Pr. J Miranda - “Bem aventurados os que guardam seus testemunhos, e que os buscam de todo o coração” (Sl 119.2) –
Buscar a Deus significa o ardente desejo de ter comunhão com ele de maneira mais íntima, segui-lo mais plenamente, manter a mais perfeita união com sua mente e vontade, promover sua glória e compreender plenamente tudo o que ele é para os corações san¬tos. O homem abençoado já possui a Deus, e por esse motivo ele o busca. Isso pode parecer contraditório; mas é apenas um paradoxo.
Deus não é buscado genuinamente pelas frias ponderações do cérebro; é preciso que o busquemos com o coração. O amor se manifesta amando; Deus manifesta seu coração no coração de seu povo. E vão esforçarmo-nos em compreendê-lo através da razão; é preciso compreendê-lo através da afeição. O coração, porém, não deve ser dividido entre muitos objetos, se porventura o Se¬nhor é buscado por nós. Deus é um só, e não o conheceremos até que nosso coração seja um com o dele. Um coração quebrantado não necessita de ser dominado pela angústia, porque nenhum co¬ração é tão íntegro em sua busca por Deus como o coração que¬brantado, do qual cada fragmento suspira e clama pelo rosto do grande Pai. E o coração dividido que a doutrina do texto censura, e, por estranho que pareça, na fraseologia bíblica um coração pode estar dividido sem estar quebrantado, e pode estar quebrantado, porém não dividido; e no entanto pode ser quebrantado e estar curado, e nunca pode estar curado antes de ser quebrantado. Quan¬do nosso coração inteiro busca o Deus santo em Cristo Jesus, en¬tão ele se chega para aquele de quem está escrito: "Tantos quantos o tocavam, ficavam perfeitamente curados”.
O que o salmista admira neste versículo ele reivindica no déci¬mo, onde diz: "De todo meu coração te busquei” Fica tudo bem quando a admiração de uma virtude leva à obtenção da mesma. Os que não crêem na bem-aventurança de buscar o Senhor provavelmente não terão seus corações estimulados para a desejarem; mas aquele que acena para outro bem-aventurado por cau¬sa da graça que nele vê, está no caminho de granjear para si a mesma graça.
Se os que buscam o Senhor são bem-aventurados, o que di¬zer daqueles que realmente habitam com ele e sabem que ele lhes pertence?
Os que seguem a Palavra de Deus não amam a iniqüidade; a regra é perfeita, e se ela for constantemente seguida não haverá erro. Ávida, para o obser¬vador do lado de fora, consiste em atos; e aquele que, em suas atividades, nunca se desvia da eqüidade, quer em relação a Deus, quer em relação aos homens, realmente tomou o caminho da per-feição, e estejamos certos de que seu coração é íntegro nele. Então notamos que um coração íntegro se desvia do mal, porquanto o salmista diz: "Que o buscam de todo o coração. Também não pra¬ticam iniqüidade." Receamos que ninguém tenha como alegar ser absolutamente destituído de pecado; todavia nutrimos confiança de que existam muitos que podem alegar que intencional, voluntá¬ria, consciente e continuamente fogem de fazer o que é perverso, ímpio ou injusto. A graça conserva a vida íntegra, mesmo quando o cristão se põe a deplorar as transgressões do coração. Conside¬rados como seres humanos, julgados por seus semelhantes de acor¬do com as normas que os homens impõem aos homens, o genuíno povo de Deus não pratica iniqüidade: são honestos, íntegros e cas¬tos e, no que tange à justiça e moralidade, são inculpáveis. Portan¬to são bem-aventurados. C . H. Spurgeon.
Andam em seus caminhos. Inclinam-se não só para os gran¬des princípios da lei, mas também para os mínimos detalhes de preceitos específicos. Uma vez que fogem de perpetrar qualquer pecado de comissão, assim também esforçam-se por se ver livres de todo pecado de omissão. Não lhes basta ser inculpáveis, também desejam ser ativamente justos. É possível que um ermitão fuja para a solidão a fim de não praticar a iniqüidade; um santo, toda¬via, vive em sociedade a fim de servir a seu Deus andando em seus caminhos. Precisamos ser justos tanto positiva quanto negativa¬mente: jamais teremos a posse do segundo, a menos que tomemos posse do primeiro; pois os homens terão que percorrer um cami¬nho ou outro, pois se não seguirem a vereda da lei de Deus, logo estarão praticando a iniqüidade. A mais segura maneira de abster-se do mal é vivendo totalmente ocupados na prática do bem. Este versículo descreve os cristãos como existem entre nós: embora se¬jam falhos e frágeis, todavia odeiam o mal e não se permitirão viver nele; amam as veredas da verdade, da justiça e da genuína piedade, e habitualmente andarão nelas. Não alegam ser absoluta¬mente perfeitos, exceto em seus anseios, nos quais são de fato puros; pois anseiam ser guardados de todo pecado e de ser guia¬dos a toda a santidade. Gostariam de andar sempre segundo o anseio de seus corações renovados, de seguir o Senhor Jesus em cada pensamento, palavra e ação; sim, gostariam que todo seu ser fosse a encarnação da santidade.