terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A Igreja Semelhante a um Barzinho - por John F. MacArthur Jr.

O pragmatismo radical da “abordagem amigável” rouba da igreja o seu papel profético. Transforma-a em uma organização popular, que recruta seus membros através de oferecer-lhes um ambiente de calor humano e amizade, no qual as pessoas comem, bebem e são entretidas. A igreja acaba funcionando mais como um clube do que como uma casa de adoração. Isso não é um exagero. Um recente “best-seller” que advoga idéias pragmáticas de crescimento de igreja incluiu esta sugestão: Lembra-se como o bar da esquina costumava ser o lugar onde os homens da vizinhança se reuniam para assistir na TV os grandes eventos esportivos, tais como lutas e campeonatos mundiais de box? Embora os tempos tenham mudado, o mesmo conceito pode ser usado pela igreja para causar um grande impacto. A maior delas possui um grande auditório que poderia ser utilizado para reuniões especiais ao redor dos grandes eventos da mídia – esportes, debates políticos, entretenimentos especiais e coisas semelhantes. O cenário é construído em torno de pressuposições que são claramente antibíblicas. A igreja não é um clube à busca de novos sócios. Não é o barzinho do bairro onde a vizinhança se reúne. Não é um grêmio estudantil à procura de calouros. Não é um centro comunitário onde se realizam as festas. Não é um clube de campo para as massas. Não é um comitê eleitoral onde os problemas da comunidade são discutidos. Não é uma corte judicial para corrigir as injustiças sociais. Não é um fórum aberto, ou uma convenção política, ou até mesmo uma cruzada evangelística. A igreja é o corpo de Cristo (1 Co 12.27), e as reuniões da igreja são para adoração e instrução. O único alvo legítimo da igreja é “o aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.12) – crescimento vital, não apenas expansão numérica. A idéia de que as reuniões da igreja deveriam ser usadas para encantar ou atrair os não-cristãos é um conceito relativamente novo. Nas Escrituras, não há qualquer sugestão quanto a isso; aliás, o apóstolo Paulo falou da presença de incrédulos na igreja como um evento excepcional (1 Co 14.23). Hebreus 10.24,25 indica que os cultos da igreja são para o benefício dos crentes e não dos incrédulos: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos”. Atos 2.42 mostra-nos o padrão que a igreja primitiva seguia, quando se reunia: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.”. Observe que adorar a Deus e encorajar os irmãos eram as prioridades da igreja primitiva. A igreja se reunia para a edificação e se dispersava para evangelizar o mundo. Nosso Senhor comissionou seus discípulos para evangelizarem da seguinte forma: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28.19). Cristo deixou evidente que a igreja não deve esperar que o mundo venha ou que deve convidá-lo a vir às suas reuniões; Ele mostrou com clareza que a igreja deve ir ao mundo. É a responsabilidade de todo crente. Temo que uma abordagem que enfatiza a apresentação do evangelho de uma forma facilitada dentro da igreja, exime o crente de sua obrigação pessoal de ser uma luz no mundo (Mt 5.16). Novamente ressaltamos que a proclamação da Palavra de Deus deve ser central na igreja (1 Co 1.23; 9.16; 2 Co 4.5; 1 Tm 6.2; 2 Tm 4.2). “Quer seja oportuno, quer não”, é tarefa dos ministros de Deus corrigir, repreender, exortar com toda a longanimidade e doutrina (2 Tm 4.2). O pastor que coloca o entretenimento acima da pregação bíblica e vigorosa abdica da responsabilidade primária de sua função, ou seja, apegar-se “à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem” (Tt 1.9). A estratégia da igreja nunca foi de apelar ao mundo utilizando os termos do mundo. Não se espera que as igrejas estejam a competir pelo consumidor no mesmo nível que uma cerveja famosa ou uma grande rede de televisão. Não há como estimularmos crescimento genuíno via persuasão fascinante ou técnicas engenhosas. É o Senhor quem acrescenta as almas à igreja (At 2.47). Metodologias humanas não podem acelerar ou suplantar o processo divino. Qualquer crescimento adicional que venha a produzir não passará de uma pobre e infrutífera imitação. Crescimento artificial ou não-natural, no reino biológico, pode causar deformação – ou pior, câncer. Crescimento sintético, no reino espiritual, é genuinamente doentio.