sábado, 25 de dezembro de 2010

NÃO PREGAMOS A NÓS MESMOS

Deixaram bem claro a seguinte verdade: Aquele que veio para morrer pelos pecadores não era um dentre os anjos, era Alguém superior a eles — o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Acima de tudo, há uma coisa a respeito dos anjos que não devemos esquecer: eles se interessam profundamente pela obra de Jesus e pela salvação que Ele providenciou. Cantaram louvores sublimes quando o Filho de Deus veio para estabelecer a paz entre Deus e o homem, por intermédio de seu sangue. Regozijam-se quando pecadores se arrependem, quando homens se tornam filhos na família do Pai celestial. Deleitam-se em ministrar aos herdeiros da salvação. Enquanto estamos nesta terra, esforcemo-nos para ser como os anjos, tendo a maneira de pensar deles e compartilhando de suas alegrias. Este é o modo de estar em sintonia com o céu. As Escrituras afirmam sobre aqueles que lá entram: são "como os anjos" (Mc 12.25).

Finalmente, observemos nesta passagem o efeito que o aparecimento do anjo produziu na mente de Zacarias. Esse homem justo "turbou-se, e apoderou-se dele o temor". A sua experiência é exatamente a mesma de outros santos que passaram por situações semelhantes. Moisés diante da sarça ardente, Daniel às margens do rio Tigre, as mulheres no sepulcro de Jesus e o apóstolo João na ilha de Patmos — todos demonstraram temor semelhante ao de Zacarias. Assim como ele, esses outros santos tremeram e sentiram medo, quando contemplaram visões de coisas pertencentes ao outro mundo.
Como explicar esse temor? Existe apenas uma resposta: esse temor surge de nosso senso íntimo de fraqueza, culpa e corrupção. A visão de um habitante celestial inevitavelmente nos faz lembrar de nossa própria imperfeição e inconveniência natural para nos apresentarmos diante de Deus. Se os anjos são excessivamente grandes e tremendos, como será o Senhor deles?
Devemos bendizer a Deus porque temos um poderoso Mediador entre Ele e nós, Jesus Cristo, homem. Crendo nEle, podemos nos aproximar de Deus com intrepidez, esperando sem temor o Dia do Juízo. Quando os anjos poderosos saírem para ajuntar os eleitos de Deus, esses não terão motivo para ficar com medo. Os anjos são conservos e amigos dos eleitos de Deus (Ap 22.9).
Devemos tremer ao pensar no terror que sobrevirá aos ímpios naquele dia! Se mesmo os justos sentem-se perturbados por uma aparição súbita de espíritos amáveis, qual será a reação dos ímpios quando os anjos vierem para recolhê-los como palha destinada à fogueira? Os temores dos justos não têm fundamento e são efêmeros. Quando se manifestarem os temores dos perdidos, ficará comprovado que os ímpios tinham motivos corretos para esses temores, que permanecerão para sempre.
Por - J. C. Ryle.