quarta-feira, 30 de abril de 2014

Cristo morreu por Sua igreja - Robert Murray M'Cheyne


1813 – 1843

Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação."

"...Observe a extensão do remédio do evangelho: “Reconciliando consigo o mundo.” Não pode haver dúvida de que nem todo o mundo será salvo: “Estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.” (Mateus 7:14) As terríveis transações do dia do julgamento estão resumidas nestas solenes palavras: “Estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna” (Mateus 25:46). Uma surpreendente porção da raça humana partirá muda, com a consciência aterrorizada, auto-condenada, para um inferno tão eterno quanto o céu daqueles que são salvos. Oh auto-enganado universalista! Esta é uma palavra que descreve a eternidade do paraíso e a eternidade do inferno. Não pode haver dúvida de que Deus escolheu um povo particular deste mundo: “Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti” (Salmo 65:4). Por seis vezes, no décimo sétimo capítulo de João, Jesus os chama 'os homens os quais me deste,' e Ele diz, 'Eu oro por eles, Eu não oro pelo mundo.'...

Robert Murray M'Cheyne - God in Christ Reconciling the World, (Deus, em Cristo, Reconciliando o Mundo)

Fonte - Em defesa da graça
Tradução - Nelson Ávila

terça-feira, 29 de abril de 2014

O amor a Cristo - Charles H. Spurgeon


1834 — 1892

"Oh tu, a quem ama a minha alma.” (Cantares de Salomão 1:7)
"...O verdadeiro cristão é alguém que ama a Cristo para sempre. Não Joga “cabo de guerra” com Jesus, pressionando-o hoje contra o peito para, logo em seguida, virar-se e buscar a qualquer Dalila que possa contaminá-lo com suas feitiçarias. Não, ele sente que é um Nazireu para o Senhor, ele não pode e nem será contaminado pelo pecado, em nenhum momento, em nenhum lugar. O amor a Cristo no coração fiel é como o amor da pomba por seu parceiro; ela, se o seu parceiro morre, não pode ser tentado a se casar-se com outro, mas ela ainda fica sobre seu poleiro e suspira a sua alma triste até que ela morra também."...
Charles H. Spurgeon - Sermão 338 (O Amor a Jesus)
Fonte: Spurgeon.com.mxTradução: O Estandarte De Cristo

Os efeitos colaterais da obra expiatória de Jesus Cristo 1/4


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Introdução
É ponto pacífico, e até mesmo algo óbvio, o fato de que a expiação realizada por Jesus Cristo na cruz do Calvário significou a obtenção de bênçãos destinadas aos eleitos, como expressão da graça de Deus. Tais bênçãos são de natureza salvífica e estão alicerçadas sobre o sangue derramado na cruz. A expiação trouxe consigo a remoção da culpa e da ira de Deus, o perdão dos pecados e garantiu a aplicação da salvação por parte do Espírito Santo: chamado eficaz, regeneração, arrependimento, fé, justificação, santificação e a glorificação. Além disso, a obra salvífica realizada por Jesus Cristo conquistou dons excelentes para os eleitos, como atesta o apóstolo Paulo, ecoando o Salmo 68.18: “Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens” (Efésios 4.8). Não obstante, objeto de grande controvérsia é o assunto a respeito das benesses desfrutadas pelos preteridos e ímpios na presente vida. Essas benesses, ou bênçãos, possuem alguma relação com a obra expiatória de Jesus? Mais especificamente, existem, de fato, os chamados efeitos colaterais da cruz de Cristo? Deus faz uso da obra de Jesus na cruz para abençoar os ímpios, ainda que indiretamente, a fim de que o seu povo, em última análise, possa viver melhor?
Inegavelmente, a experiência cotidiana atesta que os descrentes e ímpios desfrutam de bênçãos terrenas e até mesmo de favores espirituais. Além disso, as Sagradas Escrituras são claras nas suas afirmações no sentido de que, Deus “faz com que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mateus 5.45), que “todos esperam de ti que lhes dês o seu sustento em ocasião oportuna” (Salmo 104.27), e que Deus “é benigno até para com os ingratos e maus” (Lucas 6.35). É inegável, então, que os ímpios e réprobos gozam de coisas boas nesta vida. Eles são prósperos, ricos, saudáveis e inteligentes. De onde vem isso? Qual a fonte das suas realizações positivas e das bênçãos usufruídas por eles? Será que elas se originam da expiação? Ou estão diretamente relacionadas com Deus como Criador e Sustentador da sua criação?
Como já foi afirmado, isso tem sido objeto de grande controvérsia no meio reformado. O ensinamento majoritário, todavia, tem sido o de que tais manifestações nada mais são do que expressões da graça comum operada nos réprobos pelo Espírito Santo.[1] Não obstante, um grupo de estudiosos reformados tem contestado a doutrina da graça comum, bem como a ideia de que as benesses usufruídas pelos réprobos e ímpios sejam expressões do amor de Deus e efeitos colaterais da cruz de Cristo. Para eles, mesmo as bênçãos desfrutadas pelos ímpios nada mais são do que laços colocados diante deles pelo Senhor.[2] 
O propósito do presente trabalho é contribuir com esse debate, apresentando uma resposta ao questionamento: Há alguma bênção oriunda da expiação de caráter não-salvífico, endereçada aos não-eleitos para o bem dos filhos de Deus? Para que esse objetivo seja alcançado, a doutrina da graça comum será discutida em primeiro lugar, considerando-se tanto o ensinamento reformado clássico quanto a sua contraparte reformada radical. Logo em seguida, discutir-se-á o fundamento da graça comum: criação ou expiação? Em terceiro lugar, duas passagens das Sagradas Escrituras, que mencionam benesses recebidas pelos inimigos da cruz de Cristo serão consideradas. Em quarto e último lugar, inquirir-se-á sobre o propósito de Deus na concessão de benefícios àqueles que não fazem parte do seu povo amado.
1 A Doutrina Reformada da Graça Comum
1.1. Origem do termo
A doutrina da graça comum procura responder a um importante questionamento que tem sido levantado ao longo dos séculos, conforme expresso por Henry Meeter: “Como nós podemos solucionar o problema do mal relacionado pela Bíblia com o homem não regenerado e as ‘excelentes proezas’ feitas por estes mesmos homens não regenerados e pagãos?”[3]  A resposta conhecida como “graça comum” atribui ao Espírito Santo, “não somente o papel de refrear aquilo de negativo que existe no ser humano e no meio em que vive, mas também de produzir em seu coração algumas possibilidades de realizações positivas, como o desenvolvimento cultural saudável, as artes de maneira geral e, porque não dizer também, até a magistratura”.[4] 
O termo “graça comum” foi cunhado já no século XX. Existe dúvida quanto a quem o cunhou. Alguns acreditam que o teólogo holandês Herman Bavinck (1854-1921) tenha sido o responsável [5], ao passo que outros o atribuem ao também holandês Abraham Kuyper (1837-1920).[6] Não resta dúvida, porém, de que Kuyper foi o principal difusor tanto do conceito quanto da doutrina da graça comum.
Várias tentativas de definição de graça comum têm sido feitas ao longo dos anos por teólogos representativos da tradição reformada. D. Martyn Lloyd-Jones, por exemplo, afirma que graça comum
É o termo aplicado àquelas bênçãos gerais que Deus comunica a todos os homens e mulheres, indiscriminadamente, como Lhe apraz, não só a Seu próprio povo, mas a todos os homens e mulheres, segundo o Seu beneplácito. Ou, de outra forma, graça comum significa aquelas operações gerais do Espírito Santo nas quais, sem renovar o coração, Ele exerce influência moral por meio da qual o pecado é restringido, a ordem é preservada na vida social e a justiça civil é promovida.[7]
Archibald Alexander Hodge, filho do ilustre teólogo princetoniano Charles Hodge, define a graça comum da seguinte maneira:
A graça comum é a influência restritiva e persuasiva do Espírito Santo, operando somente por meio das verdades reveladas no evangelho, ou por meio da luz natural da razão e da consciência, aumentando o natural efeito moral dessas verdades sobre o coração, a inteligência e o a consciência. Não envolve mudança do coração, e, sim, unicamente um aumento do poder natural da verdade, uma ação restritiva das más paixões e um aumento das emoções naturais em face do pecado, do dever e do interesse próprio.[8] 
Hodge entende que a ação do Espírito Santo denominada de “graça comum” se dá também por meio das verdades reveladas do evangelho. Dessa forma, ele parece entender que existem algumas dádivas recebidas pelos ímpios que têm a sua origem na obra expiatória de Jesus Cristo.
1.2. A contraparte radical reformada
No ano de 1924 a Christian Reformed Church, em sua Assembleia Geral, adotou uma posição que ratificava a doutrina da graça comum. Sua posição foi a afirmação de que Deus é favoravelmente disposto a todos os homens, tanto aos eleitos quanto aos réprobos. Isso levou os teólogos Herman Hoeksema, George Ophoff e Henry Danhof a romperem com a Christian Reformed Church e a fundar a Protestante Reformed Church. De acordo com Hoeksema, a única coisa que Deus manifestava ao não-eleito era a sua ira. Não há, segundo ele, nenhuma medida de graça oferecida ao réprobo nem nenhuma oferta séria do evangelho ao não-eleito.[9] 
David J. Engelsma, professor de Teologia Sistemática e Antigo Testamento na Theological School of the Protestant Reformed Churches, em Grandville, e duro oponente da doutrina da graça comum a define como:
Um favor não-salvífico de Deus a todos os humanos; uma operação do Espírito Santo dentro dos réprobos pela qual, sem regenerá-los, restringe o pecado neles, de maneira que se tornam depravados apenas parcialmente; e a habilidade dos incrédulos, por virtude dessa graça do Espírito Santo, para praticarem boas obras, especialmente no lugar de uma cultura que é verdadeiramente, mas não definitivamente, boa.[10] 
Não se sabe de um só teólogo reformado que afirme que, por meio da ação do Espírito Santo na graça comum os incrédulos deixem de ser totalmente depravados. A afirmação de Engelsma, de que a crença na graça comum implica a crença numa depravação apenas parcial se mostra desprovida de fundamentação teórica e documental. Todos os teólogos reformados que acreditam na existência da graça comum afirmam conjuntamente a total corrupção do ser humano.
O grande problema com David Engelsma e os outros oponentes da doutrina da graça comum é que eles acabam fazendo uma confusão entre depravação total e depravação absoluta. James Daane faz um comentário interessante sobre isso:
Partidários da visão tradicional da graça comum que conhecem algo da história do pensamento reformado não serão convencidos facilmente de que a graça comum mina as doutrinas da depravação total e da antítese.[11] Eles sabem muito bem que aqueles que forjaram a doutrina da graça comum também criam na depravação total. Antes de aceitar a crítica que diz que a graça comum enfraquece essas doutrinas, eles levantam a questão se aqueles que se opõem a essa visão ainda estão lidando com a concepção reformada da depravação total e da antítese, ou se talvez eles não tenham transformado a depravação total em depravação absoluta e a antítese em uma antítese absoluta.[12] 
Mark Driscoll e Gerry Breshears seguem na mesma linha ao afirmarem que “enquanto as pessoas não são absolutamente depravadas e tão más quanto elas poderiam ser, todas as pessoas são totalmente depravadas em que todos os seus motivos, palavras, atos e pensamentos são afetados, manchados e corrompidos pelo pecado”.[13] Daane prossegue afirmando que, “é simplesmente uma questão de registro histórico que todos os teólogos reformados que foram mais ativos na formulação da graça comum foram justamente aqueles que de todo coração também aceitaram a doutrina da depravação total”.[14] Nesse sentido, Richard J. Mouw cita especificamente o reformador João Calvino como alguém que defendeu a depravação total e a antítese e ao mesmo tempo reconhecia a capacidade dos incrédulos de produzirem boas coisas. Ele diz:
A ideia de antítese estava presente no pensamento calvinista desde o início. O próprio João Calvino usou o termo de um modo que antecipou o sentido mais técnico desenvolvido no calvinismo holandês do século dezenove. Quando uma pessoa é convertida, Calvino argumenta, Deus graciosamente transforma “uma má vontade em uma boa vontade”. Então, “a nova criação... varre para longe tudo da nossa natureza [deprava] comum”. Essa ação transformadora é exigida, Calvino observou na sua exposição da linha de raciocínio de Paulo em Efésios 2, por causa de “uma antítese entre Adão e Cristo”.[15] 
Fica claro, então, que é característico da teologia reformada o ensino da graça comum. Ademais, é necessário que fique claro, que sustentar a graça comum em nada implica a desconstrução das doutrinas da depravação total e da antítese. Prova-se isso a partir da constatação de que a doutrina da graça comum não surgiu dos sistemas teológicos que não acreditam da depravação total, como por exemplo, o semi-pelagianismo católico romano e o arminanismo.[16] 
Através da graça comum Deus revela a sua bondade para com todas as pessoas, mas não de uma forma salvífica. “A graça comum de Deus inclui a água que bebemos, a comida que comemos, o sol que nos alegra, e a chuva de que necessitamos, pois Deus é bom para com os pecadores e com os santos igualmente”.[17] Sobre os efeitos dessa graça comum, Mark Driscoll e Gerry Breshears afirmam que, “a graça comum de Deus faz com que aqueles que O desprezam a aprender e crescer em áreas como ciência, filosofia, tecnologia, educação e medicina. A graça comum de Deus faz com que sociedades floresçam, famílias existam, cidades surjam e nações prosperem”.[18]
Fica patente que os benefícios desfrutados pelos réprobos e ímpios possuem estreita relação com a graça comum de Deus. A questão agora é determinar se essas bênçãos manifestadas através da graça comum fluem da obra expiatória de Jesus Cristo ou simplesmente da bondade de Deus enquanto Criador e Sustentador de todas as coisas.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Um Cristão pode ser possuído por demônios?


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Essa pergunta já me foi feita muitas vezes em ocasiões muito diferentes. Devido a uma característica da teologia do medo implantada desde épocas medievais, que tem se arrastado pelo colonialismo e chegado até a era digital. Podemos ler esse temor na vida de muitos crentes que absorveram tal afirmação de que o demônio pode "pega-lo" se ele não for fiel.
Devido a catolicidade de uma teologia embebida de crenças macumbadas esse tipo de afirmação obteve algum sucesso em igrejas brasileiras. Principalmente com o crescimento e influência da IURD* na prática e crença de igrejas no Brasil. A teologia do medo implantada, que visa claramente uma fidelização a instituição que liberta o fiel, é um fator decisivo, basta assistir por cinco minutos os testemunhos de programas de Tv de igrejas neopentecostais "Quando cheguei aqui não tinha nada, o diabo tomou tudo de mim, era possuído pelo Exu caveira, mas fui liberto", e por aí vai.
Devido a grande facilidade de superstições serem abraçadas pela religiosidade brasileira temos esse crescimento cancerígeno dentro dos arraiais evangélicos. Uma outra característica de igrejas neopentecostais é o posicionamento papal de seus missionários, bispos, apóstolos e pastores. O sacerdócio de cada crente e a importância de cada membro ter contato direto com a Palavra de Deus não é influenciado, o que o líder diz não deve ser examinado ou questionado, apenas aceito e praticado. A Palavra de Deus nos adverte "E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim" (Atos 17:10-11). Claro que essa prática é desencorajada em tais igrejas, como o era no período anterior a reforma.
No entanto a Bíblia nos garante que somos guardados por Deus, "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge" (1 João 5:18). Nos diz também "Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um. Enquanto estava com eles, eu os protegi e os guardei pelo nome que me deste. Nenhum deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição, para que se cumprisse a Escritura" (João 17:11-12).
Não temos em nenhuma parte da Escritura relatos de crentes endemoniados, e a Palavra nos diz que o mal já está vencido por Jesus, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz, Colossenses 2:15. É fato que a atuação de demônios não é fantasiosa nem utópica, mas real, contudo a doutrina bíblica da justificação nos mostra que os eleitos são propriedade de Deus, são seus filhos - "porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus" (Romanos 8:14).
Não devemos cair em uma crença dualista, que existem poderes opostos com mesmo grau de força, que guerreiam entre si, não, Deus é soberano - "Pois esse é o propósito do Senhor dos Exércitos; quem pode impedi-lo? Sua mão está estendida; quem pode fazê-la recuar?" (Isaías 14:27). Até a atuação do diabo está debaixo da vontade de Deus, Satanás é um anjo caído, submisso ao seu criador "Jesus lhe disse: Retire-se, Satanás! Pois está escrito: Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto" (Mateus 4:10). "Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o acorrentou por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar as nações até que terminassem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo." (Apocalipse 20:2-3). Note que em cada texto bíblico Deus é o Soberano, ainda: "Vi o céu aberto e diante de mim um cavalo branco, cujo cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro. Ele julga e guerreia com justiça. Seus olhos são como chamas de fogo, e em sua cabeça há muitas coroas e um nome que só ele conhece, e ninguém mais. Está vestido com um manto tingido de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus. Os exércitos do céu o seguiam, vestidos de linho fino, branco e puro, e montados em cavalos brancos. De sua boca sai uma espada afiada, com a qual ferirá as nações. Ele as governará com cetro de ferro. Ele pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso. Em seu manto e em sua coxa está escrito este nome: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES" (Apocalipse 19:11-16).
Devemos ter cuidado, examine as escrituras, leia bons livros, frequente uma igreja sadia doutrinariamente, isso fará bem para sua saúde espiritual e emocional.
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Divulgação: Bereianos
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domingo, 27 de abril de 2014

A Preservação dos Eleitos em 1ª Pedro





A garantia da salvação (1.5)

1.5 ... que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo.


Em virtude da falta de conhecimento e “do conhecimento correto” da soteriologia (doutrina da salvação), muitos cristãos podem perguntar: Como podemos ter certeza que a salvação não pode ser perdida? Podemos perder a salvação se não perseverarmos em Deus? Outros, por sua vez, podem “refutar” de modo enfático, dizendo: A salvação pode ser perdida sim! “Várias passagens na Bíblia” afirmam “essa verdade”! Não obstante, senão vejamos a resposta para estas perguntas e argumentos em três pontos:


a) Os eleitos são guardados pelo poder de Deus. 

No grego, a palavra guardados φρουρουμενους (frurumenus), é um termo militar que indica “a guarda feita por soldados”46. O particípio presente indica algo em andamento, um princípio contínuo de proteção”,47 podendo, assim, ser traduzido como “estão sendo guardados”. Via de regra, Deus não guarda apenas a salvação dos eleitos (vs.4), mas também o eleito salvo pelo seu poder soberano. A salvação é assegurada por Deus e não pode jamais ser “perdida”. Certamente Deus guarda os seus! Vejamos alguns textos na Escritura (dentre tantos) que merecem destaque, pois afirmam categoricamente que o crente não pode perder a sua salvação. Observe atentamente: 

Salmo 37.28-29 – Pois o Senhor ama a justiça e não desampara os seus santos, serão preservados para sempre, mas a descendência dos ímpios será exterminada. (ARA)

Jeremias 32.40 – Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem;e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim. (ARA)

João 6.37-40, 48 – Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou é estaQue nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna. (ARC)

João 10.27-29 – 
As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem. E lhes dou a vida eternajamais perecerão (ou serão condenadas podendo perder a salvação), e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar(as ovelhas, ou os crentes). (ARA)

João 13.18 – 
Não falo a respeito de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi; é, antes, para que se cumpra a Escritura ... (veja Sl 41.9). (ARA)

Romanos 8.29-30 – Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou, e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. (ARA)

Romanos 8.38-39 – Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem o porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. (ARA)

1 Coríntios 1.8 – .... o qual também vos confirmará até o fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. (ARA)

Filipenses 1.6 – Estou plenamente certo de que aquele que começou a boa obra (a obra da salvação) em vós há de completá-la até o dia de Cristo Jesus. (ARA)

Efésios 1.13-14 – Nele, quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória. (NVI)

Podemos chamar o ato de Deus “guardar” todo aquele pelo qual Cristo morreu e ressuscitou de perecer eternamente de “preservação dos eleitos”. O cristão, em si mesmo, não tem o poder de se manter firme em perseverança a vida toda, haja vista que este possui debilidades em seu caráter e, todavia, está sujeito a cair em desânimo, em fraqueza espiritual e em pecado, assim como Davi e Pedro caíram, mas, contudo, foram restaurados por Deus (veja 1 Cor 10.12; Mt 26.41; 2 Cor 12.9-10; Hb 7.28a). Portanto, Deus é quem age no processo da preservação preservando os seus da apostasia, fazendo com que eles perseverem até o fim na sua presença (veja Jo 17.12, 15, 20, 24).

2 Coríntios 1.21-22 – Ora, é Deus que faz que nós e vocês permaneçamos firmes em Cristo. Ele nos ungiu, nos selou como sua propriedade e pôs o seu Espírito em nossos corações como garantia do que está por vir. (NVI)

Ronald Hanko atesta que Deus preserva a nova vida da regeneração que está nos eleitos, como a semente de toda a sua salvação (1 Jo 3:9). Ao preservar isso, ele também preserva a fé e obediência deles, de forma que continuem a crer e a guardar os mandamentos de Deus, embora imperfeitamente. Colocando de uma forma simples: Deus preserva a sua obra de graça em seu povo (Sl 90.17; Sl 138.8).48

Por outro lado, o eleito também age nesse processo de preservação de modo responsável, sem nenhuma coerção da parte de Deus fazendo a parte que lhe cabe, ou seja, “perseverar”. A Escritura nos exorta acerca da responsabilidade que temos de perseverar na fé, na obediência aos mandamentos de Deus e na comunhão da igreja. Senão vejamos:

1 Coríntios 16.33 – Vigiai, permanecei firmes na fé, portai-vos corajosamente, sede fortes. (Almeida Século 21)

João 8.31 – Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos... (ARA)

Hebreus 10.25, 35; 2.1 – Não deixemos de congregar-nos como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o dia (a segunda vinda de Cristo) se aproxima. Não abandoneis, portanto, a vossa confiança, ela tem grande galardão. Por esta razão,importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. (ARA)

Todavia, o cristão é quem persevera, e não Deus quem persevera para o cristão. Deus preserva o cristão em perseverança pelo seu poder e graça enquanto o cristão persevera! Estas duas verdades, vistas de modo separado, podem até se contradizer, mas, unidas, formam o preâmbulo entre a Soberania de Deus e a responsabilidade humana [uma vez que o cristão não é “livre” nas suas atitudes, mas responsável de acordo com os propósitos de Deus, e nunca fora do seu controle Soberano; ou seja, daquilo que foi determinado por Ele que aconteça] que jamais se contradizem. Observe um exemplo desse preâmbulo enfatizado por Paulo em (Fp 2.13).

A Confissão de Westminster, no capítulo 17, ressalta:
Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, eficazmente chamados e santificados, pelo seu Espírito, não podem cair do estado de graça, nem total nem finalmente; mas com toda certeza, hão de perseverar nesse estado até o fim e estarão eternamente salvos.

Aplicação

Dizer que o cristão pode perder a sua salvação, além de ser uma falácia, seria o mesmo que dizer que a obra redentora de Cristo foi imperfeita e ineficaz, visto que o crente pelo qual Cristo morreu e ressuscitou, é passível de perder a sua salvação, caso não persevere em obediência a Deus até o fim. Entretanto, mesmo diante de todo o conteúdo em pauta, muitos cristãos ainda podem contestar, isso devido à falta de entendimento da questão da preservação dos eleitos, ou por serem obstinados, com o seguinte argumento: E quanto aquele “crente” que esteve na comunhão da igreja com os irmãos durante um tempo e foi embora, se desviando da fé cristã e retornando a vida de antes, ou seja, uma vida na prática deliberada do pecado? Este “cristão” que se desviou perdeu a sua salvação! 
  
A resposta para esta objeção é bem simples. Não há em toda a Escritura, tanto no AT como no NT, um texto sequer que mostre, ainda que implicitamente, que o crente pode perder a sua salvação. Os que tentam provar o contrário, se baseiam numa hermenêutica equivocada dos textos que destacam a soteriologia (doutrina da salvação). Contudo, o que vemos tanto no AT como no NT, são exemplos de “falsos crentes” que não perderam a sua salvação, mas que nunca foram salvos. Estes aparentavam serem pessoas convertidas, porém nunca se converteram! Dentre estes, temos no AT os filhos de Eli – Hofni e Fineias, que eram sacerdotes, ou, melhor dizendo, “falsos sacerdotes”, assim como vemos hoje muitos “falsos pastores” (1 Sm 2.12-17, 22) e Saul (1 Sm 13.13-14; 15.10-11, 22-23; 16.14). No NT, temos dois grandes exemplos de falsos crentes, a saber, Judas Iscariotes (Jo 6.70-71; 13.10-11; 18) e Himineu e Alexandre, que apostataram da fé (1 Tm 1.18-20). Portanto, concluímos que, uma vez salvo (o verdadeiro cristão), salvo para sempre!

b) Os eleitos são guardados pelo poder de Deus através da fé. 

Se os eleitos são guardados pelo poder de Deus de perderem a salvação, todavia, é pela fé que eles são guardados. Não obstante a fé salvadora é um dom de Deus (Ef 2.8), e este dom não é dado a todos (2 Ts 3.2), somente aos eleitos destinados para a vida eterna como o fruto da eleição (At 13.48; Tt 1.1) e como o resultado da regeneração operada pelo Espírito Santo (1 Jo 5.1). Aqueles que crêem em Cristo como Filho de Deus, Deus e salvador, só creem porque primeiro foram eleitos por Deus para a salvação, chamados pelo evangelho e, em seguida, regenerados antes de crer. É impossível crer antes da regeneração devido ao estado de morte espiritual e de incapacidade em que o homem se encontra para buscar a Deus (Rm 3.10-12; um Cor 2.14).49 Desse modo, entendemos que a regeneração precede a fé, ou seja, a fé é a resposta da regeneração.

Via de regra, a fé não é a causa meritória da salvação, como se a pessoa, a parte de Deus, decidisse em si mesma crer. Absolutamente não! A fé é o agente da salvação; ou seja, é o meio para a salvação dos eleitos. Deus, o Pai, nos habilita a irmos até Jesus através do ouvir a pregação do evangelho, tanto na igreja como pela TV, pelo rádio, pela internet ou pela própria leitura das Escrituras. Sendo assim, a capacidade de crer em Cristo vem de Deus, conforme o próprio Jesus disse:

João 6.65 – ...ninguém pode vir a mim, a não ser que isto (a capacidade pela fé vs.64) lhe seja dado pelo Pai. (NVI)

Apesar de ser Deus que capacita o homem a crer em Cristo, dando-lhe o dom da fé mediante a regeneração do espírito que produz a fé através da pregação ou leitura do evangelho, contudo, o homem tem a sua tarefa a cumprir, isto é – crer! Deus concede o dom da fé para o homem crer. Não é Deus quem crê para o homem, mas o homem é quem age exercendo a sua responsabilidade que é administrada por Deus após a regeneração (2 Cor 3.17; Rm 6.6, 18, 22) crendo em Cristo Jesus. Portanto, concluímos que não somos salvos pela fé, antes, somos salvos por Cristo mediante a fé (vs.21). Não obtemos a salvação pela fé, mas a fé é o meio pelo qual Deus aplica os benefícios da salvação em nós.

Aplicação

A perseverança do cristão na fé é a evidência do poder de Deus guardando-o não somente de ser sucumbido pelo diabo, da permanência no pecado, mas, sobretudo, da apostasia. “No momento da salvação, Deus ativa a fé e continua a preservá-la. A fé salvadora é permanente; nunca morre (Mt 24.13; Hb 3.14)”.50

c) Os eleitos são guardados pelo poder de Deus através da fé para a consumação da salvação.

No passado, fomos salvos da condenação do pecado pela justificação (veja Rm 3.24-25; 5.1; 2 Tm 1.9; Tt 3.5). No presente, somos salvos do poder do pecado pela santificação (veja Rm 8.1; 1 Cor 1.18; Fp 2.12-13; Hb 2.11; 10.10). No futuro, seremos salvos da presença do pecado pela glorificação (veja Rm 8.17-23; 13.11; Fp 1.8; 2; Hb 10.36-37; 2 Pe 3.13; Mc 10.28-30). Estes, portanto, são os três aspectos do tempo da salvação descritos na Escritura.

Visto e entendido a salvação desta maneira, por qual motivo então, os eleitos são guardados pelo poder de Deus mediante a fé? Para a consumação da salvação que se dará na segunda vinda de Cristo. O termo salvação aqui é sinônimo de herança (vs.4). Ambas as palavras ressaltam a salvação que está guardada e que ainda há de ser revelada no futuro. Simon Kistemaker acentua que estamos na expectativa exultante de tomar posse da nossa salvação. Mesmo quando experimentamos a bondade de Deus por meio da salvação em princípio, sabemos que a plenitude de nossa herança será conhecida a seu tempo (Hb 1.14).51 

Não obstante, o termo preparada enfatiza a salvação que foi planejada na eternidade no conselho trinitariano (das três pessoas da trindade) e executada por Cristo mediante a sua obra de redenção. O verbo grego revelar αποκαλύπτω (apokaluptõ), significa tirar o véu, mostrar, fazer conhecer. Este verbo está no uso acusativo, e refere-se à salvação futura que o crente aguarda (Rm 8.18; 1 Pe 5.1). Certamente este véu será tirado quando Jesus retornar em glória para nos dar a salvação em toda a sua plenitude. Todos verão a herança da salvação quando esta se manifestar, porém, somente os eleitos tomarão posse dela (Mt 25.32-46). A expressão último tempo denota o tempo do fim que se dará com a segunda vinda de Cristo onde a nossa salvação será consumada.

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Notas:
46 - Fritz Rienecker e Cleon Rogers. Chave Linguística do Novo Testamento Grego, pág 552.
47 - Vicent. Estudo no Vocabulário Grego do Novo Testamento, pág 548. 
48 - Ronald Hanko. Doctrine according to Godliness. Reformed Free Publishing Association, pág. 210-211.
49 - Para mais detalhes sobre esta questão, veja o meu comentário do (vs.1b).
50 - Bíblia de Estudo Macarthur. Notas de rodapé, pág 1729. 
51 - Simon Kistemaker. Epístolas de Pedro e Judas, pág 63.

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Fonte: Trecho extraído do Comentário Expositivo de 1 Pedro do autor. 
Divulgação: Bereianos

sábado, 26 de abril de 2014

SANTIFICAÇÃO É OBRA PRIMA DA MORTIFICAÇÃO DE PECADO – Pr J Miranda



A Santificação é o meio de GRAÇA de Deus para MORTIFICAÇÃO DE PECADO. É com a graça de Deus que o Espírito Santo se introduz em nossos corações para guerreia contra todo acumulo de pecado que está em nosso coração em silencio, adormecido, mas a qualquer momento pode se levantar. “Porque de dentro do coração do homem, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malicias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contamina o homem” Marcos 7.21-23

Robert Murray McCheyne, o ministro presbiteriano escocês do século XIX cuja vida foi extinta antes dele alcançar os trinta anos de idade, escreveu em seu postumamente publicado Diário: “Tenho começado a perceber que as sementes de todo pecado conhecido ainda subsistiam em meu coração”. Este é um ponto de progresso para mortificação de pecado.

A santificação vem de Deus que nos chamou para uma vida de separação. Aqueles pecadores pelos quais Cristo morreu são chamados pelo poder do Espírito Santo à santidade. Eles deixam seus pecados; tentam ser como Cristo. Antes de serem salvos amavam o pecado. A velha natureza deles amava tudo que era maligno. A sua nova natureza não pode pecar porque é nascida de Deus. Deus chama Seu povo à santidade. O povo de Deus não é santo porque quer que Deus o salve. Deus, através do Espírito Santo, opera a santidade nele. Portanto, o belo fruto espiritual que vemos num crente tanto é a obra de Deus quanto é o resultado da expiação pela qual Cristo o comprou.

Esta ordem mostra que nossa santificação é obra prima de Deus em nossos membros. Sendo assim, não é a causa, e sim o efeito, da nossa salvação. Se é efeito da salvação, logo a santificação é obra prima da mortificação de pecado.

Robert Murray McCheyne, o ministro presbiteriano escocês do século XIX cuja vida foi extinta antes dele alcançar os trinta anos de idade, escreveu em seu postumamente publicado Diário: “Tenho começado a perceber que as sementes de todo pecado conhecido ainda subsistiam em meu coração”. Este é um ponto de progresso para mortificação de pecado.
A santificação vem de Deus que nos chamou para uma vida de separação. Aqueles pecadores pelos quais Cristo morreu são chamados pelo poder do Espírito Santo à santidade. Eles deixam seus pecados; tentam ser como Cristo. Antes de serem salvos amavam o pecado. A velha natureza deles amava tudo que era maligno. A sua nova natureza não pode pecar porque é nascida de Deus. Deus chama Seu povo à santidade. O povo de Deus não é santo porque quer que Deus o salve. Deus, através do Espírito Santo, opera a santidade nele. Portanto, o belo fruto espiritual que vemos num crente tanto é a obra de Deus quanto é o resultado da expiação pela qual Cristo o comprou. 
Esta ordem mostra que nossa santificação é obra prima de Deus em nossos membros. Sendo assim, não é a causa, e sim o efeito, da nossa salvação. Se é efeito da salvação, logo a santificação é obra prima da mortificação de pecado.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O mandato espiritual, social e cultural em Efésios - Por Denis Monteir


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Antes da Queda, Deus deu algumas ordenanças a Adão e Eva o qual chamamos de ordenanças da criação. Deus ordenou ao primeiro casal: Que se casassem e procriassem para encher a terra, exercessem domínio sobre as criaturas, o trabalho e o descanso semanal – claro, sabemos que Deus ordenou que o casal não poderia comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, mas essa não é geralmente considerada uma ordenança da criação, pois Deus deu apenas para aquela ocasião e não uma ordenança perpétua. Chamamos estas ordenanças de mandatos. Mandato espiritual, social e cultural.
Mandato Espiritual: Este mandato envolve um relacionamento com o Deus que nos deu a Sua imagem (Gn 1.26). Uma paz entre Ele e suas criaturas, o qual, também, estabeleceu um dia de descanso de nossas obras para dedicarmos inteiramente a Ele em santidade. 
Mandato Social: Este mandato que envolve um relacionamento, não só com Deus, envolve com a família que por Deus fora criada. Este mandato envolve a liderança dos pais em saber guiar as suas famílias, segundo a ordem de Deus. 
Mandato Cultural: Este terceiro, e ultimo mandato, é um envolvimento com a sociedade. Você, assim como eu, já deve ter ouvido falar de que todos os nossos relacionamentos com aspectos culturais fossem seculares e nosso relacionamento com Deus espiritual. Este mandato envolve questões políticas, educação, artes, lazer, tecnologia, indústria, e quaisquer outras áreas. 
As consequências do pecado nas ordenanças da criação. 
No mandato espiritual, o pecado fez separação entre Deus e Sua criação. Até os animais e natureza ficou sujeita à servidão (Rm 8.20). O Homem já nasce alienado de Deus proferindo mentiras (Sl 58.3), mortos espiritualmente, pelo pecado, como diz Jean Diodati: “de onde provêm miséria e incapacidade de fazer o bem”.[1] 
No mandato social, além do pecado afetar o nosso relacionamento com Deus, ele afetou nosso relacionamento social entre os familiares. Após a entrada do pecado no mundo o relacionamento perdido, com Deus, afeta as bases da família causando até vergonha sexual entre o homem e a mulher. Desde o quarto capitulo do Gênesis o efeito de pecado se mostra claro, com a morte causada pelo irmão – Caim matando Abel. Filhos não respeitando os pais, desobedecendo-os, ou como o próprio Gênesis mostra, Jacó enganando seu pai com a ajuda de sua mãe (Gn 25). 
Assim como, o pecado afetou o relacionamento com Deus, ele afetou nosso relacionamento familiar, também, afetou o nosso relacionamento na sociedade –Mandato Cultural. John Frame diz: “indivíduos pecaminosos contaminam as instituições que formam, e estas instituições tornam o efeito do pecado ainda piores. Quando pecadores se juntam, eles alcançam impiedade maior do que conseguiriam individualmente”.[2] Desde o Gênesis já nos é dito que este mandato estava sendo impiamente desenvolvido. Em Genesis 4.17-24 os descendentes de Caim já desenvolviam certo tipo inicial de cultura.[3] Esses desenvolvimentos, em si não são maus, mas o uso dos mesmos voltados para a glória humana são, como podemos ver nas músicas de hoje, as quais faltam beleza, bondade e verdade. Vemos a Torre de Babel sendo erguida para chegar aos céus e a confusão que Deus faz com as línguas para que ninguém entenda ninguém, pois não queriam ser espalhados por toda a terra (Gn 11.4) desobedecendo à ordem de Deus de se espalhar (Gn 1.28). 
Então, a pergunta é: Como cumprir estes mandatos para a glória de Deus, conforme Sua vontade? [4]
Novo relacionamento com Deus (Efésios 4.17 – 5.1-21)
Nesta divisão Paulo nos mostra como devemos ser e o porquê viver de forma digna, por exemplo: Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. Efésios 4.22-24.
Fomos resgatados para despirmos do velho homem, pois somos a imagem de Deus. Em Cristo este relacionamento foi reconciliado por intermédio de Seu sangue derramado na cruz em favor de Seu povo. O pecado que fazia separação fora pago por Cristo, logo, Deus não está mais irado conosco. Por isso que Paulo admoesta aos crentes que vivamos antiteticamente: deixe a mentira mas fale a verdade; Irai-vos e não pequeis; se furtava não furte mais mas trabalhe; não saia palavra torpes da boca mas só boas para a edificação.” (4.25-29). E como imagem de Deus, devemos imitar a Deus, como filhos amados (5.1), produzindo frutos que provem de Deus ao contrário das obras das trevas, vivendo cheio do Espirito Santo, como diz Erasmus Sarcerius: Ser cheio do Espirito Santo é uma forma particular e uma manifestação do andar prudente, pelo qual a salvação, juntamente com as obras da luz, é preservada (...).”[5] Sendo assim, somente após a redenção e reconciliação que Cristo fez, podemos ter paz com Deus e tentar cumprir o Seu mandato, nos separando para servi-lo a cada dia e guardando o Dia do Senhor, como um dia santo dedicado totalmente a Ele. 
Novo relacionamento com nossa família (5.22- 6.1-4)
Aquilo que foi perdido na Queda no Éden, Paulo admoesta que deve voltar ativa no casal cristão. A mulher deve ser submissa ao marido porque ele é o cabeça constituído por Deus desde o Éden, oficio este que o homem não exerceu deixando a mulher ser enganada, e assim, pecando (1 Tm 2.14). Assim como Cristo é o cabeça da Igreja o marido deve ser o da esposa. O esposo deve amar sua esposa como Cristo amou a igreja se entregando por ela e amando como se fosse o próprio corpo. Pois, o que as crianças aprenderão ou descobrirão num casamento desestruturado? Um casamento desestruturado é aquele em que há disputas e lutas sobre quem está no poder, e assim, nenhum dos cônjuges cumpre o seu papel. Por isso que Paulo diz: Portanto, cada um de vocês tambémame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito. Efésios 5.33 (ênfase acrescentada). 
Os filhos devem obedecer a seus pais de forma justa, no Senhor, pois isto é obedecer ao quinto mandamento que é o primeiro mandamento como promessa: honra teu pai e tua mãe” (6.2; cf. Êx 20.12). Os pais devem amar seus filhos, mas não se esquecer da disciplina aplicada com amor e ensinando a temer a Deus e ensinados a rejeitar suas inclinações naturais.
Novo relacionamento cultural (6.5-9)
O fato de Cristo ser o nosso cabeça isso não quer dizer que não devemos obedecer outra autoridade. Paulo nos mostra que o servo cristão deve ser obediente aos seus senhores que são segundo a carne, em sinceridade de coração como se obedecesse diretamente a Cristo. O servo cristão deve servir ao seu senhor não com o fim principal de agradar aos homens, mas como servos de Cristo servindo de boa vontade. A ambição (pecaminosa) que permeava a edificação da torre de babel não deve existir entre o servo cristão e seu senhor, pois o servo deve trabalhar para a glória de Deus. Assim, o senhor deve respeitar ao seu servo não como respeitando à vista, deixando as ameaças de lado. Pois acima deste senhor há um Senhor que tem um nome que é acima de todo nome, o qual não faz acepção de pessoas. 
Conclusão
Só em Cristo podemos restabelecer aquilo que Deus ordenou às suas criaturas, podendo ter um relacionamento sincero com Deus. E assim, tendo um relacionamento com Deus, os outros tendem a ser restabelecidos: Uma família que serve a Deus em seus relacionamentos, bem como os servos que glorificam a Deus servindo ao seu senhor como se fosse a Cristo, pois não podemos ter em mente este dualismo: Sagrado e secular. Sagrado é tudo aquilo que é espiritual e secular aquilo que não é espiritual. Mas não é isso que a Bíblia nos diz, pois em tudo que fomos fazer, fazemos para a glória de Deus Pai. 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Cristo é Deus - Stephen Charnock



1628 – 1680

"...Cristo é Deus. A eternidade é um atributo do Filho de Deus, como Colossenses 1:17 declara: "E ele é antes de todas as coisas". O verso anterior nos diz que nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. Já que a eternidade pertence somente a Deus, e a Bíblia nos diz que Cristo é eterno, então Cristo certamente é Deus. No Velho Testamento, o sacerdote Melquisedeque prefigurou a Cristo em Sua eternidade, e o escritor de Hebreus declara esta verdade ao dizer: "não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre". (Hebreus 7:3). O próprio Cristo falou da "glória que ele tinha com o Pai ante da fundação do mundo" (João 17:5). O profeta Miquéias fala da vinda do Messias como Aquele cujas saídas "são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" (Miquéias 5:2). Assim como a eternidade de Deus é o fundamento de toda religião, assim também a eternidade de Cristo é o fundamento do verdadeiro Cristianismo. Os Seus sofrimentos são a causa da nossa redenção porque Ele sofreu como Deus-homem. Somente Ele poderia padecer tais coisas como essas.”...

Stephen Charnock - The Existence and Attributes of God (Cap. V - Deus É Espírito)

Tradução - Eduardo Cadete

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Verdades e Mitos sobre a Páscoa - Por Augustus Nicodemus Lopes


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Nesta época do ano celebra-se a Páscoa em toda a cristandade, ocasião que só perde em popularidade para o Natal. Apesar disto, há muitas concepções errôneas e equivocadas sobre a data.
A Páscoa é uma festa judaica. Seu nome, “páscoa”, vem da palavra hebraica pessach que significa “passar por cima”, uma referência ao episódio da Décima Praga narrado no Antigo Testamento quando o anjo da morte “passou por cima” das casas dos judeus no Egito e não entrou em nenhuma delas para matar os primogênitos. A razão foi que os israelitas haviam sacrificado um cordeiro, por ordem de Moisés, e espargido o sangue dele nos umbrais e soleiras das portas. Ao ver o sangue, o anjo da morte “passou” aquela casa. Naquela mesma noite os judeus saíram livres do Egito, após mais de 400 anos de escravidão. Moisés então instituiu a festa da “páscoa” como memorial do evento. Nesta festa, que tornou-se a mais importante festa anual dos judeus, sacrificava-se um cordeiro que era comido com ervas amargas e pães sem fermento.
Jesus Cristo foi traído, preso e morto durante a celebração de uma delas em Jerusalém. Sua ressurreição ocorreu no domingo de manhã cedo, após o sábado pascoal. Como sua morte quase que certamente aconteceu na sexta-feira (há quem defenda a quarta-feira), a “sexta da paixão” entrou no calendário litúrgico cristão durante a idade média como dia santo.
Na quinta-feira à noite, antes de ser traído, enquanto Jesus, como todos os demais judeus, comia o cordeiro pascoal com seus discípulos em Jerusalém, determinou que os discípulos passassem a comer, não mais a páscoa, mas a comer pão e tomar vinho em memória dele. Estes elementos simbolizavam seu corpo e seu sangue que seriam dados pelos pecados de muitos – uma referência antecipada à sua morte na cruz.
Portanto, cristãos não celebram a páscoa, que é uma festa judaica. Para nós, era simbólica do sacrifício de Jesus, o cordeiro de Deus, cujo sangue impede que o anjo da morte nos destrua eternamente. Os cristãos comem pão e bebem vinho em memória de Cristo, e isto não somente nesta época do ano, mas durante o ano todo.
A Páscoa, também, não é dia santo para nós. Para os cristãos há apenas um dia que poderia ser chamado de santo – o domingo, pois foi num domingo que Jesus ressuscitou de entre os mortos. O foco dos eventos acontecidos com Jesus durante a semana da Páscoa em Jerusalém é sua ressurreição no domingo de manhã. Se ele não tivesse ressuscitado sua morte teria sido em vão. Seu resgate de entre os mortos comprova que Ele era o Filho de Deus e que sua morte tem poder para perdoar os pecados dos que nele creem.
Por fim, coelhos, ovos e outros apetrechos populares foram acrescentados ao evento da Páscoa pela crendice e superstição populares. Nada têm a ver com o significado da Páscoa judaica e nem da ceia do Senhor celebrada pelos cristãos.
Em termos práticos, os cristãos podem tomar as seguintes atitudes para com as celebrações da Páscoa tão populares em nosso país: (1) rejeitá-las completamente, por causa dos erros, equívocos, superstições e mercantilismo que contaminaram a ocasião; (2) aceitá-las normalmente como parte da cultura brasileira; (3) usar a ocasião para redimir o verdadeiro sentido da Páscoa.
Eu opto por esta última.
Fonte: [ O Tempora, O Mores! ]