quinta-feira, 13 de agosto de 2015

EXALTAÇÃO DE CRISTO - Rev. Hernandes Dias Lopes



1. É obra de Deus (2.9)
O apóstolo Paulo faz uma transição daquilo que Cristo fez para aquilo que Deus fez para ele e por ele. O mesmo que se humilhou foi exaltado e essa exaltação lhe foi dada pelo Pai. O caminho da exaltação passa pelo vale da humilhação; a estrada para a coroação, passa pela cruz. Deus exalta aqueles que se humilham (Mt 23.13; Lc 14.11; 18.14; Tg 4.10; 1Pe 5.6). Foi por causa do sofrimento da morte que essa recompensa lhe foi dada (Hb 1.3; 2.9; 12.2), diz William Hendriksen.
Deus não deixou Cristo na sepultura, mas levantou-o da morte, levou-o de volta ao céu e o glorificou (At 2.33; Hb 1.3). Deus deu a Jesus “toda autoridade no céu e na terra” (Mt 28.18). Deu a ele autoridade para julgar (Jo 5.27) e fê-lo senhor de vivos e de mortos (Rm 14.9), fazendo-o assentar à sua destra, acima de todo principado e potestade, constituindo-o a cabeça de toda a igreja (Ef 1.20-22). Fica claro que esta elevação de Jesus não foi a restituição da natureza divina, porque ele jamais a renunciou, mas foi a restituição da glória eterna que tinha com o Pai antes que houvesse mundo, da qual voluntariamente havia se despojado (Jo 17.5,24).
Porque Jesus se humilhou, ele foi exaltado. Jesus mesmo é a suprema ilustração de sua própria afirmação: “… todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado” (Lc 18.14b). Os homens o cuspiram, mas Deus o exaltou. Os homens lhe deram nomes insultuosos, mas o Pai lhe deu o nome que está acima de todo nome.
2. É uma exaltação incomparável (2.9)
A expressão “o exaltou sobremaneira” é a tradução do verbo grego hyperhypsoun que só aparece aqui em todo o Novo Testamento e só pode ser aplicado a Cristo. O significado desse verso é “superexaltado”. Deus, o Pai enalteceu o Filho de uma forma transcendentemente gloriosa. Soergueu-o à mais elevada excelsitude. Se os salvos vão para o céu, Cristo ultrapassou os céus (Hb 4.14), foi feito mais alto que os céus (Hb 7.26) e subiu acima de todos os céus (Ef 4.10).
A exaltação incomparável de Cristo constitui-se no fato dele ter recebido um nome que está acima de todo nome (2.9). Ele recebeu este nome por herança (Hb 1.4) e por doação (2.9). O nome de Jesus, agora, é possessão da igreja. Por meio desse nome os enfermos são curados (At 3.6), os perdidos são salvos (At 4.12), os crentes são perdoados (1Jo 2.12), os cativos são libertos (Lc 10.17), as orações são respondidas (Jo 16.23). O apóstolo Paulo diz que devemos fazer tudo em nome de Jesus (Cl 3.17).
O grande título pelo qual Jesus chegou a ser conhecido na Igreja primitiva foi Kyrios. A palavra kyrios tem uma história luminosa. 1) Começou significando amo ou proprietário. 2) Chegou a ser o título oficial dos imperadores romanos. 3) Chegou a ser o título dos deuses pagãos. 4) Kyrios era o termo grego que traduzia a Jeová na versão grega das Escrituras, a Septuaginta. Desta maneira, quando Jesus era chamado Kyrios, Senhor, significava que era o Senhor e o Dono de toda vida, o Rei dos reis e Senhor de imperadores; o Senhor de uma maneira em que os deuses pagãos e os ídolos mudos jamais podiam sê-lo. Jesus era nada menos que divino.
A grande ênfase do Novo Testamento é sobre o senhorio de Cristo. O Filho de Deus é chamado de Senhor mais de seiscentas vezes no Novo Testamento. Somente os que confessam que Jesus é Senhor podem ser salvos. A Bíblia diz que quem tem o Filho tem a vida.
Podemos ilustrar esse ponto como segue:
Havia um homem muito rico que investira grande fortuna em quadros famosos. Tinha orgulho de ter uma das mais requintadas coleções dos maiores e mais consagrados pintores do mundo. Um dia seu filho único foi ferido numa viagem e morreu. Seu amigo, que o acompanhara em seus últimos suspiros, buscando consolar aquele pai aflito, enviou-lhe um quadro que ele mesmo pintara do rosto do seu filho. Ao receber o quadro, colocou-o numa bela moldura e dependurou-o junto aos seus quadros mais seletos. Ao perceber que sua morte se avizinhava, aquele homem rico chamou seu mordomo e entregou-lhe as suas últimas recomendações. Determinou que os quadros fossem leiloados e o dinheiro arrecadado deveria ser entregue a uma instituição de caridade. Em dia determinado, o leilão aconteceu. Para surpresa de todos, o mordomo começou leiloando o quadro do filho. Ninguém demonstrou interesse pelo quadro, pois ele não tinha nenhum atrativo nem valor artístico. Até que alguém resolveu fazer uma oferta e comprou o quadro. Para maior surpresa ainda, o mordomo anunciou o término do leilão. E quando, todos estavam inconformados e buscando uma explicação, o mordomo leu o testamento do seu patrão: “Aquele que comprar o quadro do filho, tem todos os outros, pois quem tem o filho tem tudo”. Podemos, de igual forma, afirmar: “Quem tem o Filho tem a vida”, quem tem Jesus tem tudo!
3. É uma exaltação que exige rendição de todos (2.10)
William Hendriksen diz que em seu regresso em glória, Jesus será adorado por toda corporação de seres morais, em todos os setores do universo. Os anjos e os seres humanos redimidos farão isso com intenso regozijo, enquanto os condenados farão isso com profunda tristeza e profundo remorso (Ap 6.12-17). Ralph Martin diz que a aclamação final do universo é, também, o “slogan” confessional da Igreja de hoje: “Jesus Cristo é Senhor”. Ambos, o universo e a Igreja unem-se num reconhecimento comum, e num tributo unânime.
Na segunda vinda de Cristo os três mundos vão se dobrar aos seus pés: os céus, a terra e o inferno. Todo o joelho vai se curvar diante do poderoso nome de Jesus no céu (os anjos e os remidos), na terra (os homens) e debaixo da terra (demônios e condenados). Com que júbilo se ajoelharão diante de Jesus aqueles que foram salvos por ele. Com que pavor cairão de joelhos aqueles que passaram orgulhosamente por ele ou o rejeitaram!
J. A. Motyer corretamente afirma que Jesus foi coroado no dia da sua ascensão. Embora o dia da sua coroação já tenha ocorrido, infelizmente poucos têm conhecimento desse fato auspicioso. Aqueles que amam a Jesus sabem disso e se regozijam nesse fato, mas milhões de pessoas no mundo não sabem que Jesus é o Rei coroado e somente se prostrarão aos seus pés quando ele se manifestar em glória. Naquele dia todo joelho vai se dobrar, toda língua vai confessar que Jesus é Senhor, mas nem todos serão salvos.
4. É uma exaltação proclamada universalmente (2.11)
Toda língua vai confessar que Jesus é Senhor. Ele é o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, o Todo-poderoso Deus, diante de quem os poderosos deste mundo vão ter que se curvar e confessar que ele é Senhor. Aqueles que zombaram dele, vão ter que confessar que ele é o Senhor. Aqueles que o negaram e nele não quiseram crer, vão ter que admitir e confessar que ele é Senhor. Essa confissão será pública e universal. Todo o universo vai ter que se curvar diante daquele que se humilhou, mas foi exaltado sobremaneira!
Isso não significa, obviamente, que todas as pessoas serão salvas. Somente aqueles que agora reconhecem que Jesus é o Senhor o confessam como tal serão salvos (Rm 10.9). Porém, na segunda vinda de Cristo nenhuma língua ficará silenciosa, nenhum joelho ficará sem se dobrar. Toda as criaturas e toda a criação reconhecerão que Jesus é Senhor (2.11; Ap 5.13).
5. É uma exaltação que tem um propósito estabelecido (2.11)
A exaltação de Jesus tem dois propósitos claros:
Em primeiro lugar, que todos, em todos o universo reconheçam o senhorio de Jesus Cristo. Deus o exaltou, o fez assentar à sua destra e o constitui o Senhor absoluto do todo o universo. O senhorio de Cristo foi a grande ênfase da pregação apostólica (At 2.36; Rm 10.9; Ap 17.14; 19.16). Importa que todos, em todos os lugares, de todos os tempos reconheçam e confessem que Jesus é Senhor. Em virtude do poder e majestade de Jesus Cristo, e pelo reconhecimento de que ele é o Senhor, toda língua o proclamará. Pense nos termos pelos quais temos o privilégio de darmos glória a ele. Pense sobre seus nomes. Jesus Cristo é o Maravilhoso Conselheiro, o Deus Forte, o Pai da Eternidade, o Príncipe da Paz. Ele é o Messias, o Senhor, o Primeiro e o Último, o Começo e o Fim, o Alfa e o Ômega, o Ancião de Dias, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, o Deus conosco, Aquele que era, que é e que há de vir. Ele é chamado de a Porta das Ovelhas, o Bom Pastor, o Grande Pastor e o Supremo Pastor, o Bispo das nossas almas. Ele é o Cordeiro sem defeito e sem mácula, o Cordeiro imolado antes da fundação do mundo. Ele é a Palavra, a Luz do Mundo, a Luz da Vida, a Árvore da Vida, a Palavra da Vida, o Pão que desceu do céu, a Ressurreição e a Vida, o Caminho, a Verdade, e a Vida. Ele é o Deus Emanuel. Ele é a Rocha, o Noivo, a Sabedoria de Deus, nosso Redentor. Ele é o Cabeça de todas as coisas, o Amado em quem Deus tem todo o seu prazer. É Jesus Cristo todas essas coisas para você? Se Jesus representa todas essas gloriosas verdades para você, então, seus joelhos se dobrarão e sua língua confessará que ele é Senhor para a glória de Deus Pai.
Em segundo lugar, que o Pai seja glorificado pela exaltação do Filho. O fim último de todas as coisas é a glória de Deus (1Co 10.31). Paulo há havia advertido contra o pecado da vanglória (2.3). Toda a glória que não é dada a Deus é glória vazia, é vanglória. Cristo se humilhou e suportou a cruz para a glória de Deus (Jo 17.1). Ele ressuscitou e foi exaltado para a glória de Deus (2.11). Ralph Martin sintetiza esse glorioso pensamento de forma sublime:
O senhorio de Cristo não compete com o de Deus, nem a entronização do Filho ameaça a monarquia única do Pai. Cristo rege para a glória de Deus Pai. Sua soberania é dom do Pai (2.9). Aquilo que ele recusou-se a usurpar egoisticamente, num ato de enaltecimento próprio, destituído de sentido, aprouve ao Pai conceder-lhe, agora. A última palavra é Pai, como que para enfatizar que, agora, no Cristo pré-existente, encarnado, humilhado, exaltado, Deus e o mundo estão unidos, e um novo segmento da humanidade, um microcosmo da nova ordem de Deus para o universo, está nascendo (Ef 1.10).
CONCLUSÃO
Toda a vida e obra de Jesus não apontam para sua glória pessoal, mas objetiva a glória de Deus. Jesus atrai os homens para si para poder levá-los a Deus. Na igreja de Filipos havia alguns que tinham o propósito de satisfazer suas ambições egoístas. Porém, o único propósito de Jesus era servir a outros ainda que isso tenha lhe custado a maior de todas as renúncias. Enquanto alguns membros da igreja de Filipos queriam ser o centro das atenções, Jesus queria que o único centro da atenção fosse Deus. Assim, também, o seguidor de Cristo nunca deve pensar em si mesmo, senão nos demais; não deve buscar sua própria glória, senão a glória de Deus.