quinta-feira, 16 de abril de 2015

A vontade Soberana de Deus -


A vontade soberana de Deus aparece na providência e em seus vários eventos; como nos nascimentos e mortes dos homens, o qual nenhum deles ocorre pela vontade deles, mas pela vontade de Deus; e há para ambos um tempo fixado pela Sua vontade; e no qual Sua soberania pode ser vista; o que senão poderia ser atribuído a que tal e tal homem deva nascer e vir ao mundo em tal época e não antes? E que eles deveriam sair do mundo no tempo, modo e circunstâncias que lhes conviessem? E que deveria haver diferenças entre os homens, em seus estados, condições e circunstâncias de vida; que alguns deveriam ser ricos e outros pobres?
Riqueza e pobreza são ambas disposições de Deus, como as palavras de Agur demonstram (Pv 30); e Deus é quem faz a ambos, o rico e o pobre, não somente como homem, mas como um estado de rico e pobre homem: e para quem pode esta diferença ser atribuída, senão para a soberana vontade de Deus? Alguns tem surgido para grande honra e dignidade; outros vivem em muito precárias condições, em estado miserável;Mas mudança de estado não vem nem do leste, nem do oeste, nem do sul; mas Deus derruba uns e levanta outros, como Ele quiser; e essas diferenças e mudanças podem ser observadas nas mesmas pessoas, como em Jó, que foi por muitos anos o homem mais rico da Terra, e de súbito, foi desprovido de todas as suas riquezas, honra e glória; e então, depois de um tempo, restaurou em dobro a saúde e riquezas que antes possuía.Assim foi com Nabucodonosor, o grande monarca de sua época, quando em sua mais notável e elevada situação de poder foi destituído de sua dignidade, como homem e monarca, e levado a viver entre os animais, vivendo como um deles; e, depois de tudo, restaurado a sua razão, e ao seu trono e sua primeira grandeza; o que forçou dele tal reconhecimento da soberana vontade de Deus como em nenhuma outra parte talvez seja mais fortemente expressa: “E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?” (Dn 4:35).
Alguns são livres de enfermidades e doenças em todos os dias de sua vida; seu vigor é firme e não há moléstia nem na hora da morte, mas morre em seu vigor. Enquanto outros levam uma vida carregada de enfermidades e problemas até ao túmulo; e esta é a figura do homem: para quem pode ser imputado isso senão para a soberana vontade de Deus? E como de outra maneira pode ser considerado os muitos abortos, fracassos, nascimentos precoces, infantes que nunca viram a luz; e outros, que tão logo seus olhos se abriram a este mundo são fechados de novo; enquanto que outros não somente atravessam os estágios da infância, adolescência e juventude, mas alcançam a plenitude da existência e vão à cova como uma pilha de espigas de milho? E uma multidão de outras coisas podem ser observadas na providência; que embora Deus tenha sábios motivos para eles, são inexplicáveis para nós, mas somos obrigados a recorrer a Sua soberana vontade e satisfação, que não deu nenhuma consideração de seus empreendimentos para os filhos dos homens.
A soberana vontade de Deus aparece nas coisas santas, espirituais e religiosas, com respeito tanto a anjos como homens. Que alguns dos anjos foram eleitos e confirmados pela graça de Cristo, no estado em que foram criados e preservados da apostasia, enquanto um grande número deles tornaram-se rebeldes contra Deus e caíram de seu estado original; pelo qual foram lançados fora do céu para o inferno e permanecem até hoje em cadeias nas trevas, aguardando o julgamento daquele grande dia, e não haverá misericórdia para qualquer um deles; como será com muitos da apóstata raça de Adão. Que outra razão poderíamos dar para tudo isso senão à soberana vontade de Deus? Entre os homens, alguns amam a Deus e muitos o odeiam; e isso antes de qualquer bem ou mal feitos por eles; alguns Ele escolhe para eterna bem-aventurança e outros Ele abandona e rejeita; Ele tem misericórdia de alguns e endurece a (muitos) outros; tal como Ele é assim é a Sua soberania, vontade e deleite: alguns são redimidos de entre os homens, por Cristo, mesmo sendo de toda família, língua, povo e nação, quem Ele quiser e decide salvar; enquanto outros são deixados a perecer em seus pecados. O qual não há outra causa a ser admitida do que a soberana vontade e satisfação de Deus. Em conformidade pelo qual também dispensa dons aos homens e esses de diferentes tipos; alguns próprios para serviço público, como para os ministros do evangelho e a outros Ele concede quando lhe apraz e destes, diferentes dons; para alguns grandes, para outros pequenos, para alguns um talento e para outros cinco, dividindo para todos individualmente como lhe apraz, de acordo com Sua soberana vontade: o expediente da graça, o ministério da Palavra e ordenanças, em todas as épocas, tendo se disposto a isto, tal como pareceu bom a Sua vista; por muitas centenas de anos, Deus deu Sua palavra a Jacó e Seus estatutos a Israel, e outras nações não o souberam; e eles foram espalhados entre os gentios, as vezes em um lugar, as vezes em outro; e como é notória a soberania de Deus em favor de nossas ilhas britânicas, essas ilhas foram longe com o evangelho e ordenanças, embora grande parte do mundo o recusou, estando coberto com as trevas do paganismo, catolicismo e islamismo. E ainda é mais manifesto o que isso representa para alguns, “cheiro de morte para morte”, mas para outros, “cheiro de vida para vida”. Os dons especiais da graça de Deus são entregues aos homens de acordo com a soberana vontade de Deus; de Sua própria vontade de regenerar alguns e não outros; chamando-os pela graça, quem Ele deseja, quando e por quais recursos, de acordo com Seu propósito; revelado no evangelho e nas grandes coisas que nele estão, para quem Ele o fez saber; e os ocultou dos sábios e entendidos; “Sim, ó Pai,”, disse Cristo, “porque assim te aprouve.”; nem deu Ele a qualquer outro a razão para tal conduta. A graça do Espírito de Deus é dada a alguns e não a outros; como por exemplo, arrependimento, o qual é uma concessão de Deus, um dom de Cristo, foi entregue a Pedro, que negou o seu Senhor; e negado a Judas, que O traiu. Fé, que é um dom de Deus, nem todo homem a tem; a alguns somente é dado, enquanto que outros tem um espírito de sono, olhos que não podem ver e ouvidos que não ouvem. Em resumo, vida eterna, que é um livre dom de Deus, através de Cristo, é dado somente por Ele, tanto como o Pai tem dado a Ele, e para estes semelhantemente; o dinheiro, que parece significar a felicidade eterna, na parábola, é dado para os que foram chamados para trabalhar na vinha na hora undécima a mesma quantia para os que ficaram no labor durante todo o dia: alguns devem servir a Cristo e outros muito pouco, e ainda todos recebem a mesma porção de glória. O que pode ser determinado disso senão a soberana vontade de Deus? Que diz: “Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?” (Mt 20:15). Mas ainda que a vontade de Deus seja soberana, sempre age sabiamente? Alguns soberanos pensam precipitada e tolamente; mas a vontade de Deus nunca é contrária a Sua perfeição de sabedoria, justiça, santidade, etc, e Sua vontade é portanto chamada de “conselho” e “conselho de Sua vontade” (Is. 25:1, 46:10; Ef. 1:11).
[1] Medulla Theolog. l. 1. c. 7. s. 47. [2] Vide Maccov. Loc. Commun. c. 24. p. 195.[3] De Civitate Dei, l. 13. c. 18.

Fonte: Livro - A Body of Doctrinal Divity - John Gill
Via: [ JOSEMAR BESSA ] / [ Ministério Batista Beréia ]