sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Justificação leva a Santificação - Richard Sibbes (1577 - 1635)

             Quão desencaminhados estão aqueles que fazem Cristo ser-nos somente justiça e não santificação, exceto por imputação, já que é uma grande parte de nossa felicidade estar sob um tal Senhor, que não somente nos nasceu, e foi para nós dado, mas tem, da mesma forma, o governo sobre seus ombros (Is 9.6,7, ARA). Ele é nosso Santificador tanto quanto nosso Salvador, nosso Salvador também pelo poder eficaz de seu Espírito sobre o poder do pecado, também pelo mérito da morte dele sobre a culpa disso; conquanto que estas coisas sejam lembradas:
1. O primeiro e principal fundamento de nosso conforto é que Cristo, como sacerdote, ofereceu-se como sacrifício a seu Pai por nós. A alma culpada foge primeiramente para Cristo crucificado, feito maldição por nós. Por isso é que Cristo tem direito de nos governar; por isso é que ele nos dá seu Espírito como nosso guia para nos conduzir ao lar.
2. No curso de nossa vida, após estarmos em um estado de graça, se somos surpreendidos em qualquer pecado, devemos lembrar de recorrer primeiro à misericórdia de Cristo para nos perdoar e, então, à promessa de seu Espírito para nos governar.
3. E, quando nos sentirmos frios na afeição e no dever, a melhor maneira é nos aquecermos nesse fogo de seu amor e misericórdia, ao dar a si mesmo por nós.
4. Outra vez, lembre-se disto, que Cristo nos rege por um espírito de amor, de um sentido de seu amor, pelo qual seus mandamentos nos são fáceis. Ele nos conduz por seu livre Espírito, um Espírito de liberdade. Seus súditos são voluntários. A coação que ele põe sobre eles é a de amor. Ele nos atrai docemente com as cordas de amor. Todavia, lembre-se também que ele nos atrai fortemente por um Espírito de poder, pois não é bastante que tenhamos motivos e encorajamentos para amar e obedecer a Cristo daquele seu amor, pelo qual ele se deu por nós para nos justificar; porém, o Espírito de Cristo precisa, igualmente, submeter nossos corações, e santificá-los para amá-lo, sem o que todos os motivos seriam ineficazes.
Nossa disposição deve ser transformada. Devemos ser novas criaturas. Buscam pelo céu no inferno aqueles que procuram amor espiritual em um coração não mudado. Quando uma criança obedece a seu pai é por motivo da persuasão dele e, igualmente, de uma natureza infantil que corrobora aquela. É natural para um filho de Deus amar Cristo visto ser ele regenerado, não apenas por persuasão da razão para assim amar, mas, igualmente, por um princípio e obra da graça interiores, de onde tais causas têm sua força principal. Primeiro, somos feito participantes da natureza divina, e depois somos facilmente induzidos e guiados pelo Espírito de Cristo às obrigações espirituais.



Fonte: josemarbessa.com