segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Falso profeta sim; ai de quem achar ruim!



Neste vídeo aqui, o Edir Macedo, que dispensa apresentações, diz com todas as letras que Deus tem a obrigação de abençoar aquele que oferta em "sua obra". Ele se orgulha deste ensino, diz que ninguém verá isso ser dito em outra igreja evangélica. Ele ainda fala que não é para a pessoa orar pelo favor divino, pois isto é falta de fé. O negócio é ofertar e colocar Deus contra a parede dizendo: "ta aqui a oferta agora me dá a resposta". Macedo chega a caçoar dos que oram pedindo pela "misericórdia de Deus". Realmente a sua teologia pode ser resumida na máxima "ou dá ou desce".


Se você assiste a esse vídeo e não sente nojo, então você precisa reavaliar o seu Cristianismo. Pois, o que este homem faz é pregar as teses de Satanás e não a Fé que nos foi transmitida por Cristo e seus apóstolos. A barganha descrita por Edir Macedo é a mesma que Satanás usou com Jesus. Leia Lucas 4.1-13 e veja que os métodos satânicos ao tentar Jesus são os mesmos que usam os falsos profetas dos nossos tempos, dos quais o Macedo é um dos maiores. A nossa vontade terrena clama por ser alimentada e é isso que Satanás propõe logo de cara pedindo para Jesus transformar as pedras em pães. Continuando a sua investida maléfica, Satanás mostra os reinos do mundo e oferece caso Jesus o adore. O Messias diante de todo o esplendor sabia muito bem que, como disse o teólogo Abraham Kuyper, não há um centímetro quadrado do Universo que o Senhor não declare seu. Essa barganha é típica do Inimigo e não pertence a Deus. Por isso que a pregação “toma lá da cá” é herética e obscura. Deus age por graça e misericórdia, quem faz trocas é o Demônio. 

Jesus não cai nas ciladas do inimigo. Nas duas respostas que Cristo deu usou as Escrituras (Deuteronômio 8:3 e 6:13). Satanás ousa guerrear com a “mesma arma” e usa o Salmo 91. Em que consiste o elemento da terceira tentação? Exacerbação da fé. O ato de Jesus se lançar do Templo para que os anjos viessem ao seu favor ao invés de glorificar a Deus O coagiria. O Diabo com isso queria simplesmente que o Filho desafiasse o Pai. Não é exatamente o que o Macedo propôs no vídeo? E quantos e quantos não estão por aí agora colocando “Deus contra a parede” querendo que Ele realize um conveniente milagre? As igrejas neopentecostais, dentre elas a Universal, estão cheias disso. Gente que sobe no púlpito e decreta, declara, determina e diz que se Deus é Deus mesmo ele tem que fazer e ponto. Afinal, quem é servo e quem é senhor? Jesus sabia de sua condição servil e não inverteu a ordem. Seu papel seria obedecer e não ordenar e novamente citando Deuteronômio (6:16) ele faz o diabo partir em retirada. 

Macedo é um falso profeta sim, e ai de quem achar ruim! Não falo isso por mero achismo. O nosso Senhor nos instruiu dizendo que devemos nos precaver e discernir quem são os picaretas da fé pelos seus frutos (Mateus 7:15 e 16). É a Escritura, e não eu, quem afirma que quem prega outro Evangelho, diferente do apostólico, é maldito (Gálatas 1:8). Este lobo e inimigo da Igreja zomba da oração de Jesus, pois foi Cristo quem nos ensinou a orar rogando pela graça de Deus-Pai e quem orava dizendo "seja feita a tua vontade". Será que isso não significa nada para você? 

Saiba que, sobre os impostores do Evangelho, a Bíblia nos dá as seguintes recomendações:


       a) Devemos nota-los e evita-los (Romanos 16:17)
       b) Devemos repreendê-los (Tito 1:9-13)
       c) Devemos nos apartar deles (2Tessalonicenses 3:6)
       d) Não devemos ter comunhão com eles (2João 9-11)
       e) Devemos rejeitá-los (Tito 3:10)


Então não venha com aquele papinho de que só Deus pode julgar. Isso é ser conivente com as heresias que ofendem ao SENHOR. Também não diga que é antiético citar o nome dos heréticos. Balela! Observando os apóstolos veremos: João fala mal (com razão) de Diótrefes (3 João 1:9). Paulo dizendo a Timóteo que entregou a Satanás os blasfemadores Himiteu e Alexandre (1 Timóteo 1:20). Possivelmente, o mesmo Alexandre é citado na segunda carta enviada a Timóteo. Paulo diz que ele foi causador de diversos males e roga para que Deus o julgue segundo as suas obras (2 Timóteo 4:14). Na mesma carta, cita Figelo e Hermógenes como líderes dissidentes da Ásia (2 Timóteo 1:15).

O cerne do Evangelho é a Graça. Nada merecíamos e nem merecemos. Tudo de bom que temos vem do caráter benevolente do SENHOR. Macedo reduz Deus a um capacho do homem. Uma gritante afronta ao Soberano. Muitos ainda o defendem por conta da identidade evangélica e o título de Bispo. Isso não quer dizer absolutamente nada. Vejam o que Paulo diz aos Filipenses:

Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas.” (Filipenses 3:18 e 19)

O apóstolo Paulo é taxativo: o fim desses que se dizem cristãos quando na verdade são inimigos da cruz é a perdição eterna. E o escritor aos Hebreus corrobora dizendo que “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hebreus 10:31). Por isso tome cuidado ao tentar defender lobos como o Edir Macedo. Você pode estar tomando o partido de quem é inimigo da cruz e padecer por isso. Seja bíblico. Seja coerente. Fuja dos falsos profetas!

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Autor: Thiago Oliveira
Fonte: Electus

sábado, 29 de agosto de 2015

O que a Bíblia diz sobre a vida eterna?




Todos os crentes em Jesus Cristo recebem a promessa da vida eterna, a qual é uma dádiva de Deus (Jo 10:28; Rm 6:23; 1 Jo 5:11). Mas o que é a “vida eterna” e como a Bíblia a descreve?

Falar sobre eternidade é difícil, primeiramente porque compreendemos a vida dentro dos limites do tempo, em segundo lugar, porque não a conhecemos enquanto estamos dentro de tais limites. Entretanto, o ensino bíblico sobre a vida eterna nos faz pensar além e nos ajuda entender esse que é um assunto fundamental para a fé cristã.

Todo ser humano tem vida física, mas a vida eterna é descrita por uma qualidade diferente dessa, por estar relacionada diretamente com a vida do próprio Deus (2 Pd 1:3-4). A Bíblia diz que Deus é eterno (Dt 33:27), Rocha eterna (Is 26:4), Rei eterno (Sl 10:16), que a Sua Palavra é eterna (Sl 119:89) e que o Seu reino e domínio são eternos (Dn 4:3), como as demais virtudes exclusivas do Seu nome (Sl 135:13). A vida eterna, portanto, é uma vida de absoluta dependência do ser de Deus (Nm 27:16). Todos os homens existirão eternamente, mas somente aqueles que forem reconciliados com Deus, pela obra de Cristo, viverão eternamente (Dn 12:2). 

Dito isso, passaremos agora a destacar algumas das descrições que a Bíblia faz sobre a vida eterna com Deus. Embora alguns dizem que a Bíblia não a descreve, enquanto outros dizem que ela é friamente discreta quando trata do assunto, o que encontramos de descrições nela sobre a vida eterna surpreende essas posições!

A Bíblia descreve a vida eterna como uma condição de vida e não de morte, ou seja, de acolhimento e não de banimento da presença de Deus (Jo 5:24-29); de infinito conhecimento de Deus (Jo 17:3); de segura e permanente comunhão com Deus (Lc 23:43; Jo 14:1-3), onde os crentes desfrutarão completa satisfação (Fl 1:23); uma condição totalmente livre do domínio e dos efeitos do pecado (Ap 21:3-6), inclusive do luto, do pranto e da dor; descanso das fadigas (Hb 4:9-10; Ap 14:13); estado de imortalidade (Rm 5:12, 17; 1 Co 15:50-57; 2 Tm 1:9-10), visto que é vida sem fim, sem interrupção determinada pela morte; condição de perfeição superior ao estado de Adão, pois não haverá qualquer possibilidade de queda no pecado, uma vez que Cristo, como representante da nova criação, é o perfeito Adão (1 Co 15:22-28 e 45-49; Ap 21:27). E mais, o lugar dessa vivência, é lugar de santidade, onde resplandece a glória do Pai e do Seu Filho, lugar de adoração (Ap 21:22-26).

Está claro, pelo testemunho da Bíblia, que a vida eterna é uma promessa de Deus aos que creem em Jesus e que ela é amplamente descrita, não como um sentimento ou uma expectativa vaga, mas como uma realidade concreta e segura aos que ouvem e confiam no Evangelho, pela graça, que lhes é anunciado (Jo 20:31). 

Como a vida eterna não é uma promessa à todos, indistintamente, apenas aos que creem verdadeiramente em Jesus (Jo 3:15-16, 36), como devemos lidar com esse assunto no mundo em que vivemos? Fortaleça a sua convicção de fé nessa verdade, alimentando-a com a confiança na Bíblia, nesses que são tempos de relativismo moral e religioso. A promessa da vida eterna é dada aos que se arrependem dos seus pecados, por crerem em Jesus, portanto, compartilhe o Evangelho às pessoas em sua volta. Ninguém pode se fazer merecedor da vida eterna, por ser uma dádiva de Deus, não do homem. Por isso, o Evangelho deve ser pregado a fim de que sejam chamados pelo Espírito Santo à crerem em Jesus!

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Autor: Rev. Ericson Martins
Fonte: Reflexões e Cotidiano

Leia também: A condenação eterna

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O 'Mundo' de João 3:16 não significa todos os homens sem exceção





Agora é comum entre pessoas reformadas que, quando se confessa a eleição de Deus de alguns para a salvação, o amor especial de Deus pelos eleitos e o desejo exclusivo de Deus de salvar os eleitos, a confissão é imediatamente contestada por um apelo a João 3:16:

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."

Na verdade, essa é quase a regra. Aquele que assim apela a João 3:16 tem a intenção de afirmar que Deus ama todos os homens, sem exceção, e que Deus deseja salvar todos os homens, sem exceção. O pressuposto básico subjacente a este apelo a João 3:16, como um argumento contra a eleição, é que a palavra, mundo, em João 3:16 significa "todos os homens, sem exceção"

Nós anunciamos, declaramos e proclamamos aqui que essa suposição é falsa. É antibíblica. E ela leva a um ensino que fundamentalmente se desvia do Evangelho.

A palavra "mundo", em João 3:16 não significa "todos os homens, sem exceção".

Rogamos a nossos irmãos e irmãs reformados que insistem em conceber "mundo" em João 3:16 como "todos os homens, sem exceção", e utilizam este texto contra a confissão do amor particular de Deus pelo eleito, a enfrentarem a posição doutrinária que têm tomado. Esta é a posição deles:

Deus ama todos os homens, sem exceção, com um amor que dá o seu Filho unigênito para a salvação, isto é, com um amor (salvífico) que deseja que eles sejam salvos do pecado e tenham a vida eterna no céu.
Deus deu o seu Filho unigênito por todos os homens, sem exceção, ou seja, Jesus morreu por todos os homens, sem exceção. 
No entanto, muitas pessoas que Deus ama, que Deus deseja salvar, e por quem Jesus morreu, perecem no inferno, não salvas. 
Portanto:
1 - muitas pessoas estão separadas do amor de Deus; 2 - o desejo de Deus de salvar é frustrado no caso de muitas pessoas; 3 - a morte de Jesus não conseguiu salvar muitos por quem o Filho de Deus, de fato, morreu.
razão para este triste estado das coisas é que tais pessoas se recusaram a crer em Jesus, embora eles fossem capazes de fazêlo em virtude de seu livre arbítrio.
Por outro lado, a razão pela qual os outros são salvos não é porque Deus os amou, desejou a sua salvação, e deu Seu Filho para morrer por eles (pois Ele também amou os que perecem, desejou a salvação deles, e deu Seu Filho por eles), mas que, por meio de seu livre arbítrio, escolheram crer.
Concluindo, a condenação dos ímpios é a derrota e decepção de Deus, ao passo que a salvação dos crentes é a própria obra deles. 

Quando homens defensores de "todos os homens, sem exceção" citam João 3:16, esta é a forma como eles estão lendo:

"Porque Deus amou todos os homens, sem exceção, que deu o seu Filho unigênito para morrer por todos os homens, sem exceção, com o desejo de que todos os homens, sem exceção, sejam salvos, para que todo aquele que crê, por seu livre arbítrio, não pereça, mas tenha a vida eterna."

Sempre que alguém desafia a confissão do amor particular e exclusivo de Deus pelos Seus eleitos, citando João 3:16, devemos concluir com pesar que ele defende a posição doutrinária estabelecida acima e deseja confessá-la publicamente, a fim de, assim, derrubar a doutrina reformada da predestinação, expiação limitada, depravação total, graça eficaz e a preservação dos santos (o que é apenas uma forma elaborada de dizer, a salvação pela graça somente o Evangelho).

A palavra mundo no Evangelho de João não significa "todos os homens, sem exceção" . Comprove:

João 1:29: "Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!"Por acaso Cristo por meio de Sua morte tirou o pecado de todos os homens, sem exceção? Se ele tirou, todos os homens, sem exceção, serão salvos.
João 6:33. "Pois o pão de Deus é aquele que desceu do céu e dá vida ao mundo". Por acaso Jesus dá vida (não, inutilmente oferece vida, mas eficazmente dá vida) a todos os homens, sem exceção? Se ele dá, todos os homens, sem exceção, têm a vida eterna.
João 17:9: "Eu [Jesus] não estou rogando pelo mundo". Jesus se recusa a orar por todos os homens, sem exceção? 

Este último texto aponta que a palavra, mundo, no Evangelho de João, nem sempre têm o mesmo significado. Em João 3:16, o mundo é amado por Deus, com um amor que dá o Filho de Deus por sua causa; em João 17:9, o Filho de Deus se recusa a rogar pelo mundo. Os santos não devem chegar a um entendimento do mundode João 3:16 por meio de uma suposição rápida, mas pela interpretação cuidadosa da passagem à luz do resto da Escritura.

Qual é então a verdade sobre o mundo de João 3:16?
Amado por Deus com um amor divino, todo poderoso, eficaz, fiel e eterno, mundo é salvo. Todo ele! Todos eles!
Redimidos pela preciosa, digna, poderosa e eficaz morte do Filho de Deus, o mundo é salvo. Todo ele! Todos eles!

A salvação de todas as pessoas incluídas no mundo de João 3:16 é devido unicamente ao amor eficaz de Deus e a morte redentora de Cristo por eles; enquanto que aqueles que perecem nunca foram amados por Deus, nem redimidos por Cristo, ou seja, eles não fazem parte do mundo de João 3:16.

mundo de João 3:16 [2] é a criação feita por Deus no princípio (agora desordenado por causa do pecado) juntamente com os eleitos de todas as nações (agora por natureza filhos da ira tanto quanto os outros) como sendo o cerne do mesmo. Com respeito às pessoas dele, o mundo de João 3:16 é a nova humanidade em Jesus Cristo, o último Adão (Cf. 1Co 15:45). João chama esta nova raça humana"o mundo", a fim de mostrar e enfatizar, não só o povo judeu, mas todas as nações e povos (Cf. Ap 7:9). As pessoas que compõem o mundo de João 3:16 são todos aqueles, e só aqueles, que se tornarão crentes aquele que crê; e é o eleito que crê (Cf. At 13:48).

Esta explicação de João 3:16 não é uma nova interpretação estranha sonhada por hipercalvinistas contemporâneos, mas a explicação que foi dada no passado pelos defensores da fé que chamamos reformada, ou seja, por aqueles que confessavam a graça soberana de Deus na salvação dos pecadores.

Esta foi a explicação dada por Francis Turretin[3]:

"O amor tratado em João 3:16 [...] não pode ser universal para todos e para qualquer um, mas especial para alguns [...] porque a finalidade do amor de Deus é a salvação daqueles a quem Ele busca com tal amor [...] Portanto, se Deus enviou Cristo para esse fim, que por meio d'Ele o mundo fosse salvo, Ele necessariamente ou falhou em Seu objetivo, ou o mundo precisa ser salvo, de fato. Mas é certo que não é o mundo inteiro, mas somente aqueles escolhidos do mundo que são salvos; logo, a menção deste amor é devidamente aos escolhidos [...] 
Por que então o mundo não deveria ser entendido aqui, não como universal para indivíduos, mas indefinidamente para qualquer um, tanto judeus quanto gentios, sem distinção de nação, língua ou posição social, para que se possa dizer que Ele amou a raça humana; enquanto que Ele não desejava destruí-la completamente, mas decretou salvar certas pessoas, não somente de um povo como anteriormente, mas de todos os povos indiscriminadamente, embora os efeitos desse amor não seja estendido a cada indivíduo, mas apenas para algumas, ou seja, os escolhidos do mundo?"[4]

Sobre a palavra, mundo, na Escritura, Abraham Kuyper escreveu: 
"Porque, se há alguma coisa que é certa a partir de uma leitura um pouco mais atenta da Sagrada Escritura, e que pode ser defendida como firmemente estabelecida, é, realmente, o fato irrefutável, que a palavra mundo na Sagrada Escritura apenas significa 'todos os homens' em raríssimas exceções, e quase sempre significa algo completamente diferente. 

Em uma explanação, mais específica, sobre o "mundo" de João 3:16, Kuyper chegou a dizer que a menção é ao "próprio cerne" da criação, o povo eleito de Deus, "o qual Jesus arrebata de Satanás".

"[...] a partir deste cerne, desta congregação, deste povo, um 'novo mundo', uma 'nova terra e novo céu', um dia surgirão, por uma obra maravilhosa de Deus. A terra não serve apenas para permitir com que os eleitos sejam salvos, para em seguida, desaparecer. Não, os eleitos são homens; esses homens formam um todo, um acervo, um organismo; esse organismo está fundamentado na criação; e porque esta criação é agora o reflexo da sabedoria de Deus e da obra de suas mãos, a administração dela por Deus não pode se tonar em nada, mas no Grande Dia a vontade de Deus para esta criação será perfeitamente realizada."[5]

Essencialmente, esta é a mesma interpretação de Arthur W. Pink[6]:
"Passando agora para João 3:16, deveria ser evidente, a partir das passagens que acabamos de citar, que este versículo não vai suportar a construção que é costumeiramente colocada sobre ele. 'Porque Deus amou o mundo de tal maneira'. Muitos supõem que isto significa, toda a raça humana. Mas 'toda a raça humana' inclui toda a humanidade, desde Adão até o fim da história da Terra: alcança o passado bem como o futuro! Considere, então, a história da humanidade antes de Cristo nascer. Incontáveis milhões de pessoas viveram e morreram antes do Salvador ter vindo à terra, viveram aqui 'não tendo esperança e sem Deus no mundo', e, portanto, foram para uma eternidade de aflição. Se Deus os 'amou', onde se encontra uma prova, a menor prova que seja, disso?"
"A Escritura declara: 'No passado [a partir da torre de Babel até depois do Pentecostes] Ele [Deus] permitiu que todas as nações seguissem os seus próprios caminhos' At 14:16. A Escritura declara que 'Visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam'. Rm 1:28. Para Israel Deus disse: 'Escolhi apenas vocês de todas as famílias da terra' Am 3:2. Levando em conta estas claras passagens, quem será tão tolo a ponto de insistir que Deus no passado amou toda a humanidade?! O mesmo se aplica com igual força para o futuro [...] Mas o objetor volta para João 3:16 e diz: 'Mundo significa mundo'. É verdade, mas nós mostramos que 'o mundo' não significa toda a família humana. O fato é que 'o mundo' é usado de maneira geral [...]." 
"Agora, a primeira coisa a se observar em conexão com João 3:16 é que nosso Senhor estava falando ali com Nicodemos, um homem que acreditava que as misericórdias de Deus eram restritas à sua própria nação. Cristo ali anunciou que o amor de Deus em dar o Seu filho tinha um objeto maior em vista, que fluía além do limite da Palestina, chegando aos 'confins da terra'. Em outras palavras, este foi o anúncio de Cristo que Deus tinha um propósito de graça para com os gentios bem como para com os judeus. Portanto, 'Porque Deus amou o mundo de tal maneira', significa que o amor de Deus é internacional em seu escopo." 
"Mas isso significa que Deus ama cada indivíduo entre os gentios? Não necessariamente, pois, como vimos, o termo 'mundo' é geral e não específico, relativo e não absoluto [...] o 'mundo' em João 3:16, em última análise, refere-se necessariamente ao mundo do povo de Deus. Somos obrigados a dizê-lo, pois não há nenhuma outra solução alternativa. Não pode significar toda a raça humana, pois metade da raça já estava no inferno quando Cristo veio à Terra. É injusto insistir que significa cada ser humano que está vivendo agora, pois todas as outras passagens no Novo Testamento, onde o amor de Deus é mencionado, é limitado a Seu próprio povo pesquise e veja!" 
"Os objetos do amor de Deus em João 3:16 são, precisamente, os mesmos objetos do amor de Cristo em João 13:1: 'Um pouco antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que havia chegado o tempo em que deixaria este mundo e iria para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim'. Podemos admitir que a nossa interpretação de João 3:16 não é um romance inventado por nós, mas um que nos foi dado, quase uniformemente, pelos reformadores e puritanos, e muitos outros depois deles.[7]"

Nós apenas podemos estranhar que os reformados tenham tão rapidamente se afastado da verdade do soberano, particular e eletivo amor de Deus em Jesus Cristo; verdade a qual não foi só confessada "pelos reformadores e puritanos" antes deles, mas também tem sido confessada pela própria igreja reformada em seu credo, os Cânones de Dort.

Quem os enfeitiçou?

Quanto a nós, estamos determinados, por causa do amor à verdade, a se opor à mentira sobre o amor de Deus em Jesus Cristo por todos os homens, sem exceção; a tentar resgatar aqueles que tem sido levados cativos por esta doutrina; e a pregar e testemunhar, perto e longe, a tempo e fora de tempo, o amor de Deus pelomundo que salva o mundo, a morte do Filho de Deus que redimiu o mundo, o propósito de Deus para a salvação de pecadores a qual está consumada, e a salvação dos pecadores escravizados por meio do soberano poder da graça de Deus somente, para o conforto de todo cristão e para a glória de Deus.

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Notas:
[2] Em grego: cosmos, de onde vem a nossa palavra no inglês, cosmos, refere-se ao nosso"ordenado, harmonioso e sistemático universo".
[3] Francois Turretin (1623-1687) um teólogo reformado de Genebra. 
[4] Theological Institutes.
[5] [Dat De Genade Particulier Is (That Grace is Particular). My translation of the Dutch.]
[6] Arthur W. Pink (1886-1952).
[7] A Soberania de Deus - A. W. Pink

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Fonte: "Deus Amou o Mundo de Tal Maneira Que Deu Seu Filho..." - Homer Hoeksema (Apêndice)
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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O QUE O CESSACIONISMO NÃO É - PARTE 2 Por Nathan Busenitz



   Cessacionismo não é um ataque à Pessoa ou à obra do Espírito Santo.
Na verdade, apenas o oposto é verdadeiro.  Cessacionistas são motivados pelo desejo de ver o Espírito Santo glorificado Eles estão preocupados que, ao redefinir os dons, a posição continuísta barateie a natureza extraordinária dos dons, diminuindo a verdadeira obra miraculosa do Espírito nos estágios iniciais da igreja.

Cessacionistas estão convencidos de que, redefinindo a cura, a posição carismática apresenta um mau testemunho para o mundo ao ver que o doente não está curado. Redefinindo o dom de línguas, a posição carismática promove um tipo de jargão absurdo que vai contra tudo o que sabemos sobre o dom bíblico. Redefinindo o dom de profecia, a posição carismática dá credibilidade para aqueles que afirmam falar as palavras de Deus e ainda incorrem em erro. 

Portanto, esta é a principal preocupação dos cessacionistas: Que a honra do Deus Triuno e Sua Palavra sejam exaltadas – e que ela não seja banalizada por fracos substitutos.

E o que fazemos para saber se algo é autêntico ou não?  Através de sua comparação com o testemunho escrito das Escrituras. Será que ao irmos para a Bíblia para definirmos os dons significa que estamos desprezando o Espírito Santo? Muito pelo contrário. Quando examinamos as Escrituras, estamos indo ao próprio testemunho do Espírito Santo para descobrir que Ele revelou os dons que Ele concedeu.

Como cessacionista, eu amo o Espírito Santo. Nunca iria querer fazer qualquer coisa para desacreditar sua obra, diminuir os seus atributos, ou minimizar o seu ministério. Nem iria querer perder nada do que Ele esteja fazendo na igreja de hoje.  E eu não sou o único cessacionista que se sente assim.

Porque amamos o Espírito Santo pela incrível e contínua obra do Espírito no corpo de Cristo. Suas obras de regeneração, habitação, batismo, selo, segurança iluminação, convencimento, confrontamento, confirmação, enchimento, e capacitação são todos os aspectos indispensáveis de seu ministério.

Porque amamos o Espírito Santo, somos motivados a estudar as Escrituras que Ele inspirou para aprender a andar de modo digno, sendo caracterizado pelo seu fruto.  Ansiamos ser cheios pelo Espírito (Ef. 5:18) o que começa por sermos cheios de Sua Palavra (Cl 3:16-17) e ser equipados com Sua espada, que é a Palavra de Deus (Ef 6:17).

Finalmente, por causa do amor que temos pelo Espírito Santo , o apresentamos de forma justa, para entender e apreciar seus propósitos( como ele no-lo revelou em Sua Palavra), e alinhar-nos com o que Ele tem feito no mundo. Isto mais do que tudo nos dá razão para estudar a questão dos dons carismáticos (cf. 1Co 12:7-11). Nosso objetivo neste estudo tem que ser mais do que mera correção doutrinária.  Nossa motivação deve ser de obter uma compreensão mais precisa da obra do Espírito Santo, de tal forma que possamos melhorar o nosso rendimento no serviço a Cristo, para glória de Deus.

2.   Cessacionismo não é um produto do Iluminismo.
Talvez a maneira mais fácil de demonstrar este ponto final é citar os líderes pré-Iluministas cristãos que sustentavam uma posição cessacionista.  Afinal, é difícil argumentar que a teologia de João Crisóstomo no século IV foi um resultado do racionalismo europeu do século XVIII.

Finalizando o assunto deste post, aqui estão dez líderes da história da Igreja a se considerar:

1. João Crisóstomo (c. 344–407):
A passagem inteira (falando sobre 1 Coríntios 12) é muito obscura, mas a obscuridade é produzida por nossa ignorância dos fatos referidos e por sua cessação, fatos que ocorriam, mas agora não tem mais lugar.

(fonte: João Crisóstomo, Homilias em I Coríntios, 36.7 Crisóstomo está comentando 1 Co. 12:1-2 como introdução ao capítulo inteiro. Citado de 1-2 Coríntios in: Ancient Christian Commentary Series, 146.)

2. Agostinho (354-430):
Nos tempos antigos o Espírito Santo veio sobre os crentes e eles falaram em línguas, que não haviam aprendido, conforme o Espírito concediam que falassem. Estes foram sinais adaptados ao tempo. Pois aquilo foi o sinal do Espírito Santo em todas as línguas [idiomas] para mostrar que o Evangelho de Deus era para ser espalhado a todas as línguas sobre a terra.  Isto foi feito por um sinal, e o sinal findou.

(Fonte: Agostinho. Homilias sobre a Primeira Epístola de João, 6.10. Cf. Schaff, NPNF, First Series, 7:497-98)

3. Teodoreto de Ciro (c. 393 c. 466):
Em tempos antigos, aqueles que aceitaram a divina pregação e que foram batizados para a sua salvação, receberam sinais visíveis da graça do Espírito Santo trabalhando neles. Alguns falaram em línguas que eles não sabiam e que ninguém lhes havia ensinado, enquanto outros realizaram milagres ou profetizaram.  O coríntios também fizeram essas coisas, mas não usaram os dons como deveriam ter usado. Eles estavam mais interessados em se mostrar do que em usar os dons para a edificação da igreja . . . Mesmo no nosso tempo a graça é dada para aqueles que são julgados dignos do santo batismo, mas não pode assumir a mesma forma que possuía naqueles dias.

(Fonte: Teodoreto de Ciro. Comentário sobra a primeira epístola aos Coríntios, 240, 43; em referência à 1Co 12:1,7.  Citado de 1-2 Coríntios, ACCS, 117).

Nota: Os defensores do continuísmo, como Jon Ruthven (em seu trabalho, sobre a Cessação dos Charismata), também reconhece pontos de vista cessacionistas em outros Pais da Igreja (como Orígenes, no século 3, e Ambrósio no século 4).

Além disso, a esta lista, podemos incluir o nome mais conhecido da Idade Média, o escolástico do século 13, Thomás Aquino.

Mas, vamos avançar para a Reforma e a era Puritana.

4. Martinho Lutero (1483-1546)
Na Igreja primitiva, o Espírito Santo foi enviado de forma visível.  Ele desceu sobre Cristo na forma de uma pomba (Mt. 3:16), e à semelhança de fogo sobre os apóstolos e outros crentes.  (Atos 2:3) Esse derramamento visível do Espírito Santo foi necessário para o estabelecimento da Igreja primitiva, como também foram necessários os milagres que acompanharam o dom do Espírito Santo. Paulo explicou o propósito destes dons miraculosos do Espírito em I Coríntios 14:22, "as línguas são um sinal, não para os que crêem, mas para os que não crêem".  Uma vez que a Igreja tinha sido estabelecida e devidamente anunciada por estes milagres, a aparência visível do Espírito Santo cessou.

(Fonte: Martinho Lutero, traduzido por Theodore Graebner [Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1949]...., pp  150-172. A respeito do comentário de Lutero sobre Gálatas 4:6.)

5. João Calvino (1509-1564):
Embora Cristo não declare expressamente se Ele pretende que esse dom [de milagres] seja temporário ou a permaneça perpetuamente na Igreja, é mais provável que os milagres tenham sido prometidos apenas por um tempo, para dar brilho ao evangelho enquanto ele era novo ou em estado de obscuridade.

(Fonte: João Calvino, Comentário sobre os Evangelhos Sinóticos, III:389.)

O dom de cura, como o resto dos milagres, os quais o Senhor quis que fossem trazidos à luz por um tempo, desapareceu, a fim de tornar a pregação do Evangelho maravilhosa para sempre.

(Fonte: João Calvino, Institutas da Religião Cristã, IV: 19, 18.)

6. John Owen (1616-1683):
Dons que em sua própria natureza excederam completamente o poder de todas as nossas habilidades, essa dispensação do Espírito há muito cessou e onde ela agora é simulada por alguém, pode ser justamente presumida como um delírio entusiasmado.

(Fonte: John Owen, Obras, IV:518.)

7. Thomas Watson (1620-1686):
Claro, há tanta necessidade de ordenação hoje como no tempo de Cristo e no tempo dos apóstolos, quando então havia dons extraordinários na igreja, os quais agora cessaram.

(Fonte: Thomas Watson, As Bem-Aventuranças, 140.)

8. Mattew Henry (1662-1714):
O que eram esses dons nos é largamente dito no corpo do capítulo [1 Coríntios 12], ou seja, ofícios e poderes extraordinários, concedidos a ministros e cristãos nos primeiros séculos, para a convicção dos descrentes, e propagação do evangelho.

(Fonte: Mattew Henry, Comentário Completo, em referência a 1 Coríntios 12)

O dom de línguas foi um novo produto do espírito de profecia e dado por uma razão particular, retirar o judeu e demonstrar que todas as nações podem ser conduzidas à igreja. Estes e outros sinais da profecia, começaram como sinais, e há muito cessaram e foram deixados para trás, e nós não temos nenhum incentivo para esperar um avivamento deles; mas, pelo contrário, somos direcionados para o chamado das Escrituras a mais certa palavra de profecia, mais certa que vozes dos céus, e ela nos orienta a tomar cuidado, a busca-la e se firmar nela., 2 Pedro 1:29.

(Fonte: Mattew Henry, Prefácio ao Vol IV de sua Exposição do At e NT, vii.)

9. John Gill (1697-1771):
[Comentando 1 Coríntios 12:9 e 30,].

Agora esses dons foram concedidos comumente, pelo Espírito, aos apóstolos, profetas e pastores, ou anciãos da igreja, naqueles primeiros tempos: a cópia de Alexandria, ea versão Latina da Vulgata, dizem, "por um só Espírito".

(Fonte: Comentário de John Gill de 1 Coríntios 12:9.)

Não; quando estes dons estavam presentes, nem todos os possuíam.  Quando a unção com óleo, a fim de curar o doente, estava em uso, ela só foi executada pelos anciãos da igreja, e não pelos seus membros comuns, que deveriam buscar o doente nesta ocasião.

(Fonte: Comentário de John Gill de 1 Coríntios 12:30.)

10. Jonathan Edwards (1703-1758):
Nos dias de sua [Jesus] encarnação, os seus discípulos tinham uma medida dos dons miraculosos do Espírito, sendo habilitados desta forma para ensinar e fazer milagres.  Mas, depois da ressurreição e ascensão, ocorreu o mais completo e notável derramamento do Espírito em seus dons milagrosos que já existiu, começando com o dia de Pentecostes, depois da ressureição Cristo e Sua ascenção ao céu.  E, em conseqüência disto, não somente aqui e ali uma pessoa extraordinária era dotada de dons extraordinários, mas eles eram comuns na igreja, e assim continuou durante a vida dos apóstolos, ou até a morte do último deles, mesmo o apóstolo João, que viveu por cerca de cem anos desde nascimento de Cristo, de modo que os primeiros cem anos da era cristã, ou o primeiro século, foi a era dos milagres.

Mas, logo após a finalização do cânon da Escritura quando o apóstolo João escreveu o livro do Apocalipse, não muito antes de sua morte, os dons miraculosos tiveram seu fim na igreja. Pois, agora, a revelação escrita da mente e da vontade de Deus estava completa e estabelecida. Revelação na qual Deus havia perfeitamente gravado uma regra permanente e totalmente suficiente para Sua igreja em todas as eras.  Com a igreja e a nação judaica derrotadas, e a igreja cristã e a última dispensação da igreja de Deus estabelecidas, os dons miraculosos do Espírito já não eram mais necessários e, portanto, eles cessaram; pois embora eles tenham continuado na igreja por tantas eras, eles se extinguiram, e Deus fez com que fossem extintos porque já não havia ocasião favorável a eles.  E assim foi cumprido o que está dito no texto: “Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão;. Havendo ciência, desaparecerá".  E agora parece ser o fim para todos os frutos do Espírito tais como estes, e não temos mais razão de esperar que voltem.

(Fonte: Jonathan Edwards, sermão intitulado "O Espírito Santo deve ser comunicado ao Santos para sempre, In na graça da caridade, ou amor divino", em 1 Coríntios 13:8).

Os dons extraordinários foram dados para a fundação e o estabelecimento da igreja no mundo. Mas, depois que o cânon das Escrituras foi concluido e a igreja cristã foi plenamente fundada e estabelecida, os dons extraordinários cessaram.

(Fonte: Jonathan Edwards, Caridade e seus frutos, 29.)
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Poderiamos adicionar a esta lista outros nomes: James Buchanan, R. L. Dabney, Charles Spurgeon, George Smeaton, Abraham Kuyper, William G. T. Shedd, B. B. Warfield. A. W. Pink, e assim por diante. Mas, tem que se admitir, eles são figuras históricas pós-iluministas.
Então, eu acho que é melhor usar seu testemunho em uma outra postagem.

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Original aqui.

TRADUÇÃO:  Traduzido por Isaias Lobao Pereira Junior e devidamente revisado por Arielle Pedrosa Borges.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O que a Bíblia diz sobre a vida eterna?




Todos os crentes em Jesus Cristo recebem a promessa da vida eterna, a qual é uma dádiva de Deus (Jo 10:28; Rm 6:23; 1 Jo 5:11). Mas o que é a “vida eterna” e como a Bíblia a descreve?

Falar sobre eternidade é difícil, primeiramente porque compreendemos a vida dentro dos limites do tempo, em segundo lugar, porque não a conhecemos enquanto estamos dentro de tais limites. Entretanto, o ensino bíblico sobre a vida eterna nos faz pensar além e nos ajuda entender esse que é um assunto fundamental para a fé cristã.

Todo ser humano tem vida física, mas a vida eterna é descrita por uma qualidade diferente dessa, por estar relacionada diretamente com a vida do próprio Deus (2 Pd 1:3-4). A Bíblia diz que Deus é eterno (Dt 33:27), Rocha eterna (Is 26:4), Rei eterno (Sl 10:16), que a Sua Palavra é eterna (Sl 119:89) e que o Seu reino e domínio são eternos (Dn 4:3), como as demais virtudes exclusivas do Seu nome (Sl 135:13). A vida eterna, portanto, é uma vida de absoluta dependência do ser de Deus (Nm 27:16). Todos os homens existirão eternamente, mas somente aqueles que forem reconciliados com Deus, pela obra de Cristo, viverão eternamente (Dn 12:2). 

Dito isso, passaremos agora a destacar algumas das descrições que a Bíblia faz sobre a vida eterna com Deus. Embora alguns dizem que a Bíblia não a descreve, enquanto outros dizem que ela é friamente discreta quando trata do assunto, o que encontramos de descrições nela sobre a vida eterna surpreende essas posições!

A Bíblia descreve a vida eterna como uma condição de vida e não de morte, ou seja, de acolhimento e não de banimento da presença de Deus (Jo 5:24-29); de infinito conhecimento de Deus (Jo 17:3); de segura e permanente comunhão com Deus (Lc 23:43; Jo 14:1-3), onde os crentes desfrutarão completa satisfação (Fl 1:23); uma condição totalmente livre do domínio e dos efeitos do pecado (Ap 21:3-6), inclusive do luto, do pranto e da dor; descanso das fadigas (Hb 4:9-10; Ap 14:13); estado de imortalidade (Rm 5:12, 17; 1 Co 15:50-57; 2 Tm 1:9-10), visto que é vida sem fim, sem interrupção determinada pela morte; condição de perfeição superior ao estado de Adão, pois não haverá qualquer possibilidade de queda no pecado, uma vez que Cristo, como representante da nova criação, é o perfeito Adão (1 Co 15:22-28 e 45-49; Ap 21:27). E mais, o lugar dessa vivência, é lugar de santidade, onde resplandece a glória do Pai e do Seu Filho, lugar de adoração (Ap 21:22-26).

Está claro, pelo testemunho da Bíblia, que a vida eterna é uma promessa de Deus aos que creem em Jesus e que ela é amplamente descrita, não como um sentimento ou uma expectativa vaga, mas como uma realidade concreta e segura aos que ouvem e confiam no Evangelho, pela graça, que lhes é anunciado (Jo 20:31). 

Como a vida eterna não é uma promessa à todos, indistintamente, apenas aos que creem verdadeiramente em Jesus (Jo 3:15-16, 36), como devemos lidar com esse assunto no mundo em que vivemos? Fortaleça a sua convicção de fé nessa verdade, alimentando-a com a confiança na Bíblia, nesses que são tempos de relativismo moral e religioso. A promessa da vida eterna é dada aos que se arrependem dos seus pecados, por crerem em Jesus, portanto, compartilhe o Evangelho às pessoas em sua volta. Ninguém pode se fazer merecedor da vida eterna, por ser uma dádiva de Deus, não do homem. Por isso, o Evangelho deve ser pregado a fim de que sejam chamados pelo Espírito Santo à crerem em Jesus!

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Autor: Rev. Ericson Martins
Fonte: Reflexões e Cotidiano

Leia também: A condenação eterna

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A criação - “Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador dos céus e da terra.”




Todos os cristãos creem e professam que Deus é o criador dos céus e da terra, mas além de professar essa verdade, o que isso pode influenciar em nossa cosmovisão?

A frase em destaque é muito conhecida no meio cristão, é a primeira declaração confessional sobre o cristianismo, e essa confissão começa declarando uma fé; Deus Criador dos céus e da terra. Seria estranho falar de Cristianismo sem falar da redenção de Jesus Cristo, mas pode ser mais estranho ainda falar sobre a redenção sem falar da criação, a qual foi o palco da redenção onde Cristo, nosso Senhor, morreu. No entanto, as partes que mostram o “Ele disse” (Gn 1.3, 6, 9, 11, 14, 20, 24, 26, 29; 2.18)¹ é o ato soberano de Deus em criar todas as coisas por intermédio de seu comando. Como um Soberano, Ele dá as ordens e a criação obedece, pois a Sua palavra não volta vazia e faz aquilo que lhe apraz (Is 55.10-11), é o que nos mostra o salmista: 

Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca. Ele ajunta as águas do mar como num montão; põe os abismos em depósitos. Tema toda a terra ao Senhor; temam-no todos os moradores do mundo. Porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu” (Sl 33.6-9). 

Louvem o nome do Senhor, pois mandou, e logo foram criados. E os confirmou eternamente para sempre, e lhes deu um decreto que não ultrapassarão (Sl 148.5-6). 

Não obstante, aquele por quem Deus cria todas as coisas (Cl 1.16) é o mesmo que fez com que todas as coisas fossem criadas. Em João 1.1 nos mostra que Cristo estava noprincípio, que a Palavra estava com Deus e que a Palavra era Deus. Portanto, as ordens soberanas de Deus na criação, as quais faziam com que todas as coisas viessem à existência, era Cristo, por intermédio de Deus, criando todas as coisas, porque Cristo é a Palavra de Deus. E Cristo mostra isso em seu ministério terreno proferindo palavra de ordens como um soberano sobre a criação, acalmando as ondas do mar (Mc 4.35-41) e para produzir cura (Lc 7.1-10). 

E, assim, como Deus fez todas as coisas por intermédio de Sua palavra, e Cristo mostra a sua autoridade por intermédio de sua palavra, é a Palavra de Deus que faz com que tenhamos fé (Rm 10.17) e que a nossa alma seja refrigerada (Sl 19.7), além do mais, Paulo compara a nossa salvação como o ato criador de Deus de chamar a luz das trevas (2Co 4.6; Gn 1.3). 

Sendo assim, crer que Deus criou os céus e a terra não é só uma maneira de combater o evolucionismo, mas mostrar em quê a nossa cosmovisão está baseada no ato soberano e pactual de Deus e na revelação do Redentor desde o princípio.

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Nota:
[1] KAISER, Walter C. Jr. O plano da promessa de Deus: Teologia bíblica do Antigo e Novo Testamentos. São Paulo: Ed. Vida Nova, 2011, p. 35 

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Fonte: Bereianos
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