Texto: Salmo 139
Quando falo do conhecimento de Deus falo do conhecimento que ele
tem de nós e o que nós temos dele. Precisamos conhecer a Deus para que possamos
nos conhecer. Deus sabe de coisas a nosso respeito que não temos como saber à
parte dele. Não estou falando apenas de conhecimento intelectual, ou teologia,
pois muitos conhecem a Escritura, mas não conhecem a Deus nem a si mesmos. Este
conhecimento é mais que saber a respeito de Deus. Por exemplo, Jonas conhecia
muito bem a respeito de Deus, mas não conhecia a Deus nem se conhecia bem
ainda. Ele tenta fugir do Deus que criou o mar, pelo mar. Ele reconhece que ao
Senhor pertence a salvação, mas não clama por isto. O conhecimento teológico
que ele tem acaba o fazendo mal: ele acha que conhece a Deus, mas não.
Quando um hebreu diz que conhece a sua esposa, ele diz que a ama
intimamente. Quando dizemos que conhecemos a Deus, isso significa algo muito
precioso. A intimidade do Senhor é para os que o temem. Muitos podem achar que
conhecem a Deus, mas falta intimidade com Ele.
O verbo conhecer no hebraico é a palavra-chave deste salmo. Este é
um salmo sobre o conhecimento de Deus. Vamos passar rapidamente sobre as três
primeiras partes do salmo, e nos demorar um pouco mais na parte final.
Deus é
oniciente (v. 1-6)Deus é onipresente (v. 7-12)
Deus é criador (v. 13-18)
A imprecação de Davi (v. 19-24)
Conclusão: como o conhecimento de Deus é necessário na vida de Pedro
Deus conhece a Davi profundamente. “Sondar” tem a ideia de ir ao
mais profundo, perscrutar o mais interior do salmista. Ele não está dizendo
“Deus faz isso”, mas “Deus faz isso comigo”. É algo intimo e individual. Este é
um salmo muito pessoal. Existem 50 referências à pessoa de Davi. Ele vai
mostrar, também, como é que Deus faz isso. Deus conhece a Davi tanto na vida
ativa quando na vida passiva. Deus sabe de todos os momentos da vida de Davi,
quer seja internamente ou externamente.
Não dá para fugir da presença de Deus. De alguém tentasse fugir
dele, para onde iria? Ao tentar expressar tentativas de fuga, Davi conclui que
tudo isto fracassaria. Do mais alto ao mais profundo, Deus está lá: “ainda que
eu pegasse carona na velocidade da luz, não poderia fugir da presença de Deus”.
Não dá para fugir de Deus.
Por que Davi não poderia fugir de Deus? Porque Deus o criou já no
lugar mais inicial de sua Vida, seu nascimento. Desde o ventre de sua mãe, Deus
já o conhecia e o formou.
Do verso 19 ao 22, nós temos uma imprecação. Entendam, a linguagem
de imprecação não é uma linguagem pecaminosa. Jesus cita salmos imprecatórios.
O Salvador que não peca usa linguagem imprecatória contra os fariseus de seus
dias. E mais, almas remidas, em Apocalipse, oram imprecatoriamente, proferindo
linguagem de juízo. A reação do salmista que nos surpreende é também muito
instrutiva. Elas representam a justiça retributiva de Deus. Não dá pra ficar
silente quando aquele a quem você mais ama é ofendido. Esta parte fala de quem
toma o nome de Deus em vão, e Davi abomina os que abominam o Senhor. A
linguagem imprecatória representa uma esperança futura quanto ao juízo de Deus.
A linguagem do verso 21 e 22 é bem pesada. O ódio de Davi é
profundo e abrangente. O tipo de ira de Davi estava correndo o risco de ser
exagerada. Ele percebeu algo que pode facilmente se tornar pecaminoso. A
imprecação é surpreendente até Davi. A linha que divide pecado e justiça é
muito tênue. Quantas vezes nos levantamos contra coisas injustas – e devemos
fazê-lo – mas o fazemos de forma pecaminosa? É por isso que a ira nos mostra
tanto sobre quem nós somos, porque, quando explodimos, isto revela o que
amamos, derrubando nossas máscaras.
É aqui que eu vejo algo que Davi aprendeu que é fascinante. Davi
começa a entender que suas paixões podem ser perigosas. Ele sabe da intensidade
de seu pecado e que isto poderia contaminar até as coisas mais santas e os
momentos mais profundos de oração. É por isso que ele termina o salmo da
maneira como termina. Por mais que ele diga certamente, de forma imprecatória,
que os ímpios sejam castigados, ele sabe que sua ira santa pode se contaminar.
Ele pede que Deus o sonde e remova qualquer impureza. Davi não fez nada errado,
mas ele está consciente que pode falhar. No verso 23, é como se ele dissesse:
“Senhor, eu sei que o senhor sonda, mas sonda novamente”. Ele quer que Deus
remova qualquer imundice, mesmo as mais secretas e mais ocultas. Ele não confia
na própria consciência.
A última recomendação de Pedro, em sua segunda carta, é que
cresçamos no conhecimento de Deus. Essa é uma mensagem para quem já conhece a
Deus. Foi por causa deste conhecimento que Pedro conseguiu se conhecer melhor.
Quando Jesus estava no barco de Simão, ensinando, manda que Pedro
leve o barco para mais fundo e lance as redes. As redes encheram e começaram a
se rasgar. Pedro viu tudo aquilo e disse para Jesus: “retira-te de mim, pois
sou pecador”. Ver o que Jesus havia feito revelou seu ceticismo e sua
incredulidade. Jesus poderia ter dito: “Tá bom!”, mas não fez. Deus trata dos
seus filhos.
A segunda ocasião é em famosa. É a conversa que Jesus tem com
Pedro depois que nega a Cristo três vezes. Jesus questiona por três vezes se
Pedro o ama, e Pedro responde que sim. Na terceira vez que questiona, Pedro se
entristece, e responde: “Jesus, tu o sabe de todas as coisas”. Em outras palavras:
“Tu me sondas e me conheces”. Jesus trata de Pedro. Jesus trata as pessoas,
como eu e você. Olhe para Cristo, e Ele vai tratar de você, como tratou Pedro e
tratou Davi. Que nós nunca percamos o encanto pelo Senhor.