segunda-feira, 7 de julho de 2014

O Destino de William Perkins


Enquanto estudava, Perkins experimentou uma extraordinária conversão, que provavelmente começou quando ouviu casualmente uma mulher repreender o seu filho desobediente fazendo alusão ao “beberrão Perkins”. Esse incidente humilhou tanto Perkins que ele abandonou os seus maus caminhos e fugiu para Cristo em busca de salvação. [...]
Perkins tinha excepcionais dons para a pregação e uma fantástica capacidade de alcançar as pessoas comuns com teologia simples e direta. Ele foi pioneiro na casuística puritana – a arte de lidar com os “casos de consciência” mediante autoexame e diagnose escriturística. Muitos foram convencidos do pecado e libertados da escravidão sob a sua pregação. Os prisioneiros da cadeia de Cambridge estavam entre os primeiros a se beneficiarem  de sua poderosa pregação. Perkins “pronunciava a palavra maldição com tal ênfase que deixava um lúgubre eco nos ouvidos dos ouvintes por um bom tempo”, escreveu Thomas Fuller. “Muitas pessoas escravizadas, como Onésimo, foram convertidas a Cristo” (Abel Redevivus, 2:145,146).
Samuel Clarke dá-nos um exemplo do cuidado pastoral de Perkins. Diz ele que um prisioneiro condenado estava subindo ao patíbulo parecendo meio morto, quando Perkins lhe disse: “Que é isso, homem? Que é que há contigo? Estás com medo da morte?” O prisioneiro confessou que tinha menos medo da morte do que do que viria  depois. “Sendo o que dizes, disse Perkins, “desce para cá de novo, homem, e verás o que a graça de Deus vai fazer para te fortalecer”.
Quando o prisioneiro desceu, os dois se ajoelharam juntos, dando as mãos, e Perkins elevou “uma oração tão eficaz de confissão de pecados… que fez o pobre prisioneiro explodir em abundantes lágrimas”. Convicto de que o prisioneiro foi “levado abaixo, até as portas do inferno”, Perkins mostrou-lhe o evangelho em oração. Clarke escreve que os olhos do prisioneiro foram abertos e ele pôde ver “que as negras linhas de todos os seus pecados foram cruzadas e canceladas pelas linhas vermelhas do precioso sangue do Seu Salvador crucificado, aplicando-o tão amorosamente à sua consciência ferida que o fez romper-se outra vez em novas torrentes de lágrimas pela alegria da consolação interior que ele encontrou”. O prisioneiro levantou-se, subiu honrosamente a escada, deu testemunho da salvação que há no sangue de Cristo e suportou pacientemente a morte, “como que se vendo de fato libertado do inferno que antes temia, e o céu aberto para receber a sua alma, para grande regozijo dos expectadores” (The Marrow of Ecclesiastical History, pp. 416, 417).
Trecho do livro: “Paixão pela Pureza” da Editora PES, de Joel R. Beeke & Randall J. Pederson
Imprensa da Fé, São Paulo, 2010