sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Dar-vos-ei coração novo - J. C. Ryle





               O coração é o teste real tanto do caráter de um homem quanto de sua religião. É dentro do coração que o verdadeiro cristianismo deve existir. As pessoas olham para as coisas que um homem diz e faz, mas um homem pode dizê-las e fazê-las por motivos errados. Por isso, Deus examina o coração. É ali que deve começar o cristianismo verdadeiro e redentor. Deus afirma: "Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo" (Ez 36.26). Fé salvadora é assunto do coração — "Porque com o coração se crê" (Rm 10.10). Santidade procede de um coração renovado. Os verdadeiros cristãos fazem, de coração, a vontade de Deus.

Talvez algum leitor imagine que uma religião exteriormente correta seja suficiente. Se você pensa assim, está completamente errado. O apóstolo Paulo diz: "Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura" (Gl 6.15). Com isto, ele não estava apenas ensinando que a circuncisão não era mais necessária sob a Nova Aliança. Estava afirmando que o verdadeiro cristianismo não é algo externo, e, sim, interno à pessoa. Ele não consiste em qualquer tipo de cerimônias externas, e, sim, na graça de Deus operando em nossos corações.

Quando os nossos corações estão errados, aos olhos de Deus tudo está errado. Práticas externas são inúteis se os nossos corações estão errados. Na época da Antiga Aliança, a Arca era a coisa mais sagrada no tabernáculo. Porém, quando os israelitas confiaram nela e não em Deus, foram vencidos pelos seus inimigos. Estavam crendo em um objeto, ao invés de crerem em Deus. Os seus corações estavam errados. Nossa adoração pode parecer correta em sua aparência, mas será rejeitada por Deus se nossos corações estiverem errados.

Quando os nossos corações estão corretos, Deus será tolerante a muito do que é imperfeito em nós. Josafá e Asa foram reis de Judá que estiveram longe de serem perfeitos. Foram homens fracos em muitos aspectos, mas, apesar de todas as suas falhas, seus corações estavam corretos. A páscoa celebrada por Ezequias teve muitas irregularidades. Mas lemos que Ezequias orou, dizendo: "O SENHOR, que é bom, perdoe a todo aquele que dispôs o coração para buscar o SENHOR Deus" (2 Cr 30.18-19). Deus respondeu esta oração. Ele está muito mais preocupado com o estado dos nossos corações do que com observâncias externas.

Deixe-me exortá-lo: decida ser um cristão de coração. Você não deve negligenciar os aspectos externos da adoração, mas assegure-se de que, acima de tudo, está atento ao estado de seu coração.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Qualificações para o Pastorado – João Calvino




- 1 Timóteo 3.2-7 - 

O pastor, portanto, deve ser irrepreensível. A partícula, 'pois ou portanto', confirma a explicação que acabo de dar, pois à luz da dignidade do ofício infere-se que ele não demanda nenhum homem comum, senão alguém dotado de dons excepcionais. Se a tradução correta fosse "uma boa obra", tal como figura na tradução comum, ou "uma obra digna", seguindo Erasmo, então a inferência à próxima afirmação não seria tão adequada.

Ele quer que o bispo seja irrepreensível, ou, como expôs em Tito 1.7,ávéyKÀnjov [anegkleton] O significado de ambos os termos consiste em que o bispo não deve ser estigmatizado por nenhuma infâmia que leve sua autoridade ao descrédito. Certamente que não se encontrará nenhum homem que seja eximido de toda e qualquer mancha; mas, uma coisa é ser culpado de faltas comuns que não ferem a reputação de um homem, visto que os homens mais excelentes participam delas; e outra, completamente distinta, é ter um nome carregado de infâmia e manchado por alguma nódoa escandalosa. Portanto, para que os bispos não se vejam privados de autoridade, Paulo ordena que se faça uma seleção daqueles que desfrutem de excelente reputação e sejam eximidos de qualquer nódoa extraordinária. Além do mais, ele não está meramente influenciando a Timóteo sobre que tipo de homens deva ele escolher, senão que lembra a todos os que aspiram o ofício, que examinem atentamente sua própria vida.

Marido de uma só esposa. É um absurdo pueril interpretar isto como significando pastor de uma só igreja. Outra interpretação mais geralmente aceita é que o bispo não deve ter casado mais de uma vez; e, portanto, uma vez que sua esposa tenha morrido, ele então não seria mais um homem casado. Mas tanto aqui como no primeiro capítulo de Tito, as palavras de Paulo equivalem "que e marido", não "que o marido"; e, finalmente, no capítulo cinco, quando trata expressamente das viúvas, ele usa no tempo passado o particípio que aqui está no tempo presente. Além disso, se essa fosse sua intenção, ter-se-ia contraditado ao que diz em 1 Coríntios 7.35, que não desejava pôr um laço desse gênero às suas consciências. A única exegese correta é a de Crisóstomo, que o considera como uma expressa proibição de poligamia na vida de um bispo, numa

época quando ela era quase legal entre os judeus. Tal coisa se originou em parte de uma perversa imitação dos antigos pais -pois liam que Abraão, Jacó, Davi e outros foram casados com mais de uma esposa, concomitantemente, e assim criam que lhes era permitido proceder da mesma forma -, e em parte ela era uma corrupção aprendida dos povos circunvizinhos, porquanto os homens orientais nunca observaram o matrimônio conscienciosa e fielmente. Mas ainda que isso fosse assim, a poligamia certamente era muito prevalecente entre os judeus, e era mui oportuno que Paulo insistisse em que um bispo deveria ser uma pessoa isenta de tal nódoa.

E no entanto não discordo inteiramente daqueles que pensam que aqui o Espírito Santo estava impondo-lhes vigilância contra a diabólica superstição surgida em torno deste assunto pouco depois; como se dissesse: "Os bispos não devem ser compelidos ao celibato, porque o matrimônio é um estado sublimemente apropriado à vida de todos os crentes." Isso não demandaria que devessem casar-se, mas simplesmente enaltece o matrimônio como sendo ele de forma alguma incompatível com a dignidade de seu ofício.

Minha interpretação pessoal é mais simples e melhor fundamentada, a saber, que Paulo está proibindo aos bispos a prática da poligamia por ser ela o estigma de um homem impudico que não observa a fidelidade conjugai. Aqui poder-se-ia objetar que o que é pecaminoso a todos os homens não deveria ser condenado só no caso dos bispos. A resposta não é difícil. O fato de que ela é expressamente proibida aos bispos não significa que a mesma seja livremente permitida a outros, porquanto não pode haver dúvida de que em cada caso Paulo condenaria algo que fosse contrário à eterna lei de Deus. Porquanto o decreto divino é imutável: "Serão uma só carne" [Gn 2.24]. Mas ele poderia, até certo ponto, tolerar em outros aquilo que nos bispos era excessivamente desditoso e impossível de se tolerar. Tampouco se estabelece aqui uma lei para o futuro, ou seja, que o bispo que tenha uma esposa não pode casar-se com uma segunda ou com uma terceira, senão que Paulo está excluindo do episcopado os que foram no passado culpados de um escândalo desse gênero. Por conseguinte, o que já foi feito uma vez, e não se pode corrigir, deve ser tolerado, mas somente entre as pessoas comuns. Pois, qual era o remédio? Que aqueles que, dentro do judaísmo, haviam caído se divorciassem de sua segunda ou terceira esposa? Tal divórcio não ficaria isento de injustiça. Daí ele deixar em silêncio algo que era errôneo, com esta exceção: que ninguém, desfigurado por tal nódoa, seja um bispo.

Controlado. A palavra traduzida por Erasmo é Vigilante'. O termo grego, [nefaJios], contém ambos os significados; portanto, que os leitores façam sua escolha. Decidi traduzir [sofrona] por temperante em vez de sóbrio, pois temperança tem uma referência mais ampla que sobriedade. Uma pessoa organizada [ordeira] é alguém que se porta decente e honestamente.

Propenso à hospitalidade. Essa hospitalidade era praticada em referência a estranhos, e era uma prática muito comum na Igreja Primitiva, porquanto era vexatório para as pessoas honestas, especialmente para os que eram bem conhecidos, hospedar-se em estalagens. Em nossos dias as coisas são diferentes, e no entanto, por diversas razões, tal atitude será sempre uma virtude muitíssimo necessária num bispo. Além disso, naquele tempo de cruel perseguição aos crentes, para muitos era inevitável ter que mudar de residência subitamente, e os lares dos bispos tinham que ser refúgio para os exilados. Nesses tempos, a necessidade compelia os membros da Igreja a darem uns aos outros socorro mútuo, o que envolvia a hospitalidade. Se os bispos não abrissem caminho aos outros, no cumprimento do dever da hospitalidade, muitos teriam seguido seu exemplo, negligenciando a prática dessa benevolência, e assim os exilados pobres teriam sido deixados em desespero.

Apto para ensinar. A docência é mencionada com maior ênfase na carta a Tito, e aqui a habilidade para ensinar é tocada apenas de leve. Não é suficiente que uma pessoa seja eminente no conhecimento profundo, se não é acompanhada do talento para ensinar. Há muitos, seja por causa da pronúncia defeituosa, ou devido à habilidade mental insuficiente, ou porque não estejam suficientemente em contato com as pessoas comuns, o fato é que guardam seu conhecimento fechado em seu íntimo. Tais pessoas, como diz a frase, devem cantar para si próprias e para as musas - e vão e fazem qualquer outra coisa. Os que são incumbidos de governar o povo devem ser qualificados para a docência. E o que se exige aqui não é propriamente uma língua leviana, porquanto nos deparamos com muitos cuja livre fluência nada contém que sirva para edificar. Paulo está, antes, recomendando sabedoria no traquejo de aplicar a Palavra de Deus visando à edificação de seu povo.

É digno de nota o fato de que os papistas sustentam que neste ponto as regras de Paulo não se aplicam a eles. Não entrarei em todos os detalhes; mas, neste ponto, que sorte de preocupação eles mostram no tocante ao que Paulo diz? Para eles, o dom da docência é algo completamente supérfluo, o qual rejeitam como sendo vil e ordinário, ainda que, para Paulo, a mesma fosse uma preocupação especial e o principal cuidado dos bispos. Todos eles sabem quão longe estava da intenção de Paulo de poderem eles assumir o título de bispo e vangloriar-se de ser um manequim que nunca fala, senão que só aparecem em público vestidos de vestes teatrais. Como se uma mitra comuda, um anel ricamente engastado de jóias, uma cruz de prata e outras bagatelas mais, acompanhados de uma exibição ociosa constituíssem o governo espiritual de uma igreja, a qual de fato não pode separar-se do ensino mais que a um homem é possível separar-se de sua alma.

Não esbravejador. Com este termo os gregos descreviam não apenas a embriaguez, mas qualquer tipo de viciado bebedor de vinho. Beber com excesso não é só indecoroso num pastor, mas geralmente resulta em muitas coisas ainda piores, tais como rixas, atitudes néscias, ausência de castidade e outras que não carecem de menção. Mas a antítese seguinte mostra que Paulo vai ainda mais longe, porque, assim como ele contrasta um agressor com alguém que é manso, e uma pessoa que deseja lucros desonestos, com alguém destituído de cobiça, assim ele contrasta um [paroinous], o bebedor de vinho, com alguém que é manso e bondoso. A interpretação de Crisóstomo é correta, a saber, que os homens inclinados à embriaguez e à violência devem ser excluídos do ofício episcopal. Mas, quanto à sua opinião de que um agressor sifnifica alguém que agride com sua língua, isto é, que se entrega a calúnias ou a acusações injuriosas, não me é possível concordar. Não me sinto convencido por seu argumento de que não é de muita relevância se um bispo é ou não um homem que fere com as mãos, pois creio que, aqui, Paulo está repreendendo de uma forma geral a ferocidade militar comum entre os soldados, mas que é completamente imprópria nos servos de Cristo. E notório quão ridículo é estar mais disposto a dar um murro ou puxar a espada do que apaziguar as rixas de outras pessoas pelo exercício da autoridade responsável. Portanto, com o termo, Violentos' Paulo quer dizer aqueles que fazem muitas ameaças e que são de temperamento belicoso.

Todas as pessoas cobiçosas são amantes do dinheiro. Pois toda avareza traz sobre si essa vileza de que o apóstolo está falando. 'Aquele que quer ficar rico, também quer ficar rico depressa", disse Juvenal. O resultado é que todos os cobiçosos, ainda que sua cobiça não se manifeste francamente, devotam-se a adquirir lucros desonestos e ilícitos. Com esse vício ele contrasta o desinteresse pelo dinheiro, já que não existe outro meio de corrigir-se. Repito que, aquele que não suportar a pobreza paciente e voluntariamente, inevitavelmente se tornará uma vítima da vil e sórdida cobiça.

Com o violento ele contrasta aquele que é manso e inimigo de contendas. Pessoa mansa ou amável é o oposto de pessoa que se entrega ao vinho, e é uma palavra usada por quem sabia como suportar as injúrias pacificamente e com moderação, que perdoava muito, que engolia insultos, que não se amedrontava quando se fazia necessário ser corajosamente severo, nem rigorosamente cobrava tudo o que lhe era devido. A pessoa que é inimiga de contendas é aquela que foge das demandas e rixas, como ele mesmo escreve: "Os servos do Senhor não devem ser contenciosos" [2 Tm 2.24].

Se um homem, porém, não sabe governar sua própria casa. Paulo não está a exigir de um bispo que o mesmo seja inexperiente na vida humana ordinária; antes, porém, que seja um bom e provado chefe de família. Porquanto, seja qual for a admiração comumente direcionada para o celibato e para uma vida filosófica e completamente desligada do viver comum, contudo os homens sábios e precavidos estão convencidos, pela própria experiência, de que aqueles que conhecem a vida comum e são bem práticos nos deveres que as relações humanas impõem, estão melhor preparados e adaptados para governar a Igreja. No próximo versículo ele explica isso, dizendo que aquele que não sabe como governar sua própria família não está apto para governar a Igreja de Deus. Ora, esse é na verdade o caso de muitos bispos e de quase todos os que vivem por muito tempo uma vida ociosa e solitária à semelhança de animais em covis e cavernas; pois são como selvagens e destituídos de toda humanidade.

Mas o homem que aqui conquista a aprovação do apóstolo não é aquele que é engenhoso e profundamente instruído nos assuntos domésticos, mas aquele que aprendeu a governar sua família com saudável disciplina. Sua referência é especialmente aos filhos de quem se espera saibam refletir a disposição de seu pai. Por conseguinte, seria uma imensa desgraça para um bispo que tenha filhos que levam vida dissoluta e escandalosa. Das viúvas ele trata mais adiante; aqui, porém, como já disse, ele toca de leve na principal parte da vida familiar.

No primeiro capítulo de Tito, ele mostra o que pretende ao usar a palavra seriedade. Pois havendo dito que os filhos de um bispo não devem ser rebeldes e desobedientes, imediatamente adiciona que não devem ser passíveis de repreensão por dissolução ou intemperança. Sua intenção é, em suma, que seu comportamento seja regulado em toda a castidade, modéstia e seriedade. O argumento procede do menor para o maior, e é sobejamente evidente que um homem que não é apto para governar sua própria família será plenamente incapaz de governar todo um povo. Além disso, o fato de ele, obviamente, ser destituído das qualidades necessárias, que autoridade pode um homem ter no seio de um povo quando sua própria vida familiar o faz desprezível?

Não seja neófito. Naquele tempo, muitos homens de extraordinária habilidade e cultura estavam sendo conduzidos à fé. Paulo, porém, proíbe que se façam bispos aos que recentemente tenham professado a Cristo. E ele mostra quão danoso seria tal expediente. Pois é evidente que os neófitos na fé geralmente são fúteis e dominados pela ostentação, de modo que a arrogância e a ambição facilmente os levam a se desertarem. O que Paulo diz aqui podemos confirmar evocando nossa própria experiência; pois os neófitos não são simplesmente ousados e impetuosos, mas também inchados de néscia confiança em si próprios, como se fossem capazes de fazer o que nunca experimentaram. Portanto, não é sem razão que sejam eles excluídos da honra do episcopado, até que, com o passar do tempo, suas noções extravagantes tenham sido subjugadas.

Incorra na condenação do diabo pode ser interpretado de três formas. Enquanto que alguns pensam que [diabolos] significa Satanás, outros crêem que significa caluniadores. Sinto-me inclinado para o primeiro ponto de vista, pois o termo latino, indicium, raramente significa calúnia. Uma vez mais, porém, é possível entender a condenação de Satanás no sentido ativo ou passivo. Crisóstomo a toma passivamente, e concordo com ele. Há uma antítese elegante que realça a enormidade do caso: "Para não suceder que aquele que é posto sobre a Igreja de Deus, movido de orgulho, caia na mesma condenação em que caiu o diabo." Não obstante, não descarto o significado ativo, a saber, que tal homem dará ao diabo ocasião para condená-lo. A tradução de Crisóstomo, porém, se aproxima mais da verdade.

Deve desfrutar do bom testemunho dos de fora. Parece muito difícil imaginar que um crente piedoso deva ter, como testemunhas de sua integridade, a incrédulos que estão mais solícitos em forjar mentiras contra ele. O apóstolo, porém, quer dizer que, no que concerne ao comportamento externo, mesmo os incrédulos devem esforçar-se por reconhecer que ele [o crente] é uma boa pessoa. Pois ainda que sem causa coluniem todos os filhos de Deus, todavia não podem afirmar que alguém seja perverso quando na verdade leva uma vida boa e inofensiva na presença de todos. Essa é a sorte de reconhecimento de retidão que Paulo está a referir-se aqui.

A razão ele adiciona aqui: a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo, o que ele explica assim: não suceda que, estando exposto à infâmia, comece a endurecer seu coração e se entregue mais livremente a todos os tipos de perversidade, o que, aliás, equivaleria a colocar-se voluntariamente nos laços do diabo. Pois que esperança restaria para alguém que peca sem qualquer laivo de pudor?

O Segundo Homem - por Sinclair Ferguson



















“Jesus Cristo vem ao mundo e assume a nossa carne como o segundo homem, através de quem Deus trataria com todo o grupo de homens e mulheres. O último Adão iria realizar o trabalho em nosso favor, porque não poderíamos realizar por nós mesmos. Mas teria que ser realizado dentro da esfera da nossa carne e sangue, e teria de durar para eternamente...  Você se lembram de como o escritor aos Hebreus diz? ‘Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.’ (Hebreus 2:14-15)."




terça-feira, 28 de agosto de 2012

Causas da Pobreza


Deus requer que o seu povo cuide dos pobres. Para dizer que isso não é verdade, uma pessoa deve negar a Bíblia: “Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão” (Zacarias 7:9) e “O que oprime ao pobre insulta aquele que o criou, mas a este honra o que se compadece do necessitado” (Provérbios 14:31). Deus instrui os cristãos a oferecer socorro aos oprimidos, famintos, presos, cegos, estrangeiros, viúvas e órfãos. Tal ajuda, contudo, não deve ser indiscriminada.



A Bíblia declara claramente que existem muitos indigentes porque eles falham em seguir as leis de Deus com respeito ao trabalho: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2 Tessalonicenses 3:10).

Não é suficiente olhar para o pobre e sua condição sem considerar o motivo pelo qual ele se encontra nas dificuldades da pobreza. Ele está debilitado por causa de doença? Algum desastre natural exterminou as economias da família? A família é pobre por causa de dívidas? A política governamental impede o pobre de ser um cidadão produtivo? O pobre tem sido oprimido por causa de sua raça ou posição na sociedade? Os ideais religiosos da nação proíbem o crescimento econômico?

Alguns querem fazer-nos crer que a Bíblia ensina um comunismo primitivo. A igreja primitiva praticava uma comunidade de bens, onde os indivíduos eram ordenados a entregar seus bens e terras à liderança da igreja? “A comunidade de bens, descrita em Atos 4:32-37, não era um regulamento social ou um artigo da política da igreja primitiva, mas a execução natural e necessária do princípio de unidade, ou identidade de interesse entre os membros do corpo de Cristo, surgindo da relação de união deles com o próprio Cristo” (J. A. Alexander, The Acts of the Apostles, Volume 1, p. 185). As ações desses cristãos primitivos eram voluntárias, e não o edito da igreja ou do estado.

Sem um entendimento completo da Bíblia, qualquer tentativa de responder essas questões difíceis termina em fracasso. O cuidado pelos pobres deve se mostrar em ação que no final ajuda ao pobre e honra a Deus. Por exemplo, o cristão não está ajudando ao pobre meramente alimentando-o.

Obviamente, cuidar das necessidades imediatas de um indivíduo é mandatário (Tiago 2:14-16), mas quão freqüentemente os programas designados para o pobre consideram os resultados a longo prazo? É possível agravar a condição do pobre quando não tratamos das causas reais de sua pobreza? 

Todas as ações e resultados de ações têm pontos de partida teológicos ou religiosos; a Bíblia deve ser nosso guia ao determinar a solução – não a história, a razão sozinha, a vontade da maioria, um partido político, as táticas de manipuladores perversos, ou o engano. Aqueles com boas intenções não trarão alívio a longo período para o realmente pobre, se eles falharem em perceber que as boas intenções não podem de forma alguma suplantar o padrão que Deus deu para resolver a condição do pobre. A solução para a pobreza deve ser respondida à luz do que a Bíblia diz sobre a condição caída do homem, e os fatores religiosos que criam as condições para a pobreza.

O cristão percebe que todos nós vivemos num mundo caído, e a pobreza, bem como a doença e a morte, resulta do primeiro pecado do homem. Antes da queda a terra dava seu fruto livremente, e Adão e Eva entendiam suas responsabilidades sob Deus e percebiam os benefícios da árvore da vida (Gênesis 2:15, 16). O estado sem pecado de Adão e Eva não significa que eles estavam livres da obrigação de cultivar e guardar o jardim. Antes, a obrigação de lutar pelo seu sustento estava entremeada no mandato de criação. Contudo, desde a queda, a terra é sovina e o homem se tornou irresponsável na execução de sua tarefa de domínio: “maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (3:17b-19). Alguns vão ainda mais longe, e assassinam outros para possuir o que não lhes pertence (4:19. 23, 24).

Portanto, a Bíblia nunca lida com a pobreza fora do contexto da queda do homem no pecado. (Todo assunto deve ser considerado em relação à queda da humanidade no pecado. A questão da pobreza não é única nesse respeito.) A planta produtiva terá que competir com cardos e abrolhos. Homens e mulheres pecadores freqüentemente recusam seguir os mandamentos de Deus com relação ao trabalho produtivo. Alguns assassinam ou roubam para ganhar prosperidade, ao invés de seguir os mandamentos que se relacionam ao labor produtivo. Outros não têm nenhum conceito das conseqüências de sua inatividade pecaminosa e sua relação com a pobreza: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado” (Provérbios 6:6-11). Há um elemento adicional somado à condição pecaminosa do homem – a escassez de recursos que existem devido aos recursos limitados da terra. A luta por esses recursos freqüentemente leva à cobiça, inveja e guerra.

Todo indivíduo deve assumir a responsabilidade por sua atividade ou inatividade. Em alguns casos, contudo, a pobreza resulta de outros homens pecadores tomando vantagem daqueles que se encontram numa situação temporária destituída. Se o preguiçoso deve ser repreendido por sua desobediência, o oportunista inescrupuloso deve ser igualmente responsabilizado por sua repudiação da lei de Deus com respeito ao pobre:

O povo de Deus não deve prejudicar ou oprimir um estrangeiro ou aflito, uma viúva ou órfão (Ex. 22:21-22; 23:9; Lv. 19:33-34). Eles não devem perverter a justiça devida ao estrangeiro, órfão ou pobre. Eles não devem tomar o traje da viúva como penhora, fazer falsas acusações contra o inocente, ou receber propina e subverter a causa daqueles que estão no direito (Ex. 23:6-8; Dt. 10:18; 19:16-21). O homem de Deus deve amar, alimentar e vestir órfãos, viúvas e estrangeiros (Dt. 10:18). Quando um homem piedoso empresta dinheiro ao pobre é para aliviar sua pobreza, não aumentá-la. Se um pobre é incapaz de pagar a dívida em sete anos, o credor deve perdoá-lo da mesma (Dt. 15:1-2) (John T. Willis, “Old Testament Foundations for Social Justice”, in Christian Social Ethics, ed. Perry C. Cothan, p. 33).

O pobre, bem como o próspero, tem a responsabilidade de seguir a lei de Deus. O pobre deve verificar o que a lei diz com respeito a sua condição. É possível que ele seja pobre devido à sua indisposição em seguir os mandamentos de Deus na área do trabalho produtivo, economia e planejamento em longo prazo? Existem formas de o próspero ajudar ao pobre sair do ciclo de pobreza? O empresário que Deus abençoou com uma abundância de recursos pode treinar o inexperiente e oferecer empréstimos sem interesse àqueles cujas instituições de empréstimo negam crédito, considerando-os como “risco”? Pode o tempo ser gasto com aqueles que têm pouco ou nenhum conhecimento na área de gerenciamento, de forma que um dia possam trabalhar sozinhos? O pobre, num longo período de tempo, não é ajudado fazendo-se o dinheiro disponível a ele sem a instrução bíblica necessária na área do gerenciamento, administração e planejamento.

A obrigação do cristão ao ajudar o pobre é adicionar à compaixão que se oferece o entendimento. A condição do pobre inclui mais do que falta de possessões materiais. Ele é um ser humano que necessita ser tratado como um portador da imagem de Deus; portanto, o cuidado pelos pobres inclui respeito por sua dignidade. É verdade que o dinheiro é gasto em programas de pobreza, mas a dignidade é mais que dinheiro. A dignidade inclui ser o que Deus pretende que cada um de nós seja. A dignidade verdadeira e duradoura vem do reconhecimento do nosso pecado, arrependimento da nossa rebelião, e submissão ao evangelho libertador de Jesus Cristo. Nada menos será suficiente: “Ao tomar o pecado seriamente tomamos o homem seriamente. O mal pode estragar a imagem divina e obscurecer seu brilho, mas não destruí-la.
A imagem pode ser desfigurada, mas nunca apagada. O símbolo mais obsceno na história humana é a cruz; todavia, em sua feiúra ela permanece o testemunho mais eloqüente da dignidade humana” (R. C. Sproul, In Search of Dignity, p. 95).

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

SÉRIE: CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER (1643-46)



CAPÍTULO 1: DA SAGRADAS ESCRITURAS

1. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestam de tal modo a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens sejam inescusáveis, todavia não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e de sua vontade, necessário à salvação; por isso agradou ao Senhor, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e contra a maldade de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna as Escrituras Sagradas indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo.

2. Sob o nome de Escrituras Sagradas, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Antigo e do Novo Testamento, que são os seguintes:


Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
Josué
Juízes
Rute
1 Samuel
2 Samuel
1 Reis
2 Reis
1 Crônicas
2 Crônicas
Esdras
Neemias
Ester
Salmos
Provérbios
Eclesiastes
Cantares
Isaías
Jeremias
Lamentações
Ezequiel
Daniel
Oséias
Joel
Amós
Obadias
Jonas
Miquéias
Naum
Habacuque
Sofonias
Ageu
Zacarias
Malaquias



Mateus
Marcos
Lucas
João
Atos
Romanos
1Coríntios
2Coríntios
Gálatas
Efésios
Filipenses
Colossenses
1Tessalonicenses
2Tessalonicenses
1 Timóteo
2 Timóteo
Tito
Filemom
Hebreus
Tiago
1 Pedro
2 Pedro
1 João
2 João
3 João
Judas
Apocalipse

Todos eles são dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e prática.
3. Os livros geralmente chamados Apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem parte do Cânon das Escrituras; não são, portanto, de autoridade na Igreja de Deus, nem de modo algum podem ser aprovados ou empregados senão como escritos humanos.

4. A autoridade das Escrituras Sagradas, razão pela qual devem ser cridas e obedecidas, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o Autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a Palavra de Deus.

5. Pelo Testemunho da Igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreço pelas Escrituras Sagradas; a suprema excelência do seu conteúdo, a eficácia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória), a plena revelação que faz do único meio de salvar-se o homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e completas perfeição são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser ela a Palavra de Deus; contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provêm da operação interna do Espírito Santo que pela Palavra e com a Palavra testifica em nossos corações.

6. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a sua glória e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado nas Escrituras ou pode ser lógica e claramente delas deduzido. Às Escrituras nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a iluminação interior do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na Palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comuns às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras da Palavra, que sempre devem ser observadas.

7. Nas Escrituras não são todas as coisas em si, nem do mesmo modo evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em uma ou outra passagem das Escrituras são tão claramente expostas e aplicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios comuns, podem alcançar uma suficiente compreensão delas.

8. O Antigo Testamento em hebraico (língua nativa do antigo povo de Deus) e o Novo Testamento em grego (a língua mais geralmente conhecida entre as nações no tempo em que foi escrito), sendo inspirados imediatamente por Deus, e pelo seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são, por isso, autênticos, e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como um supremo tribunal; mas, não sendo essas línguas conhecidas por todo o povo de Deus, que tem direito e interesse nas Escrituras, e que deve, no temor de Deus, lê-las e estudá-las, esses livros têm de ser traduzidos nas línguas comuns de todas as nações aonde chegarem, a fim de que, permanecendo nelas abundantemente a Palavra de Deus, adorem a Deus de modo aceitável e possuam a esperança pela paciência e conforto das Escrituras.

9. A regra infalível de interpretação das Escrituras é as próprias Escrituras; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto das Escrituras (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente.

10. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas, e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões particulares, o Juiz Supremo, em cuja sentença nos devemos firmar, não pode ser outro senão o Espírito Santo falando nas Escrituras.

domingo, 26 de agosto de 2012

Na Morte... - Martinho Lutero




Na morte, somente Cristo é o caminho

“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim”. (v. 6)

João 14.1-6

Quando chegar a hora em que nossas atividades e trabalho cessarem e não mais precisarmos ficar neste mundo, e surgir a pergunta: Onde vou conseguir uma ponte ou prancha segura, para passar para a outra vida? – neste hora, como eu ia dizendo, você não deve ficar aí, procurando caminhos humanos, nossa própria bondade, obras ou vida piedosa.

Deixe que tudo isso seja coberto pelo Pai-nosso, nestas palavras: “Perdoa-nos as nossas dívidas, etc.”, e apegue-se tão-somente àquele que diz; “EU sou o caminho, e a verdade, e a vida”. Naquela hora, tenha essa palavra firme e profundamente enraizada em seu íntimo, como se Cristo estivesse ao seu lado, dizendo: “Por que você está à procura de outros caminhos? Venha para cá; você deve olhar para mim e permanecer em mim, e não ficar aí, preocupando-se com outra idéias como chegar ao céu. Arranque, de vez, e afaste bem longe de seu coração esses pensamentos e não pense em outra coisa senão nestas minhas palavras: “Eu sou o caminho”.

Trate, pois, de colocar seu pé sobre mim, isto é, apegue-se a mim com fé inabalável e confiança absoluta em seu coração. Eu quero ser a ponte e levá-lo para o outro lado, para que, num piscar de olhos, você passe da morte e do pavor do inferno para a vida eterna. Pois sou eu quem construiu o caminho e eu mesmo fui e passei para o outro lado, para poder conduzir até lá tanto a você quanto aos demais que se apegam a mim. Basta que você confie em mim, sem duvidar, arrisque tudo em mim, siga seu caminho consolado e contente, e morra em meu nome”

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Como Chegamos a vida cristã? Por Pr. J Miranda



            A vida cristã não é uma tarefa. Só a vida cristã merece o nome de vida. Só ela é reta e santa e pura e boa. É a espécie de vida que o próprio Filho de Deus viveu. É para ser como Deus .em Sua santidade. Aí está por que devo vivê-la. Não é bem que eu tenha que resolver fazer um grande esforço para levá-la adiante de qualquer jeito. . . Como é que entrei nesta vida — esta vida da qual ando resmungando e me queixando, achando-a pesada e difícil? . . . há somente uma resposta. . . é porque o unigênito Filho de Deus deixou o Céu e veio à terra para a nossa salvação; despojou-se de todas as insígnias da Sua glória eterna e se humilhou nascendo como um nenê e sendo colocado numa simples manjedoura. O profeta Isaías descreve o sofrimento que lhe foi proposto pelo Pai – “Isaías 53.3   Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
53.4   Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.
53.5   Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
53.6   Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.
53.7   Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.
53.8   Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido”. Suportou tudo isso amado irmãos e queridos leitores para levar sobre Si o castigo do nosso pecado. Assim foi que chagamos à vida cristã. Os que estão em Cristo, tem vida cristã por causa do sacrifício do próprio Cristo. 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O horror 70 anos depois


Em 1942, começava a deportação de judeus do Gueto de Varsóvia para campos de extermínio nazistas. Em dois meses, os alemães transferiram 300 mil pessoas de trem para a morte 

Campos de concentração nazistas constituíram um dos maiores horrores da humanidade (AFP PHOTO/ YAD VASHEM ARCHIVES)
Campos de concentração nazistas constituíram um dos maiores horrores da humanidade
Maio de 1943. Em uma noite chuvosa, a polonesa Halina Birenbaum, de 13 anos, recebe um abraço do pai, Jakub Grynsztein. A mãe da menina, Pola Perl, se despede dela e de Hilek, o filho de 20 anos. "Todos devemos morrer um dia. Morreremos juntos, agora. Não tenham medo", afirmou. Um nazista aponta sua metralhadora para a família. Tudo ocorreu em Umschlagplatz, uma praça situada no extremo norte do Gueto de Varsóvia, conectada à linha férrea Varsóvia-Maklinia. Foi dali que, em 22 de julho de 1942, partiram os primeiros trens abarrotados de judeus rumo aos campos de extermínio. Em dois meses, os alemães deportaram mais de 300 mil pessoas — 250 mil foram enviadas para a morte em Treblinka, a 105 quilômetros.
"Os alemães nos capturaram no gueto, nos porões de uma casa que eles queimaram, e nos levaram para o terrível trem da morte. Não havia lugar no vagão de transporte de gado. Nós nos empurrávamos e batíamos uns nos outros. Os nazistas espancavam quem estava perto das portas. As pessoas caíam sobre as outras e centenas de outros judeus eram jogados no trem", relata, por e-mail, a moradora da cidade israelense de Herzliya, na costa do Mar Mediterrâneo. No Gueto de Varsóvia, ela viu o pai pela última vez. "Nem mesmo tenho uma foto dele", conta. A mãe morreu na câmara de gás, no campo de Majdanek. O irmão e a cunhada foram asfixiados em Auschwitz.
Halina acredita existir somente uma explicação para o fato de ela estar viva: um milagre. O encontro com a morte por pouco ocorreu em Majdanek, a primeira parada antes de Auschwitz. "Após semanas terríveis, eles me escolheram, com algumas mulheres, e nos conduziram à câmara de gás. Passamos uma noite inteira ali dentro, mas faltou gás", lembra. Os nazistas a deportaram novamente, nos mesmos vagões, em julho de 1943. "A viagem durou 48 horas. Não podíamos mudar de posição. Meu corpo parecia estar cheio de agulhas. Não havia água nem comida. Uma mulher se levantou e os alemães atiraram em sua cabeça. Eu a vi cair sobre a filha de 15 anos" , acrescenta. Os "passageiros" do trem da morte jamais sabiam para onde eram levados. Dessa vez, o destino era Auschwitz. "O dia de hoje marca o aniversário do extermínio de quase 500 mil judeus no Gueto de Varsóvia", reconhece.

Sem liberdade
Morador de Kfar Saba, o israelense Yohay Remetz, de 88 anos, conheceu como poucos o gueto. Chegou ali com a mãe, no outono de 1940, depois que os nazistas ocuparam a Polônia. Trabalhou como puxador de riquixá, uma carroça de duas rodas. "A vida no gueto era sempre a intensificação e o acúmulo do horror. Os nazistas, cuidadosa e satanicamente, meditavam sobre como piorar nossas vidas, dia após dia", afirma. De acordo com ele, a fome era a experiência central e dominante da maior parte dos moradores. "Podíamos ver mendigos nas ruas, idosos e crianças com os rostos e os membros inchados, e a pele marrom esverdeada. Ainda que fosse uma visão repulsiva e horrível, ninguém podia ajudar. Estávamos famintos e miseráveis", comenta.
Segundo Remetz, os habitantes do gueto tentavam lidar com a vida de prisão e com o horror da deportação iminente. Pequenos workshops supriam parte das necessidades dos judeus. Até uma orquestra sinfônica foi criada. "Um ingresso para as apresentações custava um quarto de um pedaço de pão. Fui aos concertos duas vezes, mas isso levou minha comida por dois dias", observa. No outono de 1939, 330 mil judeus estavam confinados no gueto, em um espaço onde haviam 100 mil antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Em 1942, o número aumentou para 450 mil, apesar da redução da área do gueto, da fome e das doenças. A cada mês, os judeus enterravam cerca de 3 mil mortos. "Caminhar pelas ruas era como ziguezaguear nas calçadas, para evitar esbarrar em pedestres, com medo de contrair piolho e tifo. Quem morria era colocado nas calçadas, à noite. Pela manhã, o serviço funerário carregava os corpos em carroças, até o cemitério da Rua Okopova, onde eram empilhados em uma cova", lembra Remetz.
Em 1942, ele aproveitou uma grande transferência para Treblinka e fugiu do gueto. Lá fora, viveu com a identidade falsa de ariano polonês. "Tive sorte por ter sido aceito no submundo polonês de combate aos nazistas dois anos depois. Eu me alistei no Exército da Polônia e participei das batalhas contra os alemães, até o fim da guerra", explica. Remetz admite que os moradores do gueto não estavam preparados para a deportação. "Somente uma semana depois descobrimos para onde os trens iam. Nunca considerávamos a possibilidade de assassinato em massa", diz.

Um dia de reflexão
Para a polonesa Estelle Laughlin, o dia de hoje é de reflexão. "Devemos nos lembrar das consequências de convivermos com a tirania, de como isso corrompe a consciência de uma nação, e o que isso faz ao amor e à confiança. A proposta não é praguejar contra a escuridão do passado, mas iluminar o futuro", desabafa. Ela tinha acabado de fazer 13 anos quando as deportações no Gueto de Varsóvia começaram. "Diariamente, os nazistas vinham até nós, com calculada pressa, e bloqueavam as ruas. Eles reuniam as pessoas nas calçadas e quintais, faziam buscas em cada apartamento e empurravam para fora quem encontrassem", conta. A Grande Deportação, de julho a setembro de 1942, removeu a grande maioria de adultos e 99% das crianças. "Eu estou em meio ao 1% de vivos", afirma a senhora, de 83 anos.
Ela permaneceu no Gueto de Varsóvia até que o líder nazista, Adolf Hitler, ordenou a destruição do local, após o levante de abril de 1943. "Quando soubemos de notícias sobre Treblinka, grupos armados começaram a se formar. Guerrilheiros prepararam uma rede de bunkers subterrâneos. Meu pai era um membro da resistência", diz Estelle, que ficou dias dentro de um desses esconderijos, até ser descoberta pelos alemães. "Eles nos conduziram a Umschlagplatz. Com chicotes e gritos, nos levaram para trens de carga e rumaram para o campo de extermínio de Majdanek. Meu pai foi um dos primeiros a morrer na câmara de gás." Estelle, a mãe e a irmã sobreviveram. Ela afirma que temia a morte, mas não entendia bem seu significado. Tudo o que queria era não ser separada da família. (RC)

Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2012/07/22/interna_internacional,307409/o-horror-70-anos-depois.shtml

Por que Jesus disse a Pedro: Arreda-te Satanás? Por Pr. J Miranda




Porque Pedro teve uma compaixão satânica.
Em Mateus 16:16, Pedro fez uma grande confissão sobre Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus o elogiou, dizendo: "Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus" (Mateus 16:18). Logo depois, Jesus falou sobre sua própria morte e Pedro o repreendeu. A resposta de Jesus foi áspera: "Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens" (Mateus 16:23).
Por que Jesus disse a Pedro: Arreda-te Satanás? Alguns interpretam esta passagem para sugerir que Pedro foi endemoninhado. Mas, não há base para tal suposição. Jesus viu a fraqueza de Pedro por ter se deixado levar pela compaixão de seu grande adversário.
A explicação melhor vem da palavra "satanás", que quer dizer "adversário". Esta palavra é usada muitas vezes para identificar o próprio Diabo. Ele é o principal adversário de Deus e do povo do Senhor. Mas, a palavra em si tem o sentido de adversário. Pedro, de fato, estava se colocando contra Jesus, até intervindo nos planos dele. Da mesma forma que o Diabo ofereceu um reino sem o sofrimento da cruz (Mateus 4:8-10), Pedro imaginou a exaltação sem a paixão. Jesus, entendendo perfeitamente a vontade do Pai e a sua própria missão, não aceitaria nenhum atalho. Ele seria exaltado como rei, mas teria que sofrer primeiro na cruz.
Se Pedro se tornou, momentaneamente, em adversário de Cristo, seria possível nós fazermos a mesma coisa? Jesus poderia olhar para nós e dizer: "Arreda, Satanás"? Sim. Todo aquele se levanta contra o obra do Senhor é visto como adversário. É usado por Satanás. É usado para barrar os que almejam desenvolver os ofícios de Cristo. Satanás sempre vai tentar barra os do caminho. Foi assim com os discípulos.
1Tessalonicenses 2.18   “Por isso, quisemos ir até vós (pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas); contudo, Satanás nos barrou o caminho”.
Tiago disse: "Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tiago 4:4). Jesus morreu para nos livrar do pecado, de toda forma de impureza que existe neste mundo. Mantendo amizade com as coisas mundanas, tais como os desejos carnais, as invejas, o materialismo, etc. Se vivermos deliberadamente no pecado, pisamos em Jesus, profanamos o sangue dele e ultrajamos o Espírito da graça (Hebreus 10:26-29). O pecado é ofensivo e repugnante para Deus. Como filhos dele, devemos fazer tudo para eliminar das nossas vidas tudo que é contra o Senhor. Saiba que Pedro se arrependeu do mau que fez aquele que o tinha como Filho de Deus.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Deus removeu o coração de Pedra – C. H. Spurgeon





E, caindo em si, desatou a chorar.

Marcos 14.72

Alguns pensam que enquanto Pedro viveu, lágrimas jorravam de seus olhos, quando ele se recordava de como negara o seu Senhor. Talvez seja verdade, porque o pecado dele foi enorme e a graça de Deus realizou, posteriormente, uma obra perfeita nele. Esta experiência é comum a todos os membros da família dos redimidos, de acordo com o grau com que o Espírito de Deus removeu o coração natural, o coração de pedra.


Assim como o apóstolo Pedro, lembramos nossa arrogante promessa: "Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim" (Mateus 26.33). Nós engolimos nossas próprias palavras, junto às ervas amargas de arrependimento. Quando pensamos nos votos que declaramos e no que temos realmente cumprido, devemos chorar com profusas lágrimas de tristeza.


Ele pensou sobre a sua atitude de negar seu Senhor: o local onde o fez, a razão insignificante para tal horripilante pecado, os juramentos e blasfêmias com os quais buscou confirmar sua falsidade, e a terrível dureza de coração que o levou a fazer tal coisa nova e novamente. Ao lembrarmos de nossos pecados e de sua excessiva malignidade, como podemos continuar em obstinação e apatia?


Clamamos nós ao Senhor por nova garantia de amor perdoador? Oh! Que jamais tenhamos olhos insensíveis para com o pecado, a menos que desejemos ser, em breve, consumidos pelas chamas do inferno! Pedro pensou a respeito do olhar amável do Senhor Jesus. O Senhor acompanhou a voz de advertência do galo, com um olhar admoestador de pesar, compaixão e amor.


Aquele olhar do Senhor nunca saiu da mente de Pedro, enquanto ele viveu, e foi mais eficaz do que milhares de sermões teriam sido sem o Espírito Santo. O apóstolo arrependido choraria, com certeza, quando se lembrasse do completo perdão do Salvador, que o restaurou à sua posição anterior. Pensar que temos ofendido um Senhor tão bom e tão amável é uma razão mais do que suficiente para chorarmos constantemente. O Senhor, quebranta nosso coração de pedra e faze as lágrimas fluírem

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Nisto Pensai - John Owen ( 1616-1683 )




Estejamos absolutamente certos de que essa glória de Cristo em Suas naturezas divina e humana é o melhor, o mais nobre e o mais útil objeto em que podemos pensar. O apóstolo Paulo afirma que todas as outras coisas são apenas perda e quando comparadas com ela, como estéreo (Filipenses 3:8-10). As Escrituras falam da estultícia das pessoas em gastar "...o dinheiro naquilo que não é pão, e o produto do seu trabalho naquilo que não pode satisfazer" (Isaías 55:2). Eles fixam seus pensamentos em seus prazeres pecaminosos, e se recusam de olhar para a glória de Cristo. Alguns chegam a ter pensamentos mais elevados sobre as obras da criação de Deus e de Sua providência, mas não há glória nessas coisas que se possa comparar com a glória das duas naturezas de Cristo. No Salmo oito, Davi está meditando na grandeza das obras de Deus.

Isto o faz pensar na pobre e fraca natureza do homem, que parece como nada se comparada àquelas glórias. Então ele começa a admirar a sabedoria, amor e bondade de Deus por exaltar acima de todas as obras da criação a nossa natureza humana que estava em Jesus Cristo. O autor sagrado explica isto em Hebreus 2:5-6.

Como são agradáveis e desejáveis as coisas deste mundo — esposa, filhos, amigos, posses, poder e honra! Mas a pessoa que tem todas estas coisas e também o conhecimento da glória de Cristo dirá: "A quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti" (Salmo 73:25) pois "Quem no céu se pode igualar ao Senhor? Quem é semelhante ao Senhor entre os filhos dos poderosos?" (Salmo 89:6). Apenas uma olhada na gloriosa beleza de Cristo é suficiente para vencer e capturar os nossos corações. Se não estamos olhando com freqüência para Ele, refletindo sobre a Sua glória, é porque as nossas mentes estão muito cheias de pensamentos terrenos. Desta forma, não estamos nos apossando da promessa de que nossos olhos verão o Rei em Sua beleza.


Uma das atividades da fé consiste em examinar as Escrituras, porque elas declaram a verdade sobre Cristo (veja João 5:39). Vamos ver a glória de Cristo nas Escrituras de três modos:

i. Por meio de descrições diretas de Sua encarnação e Seu caráter como Deus-homem. Gênesis 3:15; Salmos 2:7-9; 45:2-6; 78:17-18 e 110:1-7; Isaías 6:1-4; 9:6; Zacarias 3:8; João 1:1-3; Filipenses 2:6-8; Hebreus 1:1-3; 2:4-16; Apocalipse 1:17-18.

ii. Mediante numerosas profecias, promessas e outras expressões que nos levam a considerar Sua glória.

iii. Pelos exemplos de adoração divina que Deus instituiu no Velho Testamento e pelo testemunho direto dado a Ele do céu no Novo Testamento. Isaías disse: "Eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo" (Isaías 6:1). Esta visão de Cristo foi tão gloriosa que os serafins (criaturas celestiais que assistem nos céus) tiveram que cobrir as suas faces. Contudo, maior ainda foi a glória revelada abertamente nos dias apostólicos! Pedro nos diz que ele e os outros apóstolos foram testemunhas oculares da majestade do Senhor Jesus Cristo.

"Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo, segundo fábulas artificialmente compostas: mas nós mesmos vimos a sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu filho amado, em quem me tenho comprazido" (II Pedro 1:16-17). Deveríamos ser como o que procura por todo tipo de pérolas. Quando ele encontra uma de grande preço, vende tudo o que possui para que possa adquiri-la. (Mateus 13:45-46). Cada verdade das Sagradas Escrituras é uma pérola que nos enriquece espiritualmente, mas quando nos deparamos com a glória de Cristo encontramos tanta alegria que nunca mais desejaremos dispor dessa pérola de grande valor.

O glorioso da Bíblia é que agora ela é a única forma tangível de nos ensinar sobre a glória de Cristo. 3. Devemos meditar freqüentemente sobre o conhecimento da glória de Cristo que obtemos da Bíblia. As nossas mentes devem ser espirituais e santas e libertas de todos os cuidados e afeições terrenos. A pessoa que não medita agora com prazer na glória de Cristo nas Escrituras, não terá nenhum desejo de ver aquela glória nos céus. Que tipo de fé e amor têm as pessoas que acham tempo para meditar sobre muitas outras coisas, mas não têm tempo para meditar neste assunto glorioso?

Os nossos pensamentos devem se voltar para Cristo sempre que haja uma oportunidade a qualquer hora do dia. Se somos verdadeiros crentes e se a Palavra de Deus está em nossos pensamentos, Cristo está perto de nós (Romanos 10:8). Nós O encontraremos pronto para falar conosco e manter comunhão. Ele diz: "Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo" (Apocalipse 3:20). E verdade que há momentos em que Ele Se retira de nós e não podemos ouvir a Sua voz.

E quando isso acontece, não podemos ficar contentes. Devemos ser como a noiva no Cântico de Salomão 3:1-4: "De noite busquei em minha cama aquele a quem ama a minha alma: busquei-o, e não o achei. Levantar-me-ei, pois e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o, e não o achei. Acharam-me os guardas, que rondavam pela cidade; eu perguntei-lhes: vistes aquele a quem ama a minha alma? Apartando-me eu um pouco deles, logo achei aquele a quem ama a minha alma: detive-o, até que o introduzi em casa de minha mãe, na câmara daquela que me gerou".

A experiência da vida espiritual de um cristão é forte em proporção aos seus pensamentos sobre Cristo que nele habita e seu deleite nEle (Gaiatas 2:20). Se tivermos deixado Cristo ausente de nossas mentes por muito tempo, devemos nos censurar por isso.

Todos os nossos pensamentos sobre Cristo e Sua glória devem ser acompanhados de admiração, adoração e ações de graças. Somos convidados a amar o Senhor com toda a nossa alma, mente e força (Marcos 12:30). Se somos verdadeiros crentes, a graça de Cristo opera em nossas mentes e almas renovadas e nos ajuda a fazer isso. Na vinda de Cristo como juiz no último dia, os crentes ficarão cheios de um tremendo sentimento de admiração por Sua gloriosa aparência — "...quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem" (II Tessalonicenses 1:10). Essa admiração se transformará em adoração e ações de graças; um exemplo disso é dado em Apocalipse 5:9-13, onde toda a Igreja dos redimidos canta um novo cântico. "E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; e  para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.

E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhares de milhares e milhões de milhões, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória e ações de graças. E ouvi a toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre".

Há algumas pessoas que têm esperança de ser salvos por Cristo e de ver a Sua glória num outro mundo, porém não estão interessados em meditar, pela fé naquela glória neste mundo. Elas são semelhantes a Marta, que estava preocupada com muitas coisas e não com Maria, que escolheu a melhor parte, sentando-se aos pés de Cristo (Lucas 10:38-42). Que tais pessoas tomem muito cuidado para que não negligenciem nem desprezem o que deveriam fazer.

Alguns dizem que têm o desejo de contemplar a glória de Cristo pela fé, mas quando começam a considerar essa glória, eles acham que é coisa muito elevada e difícil. Eles ficam maravilhados, à semelhança dos discípulos no Monte da Transfiguração. Admito que a fraqueza de nossas mentes e a nossa falta de habilidade para entender bem a eterna glória de Cristo nos impede de manter os nossos pensamentos numa meditação firme e constante por muito tempo. Aqueles que não têm a prática e habilidade de uma santa meditação em geral não terão a capacidade de meditar neste mistério em particular. Mas, mesmo assim, quando a fé não consegue mais manter abertos os olhos do nosso entendimento para refletir sobre o Sol da Justiça brilhando em Sua beleza, pelo menos, pela fé ainda podemos descansar em santa admiração e amor