segunda-feira, 31 de outubro de 2011

As 95 Teses de Martinho Lutero por  Martinho Lutero




Movido pelo amor e pelo empenho em prol do esclarecimento da verdade discutir-se-á em Wittemberg, sob a presidência do Rev. padre Martinho Lutero, o que segue. Aqueles que não puderem estar presentes para tratarem o assunto verbalmente conosco, o poderão fazer por escrito.
Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

1ª Tese
Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos...., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento.
2ª Tese
E esta expressão não pode e não deve ser interpretada como referindo-se ao sacramento da penitência, isto é, à confissão e satisfação, a cargo do ofício dos sacerdotes.
3ª Tese
Todavia não quer que apenas se entenda o arrependimento interno; o arrependimento interno nem mesmo é arrependimento quando não produz toda sorte de modificações da carne.
4ª Tese
Assim sendo, o arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a saber, até a entrada desta para a vida eterna.
5ª Tese
O papa não quer e não pode dispensar outras penas, além das que impôs ao seu alvitre ou em acordo com os cânones, que são estatutos papais.
6ª Tese
O papa não pode perdoar divida senão declarar e confirmar aquilo que Já foi perdoado por Deus; ou então faz nos casos que lhe foram reservados. Nestes casos, se desprezados, a dívida deixaria de ser em absoluto anulada ou perdoada.
7ª Tese
Deus a ninguém perdoa a dívida sem que ao mesmo tempo o subordine, em sincera humildade, ao sacerdote, seu vigário.
8ª Tese
Canones poenitendiales, que não as ordenanças de prescrição da maneira em que se deve confessar e expiar, apenas aio Impostas aos vivos, e, de acordo com as mesmas ordenanças, não dizem respeito aos moribundos.
9ª Tese
Eis porque o Espírito Santo nos faz bem mediante o papa, excluído este de todos os seus decretos ou direitos o artigo da morte e da necessidade suprema
10ª Tese
Procedem desajuizadamente e mal os sacerdotes que reservam e impõem aos moribundos poenitentias canonicas ou penitências para o purgatório a fim de ali serem cumpridas.
11ª Tese
Este joio, que é o de se transformar a penitência e satisfação, Previstas pelos cânones ou estatutos, em penitência ou penas do purgatório, foi semeado quando os bispos se achavam dormindo.
12ª Tese
Outrora canonicae poenae, ou sejam penitência e satisfação por pecadores cometidos eram impostos, não depois, mas antes da absolvição, com a finalidade de provar a sinceridade do arrependimento e do pesar.
13ª Tese
Os moribundos tudo satisfazem com a sua morte e estão mortos para o direito canônico, sendo, portanto, dispensados, com justiça, de sua imposição.
14ª Tese
Piedade ou amor Imperfeitos da parte daquele que se acha às portas da morte necessariamente resultam em grande temor; logo, quanto menor o amor, tanto maior o temor.
15ª Tese
Este temor e espanto em si tão só, sem falar de outras cousas, bastam para causar o tormento e o horror do purgatório, pois que se avizinham da angústia do desespero.
16ª Tese
Inferno, purgatório e céu parecem ser tão diferentes quanto o são um do outro o desespero completo, incompleto ou quase desespero e certeza.
17ª Tese
Parece que assim como no purgatório diminuem a angústia e o espanto das almas, nelas também deve crescer e aumentar o amor.
18ª Tese
Bem assim parece não ter sido provado, nem por boas ações e nem pela Escritura, que as almas no purgatório se encontram fora da possibilidade do mérito ou do crescimento no amor.
19ª Tese
Ainda parece não ter sido provado que todas as almas do purgatório tenham certeza de sua salvação e não receiem por ela, não obstante nós termos absoluta certeza disto.
20ª Tese
Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras “perdão plenário de todas as penas” que todo o tormento é perdoado, mas as penas por ele impostas.
21ª Tese
Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do papa.
22ª Tese
Pensa com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e pago na presente vida.
23ª Tese
Verdade é que se houver qualquer perdão plenário das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.
24ª Tese
Assim sendo, a maioria do povo é ludibriada com as pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com as penas pagas.
25ª Tese
Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura d'almas o tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.
26ª Tese
O papa faz muito bem em não conceder às almas o perdão em virtude do poder das chaves (ao qual não possui), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.
27ª Tese
Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório.
28ª Tese
Certo é que no momento em que a moeda soa na caixa vêm o lucro e o amor ao dinheiro cresce e aumenta; a ajuda, porém, ou a intercessão da Igreja tão só correspondem à vontade e ao agrado de Deus.
29ª Tese
E quem sabe, se todas as almas do purgatório querem ser libertadas, quando há quem diga o que sucedeu com Santo Severino e Pascoal.
30ª Tese
Ninguém tem certeza da suficiência do seu arrependimento e pesar verdadeiros; muito menos certeza pode ter de haver alcançado pleno perdão dos seus pecados.
31ª Tese
Tão raro como existe alguém que possui arrependimento e, pesar verdadeiros, tão raro também é aquele que verdadeiramente alcança indulgência, sendo bem poucos os que se encontram.
32ª Tese
Irão para o diabo juntamente com os seus mestres aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante breves de indulgência.
33ª Tese
Há que acautelasse muito e ter cuidado daqueles que dizem: A indulgência do papa é a mais sublime e mais preciosa graça ou dadiva de Deus, pela qual o homem é reconciliado com Deus.
34ª Tese
Tanto assim que a graça da indulgência apenas se refere à pena satisfatória estipulada por homens.
35ª Tese
Ensinam de maneira ímpia quantos alegam que aqueles que querem livrar almas do purgatório ou adquirir breves de confissão não necessitam de arrependimento e pesar.
36ª Tese
Todo e qualquer cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indulgência.
37ª Tese
Todo e qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, é participante de todos os bens de Cristo e da Igreja, dádiva de Deus, mesmo sem breve de indulgência.
38ª Tese
Entretanto se não deve desprezar o perdão e a distribuição por parte do papa. Pois, conforme declarei, o seu perdão constitui uma declaração do perdão divino.
39ª Tese
É extremamente difícil, mesmo para os mais doutos teólogos, exaltar diante do povo ao mesmo tempo a grande riqueza da indulgência e ao contrário o verdadeiro arrependimento e pesar.
40ª Tese
O verdadeiro arrependimento e pesar buscam e amam o castigo: mas a profusão da indulgência livra das penas e faz com que se as aborreça, pelo menos quando há oportunidade para isso.
41ª Tese
É necessário pregar cautelosamente sobre a indulgência papal para que o homem singelo não julgue erroneamente ser a indulgência preferível às demais obras de caridade ou melhor do que elas.
42ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, não ser pensamento e opinião do papa que a aquisição de indulgência de alguma maneira possa ser comparada com qualquer obra de caridade.
43ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos proceder melhor quem dá aos pobres ou empresta aos necessitados do que os que compram indulgências.
44ª Tese
Ê que pela obra de caridade cresce o amor ao próximo e o homem torna-se mais piedoso; pelas indulgências, porém, não se torna melhor senão mais seguro e livre da pena.
45ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê seu próximo padecer necessidade e a despeito disto gasta dinheiro com indulgências, não adquire indulgências do papa. mas provoca a ira de Deus.
46ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem fartura , fiquem com o necessário para a casa e de maneira nenhuma o esbanjem com indulgências.
47ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, ser a compra de indulgências livre e não ordenada
48ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa precisa conceder mais indulgências, mais necessita de uma oração fervorosa do que de dinheiro.
49ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, serem muito boas as indulgências do papa enquanto o homem não confiar nelas; mas muito prejudiciais quando, em conseqüência delas, se perde o temor de Deus.
50ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que, se papa tivesse conhecimento da traficância dos apregoadores de indulgências, preferiria ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que o papa, por dever seu, preferiria distribuir o seu dinheiro aos que em geral são despojados do dinheiro pelos apregoadores de indulgências, vendendo, se necessário fosse, a própria catedral de São Pedro.
52º Tese
Comete-se injustiça contra a Palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se consagra tanto ou mais tempo à indulgência do que à pregação da Palavra do Senhor.
53ª Tese
São inimigos de Cristo e do papa quantos por causa da prédica de indulgências proíbem a Palavra de Deus nas demais igrejas.
54ª Tese
Esperar ser salvo mediante breves de indulgência é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências, mesmo se o próprio papa oferecesse sua alma como garantia.
55ª Tese
A intenção do papa não pode ser outra do que celebrar a indulgência, que é a causa menor, com um sino, uma pompa e uma cerimônia, enquanto o Evangelho, que é o essencial, importa ser anunciado mediante cem sinos, centenas de pompas e solenidades.
56ª Tese
Os tesouros da Igreja, dos quais o papa tira e distribui as indulgências, não são bastante mencionados e nem suficientemente conhecido na Igreja de Cristo.
57ª Tese
Que não são bens temporais, é evidente, porquanto muitos pregadores a estes não distribuem com facilidade, antes os ajuntam.
58ª Tese
Tão pouco são os merecimentos de Cristo e dos santos, porquanto estes sempre são eficientes e, independentemente do papa, operam salvação do homem interior e a cruz, a morte e o inferno para o homem exterior.
59ª Tese
São Lourenço aos pobres chamava tesouros da Igreja, mas no sentido em que a palavra era usada na sua época.
60ª Tese
Afirmamos com boa razão, sem temeridade ou leviandade, que estes tesouros são as chaves da Igreja, a ela dado pelo merecimento de Cristo.
61ª Tese
Evidente é que para o perdão de penas e para a absolvição em determinados casos o poder do papa por si só basta.
62ª Tese
O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63ª Tese
Este tesouro, porém, é muito desprezado e odiado, porquanto faz com que os primeiros sejam os últimos.
64ª Tese
Enquanto isso o tesouro das indulgências é sabiamente o mais apreciado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros.
65ª Tese
Por essa razão os tesouros evangélicos outrora foram as redes com que se apanhavam os ricos e abastados.
66ª Tese
Os tesouros das indulgências, porém, são as redes com que hoje se apanham as riquezas dos homens.
67ª Tese
As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como a mais sublime graça decerto assim são consideradas porque lhes trazem grandes proventos.
68ª Tese
Nem por isso semelhante indigência não deixa de ser a mais Intima graça comparada com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69ª Tese
Os bispos e os sacerdotes são obrigados a receber os comissários das indulgências apostólicas com toda a reverência-
70ª Tese
Entretanto têm muito maior dever de conservar abertos olhos e ouvidos, para que estes comissários, em vez de cumprirem as ordens recebidas do papa, não preguem os seus próprios sonhos.
71ª Tese
Aquele, porém, que se insurgir contra as palavras insolentes e arrogantes dos apregoadores de indulgências, seja abençoado.
72ª Tese
Quem levanta a sua voz contra a verdade das indulgências papais é excomungado e maldito.
73ª Tese
Da mesma maneira em que o papa usa de justiça ao fulminar com a excomunhão aos que em prejuízo do comércio de indulgências procedem astuciosamente.
74ª Tese
Muito mais deseja atingir com o desfavor e a excomunhão àqueles que, sob o pretexto de indulgência, prejudiquem a santa caridade e a verdade pela sua maneira de agir.
75ª Tese
Considerar as indulgências do papa tão poderosas, a ponto de poderem absolver alguém dos pecados, mesmo que (cousa impossível) tivesse desonrado a mãe de Deus, significa ser demente.
78 ª Tese
Bem ao contrario, afirmamos que a indulgência do papa nem mesmo o menor pecado venial pode anular o que diz respeito à culpa que constitui.
77ª Tese
Dizer que mesmo São Pedro, se agora fosse papa, não poderia dispensar maior indulgência, significa blasfemar S. Pedro e o papa.
78ª Tese
Em contrario dizemos que o atual papa, e todos os que o sucederam, é detentor de muito maior indulgência, isto é, o Evangelho, as virtudes o dom de curar, etc., de acordo com o que diz 1Coríntios 12.
79ª Tese
Afirmar ter a cruz de indulgências adornada com as armas do papa e colocada na igreja tanto valor como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.
80ª Tese
Os bispos, padres e teólogos que consentem em semelhante linguagem diante do povo, terão de prestar contas deste procedimento.
81ª Tese
Semelhante pregação, a enaltecer atrevida e insolentemente a Indulgência, faz com que mesmo a homens doutos é difícil proteger a devida reverência ao papa contra a maledicência e as fortes objeções dos leigos.
82 ª Tese
Eis um exemplo: Por que o papa não tira duma só vez todas as almas do purgatório, movido por santíssima' caridade e em face da mais premente necessidade das almas, que seria justíssimo motivo para tanto, quando em troca de vil dinheiro para a construção da catedral de S. Pedro, livra um sem número de almas, logo por motivo bastante Insignificante?
83ª Tese
Outrossim: Por que continuam as exéquias e missas de ano em sufrágio das almas dos defuntos e não se devolve o dinheiro recebido para o mesmo fim ou não se permite os doadores busquem de novo os benefícios ou pretendas oferecidos em favor dos mortos, visto' ser Injusto continuar a rezar pelos já resgatados?
84ª Tese
Ainda: Que nova piedade de Deus e dó papa é esta, que permite a um ímpio e inimigo resgatar uma alma piedosa e agradável a Deus por amor ao dinheiro e não resgatar esta mesma alma piedosa e querida de sua grande necessidade por livre amor e sem paga?
85ª Tese
Ainda: Por que os cânones de penitencia, que, de fato, faz muito caducaram e morreram pelo desuso, tornam a ser resgatados mediante dinheiro em forma de indulgência como se continuassem bem vivos e em vigor?
86ª Tese
Ainda: Por que o papa, cuja fortuna hoje é mais principesca do que a de qualquer Credo, não prefere edificar a catedral de S. Pedro de seu próprio bolso em vez de o fazer com o dinheiro de fiéis pobres?
87ª Tese
Ainda: Quê ou que parte concede o papa do dinheiro proveniente de indulgências aos que pela penitência completa assiste o direito à indulgência plenária?
88ª Tese
Afinal: Que maior bem poderia receber a Igreja, se o papa, como Já O faz, cem vezes ao dia, concedesse a cada fiel semelhante dispensa e participação da indulgência a título gratuito.
89ª Tese
Visto o papa visar mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que revoga os breves de indulgência outrora por ele concedidos, aos quais atribuía as mesmas virtudes?
90ª Tese
Refutar estes argumentos sagazes dos leigos pelo uso da força e não mediante argumentos da lógica, significa entregar a Igreja e o papa a zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.
91ª Tese
Se a Indulgência fosse apregoada segundo o espírito e sentido do papa, aqueles receios seriam facilmente desfeitos, nem mesmo teriam surgido.
92ª Tese
Fora, pois, com todos estes profetas que dizem ao povo de Cristo: Paz! Paz! e não há Paz.
93ª Tese
Abençoados sejam, porém, todos os profetas que dizem à grei de Cristo: Cruz! Cruz! e não há cruz.
94ª Tese
Admoestem-se os cristãos a que se empenhem em seguir sua Cabeça Cristo através do padecimento, morte e inferno.
95ª Tese
E assim esperem mais entrar no Reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de consolações infundadas.
Conhecendo a Grande Reforma  - por Pr. J Miranda
A Grande Reforma é conhecida como Reforma protestante
O dia da Reforma Protestante é celebrado pelos cristãs que tiveram como origem, mesmo que distante, a Reforma Protestante iniciada por  Martinho Lutero, no dia 31 de Outubro        
Na Alemanha, Suíça e França
No início do século XVI, o monge alemão Martinho Lutero, abraçando as idéias dos pré-reformadores, proferiu três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. Em 31 de outubro de 1517 foram pregadas as 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas. Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante.
Essas teses condenavam a "avareza e o paganismo" na Igreja, e pediam um debate teológico sobre o que as indulgências significavam. As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Após um mês se haviam espalhado por toda a Europa. A maior defesa de Lutero era salvação como dom de Deus e não po obras “Poque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isso não vem de vós; é dom Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9).
Após diversos acontecimentos, em junho de 1518 foi aberto um processo por parte da Igreja Romana contra Lutero, a partir da publicação das suas 95 Teses. Alegava-se, com o exame do processo, que ele incorria em heresia. Depois disso, em agosto de 1518, o processo foi alterado para heresia notória. Finalmente, em junho de 1520 reapareceu a ameaça no escrito "Exsurge Domini" e, em janeiro de 1521, a bula "Decet Romanum Pontificem" excomungou Lutero. Devido a esses acontecimentos, Lutero foi exilado no Castelo de Wartburg, em Eisenach, onde permaneceu por cerca de um ano. Durante esse período de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua tradução da Bíblia para o alemão, da qual foi impresso o Novo Testamento, em setembro de 1522.
Enquanto na Alemanha a reforma era liderada por Lutero, Na França e na Suíça a Reforma teve como líderes João Calvino e Ulrico Zuínglio .
João Calvino foi inicialmente um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu afastamento da Igreja católica, este intelectual começou a ser visto como um representante importante do movimento protestante.Vítima das perseguições aos huguenotes na França, fugiu para Genebra em 1533 onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se um centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece desde então como uma figura central da história da cidade e da Suíça. Calvino publicou as Institutas da Religião Cristã, que são uma importante referência para o sistema de doutrinas adotado pelas Igrejas Reformadas.

domingo, 30 de outubro de 2011

Recebido na Glória por Charles Haddon Spurgeon



Recebido na glória” (1Timóteo 3:16)
Nos dias em que nosso Senhor se fez homem vimo-Lo humilhado e muitíssimo oprimido, pois foi “desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer” (Isaías 53:3). Ele, cujo esplendor é como o da alva, diariamente vestia pano de saco: vergonha foi o Seu manto, e acusações as Suas vestes. Agora, no entanto, tendo triunfado sobre todos os poderes das trevas no sangrento madeiro, com os olhos da fé contemplamos o nosso Rei voltando de Edom com vestes coloridas, glorioso em Seu manto de vitória (Isaías 63:1) . Como devia estar glorioso aos olhos dos serafins quando uma nuvem O acolheu da vista dos mortais e Ele ascendeu ao céu! Agora, Ele exibe a glória que tinha com Deus antes mesmo da terra existir, e ainda outra superior a todas as demais - aquela que conquistou na luta contra o pecado, a morte e o inferno. Vitorioso, Ele exibe a coroa de glória. Ouça como a canção se eleva! É uma nova e mais doce canção: “Digno é o Cordeiro que foi morto, pois nos remiu com Seu sangue para Deus”. Ele exibe a glória de um Intercessor que jamais poderá falhar, de um Príncipe que jamais será derrotado, de um Conquistador que venceu todos os adversários, de um Senhor que tem a lealdade do coração em todas as coisas. Jesus exibe toda a glória que o esplendor do céu pode Lhe conferir, que milhares de vezes milhares de anjos podem Lhe prestar. Nem com toda a sua imaginação você pode compreender Sua grandeza inigualável; contudo, haverá ainda outra manifestação dessa glória quando Ele descer do céu em grande poder, junto com todos os santos anjos: “então, se assentará no trono da sua glória” (Mt. 25:31). Oh, o esplendor dessa glória! Ela arrebatará o coração de Seu povo. E nem isto é o fim, pois a eternidade ouvirá o Seu louvor: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre”. (Hb. 1:8) Leitor, se você alegra na glória de Cristo do porvir, Ele precisa ser glorioso aos seus olhos agora. Ele é?


Fonte: Morning and Evening (Devocional Vespertina do dia 04 de Junho)

sábado, 29 de outubro de 2011

A Lei e a Verdade Estavam Escritas em seus Lábios... por Pr. Josafá Vasconcelos



Como é possível descrever em palavras a importância da pregação? Todos os atos do culto são importantes e foram ordenados por Deus, mas o apóstolo Paulo destaca a profecia como sendo o de maior importância no culto público, justificando que é por este meio que a igreja é edificada (ICor. 14:5), além disso, sua importância é ainda muito mais atestada pelo fato de ser este o único meio pelo qual a fé é comunicada ao coração do pecador (Rom. 10:13-17).

O Dr. Martyn Lloyd-Jones disse que: “os puritanos asseveravam também que o sermão é mais importante que as ordenanças ou quaisquer cerimônias. Alegavam que ele é um ato de culto semelhante à eucaristia, e mais central no serviço da igreja. As ordenanças, diziam eles, selam a palavra pregada e, portanto, são subordinadas a ela”.[1]

O Pr. Paulo Anglada em seu excelente livro Introdução à Pregação Reformada, disse: “Na teologia reformada a pregação é um meio de graça. Ela e a ministração dos sacramentos são as ordenanças pelas quais o pacto da graça é administrado na nova dispensação”.

Em nossos dias, temos desprezado drasticamente este extraordinário meio de graça. As Igrejas dão mais importância ao louvor, escola dominical, teatro, coreografias, filmes, uso de data show, etc. Ninguém hoje se dispõe a ficar mais de meia hora ouvindo alguém pregar! Além do mais, o pouco de pregação que temos é comprometida em seu conteúdo. Sermões “ex-têmporis”, temáticos, cuja escolha dos textos é feita na base da “caixinha de promessas”, com versículos tidos como agradáveis e fora de contexto, são utilizados para auto-ajuda. É comum se pensar que em ocasiões especiais não há problema algum em se substituir a pregação por cantatas ou apresentação de orquestras e corais.

Muito dessas práticas, vem de um entendimento equivocado de como Deus opera a salvação nos pecadores. É comum pensar que a evangelização pode ser feita através da música e que pecadores podem se converter ouvindo hinos, corinhos, conjuntos e corais, filmes e apresentação teatral. Mas não é isso que a Bíblia diz. O único instrumento mencionado nas Escrituras e usado pelo Espírito Santo para infundir fé no coração do eleito de Deus é a pregação da Palavra. O texto de Romanos diz: “Como ouvirão se não há quem pregue” (Rm 10:14). Então poderia se dizer: Bem, não há quem pregue, mas há quem cante, quem faça teatro, projete filmes... contudo o texto continua dizendo: “...a fé vem pela pregação!” e o apóstolo Pedro confirma ao dizer: “... fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus...” (I Pd 1:23).

Por que podemos concluir que qualquer outro método, alem da leitura e pregação da Palavra, são inapropriados para transmitir a verdade da salvação? A resposta é simples quando vemos o que nos ensina o segundo mandamento: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra”. A Igreja Católica Romana ensina que este mandamento é uma extensão do primeiro e o reputa como desnecessário, e alguns evangélicos também não percebem o significado tremendo que este mandamento tem para o culto. O primeiro mandamento diz que só há um Deus, o segundo diz como este Deus deve ser adorado. Qualquer tentativa de anunciar à pessoa desse único Deus e Sua mensagem, que não for pela leitura ou pregação das Escrituras, mas sim de forma material, carnal e visível, será inapropriado e irá distorcer a mensagem! Este é o ensino de toda Escritura. Mesmo que os profetas tenham usado de recursos visuais, eles eram apenas ilustrações que acompanhavam a pregação, mas nunca em lugar dela; mesmo que tenham sido permitidas no ministério profético do Velho Testamento, foram totalmente abolidas no Novo Testamento. As únicas coisas visíveis do culto hoje são os sacramentos — Batismo e Santa Ceia, assim mesmo nunca desacompanhados da ministração da Palavra.

Pr. Paulo Anglada ainda escreveu: “Mais do que um dos meios, na concepção reformada, a pregação é o mais excelente meio pelo qual a graça de Deus é comunicada aos homens, suplantando inclusive os sacramentos. Os sacramentos não são indispensáveis; a pregação é. Os sacramentos não têm sentido sem a pregação da palavra, sendo-lhe antes subordinados. Os sacramentos servem para edificar a igreja; mas a pregação, além disso, é o meio por excelência para comunicar fé; é o poder de Deus para a Salvação. Os sacramentos são como que apêndices à pregação do evangelho. Dessa maneira, reformadores e puritanos interpretam as palavras de Paulo em 1 Coríntios 1:17: “Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho”. Para Calvino, os sacramentos não têm sentido sem a pregação do evangelho”.[2] Quando a ministração dos sacramentos é dissociada da pregação, eles tendem a ser considerados como práticas mágicas.

O tema Pregação é extremamente oportuno para o nosso tempo, porque coloca em cheque a figura do pregador. Quais seriam as qualificações de um pregador? Hoje os mais apreciados, são aqueles que divertem o povo, manipulam suas emoções, afirmam sempre coisas agradáveis e que não comprometem a sua auto estima. Devem ser bem preparados na arte de divertir e impressionar e para isso os recursos mais usados são as experiências, estórias comoventes e frases de efeito. A mera exposição do texto não é excitante... Vemos com tristeza que hoje a vida pessoal do pregador, sua piedade[3], honradez, vida frugal, humildade, têm importância secundária. Ele pode ter má fama, extorquir o povo e até ser idolatrado! Ó, como tudo isso se distancia dos ensinos da Palavra de Deus sobre os pregadores e ministros do Evangelho!

O puritano John Bunyan, em seu livro “O Peregrino”, descreve a figura do pregador de uma forma exuberante. O Intérprete o conduziu a um quarto e pediu que seu servo abrisse uma porta. Através dela “Cristão viu pendurado em uma das paredes o quadro de uma pessoa bem séria. Era assim: tinha os olhos erguidos ao céu, o melhor dos livros em sua mão; a Lei e a Verdade estavam escritas em seus lábios, e suas costas, voltadas para o mundo; estava de pé, como quem suplica aos homens, e havia uma coroa de ouro sobre sua cabeça. Cristão indagou: Que significa isto? Intérprete: O homem retratado nesse quadro é uma raridade; ele pode gerar filhos, ter dores de parto por eles e amamentá-los, depois que nascem. Você o vê, com os olhos voltados ao céu, tendo o melhor dos livros em sua mão e a Lei da Verdade escrita em seus lábios, para mostrar-lhe que sua função é conhecer e revelar as coisas obscuras aos pecadores. Também você o vê em pé, com se implorasse aos homens, e o mundo atrás dele, e uma coroa sobre a sua cabeça. Isso lhe mostra que, desdenhando e desprezando as coisas do presente, por amor ao serviço que presta a seu Senhor, ele está certo de que terá a glória como recompensa no mundo por vir” (O peregrino- Pg. 54, Ed. Fiel-2005).

O Dr. M. Lloyd Jones escreveu um livro muito importante: "Pregação e Pregadores". Não somente o recomendamos, mas é imprescindível sua leitura, porque faz uma grave denúncia que, se bem compreendida, revela as razões da terrível situação em que nos encontramos. A denúncia diz respeito a um duro golpe que a Igreja sofreu nos idos de 1820. É uma referência ao estrago causado pelo aparecimento no cenário evangélico da figura de um conhecido pregador popular chamado Charles G. Finney. Finney inaugurou o que ele mesmo chamou de “Novas Medidas”, entre elas o “Banco dos Ansiosos”. Ele rejeitou a doutrina calvinista do Evangelho da Graça, era claramente pelagiano, acreditava que o homem por si mesmo poderia produzir sua conversão e popularizou o sistema de “apelo”, cerimônia supersticiosa, não bíblica, que constrange os pecadores a fazerem uma decisão imediata por Cristo. O desastre desta cerimônia é que os pregadores, seguindo este modelo, foram induzidos a mutilar suas mensagens, açucará-las, enfatizando as benesses do Evangelho e ocultando a ira de Deus, o arrependimento e os custos do que significa seguir a Jesus.

Isto abriu o caminho para o que é chamado de “pragmatismo nas igrejas”, a febre por resultados, números e, por conseguinte, a utilização de métodos humanos. Um claro atestado de incredulidade! A pura e simples pregação da palavra não é mais suficiente. Para muitos hoje, o evangelho não é mais “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”; poucos estão dispostos a crer na pregação como o método estabelecido por Deus. Hoje, o que funciona e dá resultados imediatos é o que interessa: grupos familiares, igreja em células, igreja com propósito, G 12, e celebração!

Ou Deus nos socorre do alto, usando Sua Palavra Santa e literatura sã que nos traga de volta a pregação genuína e pregadores segundo Seu coração, ou continuaremos vendo o declínio da Igreja; o povo perecerá por falta de conhecimento (Os 4:6) e as suas feridas serão tratadas superficialmente (Jr. 6:14). Ou o Senhor restaura a pregação fiel, abundante e poderosa em nosso meio, ou seremos como “corços que não acham pasto e caminham exautos na frente do perseguidor” (Lm 1:6); ou seremos um “povo que anda gemendo e à procura de pão” (Lm 1:11) e nossos próprios “sacerdotes e anciãos expirarão na cidade à procura de mantimento para restaurarem suas forças” (Lm 1:19).

O Senhor nos dê tempos de refrigério quando a Igreja poderá provar do poder da Palavra. “Nada pode substituir este poder, mas quando recebido, teremos um povo que ansiará e se prontificará por ser ensinado e instruído, a fim de ir sendo guiado, cada vez mais profundamente à verdade que há em Cristo Jesus”. Vamos prosseguir na luta com temor e tremor, até que possamos dizer: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder”.

Deus continua o mesmo, perfeitamente capaz de fazer “... infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos...”.

Este é o sonho do fiel peregrino... “a Lei e a Verdade estavam escritas em seus lábios”.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Os frutos amargos do pecado original - Thomas Watson (1620-1686).



Todas as aflições que incidem sobre a vida do homem são frutos amargos do pecado original. O pecado de Adão sujeitou a criação à vaidade (Rm 8.20). Nenhum prazer terreno preenche o coração vaidoso das criaturas. Ou preenche? Assim como a respiração do marinheiro não preenche as velas de um navio: "Na plenitude de sua abastança, ver-se-á angustiado" (Jó 20.22). Há algo faltando e continuamente faltando. O coração é sempre hidrópico, sedento, nunca satisfeito.

Salomão colocou todas as criaturas num cadinho, e quando lhe extraiu o espírito e a quintessência, não havia nada, a não ser espuma, tudo era vaidade (Ec 1.2). Mais ainda, é uma vaidade irritante, não somente um vazio, mas um amargor. Nossa vida é trabalho e suor, entramos no mundo com choro e dele saímos com gemido (SI 90.10).

Muitos já disseram que não viveriam novamente suas vidas, pois elas tiveram em si mais água que vinho. Mais água de lágrimas do que vinho de alegria. Agostinho disse assim: "Uma vida longa nada mais é que um longo tormento". E Jó disse: "Mas o homem nasce para o enfado" (Jó 5.7). Ninguém nasce herdeiro da terra, mas herdeiro das aflições. Assim como não se separa o chumbo de um peso de balança, assim é com as aflições do homem.

Nesta vida, as perturbações não acabam, apenas mudam. A aflição são os vermes que crescem na matéria pútrida do pecado. De onde vêm todos os nossos temores, senão do pecado? "O medo produz tormento" (Uo 4.18). O medo é o calafrio da alma, faz que ela trema. Alguns temem a privação; outros, os perigos; alguns temem a perda de relacionamentos; se nos regozijamos, é com temor.

De onde vêm todas as nossas esperanças frustradas, senão do pecado? Para onde olhamos em busca de conforto, encontramos uma cruz; quando esperamos por mel, experimentamos absinto. Por que a terra está tão cheia de violência e por que o perverso oprime "aquele que é mais justo do que ele?" (He 1.13). De onde vêm tanto engano nos negócios, tanta falsidade nos relacionamentos? De onde vêm a desobediência das crianças e a idéia de que a vara da autoridade dos pais é como uma espada a lhes traspassar os corações? De onde vem a infidelidade dos servos para com seus senhores?

O apóstolo fala de alguns que acolheram anjos em suas casas (Hb 13.2), porém, quão frequentemente, em lugar de acolherem anjos, são acolhidos demônios. De onde vêm as insubordinações e as divisões dentro de um reino? "Naqueles tempos, não havia paz nem para os que saíam nem para os que entravam" (2Cr 15.5). Tudo isso não passa do cerne rançoso do fruto que nossos primeiros pais comeram, o fruto do pecado original.

Além disso, todas as deformidades e as doenças do corpo, as febres, as convulsões, o catarro, tudo procede do pecado: fome e uma nova safra de febres oprimiram a terra. Nunca houve uma pedra nos rins que não tivesse sido, primeiro, uma pedra no coração. Sim, a morte do corpo é o fruto e o resultado do pecado original. "Entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte" (Rm 5.12).

Adão era condicionalmente imortal, se não tivesse pecado. O pecado cavou a cova de Adão. A morte é terrível para a espécie. Luís, rei da França, proibiu a qualquer um que entrasse em sua corte de mencionar a palavra morte. Os socinianos dizem que a morte vem somente das enfermidades da constituição. Porém, o apóstolo diz: o pecado introduziu a morte no mundo e, pelo pecado, veio a morte. Certamente, se Adão não tivesse comido da árvore do conhecimento, não teria morrido. "No dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.17), isso implica que, se Adão não tivesse comido, não teria morrido. Então, veja a desgraça que se seguiu ao pecado original. O pecado dissolve a harmonia e a boa temperatura do corpo, além de quebrá-lo em pedaços

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Livre-Arbítrio e Suas Qualificações - por R. Scott Clark

Livre-Arbítrio

Que Adão tinha um livre-arbítrio, a capacidade de pecar ou não pecar, é amplamente aceito. A idéia, contudo, de que os seres humanos têm um livre-arbítrio tem uma longa história na teologia Ocidental e continua a influenciar fortemente muitos teólogos e intérpretes da Bíblia. Muitos evangélicos simplesmente assumem que a doutrina do livre-arbítrio é uma doutrina bíblica. Seria útil, contudo, entender o pano de fundo desta idéia na tradição intelectual Ocidental.
Reagindo à forte doutrina de Agostinho da depravação humana (inabilidade) e da soberania divina, o monge britânico Pelágio (400-?) e seus seguidores mudaram a doutrina de que todos os homens estavam federalmente (legalmente) unidos à Adão, e assim, negaram que eles caíram juntamente com ele. Pela quebra da ligação legal/moral entre Adão e nós, os Pelagianos quase eliminaram os efeitos do pecado sobre nós.
Embora os Concílios de Cartago (411) e de Orange (529) tenham apoiado Agostinho, mais tarde a maioria das igrejas medievais se moveram para uma direção firmemente semi-Pelagiana, tentando sintetizar Pelágio com Agostinho. A síntese dizia que os pecadores são capazes de cooperar com a graça para a justificação. No auge da Idade Média a bandeira semi-Pelagiana foi carregada por Gabriel Biel (1420-95) e pelo maior de todos os humanistas, Desiderius Erasmus (1469-1536), contra quem Martinho Lutero reagiu durante a Reforma. No século XVI, Tiago Armínio (1560-1609) renovou o esforço semi-Pelagiano contra a doutrina Paulina da vontade. Mais tarde, o grande filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) definiu livre-arbítrio como significando algo como “o poder de escolha contrária”. Kant disse que uma escolha é verdadeiramente uma escolha moral somente se aquele que estiver fazendo a escolha tiver o poder para fazer o contrário.
Embora a doutrina de que os seres humanos (caídos) retenham um livre-arbítrio seja amplamente sustentada, ela certamente não é uma doutrina Paulina. Ele, Paulo, argumenta a partir da sabedoria eletiva de Deus que Deus tem o direito de escolher Jacó e rejeita Esaú (Romanos 9:13-14). Nós não estamos em qualquer posição, sendo pecadores e humanos finitos, de questionar as Suas decisões misteriosas e eternas. A Palavra de Deus em nenhum lugar fornece qualquer defesa, seja qual for, em favor da posição de que o homem tem a capacidade de fazer o contrário da vontade de Deus. Antes, a Palavra de Deus, como já temos visto, providencia extensas passagens defendendo a justiça de Deus em Seus decretos graciosos, eternos e soberanos. Eu duvido que seja possível encontrar uma só passagem na Palavra de Deus que claramente ensine que os seres humanos criados, pecaminosos, tenham um livre-arbítrio com relação a Deus. Se Pelágio, Erasmus e Kant estão corretos, então alguém deve dizer que Faraó não era moralmente culpado por seu endurecimento, pois ele não tinha o poder para fazer o contrário ao decreto de Deus. Alguém seria forçado a concluir que Deus é um tirano cruel que usa as pessoas como fantoches.
Qualificações de Livre-Arbítrio
Uma palavra de clarificação sobre o significado do termo livre-arbítrio é necessária. Alguém pode usar o termo livre-arbítrio. Se, com Jonathan Edwards, definimos um livre-arbítrio como a vontade que age segundo a sua natureza, então a vontade, neste sentido restrito, pode ser dita ser livre. O pecado corrompe a nossa vontade de forma que, por natureza, não desejamos fazer o que é agradável a Deus. Por causa da nossa relação com Adão, nós livremente desejamos pecar. A vontade caída pode ser dita ser livre num sentido existencial ou experimental. Ninguém visivelmente compele qualquer ser humano a fazer algo que ele não deseje fazer. Afinal de contas, experimentamos a nós mesmos escolhendo diariamente ou momento a momento. Alguém sempre tem uma escolha, mesmo que uma das escolhas seja desagradável [Edwards nota que mesmo um alegadamente livre-arbítrio é limitado pelo que ele não pode escolher ou parar de escolher, a menos que ele cesse de ser uma vontade].
Todavia, no final das contas, a vontade humana deve dizer ser limitada pelas decisões de Deus. Qualquer outra posição é suicida para a fé cristã. Se alguém assumir que os crentes ou incrédulos têm o poder de absoluta escolha contrário com relação aos decretos de Deus, então, todas as linguagens bíblicas descrevendo os decretos de Deus se tornam sem significado e mitológicos.
Segundo, se temos o poder de escolha contrária com relação a Deus, então devemos encontrar algum fundamento da Palavra de Deus para mostrar que Deus tem voluntariamente Se limitado de alguma forma para nos dar esta quase prerrogativa divina. À luz das passagens estudadas (e as vindouras) este fundamento seria extremamente difícil de encontrar.
Terceiro, se temos o poder de escolha contrária, o que a Bíblia quer dizer quando diz que estamos mortos? Esta linguagem também é mitológica? Por que a Bíblia consistentemente usa a morte como a analogia para o nosso estado espiritual fora de Cristo, se Deus realmente quer dizer que estamos somente enfermos ou doentes? Por que a Palavra de Deus jamais nos descreve como “enfermos” ou “doentes”, ou como estando somente uma condição enfraquecida?
[...]

Fonte: Extraído e traduzido de How Did We Come to Faith in Christ?, de R. Scott Clark

O que é ADULTÉRIO ? - Pr E. R. de Oliveira



O adultério é expressamente proibido no sétimo mandamento, “Não adulterarás.” (Ex 20.14 e Dt 5.18)
Mas, o que é mesmo adultério? 
A definição é claríssima:
 “Infidelidade conjugal; amantismo, prevaricação.”
O diabo tem investido alto na grande missão de tornar o adultério algo comum, normal, aceitável por todos. Veja-se, por exemplo, os filmes, programas e em especial as novelas nacionais, o adultério esta sempre presente; transmitindo uma imagem de correto ou de solução para problemas conjugais; a forma que é traçada as cenas, induzem aos telespectadores a aceitar e a torcer pelo casal adultero. É o diabo plantando no subconsciente coletivo a idéia desta prática, é lamentável, mas, tem sido muito bem sucedido em suas investidas.
No meio cristão, o adultério tem encontrado lugar, não é raro surgirem comentários estarrecedores desta prática em igrejas, abalando a boa moral da obra do Senhor.
O que leva o servo do Senhor a cair em tais situações?
A resposta mais acertada seria: “Falta de vigilância!”
O Senhor nos alerta a estarmos vigilantes: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” (Mt 26.41)  O diabo está muito próximo (Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar. 1Pe 5.8), ávido por brechas através da quais acessa o homem e o influencia a agir segundo a carne. O Adultério tem sua principal causa na falta de vigilância, o pecado abre acesso para a ação maligna na vida.
Há inúmeros fatores que facilitam ao cônjuge permitir que pensamentos impuros surjam em suas mentes, quando alimentados produzem o ato.
Enumero algumas:
> Más companhias:
“Felizes são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam com os que zombam de tudo o que é sagrado!” (Sl 1.1 NTLH)
É preciso que saibamos escolher as pessoas que vamos constituir como amigos. Jamais devemos criar laços de amizades com pessoas que reconhecidamente são indignas, e, que vivem segundo os impulsos deste mundo pervertido. Há um provérbio popular que exprime grande sabedoria e realidade, observe:
“Diga-me com quem andas e direi quem és!”
Quem são teus amigos? Companheiros? Confidentes? Conselheiros? Orientadores? Devemos possuir a mente de Cristo e apenas os cheios do Espírito Santo possui a mente de Cristo e estão aptos a serem o nosso próximo, muito próximos. É necessário que haja limites e discernimento no agir.
> Concupiscência dos olhos:
“Mas eu lhes digo: quem olhar para uma mulher e desejar possuí-la já cometeu adultério no seu coração.” (Mt 5.28 NTLH)
O Senhor Jesus falando às multidões faz referência ao adultério e foi taxativo ao afirmar: “Quem olhar uma mulher (homem) com desejo sexual, já adulterou com ela (ele)” este texto se aplica com o mesmo valor às mulheres.
Amados de Deus, se não tens estrutura suficiente para resistir aos desejos que surgem no interior, a melhor solução é evitar freqüentar determinados locais (praias, piscinas, etc). Jesus completa dizendo: “Portanto, se o seu olho direito faz com que você peque, arranque-o e jogue-o fora. Pois é melhor perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ser atirado no inferno.” (Mt 5.29 NTLH). Na realidade o Senhor não quer que você extirpe o olho, mas, que saiba usá-lo, que não seja instrumento de pecado. Se não tens força o suficiente, evite!
> Falta de sabedoria do cônjuge:
“Que os dois não se neguem um ao outro, a não ser que concordem em não ter relações por algum tempo a fim de se dedicar à oração. Mas depois devem voltar a ter relações, a fim de não caírem nas tentações de Satanás por não poderem se dominar.” (1Co 7.5 NTLH)
O sexo é uma prática que deve ser normal no seio do casamento, sua ausência por algum tempo, necessita do consentimento do cônjuge. Infelizmente, a falta de sabedoria tem encontrado lugar em muitas vidas e regras quanto à freqüência das relações sexuais são inventadas e determinadas como lei, a conseqüência é o surgimento de intrigas, que abrem brechas para a ação do maligno; este possui em suas mãos todo um universo de sexo a oferecer. Irmãos queridos ouçam as palavras ungidas do Apóstolo Paulo e deixem que o óleo do  Espírito Santo seja derramado sobre vossas vidas.
A palavra adultério é usada também, figuradamente para exprimir a infidelidade do povo eleito para com Deus.
A pratica do sexo é restrita aos casais casados. Os solteiros que mantém uma vida sexual ativa estão em pecado e são destituídos da glória do Senhor.
O mandamento do Senhor para conosco é que sejamos santos! Firmes!(“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.” Ef 6.13) o suficiente para não sermos abalados por nada que se levante contra a vida, enquanto, passamos por esta terra. Os costumes comuns aos filhos dos homens, jamais deve, encontrar lugar na vida dos filhos de Deus.
“Em todas essas situações temos a vitória completa por meio daquele que nos amou. Pois eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o presente, nem o futuro; nem o mundo lá de cima, nem o mundo lá de baixo. Em todo o Universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor.” Rm 8.37-39