feira, 28 de julho de 2015

A PRIORIDADE DA PREGAÇÃO NO MINISTÉRIO PASTORAL - R. Albert Mohler, Jr.















“Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Timóteo 5.17).

Recentemente participei da ordenação de um amigo ao Sagrado Ministério. Como ex-tutor do ordenando, foi-me dada a honra de dirigir-lhe a parênese, que nada mais é do que um breve discurso exortativo. Na ocasião, exortei-o a que tivesse bem definidas diante de si as prioridades do ministério, a saber, a oração e a pregação da Palavra. Creio que tal conselho é mais urgente hoje do que nunca, visto que o pastor de uma igreja local é obrigado a cumprir vários tipos de atividades ligadas ao pastorado, como por exemplo, estudos bíblicos, pregações, atos pastorais em congregações, visitas, discipulado, evangelismo, aconselhamento, administração e etc. Em muitos casos, encontramos pastores que tomam para si o encargo de mestres-de-obras.

Como consequência, as prioridades do ministério têm, paulatinamente, deixado de serem prioridades. Atividades legítimas, porém não prioritárias, acabam tomando o lugar da oração e da pregação da Palavra. Minha intenção aqui é discorrer um pouco a respeito de uma destas duas prioridades – a pregação do evangelho –, e a sua desconsideração por parte de muitas igrejas, que priorizam mais as visitas pastorais. R. Albert Mohler, Jr., afirma que, “a prioridade da pregação simplesmente não é evidente em grande número de igrejas”. [1]

O caráter prioritário da pregação da Palavra pode ser percebido, visto que ela é a primeira marca de uma igreja verdadeira. Não reconhecemos uma verdadeira igreja pelo número de visitas que o seu pastor faz, mas sim por sua fidelidade à exposição de todo o desígnio de Deus. Creio veementemente que, antes de qualquer outra coisa, é a fiel pregação que deve ser buscada em uma determinada igreja, como acertadamente pontua Mark Dever:
Se você está procurando uma boa igreja, esta é a coisa mais importante que deve ser levada em conta. Não me importo se você acha que os membros devem ser bastante agradáveis. Não me importo se a música é boa ou não. Estas coisas podem mudar. Mas o compromisso da igreja com a centralidade da Palavra que vem do púlpito, do pregador, daquele a quem Deus dotou de modo especial e chamou ao ministério – este é o fator mais importante que você deve procurar em uma igreja. [2]

Não é à toa que o pastor é chamado de Ministro da Palavra ou Ministro do Evangelho. Isso porque o seu grande chamado é para pregar, para expor a Palavra inspirada, autoritativa e inerrante de Deus. Creio também que é esse o padrão apresentado na Palavra de Deus.

As chamadas epístolas pastorais do apóstolo Paulo a Timóteo são bastante elucidativas a este respeito. Em todo o seu escopo encontramos a pregação da Palavra e o ensino da vontade de Deus como a grande função do pastor. Por exemplo, ao apresentar as qualificações necessárias para o episcopado, Paulo elenca, dentre elas, a aptidão para ensinar as Sagradas Escrituras (1 Timóteo 3.2). Se observarmos bem, não encontraremos que aquele que aspira ao episcopado deve ser um bom visitador. Ele deve ser irrepreensível, monogâmico, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar, não dado ao vinho, não violento, cordato, inimigos de contendas, desapegado dos bens materiais, bom marido, bom provedor e bom pai, experimentado e deve possuir bom testemunho diante de toda a sociedade (vv. 2-7). Porém, quão dificilmente encontramos uma comunidade que julgue a “empregabilidade” [3] dos seus pastores pelos critérios apresentados por Paulo.

No capítulo 4 de 1 Timóteo, encontramos outra evidência da primazia da pregação: “Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido” (v. 6). De que maneira Timóteo seria, verdadeiramente, um bom ministro de Cristo? Pelo número de visitas que viesse a fazer? Não! Pela exposição da bondade da criação de Deus em oposição àqueles que exigiam o ascetismo como regra de vida? Sim! O critério era a exposição da vontade de Deus. Ainda no verso 11, vemos o seguinte: “Ordena e ensina estas coisas”. No verso 13: “Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino”. Logo em seguida, o apóstolo acrescenta uma exortação a Timóteo: “Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto”. Timóteo seria negligente se não desse à pregação e ao ensino a primazia em seu ministério. Ele não poderia trocar a pregação por nenhuma outra faceta ministerial. Em vez disso, ele deveria ser diligente na proclamação da vontade do Senhor. Dessa forma, o seu crescimento e progresso seriam manifestos diante de todas as pessoas. Tudo passava pela pregação, não pela visitação.

Quando chegamos a 2 Timóteo, vemos que o padrão permanece inalterado. Logo no capítulo 1, falando acerca do evangelho, Paulo afirma que foi designado por Cristo como “pregador, apóstolo e mestre” (v. 11). Três ofícios inextricavelmente ligados à pregação. Em 2 Timóteo 2.14-15, está escrito: “Recomenda estas coisas. Dá testemunho solene a todos perante Deus, para que evitem contendas de palavras que para nada aproveitam, exceto para a subversão dos ouvintes. Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”.

O texto áureo da primazia da pregação é 2 Timóteo 4.1-2: “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina”. A colocação feita por Mark Dever a respeito deste texto é extraordinária:

Essa foi a razão porque Paulo disse a Timóteo que “formasse um comitê”. Certo? É claro que não. Paulo nunca disse isso. No Novo Testamento, você nunca achará um pregador sendo instruído a formar um comitê. “Faça uma pesquisa”? Não! Paulo também nunca disse que alguém fizesse uma pesquisa. “Gaste seu tempo fazendo visitas”? Não! Paulo também nunca disse que um pregador fizesse isso. “Leia um livro”? Não! Paulo jamais disse ao jovem Timóteo que fizesse qualquer dessas coisas. Paulo disse a Timóteo, de modo direto e claro: “Prega a palavra” (2 Tm 4.2). Este é o grande imperativo. [4]
Fiz questão de deixar por último a passagem que encabeça a nossa reflexão. Eis o que o apóstolo Paulo disse ao jovem pastor Timóteo: “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Timóteo 5.17). Como este texto tem sido desprezado pela grande maioria das congregações! O termo “honorários” (timês) significa literalmente “estipêndio, salário”, mas não apenas isso. Significa também “honra, reverência, deferência, respeito, reconhecimento”. [5] O que o apóstolo Paulo está dizendo, é que os presbíteros que se afadigam na palavra e no ensino, com especialidade, devem ser tratados pela igreja onde servem com respeito dobrado, deferência duplicada. John Stott afirma o seguinte: “Os presbíteros que atuassem bem deveriam receber tanto o respeito como uma remuneração, ou seja, as duas coisas: honra e honorários”. [6] Não obstante, o que encontramos muitas vezes são pastores criticados e difamados porque não são bons [7]visitadores, mesmo que sejam fiéis pregadores da Palavra, homens que se afadigam, perdem noites de sono e muitas vezes se privam do convívio com suas famílias estudando e se preparando para oferecer às ovelhas do Senhor alimento de qualidade.

Para finalizar o apanhado bíblico sobre a prioridade da pregação, gostaria de citar apenas Hebreus 13.7: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram”. De quem os crentes hebreus deveriam lembrar? Dos líderes que eram bons visitadores? Não! Eles deveriam recordar dos líderes que lhes haviam pregado a Palavra de Deus!

Em momento algum desejo que alguém entenda que estou afirmando que a visitação pastoral não é importante, ou que não deve ser feita. Visitar é legítimo e importante. Contudo, estou apenas tentando deixar claro que ela não é a prioridade ministerial de nenhum pastor, não importando o tamanho da sua igreja ou o desejo dos membros. O próprio apóstolo Paulo que era constante na visitação aos lares dos efésios (At 20.20), sempre que se referia a si próprio, o fazia em termos que destacavam a pregação do evangelho (1 Co 2.1-16; Cl 1.24b-29; 1 Tm 2.7; 2 Tm 1.11; cf. At 17.18). Também não estou ignorando o ministério e os sábios conselhos de homens, como Richard Baxter em Kidderminster. Só não entendo como aquilo que realmente é a prioridade é tão desvalorizado no meio evangélico.

Devemos considerar também que, muitas vezes, pessoas que dirigem críticas mordazes e ácidas aos seus pastores por conta da ausência de visitação, nem sempre precisam de visitas. Em muitas ocasiões se trata apenas de desejo, não de real necessidade. Ademais, mesmo que visitemos pouco, geralmente, as pessoas mais críticas são justamente aquelas que mais foram visitadas por nós.

Para finalizar, gostaria apenas de mencionar o pensamento do sábio Dr. David Martyn Lloyd-Jones. Para ele, a fiel pregação da Palavra de Deus poupa muito tempo e trabalho pessoal ao pastor. Para ele, a verdadeira pregação aborda problemas pessoais. A consequência disso, é que a poderosa e fiel pregação usada pelo Espírito Santo pouparia o pastor de muitas visitas e de outros trabalhos de natureza pessoal. Eis as palavras de Lloyd-Jones:

Voltamo-nos agora para o terreno dos problemas pessoais. Este é um argumento familiar em nossos dias, conforme já indiquei. As pessoas dizem que os pregadores sobem aos púlpitos e pregam os seus sermões, mas ali mesmo, à frente deles, há indivíduos com problemas e sofrimentos pessoais. E o argumento prossegue: você deve pregar menos e dedicar mais tempo ao trabalho pessoal, aconselhando e conversando. Minha resposta a esse argumento consiste em sugerir, uma vez mais, que a solução é colocarmos a pregação na posição primordial. Por quê? Porque a verdadeira pregação aborda os problemas pessoais, de tal modo que poupa muito tempo ao pastor [...] A pregação do evangelho a partir do púlpito, aplicada pelo Espírito Santo aos ouvintes, tem sido o meio de tratar dos problemas pessoais a respeito dos quais eu, na qualidade de pregador, nada sabia, até que as pessoas viessem falar comigo [...] Não me compreendam mal. Não estou dizendo que o pregador jamais deve realizar qualquer trabalho pessoal; longe disso. Mas o meu argumento é que a pregação sempre deve vir em primeiro lugar e não deve ser substituída por coisa alguma. [8]
A partir do que as Escrituras ensinam, podemos concluir que não podemos relegar a pregação a um lugar secundário. Quando isso acontece, uma determinada igreja local é prejudicada e o pastor acaba perdendo o foco do seu ministério. Não importa o quão bom administrador alguém seja. Não importa o quão bom visitador algum pastor. No final das contas, o que será requerido dele é a fidelidade dedicada ao evangelho e à exposição de todos os desígnios de Deus.

terça-feira, 21 de julho de 2015

As exigências de Deus para os mestres e suas famílias - Por Frank Brito





“Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa; Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade”. (I Timóteo 3.14-15)

A primeira carta de Paulo a Timóteo foi escrita com o objetivo de instruí-lo sobre como a Igreja deveria ser organizada caso ele demorasse demais para chegar e lidar com o assunto pessoalmente. Ele escreveu a Tito com a mesma intenção: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam”. (Tt 1.5) Um dos assuntos mais importantes de I Timóteo é a respeito das características pessoas daqueles que são ordenados à posição de liderança na Igreja:

“Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo. Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância; guardando o mistério da fé numa consciência pura. E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. Da mesma sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus”. (I Timóteo 3:1-13)

É importante ter em mente que as características que Paulo cita aqui não são exigências de Deus exclusivamente para os que assumem posição de liderança na igreja. Em todas suas cartas Paulo deixa claro que todo cristão deve buscar as características pessoais que ele lista aqui. O motivo pelo qual ele cita essas virtudes não é porque os pastores são os únicos que precisam tê-las, mas porque os pastores, estando em posição de liderança, precisam refleti-las de maneira extraordinária, de forma que sirvam de exemplo para todos os demais. Todo cristão precisa ser honesto, por exemplo. Mas o pastor, estando em posição de liderança, precisa ser um modelo de honestidade para que os todos imitem. O pastor precisa pregar com as palavras, mas também precisa servir de modelo da aplicação prática do que ele próprio prega, para que seja imitado pelos outros, como disse Paulo, “Irmãos, sede meus imitadores, e atentai para aqueles que andam conforme o exemplo que tendes em nós” (Fp 3:17). Aqueles que pregam, mas não fazem, estão sob a condenação de Jesus Cristo contra os escribas e fariseus: “não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem“ (Mt 23:3).

O propósito deste artigo não é analisar todas as características mencionadas por Paulo, mas somente as características relacionadas à família. As características mais enfatizadas por Paulo para os que almejam a posição de autoridade são relacionadas à vida do homem em família, em seu própria lar. Sobre isso, há muita polêmica em torno da exigência de ser “marido de uma só mulher”. O que isso significa? Paulo não está se referindo a homens que se divorciaram e estão no segundo casamento. Ele está se referindo à poligamia, isto é, ter mais de uma esposa ao mesmo tempo. O pastor não pode ter duas, três ou quatro esposas. Ele pode ter uma só esposa. Alguns erradamente inferem, com base nisso, que essa proibição é somente para pastores e não para os cristãos comuns. Mas como foi dito acima, as características que Paulo cita aqui não são exigências de Deus exclusivamente para os que assumem posição de liderança para a igreja. Assim como todo cristão tem que ser “vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro”, também todo homem cristão só pode se casar com “uma só mulher”. A poligamia foi um erro histórico, pois como disse Jesus, o desejo de Deus para o casamento é conforme a lei que Ele estabeleceu na criação:

“Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher, e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão dois numa só carne?” (Mateus 19:4-5)

É provável que os falsos mestres entre os judeus tenham sido a principal motivação para Paulo enfatizar a necessidade monogâmica entre os pastores cristãos. No início da carta, ele escreveu:

“Como te roguei, quando parti para a macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina, nem se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora. Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida. Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas; querendo ser mestres da Lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam. Sabemos, porém, que a Lei é boa, se alguém dela usa legitimamente”. (I Timóteo 1:7-8)

Aqui ele atacou aqueles que “querendo ser mestres da Lei, não entendiam nem o que dizem e nem o que afirmavam”. Sem dúvidas, ele estava se referindo aos falsos mestres judaicos, como era o caso dos escribas e fariseus (cf. Mt 15). Na carta a Tito ele deixa isso ainda mais claro ao se referir aos “da circuncisão”“Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão, aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância” (Tt 1:10-11). O que Paulo estava dizendo, então, é que os mestres cristãos não podiam ser como os falsos mestres entre os judeus. Se os falsos mestres judeus, ao ensinar a Lei, não entendiam nem o que diziam nem o que afirmavam, os líderes cristãos precisavam usar da Lei legitimamente. Nos Evangelhos, somos informados que os falsos mestres judaicos distorciam a Lei para divorciar de suas esposas por qualquer motivo que quisessem (Mt 19:3-7), algo que já havia sido condenado pelo profeta Malaquias (Ml 2:13-16). Por motivos parecidos, os falsos mestres entre os judeus eram polígamos e é provavelmente isso que levou Paulo a enfatizar a necessidade da monogamia entre os pastores cristãos. O testemunho de Justino Mártir, um importante teólogo cristão do segundo século, confirma que esse era um dos grandes motivos de polêmica com os judeus. Em uma de suas mais importantes obras, “Diálogo com o Judeu Trifão”, Justino ataca os líderes judaicos dizendo:

“É melhor que você siga a Deus e não seus mestres imprudentes e cegos, que até o tempo presente permitem que cada homem tenha quatro ou cinco esposas, e se qualquer um ver uma mulher bonita e desejar possuí-la, eles citam as obras de Jacó…” (Justino Mártir, Diálogo Com o Judeu Trifão, Capítulo CXXXIV)

O argumento de Paulo contra a poligamia pressupõe que o desejo de Deus para o casamento é conforme o padrão estabelecido por Deus na criação, conforme lemos em Gênesis 1-2. Este é o pano de fundo para entender tudo o que o Apóstolo ensina no decorrer de suas cartas sobre o casamento. Ele diz que é necessário “que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia” (I Tm 3:4). Isso tem base no padrão estabelecido por Deus na criação, como ele explica aos Efésios:

“Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo”. (Efésios 5:22-28)

Feministas frequentemente usam o padrão bíblico de submissão feminina para acusar o Cristianismo de incentivar o machismo. A Bíblia, todavia, condena o machismo tanto quanto condena o feminismo. O feminismo é anti-cristão porque prega a insubmissão da mulher ao homem. Mas o machismo também é anti-cristão porque estabelece a tirania do homem contra a mulher. Como ensinou o Apóstolo Paulo aos Romanos, “as autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13:1). Sendo assim, a autoridade do marido não é ilimitada, mas é concedida por Deus, tendo a obrigação de se conformar às exigências dEle. Por este motivo, “vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja“. O dever do marido é amar sua esposa a ponto de dar a vida por ela, com Cristo deu Sua vida pela Igreja. O argumento de Paulo aqui é baseado na ordem da Criação: “Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos“. Por quê? Porque “serão dois numa só carne”(Mt 19:5).

Com base nisso, Paulo, no decorrer de suas cartas, lista diversas obrigações do marido em relação a esposa, como expressão deste amor que o marido deve ter por ela. Aos Coríntios, Paulo fala das obrigações sexuais do casal: “Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência” (1 Co 7:5). A relação sexual é um componente essencial do casamento. Seu propósito não é somente gerar filhos (Gn 1:28), mas também fazer com que o casal tenha alegria e prazer um com o outro. O casal, então, tem a obrigação, da parte de Deus, de buscar fazer um ao outro feliz. Deus leva isso tão a sério que na Lei somos informados que se um homem era recém casado, ele não deveria ir para guerra como soldado. Ele deveria ficar um ano em casa alegrando sua esposa: “Quando um homem for recém-casado não sairá à guerra, nem se lhe imporá encargo algum; por um ano inteiro ficará livre na sua casa para alegrar a mulher, que tomou” (Dt 24:5). A necessidade de alegrar a esposa, então, é imposta por Deus e a relação sexual é um parte dessa obrigação. Aos Efésios, ele diz também que o amor inclui a obrigação de alimentá-la e sustentá-la em suas necessidades (Ef 5:29). Pecam, então, os maridos que negligenciam as necessidades materiais e econômicas da família. Em I Timóteo, ele deixa claro o tamanho da seriedade disso: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel” (I Tm 5:8). No contexto, a ênfase é claramente no cuidado material e econômico. Quem nega isso à sua esposa, deve ser tratado pela comunidade como pior do que um infiel. Isso está incluído no que Paulo diz em I Timóteo sobre os critérios para o ministério pastoral quando ele fala contra os “avarentos”. Isso não é tudo. A Bíblia também impõe sobre o homem a necessidade de cuidado espiritual. Aos Coríntios, Paulo colocou sobre os maridos a responsabilidade de ensinarem suas esposas em casa sobre a Palavra de Deus (I Co 14:35). Este tipo de coisa não foi ensinada somente por Paulo. Pedro escreveu: “Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações” (I Pd 3:7). Aqui Pedro diz que Deus leva tão a sério o tratamento que o marido dá a mulher que, caso ele dê um tratamento errado, Deus se recusará a ouvir suas orações.

Mas Paulo, ao falar das exigências de Deus para a família, não fala somente da relação do homem com sua esposa. Ele fala também da relação do homem com seus filhos. Assim como o casamento humano é análogo ao casamento entre Cristo e a Igreja, a paternidade humana é análoga à paternidade de Deus. É importante entender a distinção entre uma coisa e outra. Tanto a esposa quanto os filhos são sujeitos ao marido. Mas não da mesma maneira. Pais têm determinados direitos sobre seus filhos pelo fato de serem seus pais e o casal tem determinados direitos sobre o outro pelo fato de serem marido e mulher. Deus, por exemplo, dá ao marido o direito de se relacionar sexualmente com a esposa, mas ele não tem o direito de se relacionar sexualmente com os filhos (Lv 18:7), o que é uma abominação. Da mesma forma, Deus dá aos pais o direito de açoitar os filhos por desobediência (Hb 12:6-8), mas jamais deu o mesmo direito ao marido em relação a esposa. O pai que, com sabedoria, bate nos filhos desobedientes é um pai zeloso pela educação de seus filhos. Todavia, o marido que bate em sua esposa é um tirano, faz uso de uma autoridade que Deus nunca lhe deu e, portanto, cai na condenação do Apóstolo Paulo contra o “espancador” (I Tm 3:3). Segundo a Lei de Deus, deveriam sofrer o mesmo nas mãos dos magistrados civis (Lv 24:40). Tanto a esposa quanto os filhos são sujeitos ao marido, mas dentro dos limites de autoridade estabelecidos por Deus. Aqueles que excedem estes limites, em relação aos filhos ou em relação à esposa, contrariam a vontade de Deus.

Deus criou a relação entre pais e filhos para ser um espelho da relação entre as três pessoas da Santíssima Trindade. A obediência que os filhos devem ter aos pais é análoga à obediência de Cristo a Deus-Pai e ao Espírito, por meio de quem foi concebido (Sl 40:7-8; Mt 4:1, 26:39-42; Jo 5:30, 6:38;Fp 2:8; Hb 10:7). O amor que os pais devem ter pelos filhos e que os filhos devem ter pelos filhos é análogo ao amor de Cristo por Deus e de Deus por Cristo (Jo 3:35, 5:20, 15:9). A Bíblia é clara que “os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre o seu galardão” (Sl 127:3).“Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 1:28) é o primeiro mandamento de Deus ao homem registrado na Bíblia. Também foi o primeiro mandamento dado a Noé depois que ele saiu da arca (Gn 9:1).

Em resumo, o argumento de Paulo é que a relação que um homem tem com a própria família – sua esposa e filhos – é um dos principais testes para saber se um homem tem condições de assumir o ministério pastoral. As exigências não restringem aos mestres. São para todos os cristãos. Mas os mestres são um modelo para todo o povo e, portanto, precisam manifestar essas características de maneira extraordinária. E ai daqueles que não demonstram. “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3:1).

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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Educação dos Filhos - Entendendo a Responsabilidade - Por Rev. Elienai B. Batista




Sou pastor de uma igreja que, pela graça de Deus, passou por um processo de reforma, um processo de retorno às Escrituras no que diz respeito à doutrina, ao culto e à prática. Neste processo, uma das doutrinas que nos trouxe um grande impacto foi a doutrina da aliança.

Nós a estudamos por cerca de dois anos, até que nossos filhos vieram a receber o selo da aliança, o santo batismo. Com o aprendizado da doutrina da aliança, logo percebemos que não estávamos educando nossos filhos a partir do pressuposto de que eles pertencem a Deus. Isso nos levou a nos preocuparmos cada vez mais com a educação dos nossos filhos e, por isso, começamos a estudar sobre a educação cristã.

Como pastor e pai, sei que há o grande perigo de abraçarmos a doutrina bíblica da aliança sem, contudo, vermos as implicações da aliança no que concerne à educação de nossos filhos. Creio que a compreensão da doutrina da aliança deve nos levar a uma reforma na educação dos nossos filhos. Por isso, escrevo esta série de artigos na esperança de que o Senhor promova tal reforma, principalmente entre aqueles que confessam a doutrina da aliança. Nos primeiros artigos procuraremos entender nossa responsabilidade como pais, e depois, veremos não só o perigo que nossos filhos estão correndo sendo submetidos a uma educação humanista como também aquilo que podemos fazer a esse respeito.

Inicialmente, precisamos atentar para algo muito importante, precisamos de uma resposta para a seguinte pergunta: de quem é a responsabilidade pela educação dos filhos da aliança? A resposta parece óbvia. E é mesmo. Creio que todos concordarão que os responsáveis são os pais. Mas, mesmo concordando com isso, na prática, muitos pais correm o risco de dividir a educação de seus filhos em duas ou três partes, responsabilizando-se apenas parcialmente.

Quando isso ocorre, os pais tendem a dizer: “Nós não estamos habilitados para ensinar, por exemplo, ciências a nossos filhos, portanto, essa é uma responsabilidade do professor. Nossa responsabilidade é de educar em relação a outros assuntos”. Assim, se pode chegar à seguinte divisão na educação dos filhos e, consequentemente, da vida:

Educação moral. Os pais dizem: “É nossa responsabilidade”. Ainda que, já aqui, haja muita intromissão da escola — intromissão que, por vezes, é tolerada.

Educação intelectual. Os pais dizem: “É responsabilidade da escola”. Neste caso, os pais se limitam a cobrar dos filhos boas notas e algum compromisso com os estudos.

Educação religiosa (bíblica). Os pais dizem: “É responsabilidade da igreja”. Aqui muitos pais se omitem de ensinar a Palavra de Deus a seus filhos de uma maneira consistente, transferindo a responsabilidade para os oficiais da igreja e para as professoras de Escola Dominical.

Tal concepção educacional tem como origem e consequência uma divisão da vida em vários compartimentos. É como se não houvesse unidade entre essas áreas e como se houvesse uma separação entre espiritual e material (gnosticismo). Tal visão não está de acordo com a Palavra de Deus, que nos ensina que tudo pertence ao Senhor (Sl 24) e que até as mínimas coisas devem ser feitas para a glória de Deus (1 Co 10.31).

Essa tricotomia educacional (separação entre campos moral, intelectual e espiritual), pode fazer com que os pais entreguem seus filhos à escola, entendendo que é responsabilidade dela educar seus filhos intelectualmente. Se a escola é pública, o Estado é visto como o responsável pela educação dos filhos. E em nosso país, onde o Estado costuma ganhar um status de deus que deve nos dar tudo e em quem devemos confiar e esperar, tudo isso se agrava. Então se o Estado ocupa nossos filhos tirando-os de casa, se ele provê material escolar, merenda, roupas e, em alguns casos, até dá um dinheiro por filhos matriculados, muitos pais se darão por satisfeitos (q.v. Sl 146). Por outro lado, se é particular, a escola também é vista como responsável pela educação dos filhos. Neste caso, os pais podem dizer: “Nós estamos pagando, então a responsabilidade é da escola”. Com isso, os pais podem imaginar que estão cumprindo com sua obrigação, oferecendo a seus filhos uma “educação de qualidade”. Em ambos os casos, o grande perigo é diminuir a responsabilidade dos pais quanto à educação dos filhos e transferi-la a terceiros. Porque é mais fácil colocar a culpa em terceiros se algo der errado.

Mas o que cada pai cristão precisa lembrar, e especialmente nós que professamos a fé denominada de reformada, e que cremos que Deus estabeleceu uma aliança com seu povo, aliança da qual nossos filhos também participam, é que a responsabilidade de educar nossos filhos é nossa. Cada pai é responsável por educar seus filhos em todos os sentidos, seja no âmbito moral, espiritual ou intelectual.

Portanto, os pais não devem ver a educação de seus filhos partimentada, mas, como um todo pelo qual são responsáveis. É verdade que eles podem pedir ajuda, mas a responsabilidade, perante Deus, continua sendo dos pais. Em Efésios 6.4, lemos sobre esta responsabilidade. A primeira coisa que podemos notar é que o apóstolo Paulo utiliza uma palavra que geralmente é usada para referir-se a “pais” no sentido masculino, o que faz recair um peso maior de responsabilidade sobre o cabeça da família, no que concerne à educação dos filhos. No entanto, precisamos notar que a responsabilidade dos pais (masculino), não exclui a responsabilidade das mães, que devem ser auxiliadoras também nisso. É, portanto, responsabilidade dos pais (pai e mãe) criarem seus filhos. O verbo “criar” tem o significado de “nutrir”, “cuidar”, e a ideia é de ajudar a florescer, ou seja, de ajudar os filhos a alcançarem maturidade em todas as áreas da vida. Podemos pensar nos filhos como pequenas plantas, as quais regamos, aplicamos nutrientes, protegemos, limpamos, em suma, cultivamos com todo cuidado esperando que um dia possam dar frutos. Isso mostra que a participação dos pais na educação de seus filhos é ativa. Se desejam que seus filhos produzam frutos para a glória de Deus, eles devem nitri-los para esse fim.

O texto também nos mostra como devemos fazer isso. Primeiro somos instruídos sobre o que não fazer, isto é, os pais não devem provocar seus filhos à ira. A razão disso nos é fornecida no texto paralelo em Cl 3.21: “... para que não fiquem desanimados”. Portanto, ao criarem seus filhos, os pais devem ter todo cuidado para não encher os corações deles de amargura e desânimo, fazendo com que obedeçam apenas por medo. Pelo contrário, devem dirigir o coração de seus filhos à obediência exigida (Ef 6.1-3), utilizando a “disciplina e admoestação do Senhor”. A palavra “disciplina” (paideia), que também pode ser traduzida por “treinamento”, “instrução”, se refere a tudo aquilo que concorre para o desenvolvimento mental, moral e espiritual da criança, é a educação por meio de regras e normas e que pode envolver recompensas ou castigos. A “disciplina” tem como alvo a vontade da criança. Já a palavra “admoestação” (nouthesia), pode ser traduzida por “advertência”, “instrução”. É a educação por meio de instrução verbal visando a correção do pensamento, da mente. A “admoestação” tem como alvo o intelecto da criança.

Por fim, o texto nos ensina que essa “disciplina e admoestação” devem ser “no Senhor”, isto é, a educação deve se desenvolver sob a autoridade que o Senhor dá e de acordo com a Sua Palavra. Isso nos chama a atenção para o fato de que o Senhorio de Cristo deve ser reconhecido também na educação dos filhos, mesmo aí, não podemos nos submeter a outro senhor.

Portanto, à luz de Efésios 6.4, devemos reconhecer que os pais são responsáveis por “nutrir” seus filhos, para um desenvolvimento pleno, como o próprio Senhor Jesus se desenvolveu como homem (Lc 2.52). Os pais são responsáveis por educar seus filhos e não devem se desfazer desta responsabilidade.

E talvez você pergunte: Se a responsabilidade da educação em todos os âmbitos é dos pais, então qual o papel da escola? A escola e seus professores são meios que os pais podem utilizar para cumprir sua responsabilidade de educar seus filhos. Neste caso, o professor tem autoridade delegada pelos pais para ensinar seus filhos, e ainda que o professor seja também responsável, a responsabilidade final recai sobre os pais. Então se um professor está ensinando a seus filhos que não há nenhum problema em uma união homossexual, que a questão de sexo masculino ou feminino é uma questão de opção, que Deus não existe, que o mundo veio de uma grande explosão, que não existe verdade absoluta, que o aborto deveria ser legalizado, que não existe pecado ou que o homem é inerentemente bom, você, pai, é responsável por isso diante de Deus.

Então, como vocês podem perceber, este é um assunto muito sério. Os pais devem sentir o peso de sua responsabilidade na educação de seus filhos. E já que a responsabilidade é dos pais, então a educação dos filhos é algo para o qual os pais devem dar muita atenção. Eles não podem simplesmente entregar seus filhos à escola, seja cristã ou não, como se não fosse sua responsabilidade a educação como um todo.

Esta é a primeira coisa que os pais que desejam dar a seus filhos uma educação que glorifique a Deus devem ter em mente: a responsabilidade pela educação dos filhos é em todos os sentidos uma responsabilidade deles.

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Fonte: Reforma Hoje

João 3:16, Desejos do Homem e Novo Nascimento - por John Hendryx





Tendo Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente a vocês, para abençoá-los, convertendo cada um de vocês das suas maldades” (Atos 3:26).

Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado dos céus” (João 3:27) .

Freqüentemente me pego debatendo com cristãos que acreditam que homem e Deus têm papéis iguais na regeneração (sinergistas) e que nossa escolha é o sine qua non do novo nascimento. Eles argumentam que Deus dá a todos a graça preveniente, mas o homem pode exercer seu livre-arbítrio autônomo para fazer a graça eficaz. Estes cristãos ensinam que o homem escolhe a Cristo apesar de seus desejos e isso é o que faz sua vontade livre. Escolher algo diferente de seus desejos constitui verdadeira liberdade para eles, já que a liberdade está acima e é independente de todas as outras influências. Mas é isto o que a Bíblia ensina? 

O primeiro alvo deste texto é provar pelas Escrituras que nós sempre escolhemos o que nós queremos (desejamos) mais e que isso é baseado em nossa natureza. Nós escolhemos alguma coisa porque nós a desejamos. Em outras palavras, nós acreditamos em Jesus porque nosso desejo por Cristo se torna maior que nosso desejo pelo pecado. O segundo alvo é explorar de onde esse desejo vem. Ele vem de nossa natureza degenerada (como os sinergistas crêem) ou ele é um dom incondicional de Deus? Meus amigos sinergistas dizem que, utilizando a graça de Deus, apesar de nossos desejos, nossa vontade autônoma definitivamente determinará nosso destino final. Eu argumentarei porque essa posição é fatal para seu sistema teológico inteiro. 

Nós Escolhemos O Que Nós Desejamos Mais 

Vamos começar com alguns textos bíblicos que ensinam que nossa natureza determina nossos desejos e nossos desejos determinam nossas escolhas. Cristo diz:

O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração” (Lucas 6:45).

O que Jesus diz aqui é claro – a água não corre contra a correnteza. Nossa decisão de dizer algo bom ou ruim é somente determinada pela condição de nosso coração. Há uma grande evidência para o mesmo conceito em Mateus 7:18. 

A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons”.

Aqui, Jesus está ensinando que é a natureza da árvore que determina o que virá dela. Somente aquele que tem uma boa natureza é capaz de criar um pensamento correto, gerar uma afeição correta, ou originar uma volição correta. Jesus martela novamente o mesmo conceito nos judeus incrédulos, quando discute se eles são ou não descendentes de Abraão: 

Por que a minha linguagem não é clara para vocês? Porque são incapazes de ouvir o que eu digo. Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira (...) Aquele que pertence a Deus ouve o que Deus diz. Vocês não o ouvem porque não pertencem a Deus”. (João 8:43,44,47)

Na passagem acima, os judeus não puderam ouvir a palavra de Deus porque eles pertenciam ao diabo (suas naturezas) e isso aumentou suas vontades de fazer o que desejavam. Suas naturezas os tornaram moralmente impotentes para ouvir as palavras de Jesus. Mais tarde, Jesus ensina que antes de alguém ouvir as palavras de Deus, ele deve ser de Deus. Em outras palavras, uma pessoa não entenderá o evangelho enquanto permanecer em seu estado não-regenerado e decaído.

Deus Exige Perfeição 

Na história do jovem rico, Jesus o ensina que se ele obedecer todos os mandamentos, ele terá a vida eterna. Todos nós sabemos que esta história foi contada para expôr nossa inabilidade de cumprir tudo isso. Mas o jovem (equivocadamente) confiava que ele guardou tudo desde sua juventude. Jesus, conhecendo seu coração e onde ele vacilaria, ordena que o rapaz venda todas suas posses, dê aos pobres e o siga. Em outras palavras, Jesus lhe disse que o arrependimento de sua ganância e a fé em Cristo eram onde ele ainda falhava. Mas ele se afastou entristecido. Jesus então diz a seus discípulos que é mais difícil que um homem rico entre no Paraíso que um camelo passar por um buraco de agulha. “Quem então poderá ser salvo?”, os discípulos perguntam, sabendo que Jesus está dizendo que o caminho para o céu está fechado a todos os homens – um padrão santo que ninguém poderia alcançar. A resposta que Jesus dá é “Para o homem é impossível [arrependimento e fé], mas para Deus todas as coisas são possíveis”. A natureza do jovem não poderia se colocar acima de seus desejos e Jesus diz que isso é impossível para todos os homens. Apenas Deus tem a capacidade de fazer isto. A Bíblia é recheada com exemplos assim. É realmente um mito que o homem em seu estado natural está genuinamente buscando a Deus. Homens podem procurar um deus, mas eles não procuram o verdadeiro Deus, revelado nas Escrituras. Exceto pelo novo nascimento, ninguém vem à luz do verdadeiro Deus, mas suprimi a verdade pela injustiça. 

A Bíblia, por esta razão, ensina além de qualquer dúvida que nós agimos ou escolhemos de acordo com nosso maior desejo, que é baseado é nossa natureza. Jesus, como notamos acima, ensina que é impossível ser de outra forma. Mais ainda, como uma conseqüência da morte física de Adão e seus descendentes (Gn 2:17) existem muitos outros problemas com a natureza do homem em seu estado decaído, incluindo sua incapacidade de entender Deus (Salmos 50:21; Jó 11:7,8; Rm 3:11); ver coisas espirituais (Jo 3:3); conhecer seu próprio coração (Jr 17:9); direcionar os próprios passos no caminho da vida (Jr 10:23; Pv 14:12); libertar a si mesmo da maldição da Lei (Gl 3:10); receber o Espírito Santo (Jo 14:17); nascer por si só na família de Deus (Jo 1:13; Rm 9:15,16); produzir arrependimento e fé em Jesus Cristo (Ef 2:8,9; Jo 6:64.65; 2 Ts 3:2; Fp 1:29; 2 Tm 2:25); ir a Cristo (Jo 10:26; Jo 6:44); e agradar a Deus (Rm 8:5,8,9). Estas conseqüências da desobediência de Adão em seus descendentes são o que os teólogos freqüentemente se referem como a total depravação do homem. Sem uma mudança de disposição, o amor de Deus e Sua lei não é a mais profunda motivação e princípio do homem natural. 

O Que Tudo Isso Tem a Ver com João 3:16?

Sinergistas freqüentemente me dizem: “Predestinacionistas acreditam em um Deus que requer mais do que Ele capacita ou permite os homens alcançarem. Este é o tipo de Deus em quem eles acreditam”. Nisto eles estão parcialmente corretos, mas a falha está no homem, não em Deus... porque a natureza de Deus nunca mudou, mas a nossa muda. A Lei de Deus é perfeita porque Ele é perfeito. Ele não pode diminuir Seus padrões por nós ou Ele não mais seria Deus. Por esta razão, Deus teve um propósito específico em exigir perfeição moral em nós e isso inclui o mandamento de crer em Cristo. 

Declarações bíblicas como “se tu o buscares” e “todo aquele que nele crer” como em João 3:16 estão num modo hipotético. Um gramático explicaria que há uma declaração condicional, que não expressa nada de forma indicativa. Nesta passagem o que nós “deveríamos” fazer não implica necessariamente que nós “podemos” fazer. Os dez mandamentos, da mesma forma, falam do que nós deveríamos fazer mas eles não implicam que nós temos a habilidade moral de cumprí-los. Os mandamentos de Deus nunca serviram para nos fortalecer, mas para arrancar nossa confiança em nossas próprias capacidades de tal forma que seria o fim de nós mesmos. Com uma clareza pungente, Paulo ensina que este é o intento da legislação divina (Rm 3:20, 5:20; Gl 3:19,24). Se alguém está tentado a argumentar que essa crença é meramente um convite, e não um mandamento, leia 1 João 3:23: “E este é o seu mandamento: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo...”. Então, eu creio que aqueles que sustentam a idéia de que Deus ordena aos homens decaídos e não-regenerados a fazerem algo que já são capazes de fazê-lo estão impondo uma teoria antibíblica no texto. Um mandamento ou convite com uma afirmação abertamente hipotética, como João 3:16 faz não implica na capacidade de cumpri-lo. Isto é especialmente verdadeiro à luz de textos como Jo 1:13, Rm 9:16, Jo 6:37, 44, 63-65, Mt 5:16-16, 1 Co 2:14 e muitos outros que mostram a incapacidade moral do homem no estado decaído em crer no Evangelho. Em nossa natureza não-regenerada nós não podemos fazer nada a não ser amar as trevas e nunca nos aproximarmos da luz.

Na Cruz Deus Nos Dá o que Ele Exige de Nós

Como isso pode ser boa-nova se os homens nunca se encontrarão naturalmente desejando se submeter em fé aos humilhantes termos do Evangelho de Cristo? (Rm 3:11; Jo 6:64,65; 2 Ts 3:2). Porque Deus nos deu graciosamente o que Ele exige de nós. No evangelho, Deus nos revela a mesma justiça e fé que Ele exige de nós. O que nós deveríamos ter, mas não poderíamos criar ou alcançar ou cumprir, Deus nos garante livremente, como é chamada, a justiça de Deus (2 Co 5:21) e a fé de Cristo. Ele revela, como um dom em Cristo Jesus, a fé e a justiça que antes era somente uma exigência. Fé não é algo com que o pecador contribui para pagar o preço de Sua salvação. Jesus já pagou todo o preço por nós. Fé é nosso primeiro fôlego na respiração de nosso novo nascimento, antes de falar. É uma testemunha da obra da graça de Deus que tomou seu lugar dentro de nós (Ef 2:5,8; 2 Tm 2:25).

Romanos 3:11,12 diz “não há ninguém que busque a Deus, ninguém” e 1 Co 2:14 diz que o homem natural não consegue entender as coisas do Espírito, que são loucura para ele e não é possível que sejam aceitas porque devem ser discernidas espiritualmente. Mesmo Pedro teve de ser revelado pelo Pai que Jesus era o Cristo. Os arminianos e nós concordamos que “todo aquele que crer” tem a vida eterna, mas a questão vai além disso – o que leva alguém a crer?

C.H. Spurgeon, em seu sermão Incapacidade Humana expõe isso com grande clareza:

"Oh", diz o Arminiano, "os homens podem serem salvos se quiserem." Nós replicamos: "Meu querido senhor, todos nós cremos nisto; mas é precisamente no se eles quiserem onde está a dificuldade. Afirmamos que ninguém quer vir a Cristo, a menos que ele seja trazido; pelo contrário, nós não afirmamos isto, mas o próprio Cristo o declara: "Mas não quereis vir a mim para terdes vida"; e enquanto este "não quereis" permanecer registrado na Santa Escritura, não seremos inclinados a crer em qualquer doutrina da liberdade da vontade humana. É estranho como as pessoas, quando falam sobre o livre-arbítrio, discutem de coisas que eles não tem nenhum entendimento. "Ora", diz alguém, "eu creio que os homens podem ser salvos se eles quiserem." Meu querido senhor, de modo algum é esta a questão. A questão é: os homens alguma vez são encontrados naturalmente dispostos a submeterem-se aos termos humilhantes do evangelho de Cristo? Declaramos, sob a autoridade das Escrituras, que o homem está tão desesperadamente em ruína, tão depravado, e tão inclinado a tudo o que é mal, e tão oposto a tudo o que é bom, que sem a poderosa, sobrenatural e irresistível influência do Espírito Santo, nenhum ser humano quererá jamais ser constrangido para Cristo. Você replica, que os homens algumas vezes estão desejosos, sem a ajuda do Espírito Santo. Eu respondo: Você encontrou alguma vez alguma pessoa que estivesse?

Eu argumentaria que este é o porquê de Jesus enfatizar o novo nascimento durante toda a passagem de João 3. Nicodemos não podia entender a linguagem de Jesus: “O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito”. Assim como somos passivos em nosso nascimento físico, também no nascimento espiritual o somos. Nós não participamos ativamente de qualquer nascimento com nossos esforços. O Espírito é semelhante ao vento nesta passagem, que não se sabe se está indo ou vindo – assim é todo aquele nascido em espírito. O trabalho do Espírito é soberano e sobrenatural. Assim como um cego não enxergará se você lançar uma luz nos seus olhos, ordenando a ele tudo que você quiser. Não é de luz que ele precisa, mas de um novo par de olhos. É assim que o novo nascimento parece. Antes da regeneração, Satanás nos tornou cativos de sua vontade. Ele nos cegou para a verdade. Nós devemos ser libertos de nossos próprios desejos e o cativo somente é completamente livre pelo dedo de Deus através do trabalho final de Cristo.

Em João 3:19-20, no mesmo contexto de 3:16 (três versos depois), Jesus qualifica Seu “todo aquele que crê” com a seguinte afirmação: “Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas”. (Isto é para todos nós anterior à regeneração)

Mas todos nós sabemos que alguns virão para a luz. Leia o que João 3:20-21 diz sobre eles. “Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus”. Então, veja que existe aqueles que vêm para a luz; e suas obras são o trabalho de Deus. “Feitas em Deus” significa trabalhado em e por Deus. A não ser pelo gracioso trabalho divino de regeneração, todos os homens odeiam a luz de Deus e não irão até ela.

Ao invés de balançar nossas cabeças para o versículo que se encaixa em nosso sistema particular de teologia, nós devemos interpretar escritura com escritura, especialmente no contexto da passagem. Agora que nós vimos João 3 por completo, o verdadeiro significado do texto se torna claro. João 1:10-12 é também um dos favoritos dos sinergistas quando anunciam o evangelho:

Ele estava no mundo, e o embora mundo tenha sido feito por intermédio dele, o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus”.

Grande passagem, eu também adoro usar estes versos, mas nós não podemos parar aqui. Nós precisamos reconhecer que devemos adicionar a qualidade do verso 13:

os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus” (João 1:13).

Eu acho estranho muitos deixarem esse versículo de fora de sua evangelização: todos os versículos caminham juntos. Isso repete um tema constante nas Escrituras: que nós somos ordenados a nos arrepender e crer no evangelho, mas adicionalmente, que nós somos moralmente incapazes de fazer tanto sem o eficaz trabalho do Espírito Santo. A oferta de “todo aquele que nele crer” é para todos os homens e verdadeiramente oferecida a todos os homens, mas nenhum homem natural deseja a Deus. TODOS rejeitam este dom, mas o que nós não podemos fazer por nós mesmos, Deus faz por nós. Aqueles que vêm a Deus dão glórias a Ele porque Ele tem preparado seu coração, dando-lhes um desejo por Cristo que é maior que o desejo de permanecer no pecado. Isto é o que Ele fez por Lídia através da pregação de Paulo, no livro de Atos: “O Senhor abriu seu coração para atender à mensagem de Paulo”. O que aconteceu a Lídia é o que acontece a todo aquele que vem para a fé em Cristo. Se o Senhor abrir nosso coração, nós desejaremos crer, e nenhuma resistência existe, porque nós não desejaremos resistir. Nossas novas naturezas vivificadas pelo Espírito Santo têm novos desejos e disposições, que não poderíamos produzir por nós mesmos. Se o Senhor abriu o coração de Lídia para ela atender à mensagem e ela resistisse, isto seria uma afirmação contraditória. Note que Deus abriu seu coração para “atender à mensagem”. Se Deus desarmou a hostilidade de Lídia de forma que ela creria, então não deveria haver mais debates de como Ele faz com todos aqueles que têm fé. Apesar do fato de nós termos uma crença real em nós mesmos, pelo esquema sinergista, no entanto, o homem volta sua afeição e fé para Deus enquanto ainda está em sua caída e degenerada condição de coração petrificado. Mas o homem deve primeiro ter uma nova natureza para crer – ou seja, a Escritura ensina que o homem sem o Espírito não deseja, entende, tampouco é capaz de obedecer ou se voltar a Deus (1 Co 2:14, Rm 8:7, Rm 3:11). Se nós iremos acreditar, Deus deve primeiramente transformar nosso coração de pedra em um coração de carne:

Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o meu Espírito em vocês e os levarei a agirem segundo os meus decretos e a obedecerem fielmente às minhas leis” (Ezequiel 36:26,27).

Os sinergistas acreditam que o grande desejo por fé, pelo qual nós creremos no Deus que justifica pecadores, pertence a nós por natureza e não por um dom da graça, que está, pela inspiração do Espírito Santo, aumentando nossa vontade e tirando ela da descrença para fé e da falta de Deus para Deus. Mas o Apóstolo Paulo diz: “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fl 1:6). E novamente, “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus” (Ef 2:8). Pior ainda, os sinergistas ensinam que Deus tem misericórdia de nós quando, a partir da graça regeneradora, nós acreditamos, queremos e desejamos, mas não confessam que é através do trabalho e inspiração do Espírito Santo em nós que teremos a fé, a vontade ou força para fazer todas estas coisas. Se eles fazem a ajuda da graça depender de nossa humildade ou obediência, mas não concordam que é um dom da própria graça que nós sejamos obedientes e humildes, eles contradizem a Bíblia, que diz “O que você tem que não tenha recebido?” (1 Co 4:7) e “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou” (1 Co 15:10).

Então vamos perguntar a nossos amigos sinergistas porque um homem crê e outro não?

Pelo esquema arminiano, Deus dá ao homem graça suficiente para colocá-lo numa posição de decidir por si mesmo se irá ou não crer. Então um homem será mais inteligente, mais sábio e mais humilde? Se este fosse o caso, Deus nos salvaria com base na personalidade gerada por nós mesmos e não pela graça. Pergunte a eles como seus olhos se voltaram a Deus. Um homem usa a graça dada a ele e outro não. O que no homem determina sua escolha e por quê? Isso nos deixa com salvação pelo mérito, desde que um homem que tem pensamentos e afeições por Deus O escolhe enquanto o outro não. Não já provamos que as Escrituras ensinam que fazemos nossas escolhas baseados no que mais desejamos? Onde o homem conseguiu sabedoria e inclinação a Deus, enquanto o outro permaneceu endurecido? Como um homem criou um pensamento reto, afeição reta, ou originou volição reta? Se não veio de seus desejos, então veio de onde? As escolhas são baseadas no que nós somos. Um homem natural nunca escolheria a Deus por si mesmo sem a graça regeneradora. Então Deus sobrenaturalmente enxerta a obra regeneradora do espírito ao despertar a fé de Seus eleitos.

Então, porque alguns homens rejeitam a Deus?  

Resposta muito simples: Porque eles são malignos. “Ele fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar” (2 Ts 2:10). Eles odeiam a Deus e não O querem, como toda pessoa sem o Espírito. Cristo diz “vocês não crêem, porque não são minhas ovelhas”. Jesus claramente mostra que a natureza da pessoa determina as escolhas que faz. Ele não diz “vocês não crêem, por isso não são minhas ovelhas” . Não, Ele diz “vocês não são minhas ovelhas, (POR ISSO) vocês não crêem”. A Bíblia afirma claramente porque alguns crêem e outros não. Nossa natureza determina nossas escolhas. Descrença é conseqüência da maldade, segundo as Escrituras. Crer é conseqüência da misericordiosa mudança na disposição do coração (em direção a Deus) através da rápida ação do Espírito Santo. O esquema sinergista deixa cada pessoa decidir por elas mesmas enquanto ainda estão em sua natureza decaída. O homem em seu estado não-regenerado decide baseado em um princípio dentro dele. Nossa vontade por si só não é autônoma, mas controlada por quem somos naturalmente. Nós nunca escolhemos o que nós não queremos ou odiamos. Em nosso estado não-regenerado nós ainda somos hostis para com Deus, amamos as trevas e somos cegos pelo diabo, tomados cativos para fazer a vontade dele, e não desejamos ou queremos coisas espirituais.

Se a graça preveniente dos arminianos somente faz o coração neutro, como eles admitem, então o homem não é motivado nem desmotivado para crer ou descrer – conseqüentemente a única opção é pelo acaso que alguém creia ou não. Eles irão argumentar ardentemente contra isso mas não encontrarão outra alternativa bíblica. Nossa escolha, qual seja, é baseada em nosso caráter interior, não pelo acaso. Um homem escolhe e o outro não, porque um foi renovado pelo gracioso trabalho de Deus. Apenas isso dá toda glória a Deus pela salvação.

O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu lhes disse são espírito e vida. Contudo, há alguns de vocês que não crêem” (...) E prosseguiu: "É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai” (João 6:63-65).

Concluindo, minha oração é que a igreja do século XXI finalmente aprenda a doutrina “somente pela graça” corretamente. Oh! Que nós entendamos a pobreza da condição do homem perdido e a glória da misericórdia e graça divinas, e que não nos preocupemos em proclamá-las. Acredito que percorreremos um longo caminho parar criarmos uma postura de adoração que dê completa honra a Deus, em que Seu povo terá pensamentos corretos sobre Ele e alcançará um estágio de verdadeiro reavivamento. Esta tem sido uma longa batalha desenhada através da História da igreja (Agostinho/Pelágio, Lutero/Erasmo, Calvino/Armínio, Wesley/Whitefield) mas eu permaneço muito otimista quanto ao futuro crescimento do reino de Deus.

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Tradução livre: Josaías Cardoso Ribeiro Jr.
Fonte: Monergismo