quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Doutrina de Demônios - Reflections on First Timothy


doutrina-demonios-vc

O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios. (1 Timóteo 4.1)

o


O Espírito Santo prediz apostasia. Muitos que alegam seguir a Jesus Cristo cessarão de se identificar com eles, ou mesmo que continuem a afirmar que são discípulos, mostrar-se-ão mentirosos. A Bíblia nos diz em outro lugar que se uma pessoa se afasta verdadeiramente do Cristianismo apostólico, então ela nunca foi um discípulo real em primeiro lugar. Isso porque, na verdadeira conversão, a natureza interior da pessoa é transformada de forma que ele naturalmente – isto é, como um efeito natural de sua nova natureza – crê e segue a Jesus Cristo com um coração sincero. Essa mudança de natureza é inteiramente um ato de Deus, que ele realiza na alma de alguém à parte do desejo ou decisão da pessoa, e que ele subsequentemente sustenta e faz crescer em força e santidade. A pessoa não convertida tem uma natureza má, e uma pessoa com uma natureza má não decidirá mudar sua natureza em uma boa, visto que não existe nenhum bem nele para fazer tal decisão. Existe uma auto-contradição na ideia que uma pessoa má pode decidir ser boa. E mesmo que estivesse disposto a fazer essa decisão, ele não tem nenhuma capacidade de transformar sua natureza de má para boa. A conversão é uma obra de Deus, e a obra de Deus permanece. Segue-se que as pessoas que se afastam do Senhor Jesus nunca foram seus seguidores verdadeiros. Elas nunca foram cristãs, e nunca foram salvas do pecado.
O foco aqui está na manifestação da apostasia, ou num sinal de que ela ocorreu. Apostasia é um afastamento da “fé”. Tanto o contexto como o termo sugerem que Paulo refere-se a uma repudiação das doutrinas cristãs, e esse afastamento da verdade corresponde a ir em direção a “coisas ensinadas por demônios” (NIV). Estamos diante de duas ideias que tanto cristãos como não cristãos com frequência relutam em aceitar. Primeiro, a religião é doutrinária, e dessa forma intelectual. Segundo, a religião é espiritual, no fato de lidar com espíritos ou entidades espirituais.
A religião é doutrinária e intelectual, e a verdadeira religião é uma questão de afirmar com a mente uma série de ensinos revelados por inspiração divina. É comum objetar que as doutrinas de muitas pessoas são totalmente ortodoxas, mas seus estilos de vida competem com os dos demônios. Sem dúvida eles não podem ser cristãos. Certamente não podem. Msa a denúncia erra pois nem de longe as doutrinas de muitas pessoas são ortodoxas, e mesmo quando são ortodoxas, seu assentimento a essas doutrinas é com frequência hipócrita, ou somente uma questão de aparência. As doutrinas cristãs demandam comportamento santo, de forma que o verdadeiro assentimento a uma doutrina obriga o comportamento que a doutrina demanda, e o comportamento demandado é produzido desde que o poder para executá-lo esteja presente. Esse poder é fornecido por Deus mediante o Espírito Santo naqueles que creem verdadeiramente. Dessa forma, a religião é doutrinária, o que significa que ela é intelectual, e isso por sua vez significa que há um aspecto objetivo que pode ser examinado, definido e proclamado.
A religião é espiritual, e nesse contexto queremos dizer que ela tem a com ver espíritos, ou entidades espirituais. Paulo diz que “o Espírito”, ou o Espírito Santo de Deus, prediz apostasia da fé em termos expressos. O Espírito Santo é uma pessoa inteligente que poderia falar aos homens em palavras. Paulo também refere-se às doutrinas de demônios. Os demônios são espíritos maus que seduzem as pessoas, de forma que se afastam da verdade e seguem falsas doutrinas. Se os cristãos são ávidos em afirmar que a verdade nos foi revelada pelo Espírito Santo, embora muitos deles minimizem sua obra contínua no mundo, eles todavia raramente associam a disseminação de falsas doutrinas com o propósito e ação dos demônios. Existe a alegação que os demônios estão restritos em suas atividades devido ao triunfo de Jesus Cristo, quem, como Paulo escreve aos Colossenses, “despo[jou] os poderes e as autoridades” (Cl 2.15). Contudo, isso já tinha ocorrido quando os apóstolos encontraram franca oposição demoníaca como registrado nos Atos dos Apóstolos, e aqui ele diz a Timóteo que os demônios ainda estão ensinando falsas doutrinas a pessoas. Que Cristo desarmou todos os poderes das trevas significa que o seu povo escolhido foi livre do engano e da escravidão espiritual, da forma como proclamamos a sua vitória. Não significa que todos os traços de sua existência desapareceram. De fato, a Bíblia nos diz que o diabo ainda age como um leão rugindo, e algumas pessoas estão escravizadas por ele para fazer a sua vontade. Um ministro que é alérgico à realidade presente dos demônios é como um exterminador de pragas nauseento. Os demônios não se aposentaram, mas talvez ele devesse.
Paulo lista duas coisas específicas que envolvem as doutrinas demoníacas: “Proíbem o casamento e o consumo de alimentos”. Como alguns escritores têm apontado, seria um anacronismo dizer que Paulo tinha o Gnosticismo em mente, o qual não chegou à maturidade até o segundo século. Contudo, é possível que ele esteja se referindo a algo semelhante, ou um precursor da heresia. Em todo caso, não é necessário averiguar o pano de fundo preciso, visto que a exposição de Paulo é suficiente para derivarmos a doutrina, mesmo sem o contexto histórico. Os falsos mestres ordenam que as pessoas se abstenham de certos alimentos, e o apóstolo ataca isso dizendo que “tudo o que Deus criou é bom” (1Tm 4.4), e é portanto apropriado para consumo se recebido com ação de graças.
Ora, sou francamente contra a noção insana que tudo o que Paulo afirma é uma reação a uma falsa doutrina, prática ou tendência contrária em ou em torno dos seus leitores. Quando Paulo insta que os seus leitores amem uns aos outros, isso não significa necessariamente que os crentes têm um problema especial com a discórdia ou o ódio. É apenas um ensino geral que pode ser afirmado em todos os momentos. Assim, simplesmente porque Paulo ataca as falsas doutrinas com o lembrete que tudo o que Deus criou é bom não significa necessariamente que essas falsas doutrinas ensinavam que Deus não criou tudo, ou que algumas das coisas que ele criou não eram boas, ou que o corpo ou matéria física é inerentemente mau. É possível que as falsas doutrinas ensinem isso, mas o texto não diz isso, nem é uma implicação necessária do texto. Todavia, essas falsas doutrinas parecem surgir da ideia que a abstinência de coisas como casamento e certos alimentos ou é necessário para salvação, ou pelo menos requerido para uma elevação da espiritualidade.
Poderia surpreender algumas pessoas que Paulo condene essas doutrinas com termos tão ásperos. Talvez eles suporiam que para uma doutrina ser chamada demoníaca, ela deve ser algo no nível de um chamado para assassinar os próprios pais para obter a vida eterna, ou queimar os filhos para obter o favor com Deus. Certamente, essas seriam doutrinas de demônios. Mas quando uma doutrina nos diz que há certa cerimônia ou alguma restrição que é alheia ao ensino apostólico, e que se for observada, nos aproximará de Deus, ou que se não for observada impedirá a nossa salvação, ela está colocando diante de nós alguém ou alguma coisa que não Jesus Cristo para governar a nossa consciência, quando esse é o direito exclusivo do nosso Senhor. Somente Deus tem a autoridade para definir para nós o que é fundamentalmente correto ou errado.
Quando Satanás disse a Eva que, embora Deus tenha dito para não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, que ela deveria comer de qualquer forma, e que nenhum mal viria sobre ela como resultado, podemos chamar isso de uma doutrina demoníaca, visto que o próprio diabo estava falando com ela. Nessa ocasião, a doutrina persuadiu Eva a buscar liberdade contra uma restrição divina. Foi libertar sua consciência para agir contra um mandamento divino explícito. A rebelião generalizada contra proibições bíblicas explícitas, tanto na igreja como no mundo, testifica a eficácia dessa doutrina demoníaca. Mas o diabo pode seduzir os sentimentos religiosos de pessoas não convertidas de outras formas. Se nossa suposição estiver correta, aqui a doutrina demoníaca sugere que a fé simples em Cristo e o grato desfrute da criação de Deus não é suficiente. Antes, para alcançar certas alturas espirituais, uma pessoa deve observar certas cerimônias, considerar certos dias como especiais e santos, ou recusar apetites corporais naturais. Então ele será salvo. Então ele se tornará um crente de elite. Isso é uma doutrina demoníaca. Embora pareça advogar disciplina e uma atitude religiosa, ela é na verdade um desafio radical à autoridade de Deus e um ataque sobre o ensino do evangelho de Jesus Cristo. As táticas diferem da tentação de Satanás contra Eva, mas sua essência e resultado são os mesmos.
As doutrinas de demônios permeiam algumas comunidades supostamente cristãs. Mesmo essa manifestação particular dela é difusa, isto é, doutrinas que subvertem a autoridade exclusiva do Senhor sobre a consciência, e as definições de certo e errado. Quando aparecem nas igrejas, essas doutrinas quase sempre afirmam a superioridade moral, e se apresentam como caminhos espiritualmente superiores para seguir a Deus. Para oferecer apenas um dos muitos exemplos possíveis, e um que esteja intimamente relacionado ao contexto da nossa passagem, há aqueles que advogam um vegetarianismo “cristão” sobre a base que isso é espiritual e moralmente superior. É impossível estabelecer isso sobre um fundamento bíblico.
A questão não é se a doutrina tem ou não qualquer mérito, mas sim quão fortemente os crentes estão prontos para condená-las. De acordo com o apóstolo, não devemos considerá-la como excesso de piedade ou mero fanatismo, mas devemos declará-la como uma doutrina demoníaca. Quando um escritor produz um livro que promove essa posição, deveríamos reconhecer que um demônio o inspirou a escrevê-lo, ou pelo menos admitir que a doutrina é de origem demoníaca, ao invés de atribuí-la unicamente aos erros humanos mundanos. Quantos ministros diriam isso? Paulo escreve: “Se você transmitir essas instruções aos irmãos, será um bom ministro de Cristo Jesus” (v. 6). Muitos cristãos fariam pouco ou nada para combater tal doutrina, ou para denunciá-la em termos duros, porque não são bons ministros. Se um cristão deseja abater uma ovelha, ou dez, faça-o com confiança. Se um cristão quer comer uma vaca e toda a família da vaca, faça-o com ação de graças. E se isso te ofende, o problema não está na doutrina ou em mim, mas em você. Para os impuros, todas as coisas são impuras, não porque as coisas que Deus criou sejam em si mesmas impuras, mas porque a pessoa é impura, e não possui liberdade em Jesus Cristo. Mas para a pessoa cujo coração foi limpo pela fé, eu digo: “Mate e coma!”.

Fonte: Reflections on First Timothy
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Net

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

ex-pastor adventista desmascara falsas profecias de Elen White

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Adoração no lar - Por Joel Beeke


Transcrição: 

Irmãos, não sei como vocês estão com relação à adoração em família, nem com relação à adoração pessoal. Todos nós, sem dúvida, falhamos nas nossas orações pessoais assim como na oração em família; falhamos na leitura privada, bem como na leitura em família.
Minha oração nesta noite é que, de alguma forma, pela graça de Deus, aqueles de vocês que estão seriamente empenhados em praticar diariamente a adoração em família, ouçam algo hoje que fortaleça essa prática e faça-a crescer.
E aqueles que não estão empenhados ou talvez não saibam como fazer isso, e que nunca se empenharam nisso, aprendam a como se empenhar. E que não ache isso assustador, mas ache, como Dr. Piper disse, encorajador de se começar. E garanto a você: isso mudará a sua vida e a vida de sua família.
Eu cresci em um lar reformado alemão. Meu pai sempre orava antes das refeições e, em círculos de tradição reformada alemã, você ora depois das refeições também. Então, eram duas orações e a leitura da Bíblia. Mas meu pai falava conosco, interagia conosco, empenhando-se na adoração em família prolongada, uma vez na semana, nas noites de domingo. Então, fomos meio que ensinados que, quando casássemos e tivéssemos filhos, oraríamos antes e após as refeições, leríamos as Escrituras. Então líamos 3 capítulos por dia com nossa família: manhã, meio-dia e jantar. Mas não nos envolvíamos em muitas conversas.
Quando meu filho tinha 3 anos, fui convidado a falar sobre adoração em família. Estudei as tradições escocesa e alemã. Eu fiquei impressionado, completamente impressionado! Eu disse a minha esposa: "Vou falar sobre isso, mas eu mesmo não faço?" Eu me sentei, meu filho tinha 3 anos, e disse: "Calvin, por favor, perdoe o papai. Não tenho conversado com você da maneira como deveria" (Ele não fazia ideia do que eu estava falando). E disse para a minha mulher: "Por favor, perdoe-me. Não tenho liderado a adoração em família da maneira como deveria, da maneira como meu pai fazia, aos domingos de noite". Todo domingo de noite meu pai lia "O Peregrino" para nós, durante 40 minutos. Nós cantávamos e o interrompíamos na leitura, algumas vezes, fazendo perguntas. Ele colocava o livro de lado e nos ensinava como o Espírito Santo conduz pecadores, com lágrimas escorrendo dos seus olhos. Era maravilhoso.
Quando meus pais fizeram 50 anos de aniversário de casamento, dois anos antes de meu pai morrer, todos os filhos combinaram que agradeceriam minha mãe por uma coisa e meu pai por outra, e gravaríamos isso para que eles pudessem guardar. Mas ninguém poderia falar com o outro sobre o que diria. Foi absolutamente maravilhoso, porque todos agradeceram minha mãe pela sua vida de oração. Ela era uma guerreira da oração. E todos os 5 agradeceram meu pai pelos domingos de noite, quando adorávamos em família e líamos "O Peregrino".
E meu irmão mais velho disse: "Pai, quero te agradecer porque nunca precisei questionar em minha mente se Deus é real. Porque a lembrança mais antiga que tenho é a de quando eu tinha 3 anos, estava sentado em seu colo, olhando para o seu rosto, vendo você chorar enquanto falava conosco sobre Deus, lendo 'O Peregrino'".
Você não deseja que seus filhos tenham isso como lembrança mais antiga?
A adoração em família não tem preço.
_______________________________Tradução e legendas: Saulo e LísiaFonte: Orthodoxia

domingo, 23 de novembro de 2014

Dando razão da nossa fé em Deus - Por Hernandes Dias Lopes

Texto: Romanos 1.2
1. A questão da existência de Deus
a) Os ateístas – Negam que Deus existe;
b) Os materialistas – Acham que a matéria inerte e impessoal é eterna;
c) Os evolucionistas – Tudo surgiu por acaso, portanto não há Deus.
A teoria do Big Bang – Onde uma explosão produziu a ordem. Poderia uma explosão cósmica produzir ordem? Pode o caos produzir o cosmo?
A teoria de Charles Darwin – A evolução das espécies e a sobrevivência do mais forte.
A teoria da evolução é ensinada nas escolas como um fato científico incontroverso – A Bíblia fala de mutação das espécies e não de transmutação (Gn 1.11,12,21,24,28).
d) A teoria da morte de Deus – Nietzche afirmou: “Deus morreu”. Ele criou a tese do super-homem. Isso desembocou no antropocentrismo idolátrico.
e) A teoria do materialismo dialético – Karl Marx diz: “O homem é o seu próprio deus e a idéia de Deus é uma projeção da mente humana”, ou seja, o homem criou Deus em vez de Deus criar o homem.
f) A teoria existencialista – A vida é o aqui e o agora. Não há Deus. Não há eternidade. Não há esperança. A vida está reduzida ao desespero. Jean Paul Sartre, o grande patrono do Existencialismo diz que a vida é uma piada sem graça. Julian Huxley diz: “A ciência reduziu Deus simplesmente a um evanescente sorriso do gato no conto Alice no país das maravilhas.
2. Os efeitos desta cosmovisão
Francis Schaeffer, em seu livro O Manifesto Cristão diz que esse pensamento materialista, não ético do homem, é uma das principais causas da enorme incidência de crimes, assassinatos, estupros, roubos, promiscuidade da nossa sociedade. Diz ele: “Ensine aos homens que eles são animais e com o passar do tempo eles vão agir como animais”.
“Não faz sentido falar de direitos humanos numa sociedade materialista: é como se fizesse um apelo ao Oceano Atlântico”.
O cientista criacionista De Haan diz que o autor da Bíblia é o mesmo autor da ciência. Embora a Bíblia não tenha sido escrita como um manual de ciência, ela não está em contradição com a ciência, visto que ciência e Bíblia têm o mesmo autor: Deus.
Onde o cristianismo prevaleceu as ciências foram desenvolvidas e o progresso social se fortaleceu – As nações que nasceram bebendo o leite da verdade divina, se fortaleceram no campo científico, moral, social, econômico e espiritual.
3. A Astronomia revela a obra criadora de Deus
Não existe nenhum ramo da ciência que examine maior porção da obra de Deus que a astronomia. O Salmista diz: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos” (Sl 19.1). O apóstolo Paulo diz: “Pois os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas…” (Rm 1.20).
Pierre Simon de La Place – Um dos maiores astrônomos do mundo disse: “A prova a favor do Deus inteligente como autor da criação está como o infinito para UM”.
Uma questão de probabilidade – É infinitamente mais provável que um conjunto de escritos lançados a esmo sobre o papel produzisse a Ilíada de Homero do que o universo ter uma outra causa além de Deus.
PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
Deus existe. Ele é o criador do universo. Ele criou do nada tudo (Hb 11.6). Deus tirou o ser do não ser; a existência da não existência. A causa do universo é a vontade de Deus.
a) A matéria não é eterna – como queriam os gnósticos.
b) O universo não foi feito de matéria pré-existente – como queria Platão.
c) O universo não é uma emanação – como querem os panteístas.
d) O universo é obra de Deus – Deus criou tudo como sabedoria e com leis pré-estabelecidas.
Vejamos algumas provas da existência de Deus:
I. O TAMANHO DO PLANETA TERRA
A massa e o tamanho do planeta em que fomos colocados está rigorosamente planejado. O Dr. Wallace diz que se a TERRA fosse 10% maior ou 10% menor, a vida seria impossível sobre a face da terra.
II. A DISTÂNCIA DO SOL
“A distância do sol é a distância certa, pois é por isso que recebemos a quantidade certa de luz e calor. Se estivéssemos mais afastados iríamos congelar-nos e se estivéssemos mais pertos (como Vênus e Mercúrio) não sobreviveríamos” – Fred John Meldan.
III. A INCLINAÇÃO DO EIXO DA TERRA
Nenhum outro planeta tem seu eixo inclinado assim: 23 graus. Esse ângulo dá condições para que todas as partes da terra sejam lentamente atingidas pelos raios solares, como um frango que está sendo assado numa churrasqueira.
Se não houvesse essa inclinação, os pólos acumulariam uma imensa massa de gelo e as partes centrais seriam quentes demais e inabitadas.
IV. A EXISTÊNCIA DA LUA
Sem a lua seria impossível viver no planeta terra. Se alguém conseguisse arrancar a lua de sua órbita, toda a vida cessaria em nosso planeta.
Deus nos deu a lua como uma criada para limpar o oceano e as praias de todos os continentes. Sem as marés originadas por causa da lua, todas as baías e praias se tornariam em poços fétidos de lixo e seria impossível viver perto delas.
Devido às marés, ondas contínuas se quebram sobre as praias, promovendo a areação dos oceanos da terra, provendo de oxigênio as águas para a obtenção do PLÂNCTON, que é a base da cadeia de alimentos do mundo.
Sem PLÂNCTON não haveria oxigênio e o homem não poderia viver sobre a face da terra.
Deus fez a lua do tamanho certo e a colocou à distância exata da terra para realizar essas e outras numerosas funções.
V. A ATMOSFERA TERRESTRE
Vivemos sob um imenso oceano de ar. 78% nitrogênio; 21% de oxigênio e 1% de quase uma dúzia de outros elementos. Os estudos espectográficos de outros planetas do sistema solar demonstram que não existe outra atmosfera, nenhuma parte do universo conhecido que seja feita desses mesmos ingredientes, nada com uma composição parecida.
Embora o homem descarregue uma tremenda quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, isso é absorvido pelos oceanos e o homem pode assim continuar vivendo neste planeta.
Se a atmosfera não fosse tão espessa ou alta como ela é, nós seríamos esmagados pelos bilhões de pedaços de lixo cósmico de meteoritos que caem continuamente sobre o nosso planeta.
VI. O CICLO DE NITROGÊNIO
O Nitrogênio é um elemento extremamente inerte – Se não fosse, nós seríamos todos envenenados por diversos compostos de Nitrogênio.
No entanto, por ser ele inerte, é impossível combiná-lo naturalmente com outros elementos.
O Nitrogênio é de vital importância para as plantas sobre a terra. Como é que Deus faz para transferir o Nitrogênio do ar para o solo? Ele usa os relâmpagos! Cerca de 100 mil raios ferem o solo diariamente, criando anualmente 100 milhões de toneladas de nitrogênio útil como alimento das plantas.
VII. A CAMADA DE OZÔNIO
A 60 Km de altura existe uma camada fina de OZÔNIO. Se essa camada fosse comprimida, seria reduzida a uns 6 milímetros de espessura, e no entanto, sem ela não haveria vida sobre a face da terra.
8 tipos de raios mortíferos caem sobre a terra continuamente, provenientes do sol; sem essa camada de ozônio, nós seríamos queimados, ficaríamos cegos, seríamos torrados em um ou dois dias.
Os raios ultra-violetas são de duas qualidades: OS RAIOS MAIS LONGOS = que são letais; são rechaçados e OS RAIOS MAIS CURTOS = que são necessários à vida na terra; são admitidos pela camada de ozônio.
E, além disso, a camada de ozônio permite a passagem do mais mortífero dos raios, mas em quantidade mínima, apenas o suficiente para matar as algas verdes, que de outra forma cresceriam e encheriam os lagos, rios e oceanos do mundo.
VIII. A ÁGUA
Em lugar nenhum do universo encontramos água em quantidade como encontramos na terra.
Esse líquido existe como gelo = irriga lagos e faz o solo produzir; sob a forma de neve = a água armazena-se nos vales; como chuva = molha e limpa a terra; como vapor = fornece umidade para a maioria das terras aráveis.
Ela existe como uma cobertura para a terra, na quantidade exata. Como vapor, a água movimenta poderoso maquinário que existe no planeta. Além do bismuto, é o único líquido que é mais pesado a 4 graus do que quando está congelado.
E se não fosse assim, não haveria vida sobre a terra, pois congelada ela é mais leve e flutua. Se não fosse assim, os lagos e rios se congelariam de baixo para cima, matando todos os peixes. As algas seriam destruídas e nossa fonte de oxigênio cessaria – A HUMANIDADE MORRERIA!
IX. A POEIRA
Até mesmo a poeira tem uma incrível função em favor da humanidade. Se não fosse a poeira, jamais veríamos um céu azul. A 27 Km de altura não há mais poeira da terra e o céu é sempre negro.
Se não fosse a poeira, não haveria chuva nunca. Uma gota de chuva é feita de 8 milhões de minúsculas gotículas e cada uma dessas 8 milhões de gotículas envolve uma ínfima partícula de pó. Sem elas o mundo ressecaria e a vida cessaria.
X. UMA FOLHA
O Super Microscópio Eletrônico desvendou as maravilhas do microcosmo.
Uma folha é uma extraordinária metrópole produtiva, na qual reinam soberanas a organização e a cibernética – cheia de automatismos, computadores programados.
XI. O CORPO HUMANO
O Dr. Marshall Nirenberg, prêmio Nobel de biologia fez importantes descobertas acerca do corpo humano.
O corpo humano é formado de 60 trilhões de células. Cada uma tem 1,70 metros de fita DNA e cada célula é uma fábrica ultra-moderna, inteiramente automatizada. Possui numerosas máquinas, muitos dispositivos, seções de produção, cadeias de montagem e centrais cibernéticas.
Temos em nosso corpo 102 trilhões de metros de fita DNA. 102 bilhões de quilômetros de fita DNA. Isso corresponde a 680 vezes a distância da terra ao sol.
O Dr. Lowe diz que poderíamos empacotar na cabeça de um alfinete todos os dados genéticos de todos os mais de 6 bilhões de habitantes do planeta.
O Dr. Lewis diz que códigos de vida não se originam do nada nem do caos. Louis Pasteur afirmou que vida procede de vida. A vida não se explica a não em Deus, o único que existe desde a eternidade, o criador de todas as coisas.
XII. O OLHO HUMANO
O Dr. John Wilson da Harvard University, oftalmólogo de fama mundial, afirmou que do fundo de cada um dos nossos olhos saem 60 milhões de fios condutores e encapados para não se queimarem. Seria necessário reunir todas as centrais telefônicas existentes no mundo para se igualar a um olho.
A lágrima = O olho é lavado constantemente. Torna-o úmido e limpo. A lágrima é necessária para seu brilho e utilização.
A localização do olho = Debaixo da saliência óssea do sobrolho. Perto do nariz para usar óculos. Pálpebras para protegê-lo.
XIII. FOTOSSÍNTESE NO FUNDO DO MAR
A luz solar é necessária para se processar a fotossíntese. Mas como há plantas verdes há mais de 5 mil metros, no fundo dos oceanos? Há peixes que têm holofotes e soltam feixes de luz sobre as plantas e assim esse fenômeno acontece há 5 mil metros, nas camadas abissais dos oceanos.
CONCLUSÃO
1) Tomás de Aquino diz que pela contemplação do Universo podemos saber que Deus existe, mas somente pelas Escrituras podemos saber que ele é Trino.
2) Muitas outras razões nós temos para crermos em Deus, mas a maior é JESUS CRISTO. Ele é exegese de Deus. Ele é a expressa imagem de Deus. Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. Só o néscio consegue dizer: Não há Deus (Sl 53.1).
3) Lew Wallace depois de se lançar numa pesquisa para provar a inexistência de Deus, rendeu-se a ele e escreveu uma das maiores apologias do cristianismo, um filme até hoje insuperável – Bem Hur.
4) E a Bíblia tinha razão – Depois de muito pesquisar para desacreditar a Deus e a Bíblia, o autor escreveu o livro “E a Bíblia tinha razão”.
5) Galileu Galilei – Na prisão foi concitado a abandonar sua crença em Deus. Seu crítico desafiou-o, pedindo-lhe uma prova da existência de Deus. Então, ele disse: “Esta palha seca prova para mim a existência de Deus”.
6) O imperador Trajano e o rabino Josué – Trajano pediu ao rabino uma prova da existência de Deus. Este lhe disse: “Eu lhe mostrarei um embaixador do meu Deus e rogou-lhe para mirar o sol”.
7) O emissário da Revolução Francesa – O camponês disse para o emissário ateu que queria queimar sua bíblia, derrubar o templo da sua igreja e banir da sua mente da idéia de Deus: “O Senhor pode queimar minha Bíblia e destruir o templo da minha igreja, mas antes do senhor banir da minha mente a idéia de Deus, precisará primeiro apagar as estrelas do firmamento, porque enquanto elas brilharem saberei que Deus é Deus, pois os céus declaram a sua glória e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A glória da segunda casa: Uma interpretação cristológica - Por Rev. Alan Rennê Alexandrino Lima


.



A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos; e, neste lugar, darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos” (Ageu 2.9).
É com frequência que igrejas locais mudam de endereço, a fim de proporcionar melhorias aos seus membros, bem como em busca de maiores espaços, a fim de acomodar um maior número de pessoas. É frequente, também, que para promover esta busca e conferir uma grande importância a um espaço cúltico maior, muitos acabam usando a passagem de Ageu 2.9. A lógica é a seguinte: O primeiro “templo” comportava apenas 150 pessoas. Já este segundo possui a capacidade para 500 pessoas. Com isso, de acordo com eles, cumpre-se a Palavra do Senhor em Ageu, pois a glória da “segunda casa” é maior que a da primeira.
Meu propósito neste breve comentário é analisar a passagem citada em seu contexto, a fim de obter uma conclusão a respeito da maneira como a mesma é aplicada por aqueles que entendem que ela diz respeito a locais de culto cada vez maiores.
O Livro de Ageu
Ageu é conhecido como um dos profetas da restauração, o que significa que sua atuação profética se deu quando os judeus já haviam retornado à Terra Prometida. O livro tem início com a contextualização histórica: “No segundo ano do rei Dario” (1.1), ou seja, por volta de 520 a.C. Juntamente com Zacarias, Ageu profetizou durante o reinício da reconstrução do Templo, exatamente no ano 520 a.C. De acordo com O. Palmer Robertson, Ageu foi “a primeira voz profética a falar desde o tempo da restauração da nação”.[1]
O primeiro tema a receber destaque na profecia de Ageu é o da reconstrução da “Casa do SENHOR”:
Assim fala o SENHOR dos Exércitos: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo em que a Casa do SENHOR deve ser edificada. Veio, pois, a palavra do SENHOR, por intermédio do profeta Ageu, dizendo: Acaso, é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas? Ora, pois, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai o vosso passado. Tendes semeado muito e recolhido pouco; comei, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vesti-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado.Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai o vosso passado. Subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa; dela me agradarei e serei glorificado, diz o SENHOR. Esperastes o muito, e eis que veio a ser pouco, e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu com um assopro o dissipei. Por quê? – diz o SENHOR dos Exércitos; por causa da minha casa, que permanece em ruínas, ao passo que cada um de vós corre por causa da sua própria casa (Ageu 1.2-10).
O povo de Israel estava sendo negligente em reconstruir o Templo, o lugar da habitação de Deus no meio do seu povo. A ordem de Deus era no sentido de que o povo abandonasse seu egoísmo e passasse a se preocupar com a casa do Senhor. A ideia passada pelo povo com a sua atitude era a de que Deus era irrelevante. Eles não sentiam falta do Templo, do lugar onde o Senhor era adorado, onde o sacrifício tipológico era realizado e o perdão anunciado.
A “Segunda Casa” Comparada com a Primeira
A partir do versículo 12 vê-se que o povo atendeu à ordem do Senhor por intermédio do profeta Ageu: “Então, Zorobabel, filho de Salatiel, e Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote, e todo o resto do povo atenderam à voz do SENHOR, seu Deus, e às palavras do profeta Ageu, as quais o SENHOR, seu Deus, o tinha mandado dizer; e o povo temeu diante do SENHOR”. A profecia inicial de Ageu se deu no primeiro dia do sexto mês (1.1), ao passo que a reconstrução do templo teve início no “vigésimo quarto dia do sexto mês” (1.15).
Cerca de um mês após o início da reconstrução (2.1), os anciãos que ainda tinham em sua lembrança o esplendor do templo construído por Salomão, ao verem as construções do segundo templo lamentavam a sua inferioridade estética em relação ao primeiro. Por isso, o Senhor Deus perguntou por intermédio do profeta Ageu: “Quem dentre vós, que tenha sobrevivido, contemplou esta casa na sua primeira glória? E como a vedes agora? Não é ela como nada aos vossos olhos?” (2.3). “Comparado com o anterior, o templo que eles estão construindo terá pouco da primitiva grandeza e beleza. Parecer-lhes-á como nada”.[2] A comparação é feita entre a “glória” do primeiro templo e a aparente ausência de “glória” do segundo.
É importante recordar que o termo hebraico kabôd, traduzido como “glória” é usado em outros profetas com uma conotação diferente desta. Ezequiel, por exemplo, fala dakabôd para se referir à presença do Senhor no templo: “Como o aspecto do arco que aparece na nuvem em dia de chuva, assim era o resplendor em redor. Esta era a aparência da glória do SENHOR; vendo isto, caí com o rosto em terra e ouvi a voz de quem falava” (1.28). No capítulo 10, Ezequiel vê a kabôd do Senhor abandonando o templo, simbolizando que Deus não mais habitaria ali, não mais estaria presente de um modo especial e pactual: “Então, se levantou a glória do SENHOR de sobre o querubim, indo para a entrada da casa; a casa encheu-se da nuvem, e o átrio, da resplandecência da glória do SENHOR [...] Então, saiu a glória do SENHOR da entrada da casa e parou sobre os querubins” (vv. 4,18). Entretanto, Ageu “não aponta inicialmente para essa glória da presença de Yahweh. Antes, ele refere-se à beleza do templo de Salomão”.[3]
Já no versículo 7, o termo kabôd possui a mesma conotação da profecia de Ezequiel. A referência é à presença do Senhor no seu templo. Enquanto os anciãos se lembravam da beleza e esplendor do templo de Salomão, Deus promete que o segundo templo, menor em tamanho e riquezas, possuirá uma glória plena, pois, diz o Senhor “encherei de glória esta casa”. O Senhor estava ensinando ao seu povo que, “a glória do templo não dependeria de sua forma exterior. Ao contrário, a glória é vista na própria presença de Yahweh”.[4] A mensagem para aqueles que se encontravam chorosos e àqueles que concentram sua atenção na estrutura física do edifício cúltico, é que a beleza e o tamanho não influenciam ou diminuem a glória do local, mas sim a presença de Deus com o seu povo.
A Glória da Segunda Casa e Jesus Cristo
Deus prometeu que a sua presença encheria aquela casa de glória: “Ainda uma vez, dentro em pouco, farei abalar o céu, a terra, o mar e a terra seca; farei abalar todas as nações, e as coisas preciosas de todas as nações virão, e encherei de glória esta casa, diz o SENHOR dos Exércitos” (2.6-7). A grande questão é se a manifestação plena da glória de Deus estaria limitada àquele segundo templo que estava sendo construído na ocasião, ou se ela aponta apara algo além daquela edificação. A linguagem do profeta lembra o que aconteceu quando Davi se tornou rei de Israel. Várias nações reconheceram o seu reinado e enviaram presentes, coisas preciosas (2Samuel 5.11). O mesmo aconteceu com Salomão, filho de Davi (1Reis 5.8-10; 10.1-10). Não obstante, a referência é que as nações virão agora para contemplar a glória da casa do Senhor. Deus está falando de Cristo, que tanto era filho de Davi (Mateus 1.1) como a habitação permanente de Deus entre o seu povo (João 1.14). O. Palmer Robertson faz um comentário perspicaz a este respeito:
Este segundo abalo põe em destaque um único descendente de Davi, que possuirá poderes para agir com autoridade divina sobre todas as nações. Assim como o templo de Deus e o trono de Davi se fundiram no Monte Sião com a vinda da Arca para Jerusalém, assim também o profeta antecipa uma futura unificação gloriosa do culto divino e do domínio através de um monarca Davídico restaurado.[5]
A interpretação de Calvino também leva em conta o elemento messiânico da profecia:
Mas nós podemos entender o que ele diz de Cristo, virá o desejo de todas as nações, e eu encherei esta casa com glória. De fato, sabemos que Cristo era a expectativa de todo o mundo, de acordo com o que foi dito por Isaías. E pode ser dito apropriadamente que, quando o desejo de todas as nações vier, isto é, quando Cristo se manifestar, em quem os desejos de todos convergem, então, a glória do segundo templo será esplendorosa.[6]
Por esta razão é que o Senhor declara, no versículo 9: “A glória desta última casa será maior do que a da primeira”. A glória do segundo templo não possui nenhuma relação com o seu espaço físico ou com seus objetos de valor. A glória do segundo templo está direta e inextricavelmente relacionada com a vinda de Jesus Cristo. Por se tratar de um templo mais próximo da vinda do Messias do que o que fora construído por Salomão, o segundo seria mais glorioso. Diz o puritano Matthew Poole que, “o que Deus chama de glória deve ser bem melhor do que prata e ouro. Maior que a da primeira, verdadeiramente mais gloriosa, em muitos graus. O mínimo de Cristo tem glória maior que toda a magnificência de Salomão. Não existiram mais que duas casas erigidas por designação divina, e, na segunda, adentrou pessoalmente o Messias”.[7] Calvino afirma ainda que, não devemos imaginar, como alguns intérpretes “brutos”, que a glória futura do segundo templo dizia respeito às reformas empreendidas por Herodes, visando restaurar a suntuosidade do templo. Antes, de acordo com ele, “o que é dito aqui a respeito da glória futura do templo é aplicado à excelência daquelas bênçãos espirituais que apareceram quando Cristo foi revelado, e ainda continuam visíveis para nós através da fé”.[8]
A conexão entre a glória do segundo templo e Jesus fica mais evidente com a continuação do versículo 9: “e, neste lugar, darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos”. No Antigo Testamento a promessa de paz sempre estava ligada à vinda do Messias: “O SENHOR dá força ao seu povo, o SENHOR abençoa com paz ao seu povo” (Salmo 29.11). O conceito veterotestamentário de paz carrega “a noção positiva de bênçãos, especialmente a de um correto relacionamento com Deus”.[9] Isso fica evidente na bênção araônica, em Números 6.24-26: “O SENHOR te abençoe e te guarde; o SENHOR faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o SENHOR sobre ti levante o rosto e te dê a paz”.
Além disso, as passagens proféticas do Antigo Testamento olham adiante para um período de paz que seria inaugurado pela vinda do Messias: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9.6); “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta. Destruirei os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém, e o arco de guerra será destruído. Ele anunciará paz às nações; o seu domínio se estenderá de mar a mar e desde o Eufrates até às proximidades da terra” (Zacarias 9.9-10). O profeta Ezequiel anunciou que através do Messias, Deus faria uma eterna aliança de paz com o seu povo: “Farei com eles aliança de paz; será aliança perpétua. Estabelecê-los-ei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles, para sempre” (37.26). Interessantemente, a ideia de um santuário, um templo ligado ao estabelecimento da paz também aparece na passagem de Ezequiel.
Isto posto, quando os discípulos estavam reunidos com Jesus no cenáculo, ouviram o seu Mestre dizer: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (João 14.27). Com toda certeza eles rememoraram as promessas escriturísticas a respeito do estabelecimento da paz pelo Messias, aquele que era o tabernáculo de Deus entre os homens.
É importante observar ainda que, Apocalipse 21.22 faz uma afirmação extraordinária a respeito da Nova Jerusalém: “Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro”. G. K. Beale e Sean M. McDonough afirmam que, “João provavelmente entendeu estas profecias do Antigo Testamento como sendo cumpridas no futuro por Deus e Cristo substituindo o primeiro templo físico e a arca por sua gloriosa habitação, o que tornará a glória do primeiro templo diminuta”.[10]
Conclusão
A glória do segundo templo não dizia respeito ao seu tamanho nem ao esplendor do material usado na sua construção – até porque, em comparação com o primeiro templo, o segundo foi capaz de despertar o choro dos anciãos que viram o que fora construído por Salomão. A glória da segunda casa estava ligada à vinda do Messias, de Jesus Cristo, o verdadeiro templo de Deus, o Emanuel, o Deus conosco.
Usar a passagem de Ageu 2.9 para recomendar um enorme espaço cúltico, com capacidade para abrigar milhares de pessoas é cometer duplo erro. Em primeiro lugar, comete-se o erro de torcer o sentido da passagem de acordo com o contexto do livro do profeta Ageu. A segunda casa cuja glória seria maior era pequena e destituída de ornamentos em comparação com a primeira. Mas muitos usam a passagem para falar de uma segunda casa maior que a que usavam até então. Em segundo lugar, comete-se o erro de desconsiderar Jesus Cristo, de se apegar às sombras do Antigo Testamento em detrimento daquele que dá sentido a todo ajuntamento solene e que enche de glória todo e qualquer lugar onde o povo de Deus está reunido para adorá-lo em espírito e em verdade.
Soli Deo Gloria!

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Deus está irado e com toda razão


Eu tenho afirmado que Deus está irado com a humanidade. Mas, por que Deus está irado? Paulo diz que uma das razões pelas quais Deus está irado com a humanidade é porque os homens “detêm a verdade pela injustiça” (Romanos 1.18). O verbo “deter” deve ser entendido nesta passagem com o sentido de sufocar, reprimir, suprimir. Então, Paulo está dizendo que Deus está irado porque os homens, deliberadamente tentam sufocar e suprimir a verdade que Deus lhes transmitiu na criação, a respeito de si mesmo. Quando Deus criou todas as coisas Ele o fez de tal modo que a criação foi também revelação. 
Ao criar o homem à sua imagem e semelhança, Deus imprimiu revelação de si mesmo no ser humano. Calvino chamou isto de “senso da divindade”. Deste modo o homem já nasce com o conhecimento daquele que o fez. Trata-se de um conhecimento de Deus que é inato e inerente à constituição da alma humana. Isto significa que todas as pessoas, de todas as épocas e lugares têm uma intuição íntima de que Deus existe, e de que Ele é o seu Criador. 
Uma das evidências deste senso da divindade que Deus imprimiu no ser humano é o que Calvino chamou de “semente da religião”. Calvino ensinou que o homem é por natureza um ser religioso porque Deus plantou em seu coração a semente da religião. Em qualquer sociedade humana, de qualquer lugar, época ou cultura, haverá sempre um elemento religioso. E é exatamente esta a consciência inata da existência de Deus que tem levado todas as culturas em todas as épocas, a desenvolverem suas religiões. 
Mas Paulo ensina que além desta consciência íntima de que Deus existe, a humanidade encontrará também, no restante da criação, evidências claras de que Deus existe, e de que Ele é sábio, poderoso, rico, generoso, bondoso e amoroso. Paulo diz que “os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” (Romanos 1.20). 
É disto que o salmista está falando quando diz que “os céus proclamam a glória de Deus” (Salmo 19.1) ou “A terra, SENHOR, está cheia da tua bondade” (Salmo 119.64). Ou ainda “toda a terra está cheia da sua glória” (Isaias 6.3) Cada folha de árvore, cada inseto, cada pássaro, cada estrela do céu, ou qualquer outro elemento da criação está dizendo: “Deus existe e me criou”. A beleza de um floco de neve, o majestoso poder de uma tempestade, a habilidade de uma abelha, o paladar prazeroso de uma fruta, enfim, a diversidade, a beleza e a riqueza que contemplamos e das quais desfrutamos neste universo criado por Deus são proclamações a respeito da sabedoria, da riqueza, da bondade e da generosidade do Criador. 
Deste modo o homem já nasce com o conhecimento daquele que o criou. Todas as pessoas, de todas as épocas e lugares têm uma intuição íntima de que Deus existe, e de que Ele é o seu Criador. Além disso, fomos colocados num mundo no qual é impossível ignorar a Deus. Esbarramos Nele o tempo todo. O problema da humanidade não é não saber que Deus existe. O problema é que os homens desprezam o Deus que sabem que existe. O problema não é intelectual. O problema é moral. A humanidade odeia Deus e faz de tudo para banir Deus de sua vida. Deus está irado e com toda razão.
***Fonte: Igreja Presbiteriana Ebenézer.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Pentecostalismo, Neopentecostalismo e o Trabalho do Espírito Santo - Por Pb. Solano Portela



Introdução
O pentecostalismo se fundamenta em alguns pontos essenciais básicos, tais como: (1) a identificação do mover do Espírito Santo de Deus; (2) a aceitação de uma categoria de crentes especialmente agraciada pela graça divina; e (3) a precedência da experiência sobre a revelação objetiva das Escrituras, para a formulação de doutrinas.
Nossa compreensão desses pontos, segundo um exame da Palavra de Deus, determina onde nos posicionamos no confuso quadro eclesiástico contemporâneo: se com a interpretação dada pelos símbolos da fé reformada (Confissão de Fé de Westminster e seus catecismos) ou com o evangelicalismo contemporâneo, cuja maior característica comum parece ser a aceitação da doutrina pentecostal cruzando linhas denominacionais.
O propósito deste artigo não é realizar, individualmente, um estudo sobre línguas, cura ou profecias, mas tratar os conceitos básicos do pentecostalismo e os seus reflexos na igreja local. A compreensão doutrinária dessas questões, pode determinar a ênfase da nossa mensagem; os nossos objetivos de vida como cristãos e até a prática litúrgica das igrejas.
1 - Um pouco de história
Do segundo século até o século dezenove, não existe evidência histórica de que os cristãos fiéis, de teologia ortodoxa falassem línguas estranhas, praticassem a “cura divina” em reuniões ou se guiassem por novas profecias. Todas essas coisas, entretanto, caracterizam o pentecostalismo e o chamado “movimento carismático” contemporâneo, incluindo o neopentecostalismo.
Essa busca pelo inusitado e pelo sobrenatural, fora das prescrições das Escrituras, na história da igreja, sempre foi característica de grupos considerados como heréticos, desde os seguidores de Montanus (montanistas), no segundo século até aqueles liderados por Edward Irving, no século 19 da era cristã.
A história do pentecostalismo moderno é normalmente classificada como tendo ocorrido em três ondas distintas:
a. A primeira onda – Pentecostalismo Clássico. Teve início em 1901, quando a sra. Agnes Ozman, nos Estados Unidos, disse ter recebido o batismo do Espírito Santo e falado línguas. A prática foi incorporada ao movimento Holiness. Um outro evento mais conhecido deu-se em 1906, quando se relatou o falar em línguas em uma igreja na rua Azusa (Azusa Street Mission), estado da Califórnia. Desses dois eventos procede a maioria das igrejas pentecostais históricas, como a Assembleia de Deus e a Igreja do Evangelho Quadrangular.b. A segunda onda – Pentecostalismo recente ou Renovação Carismática. Semelhantemente ao movimento pentecostal anterior, enfatizou os “dons extraordinários”, com grande ênfase ao “dom de línguas”. A grande diferença é que as linhas denominacionais foram quebradas e a visão doutrinária pentecostal atingiu várias igrejas. O ano de 1960 marca o início desta onda, em uma igreja Episcopal da Califórnia, na qual se observou o falar em línguas. A própria imprensa secular deu destaque ao acontecimento. O movimento, nos Estados Unidos, se espalhou pelas universidades, entre organizações para-eclesiásticas, tais como a ABU. Além de atingir denominações tradicionais, como luteranos, presbiterianos e metodistas, penetrou nos católico-romanos, partindo da universidade de Notre Dame, formando o movimento dos “católicos carismáticos”, que perdura até hoje. A maior característica desse período foi a determinação dos persuadidos pelos ensinamentos pentecostais, a permanecerem nas denominações de origem, “renovando-as”.c. A terceira onda – O movimento de sinais e maravilhas – o Neopentecostalismo. A designação “terceira onda” foi cunhada por Peter Wagner, em 1983, um dos proponentes do movimento de crescimento de igrejas. Ele escreveu que as duas primeiras ondas continuavam, mas agora o Espírito estaria vindo em uma “terceira onda” com sinais e maravilhas. Temos aqui, também, o surgimento do movimento Vineyard, que conseguiu adeptos e transformou-se em uma denominação, propagando o que ficou conhecido como “evangelismo do poder” (power evangelism) – o evangelho é propagado e demonstrado por sinais e maravilhas sobrenaturais. O dom de línguas, neste estágio, recebeu uma ênfase menor do que o de “profecias”, curas e realização de efeitos especiais e sobrenaturais – muitas vezes sem razão ou conexão aparente – tais como: quedas, risos, urros, dentes de ouro, etc.
No Brasil, essas “ondas” foram quase simultâneas. A Congregação Cristã foi a primeira igreja pentecostal estabelecida, em 1910, seguida da Assembleia de Deus, em 1911. Na década de 1960 tivemos o surgimento do movimento carismático e de renovação, em várias denominações, e, atualmente, vivemos a “terceira onda”, com o neopentecostalismo.
O pentecostalismo e seus derivados contemporâneos se coloca como uma posição doutrinária saudável que sabe identificar o “mover do Espírito Santo de Deus”. Será que essa identificação é bíblica? Será que a fé reformada está deixando de reconhecer o trabalho do Espírito Santo nos dias de hoje?
2 - Existe diferença entre Pentecostalismo e Neopentecostalismo?
O neopentecostalismo tem em comum com o pentecostalismo, a ênfase na experiência, e muitas das doutrinas relacionadas com os dons extraordinários (operação de milagres, falar em línguas, novas revelações). O neopentecostalismo, entretanto, é caracterizado por cruzar os limites das denominações pentecostais, formando novas denominações com peculiaridades mais intensas e penetrando nas demais denominações.
O grande ponto de dissociação, entretanto, entre o pentecostalismo e o neopentecostalismo se dá na compreensão da doutrina das Escrituras. A ênfase na experiência, do pentecostalismo, nunca chegou a soterrar totalmente a importância da Palavra e pontos de tensão foram resolvidos, em muitas ocasiões, com a primazia da própria Palavra. Nesse sentido, por exemplo, a insistência inicial na total ausência de estudo bíblico formal (seminários, institutos bíblicos), uma vez que a pregação viria “por revelação”, deu lugar à visão mais bíblica e mais sóbria, da necessidade do estudo e na aplicação ao aprendizado; as próprias “cruzadas de milagres”, populares na década de sessenta, no Brasil, foram suplantadas por estruturas denominacionais mais comprometidas com a evangelização aos segmentos mais esquecidos da sociedade, ao discipulado e à formação de um caráter cristão nos congregados. De “denominação de vanguarda” os pentecostais foram se revelando conservadores em inúmeras doutrinas e, em não raras ocasiões, exercitam a disciplina eclesiástica de forma coerente e bíblica.
O neopentecostalismo, entretanto, abraçou vários ensinamentos próprios – esses nem sempre com respaldo ou analogia bíblica. No neopentecostalismo, é básica a adesão ao espetacular e extraordinário, como sendo características inerentes ao próprio exercício da fé cristã, mas existem outras peculiaridades doutrinárias, tais como:
a. O culto à prosperidade e a busca ávida dessa, como norma de vida.b. A operação de maravilhas que não têm valor intrínseco ou lógico em si (como o riso desenfreado, o cair pela passagem de um paletó, ou o aparecimento de dentes de ouro).c. A necessidade de identificação das entidades demoníacas que controlam a vida e os afazeres de uma determinada localidade ou setor geográfico, como condição básica para se ganhar a batalha espiritual que resultará no crescimento da igreja.d. A utilização de formas linguísticas e chavões que implicitamente possuiriam valor espiritual inerente, devendo ser utilizados de maneira declaratória, nos cultos e concentrações públicas, como parte desta batalha espiritual (“eu o amarro!”, “declaro esta cidade liberta!”, etc.), muitas vezes acompanhadas de orações pré-fabricadas, apresentadas como poderosas em si.e. A identificação de doenças e problemas psicológicos como formas veladas de possessão demoníaca. Nessa visão, todo crente é conclamado a ver como fenômeno sobrenatural problemas que a Igreja sempre tratou como consequências naturais do pecado.
3- Como reconhecer o trabalho e o mover do Espírito Santo?
O trabalho do Espírito Santo segue diretrizes bíblicas claras e coerentes com as tarefas da Trindade e isso nos dá uma maneira de reconhecer o Espírito de Deus. O ponto chave, que encontramos na Palavra de Deus é que o trabalho do Espírito Santo é revelar o Filho.
Nesse sentido, temos várias declarações explícitas de Jesus Cristo. Em Jo 14.26 Jesus diz: “o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar tudo o que vos tenho dito”. A atividade aqui descrita do Espírito Santo é, portanto, ensinar e fazer lembrar as coisas que Jesus Cristo disse, isto é: testemunhar da pessoa e obra de Cristo.
Em Jo 16.14 lemos: “Ele me glorificará porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar”. A glorificação é à pessoa de Cristo. A anunciação que o Espírito Santo faz é da obra e da mensagem de Cristo. Disso faz parte, também, o trabalho regenerador do Espírito Santo na conversão dos descrentes.
O Espírito Santo não trabalha, portanto, independentemente da obra de Cristo, como pregam todos aqueles que enfatizam o culto ao Espírito Santo e acabam por desviar os olhos dos fiéis da pessoa de Cristo. O Espírito Santo não vem como “uma segunda bênção”, nem vem realizar fenômenos sem sentido ou fora do contexto revelador de Cristo, tais como curas espetaculares, risos santos, quedas, urros, dentes de ouro ou quaisquer outras maravilhas glorificadoras dos homens que as realizam. Ele vem selar o trabalho de Cristo na vida do crente, abrindo-lhe o coração à conversão, batizando-o com a abençoada regeneração, fazendo morada no coração de todos os salvos, promovendo a comunhão cristã, edificando o Corpo de Cristo, iluminando o entendimento e operando o crescimento em santificação.
Semelhantemente às heresias do montanismo, do segundo século, muitas distorções contemporâneas são fruto de ideias de pessoas, querendo “melhorar” o que Deus estabeleceu em sua perfeição e em Sua Palavra. Assim fazendo, elas superenfatizam a terceira pessoa da Trindade, praticamente tornando a pessoa e o trabalho de Cristo secundários às ações do Espírito Santo.
Logicamente, queremos ter muito cuidado, pois nenhum crente deseja atribuir o poder do Espírito Santo em Jesus Cristo a demônios (Mc 3.22-30). Como reconhecer o trabalho do Espírito Santo de Deus? Três critérios nos auxiliarão:
(1) O fim principal do trabalho do Espírito é a glória de Deus. Cristo, cheio e liderado pelo próprio Espírito, assim especificou – Jo 4.34; 5.19; 5.30; 5.43; 6.38; 17.4. No que diz respeito aos demônios, estes procuram a auto-adoração e própria glorificação (Jo 4.24).(2) A suprema autoridade do Espírito é a Palavra de Deus: Dt 29.29. Demonstrar mais estima e procura por “revelações ocultas” do que pela revelação bíblica, é um insulto ao Deus todo-poderoso, que nos criou em amor para que o adorássemos e o servíssemos.(3) A mensagem principal do Espírito é o Evangelho de Deus (At 1.2 e 8).
4 - Existe uma hierarquia dos salvos?
O movimento pentecostal trouxe à cena evangélica o inusitado e o extraordinário como sendo não apenas parte da realidade existencial, histórica e religiosa da Igreja, mas como objeto de anelo e desejo na vida individual de cada crente. Os ensinamentos do pentecostalismo deixaram a expectativa de que sem estas experiências algo estaria a faltar na vida do cristão. Era necessário se atingir um patamar superior, obter-se uma segunda bênção, elevar-se acima do nível do crente comum. Gerou-se assim uma hierarquia de crentes: os batizados vs. os não-batizados pelo Espírito Santo, ou, utilizando uma outra terminologia: os recebedores vs. os “ainda-carentes-de-uma-segunda-bênção”.
A questão da cura divina, trazida pelo pentecostalismo, segue ao longo de linhas paralelas. Ela coloca os crentes em uma escala hierárquica, qualificando o seu cristianismo, fazendo uma divisão entre os que atingiram já um patamar de fé que é suficiente a torná-los recebedores de curas milagrosas vs. aqueles cuja fé é insuficiente ao recebimento destas bênçãos, que estariam reservadas aos mais aquinhoados espiritualmente.
O pentecostalismo, prega essa hierarquia dos salvos estranha à Palavra de Deus, tanto na questão do batismo pelo Espírito Santo, como na cura divina, como no “falar em línguas” – áreas às quais os fiéis são direcionados a procurarem como marca de uma espiritualidade genuína. Aqueles que não experimentaram tais experiências são levados a avaliar suas vidas como “fria” ou distanciada do “fogo” saudável do Espírito de Deus.
O movimento carismático e de renovação foi propagado como sendo uma reação sadia à ortodoxia morta das igrejas tradicionais. Inegavelmente, muito fervor real foi despertado no meio de denominações que estavam consideravelmente afastadas da Palavra de Deus e de suas confissões e credos originais. Muitas haviam abraçado ideias heréticas e humanistas do racionalismo teológico. Mesmo considerando a existência de uma guinada positiva em denominações liberais, pela promoção do estudo das esquecidas Escrituras, a procura pelas experiências, estendida a denominações fiéis à Palavra de Deus, teve efeito devastador. Divisões, polarizações, discussões infrutíferas, desprezo aos padrões confessionais, têm sido resultados comumente observados em igrejas atingidas pelo abraçar de doutrinas pentecostais.
A divisão das pessoas, encontrada na Palavra de Deus, com relação ao posicionamento perante o Criador, nos mostra que todos estão subdivididos em salvos ou perdidos; crentes ou incrédulos; os que receberam a fé como dom de Deus ou aqueles sem fé que se encontram no caminho da perdição. Os movimentos, dentro da Igreja, que acrescentam uma terceira categoria de pessoas, no que diz respeito ao status espiritual delas perante Deus: os sobrenaturalmente agraciados com um fenômeno fora do comum, que difere e está além do ato soberano de Deus da salvação, não encontra base bíblica e representa uma carga injusta lançada sobre os fiéis.
O apóstolo Paulo nos ensina, em 1 Co 12.13, que “em um só espírito todos nós fomos batizados”. Note que ele se refere: (1) genericamente, a todos os crentes – sem distinguir uma casta específica (todos nós); (2) no passado – todos nós, que cremos, fomos batizados; (3) esse batismo do espírito Santo caracteriza todos que formam “o corpo” – ou seja, a igreja de Cristo – ele não vem como uma “segunda bênção”. Isso está em harmonia com Ef 4.5 – que nos ensina que há “um só batismo” e Rm 8.9 – que diz: “se alguém não tem o Espírito de Cristo, este tal não é dele”. Todos os eleitos de Deus, como salvos, são chamados das trevas para a maravilhosa luz – essa é a divisão encontrada na Palavra de Deus. Não existe uma hierarquia dos salvos e, muito menos, salvos não batizados pelo Espírito Santo de Deus.
5 - O interesse pelos fenômenos sobrenaturais e a precedência dada à experiência
Existe um grande interesse na igreja contemporânea nas manifestações sobrenaturais. Na maioria das vezes esse interesse pelos fenômenos sobrenaturais não procede do sério estudo da palavra de Deus, mas de sentimentos carnais presentes na fraca visão do homem natural. Quando Jesus foi pressionado para que realizasse algum sinal sobrenatural fora do contexto e do propósito soberano de sua missão, apenas para atender o desejo pelo extraordinário, presente na multidão (Mt 12.39), Ele dá o seguinte direcionamento aos solicitantes:
a. primeiro, indica que devem examinar as suas vidas (chama os interlocutores de “geração má e adúltera”)b. depois, manda que eles se dirijam às Escrituras, à história previamente revelada e escriturada, (devem considerar “o sinal do profeta Jonas”) para obtenção do conhecimento teológico e prático que diziam procurar.
O segmento pentecostal e neopentecostal, ao enfatizar um interesse primário pelas manifestações sobrenaturais, tira o foco da doutrina da providência divina no governo soberano de todas as atividades. Vemos a tendência, na realidade, de abraçar o misticismo característico das massas. A Igreja recebe, então, uma visão destorcida das prioridades de vida, que coloca as questões físicas do homem como alvo de maior preocupação, do que os problemas metafísicos existentes entre o homem pecador e o Deus Santo que o criou. além do físico, do visível, do palpável, do perceptível. Estamos utilizando o termo metafísico como descritivo do campo das questões eminentemente espirituais (como a salvação, o andar em justiça e santidade), em contrapartida às questões físicas (doenças, enfermidades) que, mesmo sendo importantes, estão hierarquicamente abaixo das anteriores (Mt 10.28).
Onde impera o ávido desejo pelo inusitado e pelo extraordinário, as Escrituras vão ficando para trás. Na Confissão de Fé de Westminster (Cap. 1) temos uma das formulações mais completas, detalhadas e fiel, sobre as doutrinas das Sagradas Escrituras. Ainda assim, encontramos pastores, oficiais e membros de igrejas que abraçam esta Confissão, ansiosos pela manifestação de fenômenos sobrenaturais, desejosos de diretrizes fornecidas por novas revelações, como se algo estivesse faltando à própria Palavra de Deus para a expressão plena de suas religiosidades.
Não devemos desejar um cristianismo racional no qual o sobrenatural é ignorado, nem gerar um ceticismo às atividades das hostes das trevas. Mas devemos procurar manter o sobrenatural dentro da perspectiva que a própria Palavra nos ensina. A maior ação sobrenatural de Deus é o milagre da salvação: seu Espírito regenerador, criando uma nova vida dentro de nós. O governo soberano de Deus, pelo qual ele cumpre os seus propósitos na história, é o grande alicerce de magnifica espiritualidade e sobrenaturalidade da nossa religião – por que desprezar esse conhecimento e essa convicção (Is 8.16-20)? Por que a busca pelo inusitado, pelas intervenções solicitadas ao nosso serviço e por nossas necessidades?
Na parábola do mendigo Lázaro, (Lc 16.19-31) o rico, após tomar pleno conhecimento das realidades espirituais, entre elas a do fogo eterno, da condenação e das tormentas, pede uma maravilha ao reino dos céus, representado na pessoa de Abraão. Ele quer um fenômeno extraordinário – gostaria que o mendigo Lázaro, agora com Abraão, fosse ressuscitado e pessoalmente voltasse à terra dando testemunho daquelas realidades espirituais aos seus cinco irmãos.
Na sua perspectiva, um depoimento advindo de uma manifestação tão espetacular certamente faria com que seus parentes acreditassem na mensagem da verdade. Abraão responde que eles têm as Escrituras (Moisés e os profetas) e se, com os corações endurecidos, não respondem ao claro e objetivo ensinamento delas, não será o grande fenômeno da ressurreição que gerará a credibilidade necessária à salvação.
Essas palavras eram também proféticas. Deus operou um fenômeno impossível às suas criaturas, ressuscitando Jesus Cristo ao terceiro dia, mas as pessoas submersas em seus pecados continuam a rejeitar a mensagem das Escrituras, mesmo após a ressurreição.
Por que a nossa geração deve retratar a própria atitude, condenada pela parábola – que os fenômenos extra-naturais é que conduzirão as pessoas à Cristo – quando ele próprio nos aponta para as Escrituras (Jo 5.39)? Por que desprezarmos o grande fenômeno, bíblico e historicamente comprovado, da ressurreição de Cristo, procurando manifestações duvidosas contemporâneas?
______________Livros sugeridos:
• Fé Cristã e Misticismo, Matos, Portela, Lopes, Campos.• Religião de Poder, Michael Horton.
Leituras bíblicas sugeridas:
• Lc 16.19-31 – O Rico e Lázaro. Os estudos das Escrituras está acima dos milagres.• Jo 14.16-26 – O Filho envia o Espírito da Verdade. Jo 16.7-14 – O Espírito Santo não fala de si mesmo, mas revela o Filho.• 1 Co 12.12-27 – Já fomos batizados em um só corpo.• Ef 4.1-6 – Participamos de um só batismo.• Is 8.16-20 – O grande sinal e maravilha: o Povo de Deus resgatado.• Jo 5.36-47 – A grande importância do testemunho das Escrituras, acima da experiência.
***Fonte: Revista O Pensador Cristão - Edição de Ano IV – Nº 16 – Dez/03. Via: Monergismo.