sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A Reforma Protestante - Uma introdução ao contexto histórico e aos Cinco Solas



Ao falarmos da reforma protestante estamos refletindo historicamente sobre um momento importantíssimo para a igreja cristã e para todo desdobramento social, cultural e político do século dezesseis e os anos subsequentes. Verdade é que, se não tivermos a devida compreensão do contexto da reforma, nosso estudo ficará incompleto e deficiente. Quando olhamos panoramicamente sobre tudo que precedeu a reforma teremos em foco a soberania de Deus e sua providência; trazendo seu povo novamente a sua vontade e a fidelidade a sua Palavra. Da mesma forma que Deus levantava nações e reis para julgarem seu povo no antigo Israel, assim o Senhor fez entre o terceiro e o décimo sexto séculos. A reforma não trouxe somente uma restauração doutrinária à igreja, trouxe também uma cosmovisão alargada do reino de Deus, a reforma modificou a sociedade, a política, as artes, a literatura, os relacionamentos familiares, as ciências, a filosofia e a história. 

Observaremos alguns fatores que contribuíram para o desdobramento da reforma protestante no século dezesseis. Na verdade, Deus estava preparando o mundo para a restauração de sua igreja. Partindo do princípio reformado da soberania de Deus, entendemos claramente que Deus escreve a história, e a doutrina da providência é a evidência disso, da encarnação dos decretos do Altíssimo. Dentre muitos fatores que moveram a reforma temos a questão religiosa, a questão política, a questão moral e a filosófica ou cientifica.

A Questão Religiosa

Desde o terceiro século, com Constantino a igreja começou a se meter em um sincretismo desmedido. A idolatria invadiu o culto sagrado, as imagens tomaram lugar nos templos, a pregação fora substituída por discursos vazios e sem vida. A eucaristia foi maculada pelo entendimento errado e chamada de transubstanciação, a infalibilidade papal fora outorgada, a tradição da igreja foi posta em mesmo grau de autoridade da Bíblia Sagrada. Os crentes não participavam da eucaristia, mas, somente os sacerdotes ordenados, que davam ao povo somente a hóstia. O povo não tinha a Bíblia em sua própria língua, mas ouvia os padres lerem em latim. O povo foi privado das grandes verdades do evangelho, que foi substituído por doutrinas de homens caídos. Todo esse contexto trouxe para a igreja degradação espiritual e moral.

A Questão Moral 

Por muitos anos os imperadores escolheram os papas da igreja, mas quando Hildebrando assumiu o papado a coisa mudou e muito, ele foi o maior dos papas, dele veio muitas ideias posteriores à autoridade papal e ao colégio dos clérigos da igreja. A autoridade papal foi exaltada com Hidelbrando.[1] A partir daí a figura do papa tornou-se iconoclasta. A autoridade dos papas agora era maior que a dos imperadores. O papa podia colocar alguém no trono e tirá-lo de lá. Esse, requerido pelos lideres maiores da igreja, que reivindicavam a sucessão de Pedro na liderança da igreja. O resultado foi que tais homens alimentavam sua cede de poder e riquezas, muitos papas eram muito ricos e tinham filhos, tinham concubinas, eram homossexuais. Instaurou-se na igreja uma queda moral sem limites e controle.

A Questão Política

A igreja começou a se esmerar no acumulo de bens, a desenfreada ambição dos papas em juntar riquezas levaram a igreja a se tornar literalmente a grande prostituta do sagrado. Transações políticas, alianças, recebimento de quantias de dinheiro enormes dos poderosos da época que temiam o poder da igreja, até chegarmos nas indulgências. A compra de perdão dos pecados e a diminuição do tempo de parentes no purgatório. A figura de Tetzel foi importante nesse período.[2] 

A Questão Filosófica e Cientifica 

Entre os séculos XIV e XVII ouve a ascensão do renascentismo, que era uma reforma ideológica tanto nas artes, filosofia e ciência. Esse fator também contribuiu poderosamente para a insatisfação do povo contra os dogmas da igreja católica romana, quando irrompe a reforma todos esses fatores listados acima contribuíram e prepararam o espirito da época para o que ocorreria em seu clímax com Lutero.[3]

Os Pré-Reformadores

A igreja sempre teve homens e mulheres que desejavam a reforma espiritual, e lutavam para isso. Alguns nomes que podemos citar é Francisco de Assis, Isabel a católica e mais a frente com John Huss e John Wicliff que traduziu a Bíblia para o inglês, os dois últimos foram mortos por causa da sua pregação contra os abusos da igreja.[4]

O Surgimento do Papado

O termo Papa era comum no mundo antigo segundo o historiador da igreja Justo Gonzales, existem muitos documentos antigos que atribuem o termo Papa (papai) a bispos eminentes na idade das trevas, ao papa Cipriano de Cartago, ou ao papa Atanásio de Alexandria. No mundo antigo existiam cinco grandes patriarcados, estes eram:

               • Jerusalém
               • Antioquia
               • Alexandria
               • Constantinopla
               • Roma

Os patriarcas dessas cidades exerciam poder religioso e político, dentre todas elas Roma se destacava, tanto pelo poder do patriarca e por ser a capital do império. O argumento da igreja Católica Romana para a existência de um bispo universal é baseado na estadia de Pedro em Roma, e a utilização da fala de Jesus dizendo: “Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha igreja...

As Reivindicações da Reforma

Sola Scriptura – Em contra partida ao ensino da igreja Católica Romana, a reforma afirmava que somente a escritura era a autoridade da igreja (Sola Scriptura), que não era o poder do papa ou a tradição da igreja que eram as maiores autoridades, mesmo ao lado da escritura, a reforma afirmava categoricamente Somente a Escritura é a autoridade da igreja, e por ela a igreja é governada.

Ref: II Tm 3.16,17; Gl 1.8; 1 Jo 5.9

Sola Gratia – A reforma afirmava enfaticamente que somente pela graça o homem poderá ser salvo dos seus pecados, somente Deus, graciosamente agindo no homem, retira dele o coração de pedra e lhe dá um coração de carne. A igreja Católica afirmava que a igreja era a doadora da salvação, o grande levante de Lutero em relação às indulgências que João Tetzel estava apregoando, portanto o compromisso reformado era escriturístico, o que a Palavra dizia sobre a salvação. 

Ref: Ef 2.8; Ez 36.26; Jr 31.31-33

Sola Fide – Ao contrário do que o catolicismo professava, a reforma vindicava que somente pela fé o homem será salvo. A Confissão de Westminster expressa bem o pensamento dos reformadores: 

A Graça da fé, por meio da qual os eleitos são habilitados a crer para a salvação da sua alma, é obra que o Espírito de Cristo faz no coração deles, e é ordinariamente operada pelo ministério da Palavra; por esse ministério, bem como pela administração dos sacramentos e pela oração, ela é aumentada e fortalecida. CFW

Ref: Hb 10.39; Rm 1.16,17; Jo 6.54-56

Solus Cristhus – Somente Cristo é o mediador entre Deus e os homens, somente através de seu sacrifício substitutivo e em seus méritos os homens serão salvos, a igreja não é medianeira, os santos não são intercessores isso cabe somente ao cordeiro de Deus.
Declaração de Savoy – Aprouve a Deus, em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu filho unigênito, para ser o mediador entre Deus e o homem, Profeta, Sacerdote e Rei, o Cabeça e Salvador da igreja, o herdeiro de todas as coisas e o juiz do mundo; deu-lhe desde toda a eternidade, um povo para ser sua semente e para, no tempo devido, ser por ele remido, chamado, justificado, santificado, e glorificado.

Cristo é o único cabeça da igreja, Declaração de Savoy:
Não há outra Cabeça da Igreja senão o Senhor Jesus Cristo; nem pode o Papa de Roma, em qualquer sentido, ser a cabeça dela, senão que ele é aquele Anticristo, aquele homem do pecado e filho da perdição que se exalta na Igreja contra Cristo e contra tudo que se chama Deus, e a quem o Senhor aniquilará pelo esplendor de sua vinda.

Ref: Jo 1.29; 1 Pe 1.19-20; 1 Tm 2.5; Ef 5.23

Soli Deo Gloria – Somente a Deus a Glória na igreja e em toda criação, o grande motivo da existência da igreja é  a glória de Deus.

Savoy diz:
Há somente um Deus, vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeição, um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, partes ou paixões, imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, sapientíssimo, santíssimo, totalmente livre, totalmente absoluto, operando todas as coisas segundo o conselho de sua própria imutável e justíssima vontade, para sua própria glória, amantíssimo, gracioso, misericordioso, longânimo, riquíssimo em bondade e verdade, perdoando a iniquidade, a transgressão e o pecado; galardoador daqueles que o buscam diligentemente; e no entanto justíssimo e mui terrível em seus juízos, pois odeia todo pecado, e de modo algum inocenta o culpado.

Ref: Rm 11.33-36


Todos os fatores que acarretaram a reforma protestante estavam nos decretos de Deus, como o mundo foi preparado na plenitude dos tempos para encarnação do verbo, como Deus usou reis de nações ímpias e podemos destacar aqui a Babilônia, como Deus usou Ciro, Senaqueribe e tantos outros para cumprir seus propósitos, assim foi no desembocar da reforma, Deus estave sempre no controle de tudo. 

Ao levantar homens como os reformadores que semelhante aos profetas do antigo testamento, levavam o povo de volta as Escrituras como na história do rei Josias, também lemos algo semelhante no livro Esdras e Neemias, o povo foi trazido de novo à palavra pela palavra e sendo transformados pela palavra. Os efeitos da reforma foram incalculáveis, a graça de Deus era a mensagem central dos reformadores. Por isso devemos refletir nossa postura hoje, em nossa geração.

A igreja em sua grande maioria tem voltado aos pecados de Roma. As indulgências não estão mais nas mãos de Tetzel, estão com mais ênfase nas mãos dos pregadores da prosperidade. As artimanhas de Satanás estão sendo pregadas dos púlpitos de igrejas históricas. O envolvimento de lideres com a maçonaria, com o sincretismo religioso, com as nuanças do inferno. 

A reforma não pode ser esquecida por nós, não podemos desprezá-la, Deus a de requerer isso de nossa geração, nossa teologia não pode somente estar num altar semântico, mas deve ser real, piedosa, confrontadora, verdadeira em sua totalidade. Quem somos nós diante do Deus eterno para manipularmos sua Palavra, haverá um juízo porque há um juiz. Não temos hoje o Papa Leão X que desejava cobiçosamente a construção da Basílica, mas temos pregadores vaidosos, que pregam a teologia reformada, mas seu coração quer a glória, querem ser conhecidos, querem ser elogiados, querem ser alvo de adoração. A arrogância de muitos reformados na atualidade é digna de repúdio, a obra de Deus não depende de homens, depende daquele que fez do nada todas as coisas. 

Deus não precisa de ninguém, nem de nada para realizar sua vontade, Ele fala e acontece. Que as motivações da reforma sejam as nossas, que a glória de Deus e somente dele seja nosso desejo. Deus não nos chamou para levantarmos impérios religiosos, Ele nos chamou por sua graça, para louvor da sua glória. 

Soli Deo Gloria 

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Notas:
[1] História da Igreja Cristã, Nichols – Ed. Cultura Cristã
[2] História da Igreja Cristã, Nichols – Ed. Cultura Cristã
[3] Uma História do Cristianismo, Latourett – Ed. Hagnos
[4] A Era dos Reformadores, Justo gonzales – Ed. Vida Nova

Bibliografia Utilizada: 

Declaração de Savoy
Confissão de Fé de Westminster
História da Igreja Cristã, Nichols – Ed. Cultura Cristã
História Ilustrada do Cristianismo, Justo gonzales – Ed. Vida Nova
Uma História do Cristianismo, Latourett – Ed. Hagnos
Dogmática Reformada, Herman Bavinck – Cultura Cristã
Compêndio de Teologia Apologética – François Turretini
Teologia Sistemática, Augustus Hopkins Strong – Hagnos
Teologia Sistemática, Charles Hodge - Hagnos

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Divulgação: Bereianos

O que a Bíblia diz sobre o Controle de Armas?




O que parece estar subentendido no argumento para o controle de armas é que a disponibilidade de armas causa o crime. Por extensão, a disponibilidade de qualquer coisa que possa ser usada como arma deve ser vista como uma causa de crime. O que a Bíblia diz sobre esse ponto de vista?

É melhor que comecemos do início, ou pelo menos muito perto dele – em Gênesis 4. Neste capítulo, lemos sobre o primeiro assassinato. Caim ofereceu um sacrifício inaceitável e estava perturbado por Deus insistir que ele fizesse a coisa certa. Em outras palavras, Caim estava irritado por não poder fazer a sua própria vontade.

Caim estava mais engajado em matar seu irmão do que em andar corretamente com Deus. Não havia armas disponíveis, embora provavelmente houvessem facas. Mas, se foi uma faca ou uma pedra, a Bíblia não diz. O caso é que, o mal no coração de Caim foi a causa do assassinato, não a disponibilidade de armas mortais.

A resposta de Deus não foi banir as pedras ou as facas, ou o quer que fosse, mas, banir o assassino. Mais tarde (ver Gen. 9:5-6) Deus instituiu a pena capital, mas não disse sequer uma palavra sobre proibir armas.

Cristo Ensinou o Pacifismo?

Muitas pessoas, inclusive Cristãos, assumem que Cristo ensinou o pacifismo. Eles citam em seu favor Mateus 5:38-39. Nesse verso Cristo disse: “Vocês ouviram o que foi dito, ‘Olho por olho e dente por dente.' Porém, eu vos digo, não resistais ao perverso; mas a qualquer que te ferir a face direita, dá também a outra.”

O Sermão do Monte, onde essa passagem se encontra, trata da correta conduta pessoal. Em nossa passagem, Cristo está esclarecendo uma confusão que as pessoas faziam em pensar que a conduta apropriada para o governo civil – isto é, fazer vingança – era também apropriada para um indivíduo.

Até mesmo as palavras que Cristo escolheu indicam que Ele estava aludindo à uma confusão, ou a uma distorção, que era corriqueira. Diversas vezes no restante do Sermão do Monte, Cristo usou: “vocês ouviram dizer isto”, uma figura de discurso para expor o engano e a falsidade ensinada pelos líderes religiosos da época.

Contraste isto ao uso que Cristo faz da frase “está escrito” quando Ele apelava para a autoridade das Escrituras (por exemplo, ver Mateus 4 onde em três ocasiões durante sua tentação pelo Diabo, Cristo respondeu a cada uma das mentiras de Satanás pela Escritura com as palavras: “está escrito”).

Para perceber melhor o fato de que Cristo estava corrigindo os líderes religiosos sobre seu ensino do “olho por olho” aplicado à vingança pessoal, considere que no mesmo sermão, Cristo condena veementemente o falso ensino: “Qualquer que quebrar algum destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus...” (Mt. 5:19). Fica claro, então, que Cristo não estava ensinando nada sobre a auto-defesa diferente daquilo que é ensinado em outras partes da Bíblia. Caso contrário, Ele estaria se contradizendo, pois estaria agora ensinando os homens a quebrar um dos mandamentos.

A referência “olho por olho” foi extraída de Êxodo 21:24-25, que trata de como o magistrado deve agir em relação ao crime. A saber, a punição acompanha o crime. Os líderes religiosos do tempo de Cristo haviam distorcido a passagem que se aplicava ao governo e, de forma errada, a haviam aplicado como um princípio de vingança pessoal.

A Bíblia claramente distingue entre os deveres do magistrado civil (o governo civil) e os deveres de um indivíduo. Ou seja, Deus delegou ao magistrado civil a administração da justiça. Os indivíduos têm a responsabilidade de proteger suas vidas dos agressores. Cristo se referiu a esta distinção na passagem de Mateus 5. Vamos agora examinar alguns detalhes do que as Escrituras dizem sobre as normas para os indivíduos e o governo civil.

Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento ensinam a auto-defesa pessoal, mesmo que isto implique em tomar a vida do agressor, em determinadas circunstâncias.

A auto-defesa no Velho Testamento

Êxodo 22:2-3 nos diz: “Se um ladrão estiver roubando, e, sendo ferido, morrer, quem o feriu não será culpado de seu sangue. Se o sol houver raiado sobre ele, haverá culpa por seu sangue. Ele fará restituição total; se não tiver condições, então, será vendido por seu furto.

Uma conclusão que podemos extrair daqui é que uma ameaça à nossa vida deve ser reprimida com força letal. Depois que “o sol houver raiado” parece referir-se a um julgamento diferente daquele permitido à noite. À noite é mais difícil discernir se o intruso é um ladrão ou um assassino. Além disso, a noite torna mais difícil a tarefa de defender-se e, ao mesmo tempo, evitar matar o ladrão. Durante o dia, seria melhor livrar-se do perigo, caso contrário, a defesa torna-se vingança, e esta é prerrogativa do magistrado.

Em Provérbios 25:26, nós lemos: “O homem justo que cede ao perverso é como uma fonte que foi turvada e poluída.” Certamente, cederíamos ao perverso se escolhêssemos estar desarmados e incapazes de resistir ao assaltante que pudesse ameaçar nossa vida. Em outras palavras, não temos o direito de abrir mão de nossa vida -- que é presente de Deus -- para o perverso. É um erro grave igualar a sociedade civilizada àqueles que se ocupam em assolá-la com maldade, ao invés de serem pessoas decentes.

Confiando em Deus

Outra pergunta que os Cristãos fazem é, “Ter uma arma não significa certa desconfiança sobre se Deus irá cuidar de nós?”

Realmente, Deus irá cuidar de nós. Ele nos disse também que se nós O amássemos, guardaríamos os Seus mandamentos (Jo. 14:15).

Os que confiam que Deus trabalha para que eles vivam, sabem que 1 Timóteo 5:8 nos diz: “Mas se alguém não provê para si próprio, e especialmente para os de sua casa, abandonou a fé e é pior do que um incrédulo.” Não trabalhar, e ainda esperar comer porque está “confiando em Deus” seria simplesmente estar tentando a Deus.

O rei Davi escreveu no Salmo 46:1 que “Deus é nosso refúgio e fortaleza, um grande socorro presente na angústia.” Isto não conflita com a oração ao Deus, “Que treina minhas mãos para a guerra e meus dedos para a batalha.” (Sl. 144:1).

A doutrina da Escritura é que nós nos preparamos e trabalhamos, mas deixamos o resultado com Deus.

Aqueles que confiam em Deus deveriam também fazer a provisão adequada para a sua própria defesa, assim como somos instruídos nas passagens citadas acima. Pois um homem que recuse suprir defesa adequada para si e sua família estará tentando a Deus.

Há um agravante com relação a adotar a posição do “eu não preciso me armar; Deus irá me proteger.”

Em um certo ponto, quando Satanás estava tentando a Jesus no deserto, ele desafiou Jesus a jogar-se de cima do templo. Satanás presumiu que os anjos de Deus poderiam protegê-Lo. Jesus respondeu: “Novamente está escrito, ‘Não tentarás ao Senhor teu Deus'” (Mt. 4:7)

Pode parecer piedoso dizer que confia em Deus para proteção – e todos nós devemos confiar – mas tentamos a Deus se não nos submetemos ao padrão que Ele nos deixou na Bíblia.

O Dever do Governo Civil

A Bíblia registra o primeiro assassinato em Gênesis 4 quando Caim matou seu irmão Abel. A resposta de Deus não foi registrar as rochas ou listar aqueles que possuíam um arado, ou o que quer que Caim tenha usado para matar seu irmão. Ao invés disso, Deus tratou com o criminoso. Desde Noé, a pena para o assassinato tem sido a morte.

Vemos a recusa em se aceitar os princípios que Deus nos deu lá no comecinho de tudo. Hoje vemos crescer a aceitação da idéia de que controlar o arsenal de armas disponíveis aos criminosos irá diminuir o crime, enquanto raramente devemos executar aqueles que são culpados de assassinato.

Em Mateus 15 (e em Marcos 7), Cristo também acusou os lideres religiosos de seu tempo de se oporem à execução daqueles jovens rebeldes que eram merecedores de morte. Eles haviam substituído os mandamentos de Deus com suas próprias tradições. Deus nunca esteve interessado em controlar os meios de violência. O que Ele sempre fez foi punir e, quando possível, restaurar (seja por restituição e excomunhão) o transgressor. O controle de indivíduos deve ser deixado a seu auto-governo. A punição dos indivíduos pelo governo civil deve ser feita quando acontece algo de errado com esse auto-governo.

Em nenhuma parte da Bíblia Deus deixa brecha para tratar dos instrumentos de crime. Ele sempre foca nas conseqüências que um indivíduo terá de arcar para suas ações. O céu e o inferno só dizem respeito às pessoas, não às coisas. A responsabilidade pertence somente às pessoas, não às coisas. Se esse princípio, que está profundamente arraigado na lei comum, permanecesse ainda hoje, os legisladores contra os fabricantes de armas deveriam banir somente os produtos que funcionassem mal.

Auto-Defesa Versus Vingança

Resistir a um ataque não deve ser confundido com fazer vingança, a qual é domínio exclusivo de Deus (Rom. 12:19). Ela tem sido delegada ao magistrado civil, que, como lemos em Romanos 13:4, “...é ministro de Deus para teu bem. Mas se fores mal, teme; pois não é em vão que vem a espada; pois é ministro de Deus, um vingador para castigar o que pratica o mal.

Os meios de vingança pessoal podem tornar alguém um criminoso se agir depois que sua vida não está mais em perigo, ao contrário de quando alguém está se defendendo de um ataque. Esse é o ponto crucial que têm sido confundido por cristãos pacifistas que querem tomar a passagem do Sermão do Monte sobre dar a outra face (o que proíbe a vingança pessoal) como um mandamento para anular-se ante o perverso.

Consideremos também o que nos diz o Sexto Mandamento: “Não matarás.” Nos capítulos seguintes, Deus dá a Moisés algumas situações que requerem a pena capital. Evidentemente, Deus não está dizendo que nunca se deve matar, mas que não devemos tirar a vida de um inocente. Considere também que o magistrado civil é um terror para aqueles que praticam o mal. Essa passagem não está de modo algum significando que o papel da lei obrigatoriamente é prevenir crimes ou proteger os indivíduos dos criminosos. O magistrado é um ministro que serve como “um vingador para castigar o que pratica o mal” (Rom. 13:4).

Este ponto está refletido na doutrina legal dos Estados Unidos. Repetidamente, as cortes mantiveram que o governo civil não tem nenhuma responsabilidade de fornecer segurança individual. Em um caso (Bowers x DeVito) se expressou desta maneira: “Não há nenhum direito constitucional para ser protegido pelo estado contra ser assassinado.”

Auto-Defesa no Novo Testamento

Cristãos pacifistas podem tentar argumentar que Deus mudou Sua mentalidade do tempo em que Ele deu os Mandamentos a Moisés no Monte Sinai. Eles podem, por exemplo, querer que nos convencer de que Cristo cancelou os Dez Mandamentos de Êxodo 20 ou a base para o assassinato justificável de um ladrão em Êxodo 22. Mas o escritor aos Hebreus deixa claro que não é assim, porque “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente” (Heb. 13:8). No Velho Testamento, o profeta Malaquias grava da seguinte maneira as palavras de Deus: “Pois eu sou o Senhor, eu não mudo.” (Mal. 3:6).

Paulo estava se referindo à imutabilidade da Palavra de Deus quando escreveu a Timóteo: “Toda Escritura é dada por inspiração divina, e é útil para o ensino, admoestação, correção, para instrução na justiça, para que o homem de Deus possa ser perfeito, completamente capacitado para toda boa obra” (2 Tim. 3:16-17). Evidentemente, Paulo encarava toda a Escritura, incluindo o Velho Testamento, como útil para instruir os cristãos em cada área da vida.

Devemos considerar também que Cristo disse a seus discípulos em suas últimas horas com eles: “...Mas agora, quem tem uma bolsa, tome-a, e faça o mesmo quem tiver uma espada; e quem não tiver uma espada, venda sua capa e compre uma” (Lc. 22:36). Tenha em mente que a espada era a mais letal arma ofensiva disponível para um soldado individual – seria o equivalente hoje a um rifle militar.

Os pacifistas cristãos provavelmente irão objetar nesse ponto que algumas poucas horas mais tarde, Cristo repreende Pedro por usar uma espada para cortar a orelha de Malco, um servo do sumo sacerdote em companhia de um destacamento de tropas. Vemos ler o que Cristo diz a Pedro em Mateus 26:52-54: Embainha a tua espada, pois todo aquele que usa a espada irá perecer pela espada. Ou você pensa que eu não posso agora orar a Meu Pai, e ele me mandaria mais do que doze legiões de anjos? Como, então, pode ser cumprida as Escrituras dizendo que isto deve acontecer?”.

Na passagem paralela em João 18, Jesus diz a Pedro para guardar sua espada e diz que beberá do copo que Seu Pai lhe tem dado. Não era a primeira vez que Cristo explicava a seus discípulos porquê ele veio à terra. Para cumprir a Escritura, o Filho de Deus teve de morrer pelos pecados do homem, uma vez que o homem era incapaz de pagar por seus próprios pecados, livrando-se do fogo do inferno. Cristo poderia ter salvado sua vida, mas então os crentes perderiam suas vidas eternamente no inferno. Essas coisas tornam-se claras para os discípulos somente depois de Cristo ter morrido e levantado dos mortos, e depois do Espírito ter vindo ao mundo no Pentecostes (ver Jo. 14:26).

Quando Cristo disse a Pedro “ponha sua espada no lugar,” evidentemente ele não disse que a deixasse lá para sempre. Isto contradizeria o que ele havia dito aos discípulos apenas algumas horas antes. A espada de Pedro era para proteger sua própria vida mortal do perigo. Sua espada não era necessária para proteger o Criador do Universo e o Rei dos Reis.

Anos depois do Pentecostes, Paulo escreve em uma carta à Timóteo: “Mas se alguém não provê para si próprio, e especialmente para os de sua casa, ele abandonou a fé e é pior do que um incrédulo” (1 Tim. 5:8). Essa passagem se aplica a nosso assunto porque seria absurdo comprar uma casa, abastecê-la com comida e outras necessidades de uma família, e então recusar-se a instalar fechaduras e a prover os meios de proteger a família e a propriedade. Do mesmo modo, seria absurdo não tirar, se necessário, a vida de um ladrão noturno para proteger os membros da família (Ex. 22:2-3).

Um relato e um conceito até mais amplo é encontrado na parábola do Bom Samaritano. Cristo sintetizou um sumário de todas as leis bíblicas do Velho Testamento em dois grandes mandamentos: “‘Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força, e com todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo'” (Lc. 10:27). Quando perguntaram quem era esse próximo, Cristo contou a parábola do Bom Samaritano (Lc. 10:30-37). Foi o Bom Samaritano que cuidou da vítima de ataque, o samaritano era o “próximo” da vítima. Os que passaram perto e ignoraram a situação da vítima não agiram como “próximos” dele.

À luz de tudo o que vimos a Escritura ensinar sobre este ponto, podemos perguntar: se pudéssemos salvar a vida de alguém das mãos de um agressor por meio de um tiro no agressor com nossa arma deveríamos “dar a outra face”? A Bíblia não fala disto como correto. Fala somente das nossas responsabilidades em face de uma agressão – como criaturas individuais feitas por Deus, como chefes de família, ou diante do nosso próximo.

Bênçãos e Maldições Nacionais

O Antigo Testamento também nos fala bastante sobre o relacionamento positivo entre a retidão, que exalta a nação, e a auto-defesa. Deixando claro que em tempos de rebelião nacional contra o Senhor Deus, as leis da nação irão refletir a degradação espiritual do povo e o resultado é a rejeição da lei de Deus, a soberba dos oficiais, o desarmamento, e opressão.

Por exemplo, o povo de Israel foi oprimido durante o tempo da lei dos juízes. Isto ocorreu em qualquer tempo em que o povo apostatou. Juízes 5:8 nos fala que, “Escolheram-se deuses novos; então, a guerra estava às portas; não se via escudo nem lança entre quarenta mil em Israel.

Considere Israel sob Saul: O primeiro livro de Samuel fala da mudança de rumo de Israel para com Deus. O povo não queria ser governado por Deus; eles queriam ser regidos por um rei como os pagãos, as nações odiadas por Deus em derredor. Samuel advertiu o povo que se eles persistissem em pôr um rei sobre seus ombros e de suas famílias, a decisão recairia sobre eles. Incluindo naquela decisão o levantamento de um exército profissional composto por seus filhos e filhas para as agressivas guerras (1 Sam. 8:11).

Essa decisão não é desconhecida nos Estados Unidos. Tudo aquilo que Samuel advertiu ao povo, Saul realizou. Sua reunião de um exército armado foi repetida nos Estados Unidos, e não só em termos de forças armadas, mas também com os 650.000 oficiais de polícia contínuos para todos os níveis do governo civil.

Saul era o rei que israelitas pediram e tiveram. Ele era bonito aos olhos do mundo, mas um desastre aos olhos do Senhor. Saul não confiou em Deus. Ele se rebelou contra a forma de sacrifício do Senhor. Saul pôs a si mesmo acima de Deus. Ele era impaciente. Ele recusou esperar por Samuel porque o modo de Deus estava sendo um tanto demorado. Saul foi adiante e executou ele mesmo o sacrifício, violando assim os mandamentos de Deus (e, incidentalmente, violando também a separação que Deus ordenou entre os deveres da igreja e do estado!).

Assim Saul perdeu sei reinado. E, foi sobre ele que os Filisteus puderam derrotar os Judeus e escravizá-los. Quão grande foi a escravidão exercida pelo Filisteus: “Ora, não se encontrava nem um ferreiro em toda a terra de Israel: pois os Filisteus disseram, ‘Para que os Hebreus não façam espadas ou lanças.' Mas todos os israelitas tinham de descer aos filisteus para amolar a relha do seu arado, e a sua enxada, e o seu machado, e a sua foice.... Sucedeu que no dia da batalha, não se achou nem espada, nem lança na mão de nenhum do povo que estava com Saul e com Jônatas...” (1 Sam. 13:19-20, 22-23).

Hoje, os mesmos objetivos dos Filisteus seriam realizados por um opressor que banisse as armas da terra. A espada de hoje é a pistola, o rifle, ou a espingarda. O controle de espadas dos Filisteus é hoje o controle de armas daqueles governos civis que não permitem que seus cidadãos tenham armas.

É importante entender que o que aconteceu aos judeus no tempo de Saul não foi inesperado de acordo com as sanções proferidas por Deus em Levítico 26 e Deuteronômio 28. Nos primeiros versos daqueles capítulos, bênçãos são prometidas à nação que seguirem as leis de Deus. Nas últimas partes daqueles capítulos, as maldições são pronunciadas para uma nação que venha a ser julgada por sua rebelião para com Deus. Deuteronômio 28:47-48 nos ajuda a entender a razão para a opressão de Israel pelos Filisteus durante o reinado de Saul:

Porque não serviste ao Senhor, teu Deus, com alegria e bondade de coração, não obstante a abundância de tudo. Assim, com fome, com sede, com nudez e com falta de tudo, servirás aos inimigos que o Senhor enviará contra ti; sobre o teu pescoço porá um jugo de ferro, até que te haja destruído.

A Bíblia fornece exemplo de bênçãos de Deus sobre Israel por sua fidelidade. Essas bênçãos incluem uma forte defesa nacional acoplada à paz. Um claro exemplo ocorreu durante o reino de Josafá. 2 Crônicas 17 fala de como Josafá conduziu Israel à fidelidade a Deus que incluía uma forte defesa nacional. O resultado: “E o temor do Senhor sobre todos os reinos da terra que estavam ao redor de Judá, de modo que não fizeram guerra contra Josafá” (2 Cr. 17:10).

O exército Israelita era um exército de milícia (Num 1:3ff.) que ia para a batalha com cada homem carregando sua própria arma – do tempo de Moisés, passando pelos Juízes, e além. Quando ameaçados pelos Midianitas, por exemplo, “Moisés falou ao povo dizendo, ‘Armai alguns de vós para a guerra, e que saiam contra os midianitas, para fazerem a vingança do Senhor contra eles'” (Num 31:3). Outra vez, demonstra-se a herança bíblica de carregar e portar armas, durante o tempo de Davi no deserto escondendo-se de Saul, “Davi disse a seus homens, ‘Cada homem cinja sua espada.' Então cada homem cingiu a sua espada, e Davi também a sua” (1 Sm. 25:13).

Finalmente, considere Neemias e aqueles que reconstruíram os portões e os muros de Jerusalém. Eles eram tanto construtores quanto defensores, cada homem – casa servo – armou-se com sua espada: Os carregadores, que por si mesmos tomavam as cargas, cada um com uma das mãos fazia a obra e com a outra segurava a arma. Os edificadores, cada um trazia a sua espada à cinta, e assim edificavam” (Ne. 4:17-18).

Conclusão

A sabedoria dos que fizeram a Constituição [Americana] é consistente com as lições da Bíblia. Os instrumentos de defesa devem estar espalhados por toda a nação, não concentrados nas mãos do governo central. Em um bom país, cada homem age corretamente por meio do Espírito Santo que trabalha nele. Não há razão para o governo civil querem o monopólio da força; o governo civil que deseja tal monopólio é um perigo à vida, liberdade, e propriedade de seus cidadãos.

A simples suposição de que pode ser perigoso que as pessoas carreguem armas é usada para justificar o monopólio da força por parte do governo. A noção de que não se pode confiar que as pessoas mantenham suas próprias armas nos mostra que, como o tempo de Salomão, não só para os muito ricos, é também um tempo perigoso para as pessoas simples. Se Cristo não for nosso Rei, nós teremos um ditador a governar sobre nós, justamente como advertiu Samuel.

Para aqueles que pensam que Deus tratou Israel de maneira diferente da que irá nos tratar hoje, por favor considere o que Deus disse ao profeta Malaquias: “Pois eu sou o Senhor, eu não mudo...” (Mal. 3:6).   

***
Autor: Larry Pratt é diretor executivo da Gun Owners of America (com 150.000 membros), foi eleito Oficial na legislatura estadual da Virgínia, e é presbítero na Igreja Presbiteriana na América.
Fonte: Gun Owners of America
Tradução: Márcio Santana Sobrinho
Via: Monergismo

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

OS CINCO SOLAS DA REFORMA PROTESTANTE


INTRODUÇÃO:

Antes da reforma protestante do século XVI, os ensinos, as ações e a postura da igreja Católica Romana, incomodavam os verdadeiros crentes, que procuravam pautar suas vidas nos ensinos das Escrituras Sagradas.
Homens como Jerônimo Savanarola, João Huss e tantos outros foram mortos por defenderem seus ideais de conduta e fé. No cárcere, sentenciado pelo papa para ser queimado vivo, João Huss disse: "Podem matar o ganso (em alemão, sua língua natal, huss é ganso), mas daqui a cem anos, Deus suscitará um cisne que não poderão queimar".

O monge agostiniano Martinho Lutero seguindo o mesmo ideal de lealdade às Escrituras. No dia 31 de outubro de 1517, cento e dois anos após a morte de João Huss, afixa à porta da igreja do castelo de Witenberg, as suas 95 teses, cujo teor resume-se em que Cristo requer o arrependimento e a tristeza pelo pecado e não a penitência.

Com o desenvolvimento dos estudos de Lutero e suas teses surgem os cinco pilares da reforma protestante que são também conhecidos como os cinco solas da reforma, são princípios fundamentais da reforma protestante sintetizando o credo dos teólogos protestantes.

A palavra sola é uma palavra latina que significa "somente", esses pontos surgem com o propósito de se oporem ao pensamento, conduta e ensino da igreja romana da época. Os Cinco Solas são:

1-Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus)
A igreja romana ensinava e exigia uma devoção ao clero e aos homens santos que poderiam interferir diante de Deus para perdão de pecados e obtenção de bênçãos para os homens.
Quando se estava na presença do papa e dos cardeais a reverência deveria ser tamanha, beirando as raias de adoração, onde se demonstraria uma total submissão a estes.
Fundamentado nas Escrituras Ef 2. 1-10; Jo 4.24; Sl 90.2; Tg 1.17 e tantos outros textos, os Reformadores concluem que somente a Deus devemos dar glória.
Não podemos dispensar glórias a homens, pois não passam de míseros pecadores e são como trapos imundos e carecem da misericórdia e da gloria de Deus.

2- Sola Fide (Somente a Fé)
O homem só pode ser salvo mediante a fé (a exclusividade da ação pela fé), sua alma só poderá ser liberta das chamas do inferno e das garras de Satanás mediante a fé em nosso Senhor Jesus Cristo.
Não são penitências, sacrifícios ou compra de indulgências, que livrarão o homem da condenação eterna, mas a salvação é através da fé (Ef 2.8).
Após meditar no texto que diz: "O justo viverá da fé", Martinho Lutero percebeu que a justiça de Deus nessa passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus, pela fé como dádiva.

3-Sola Gratia (Somente a Graça)
A única causa eficiente da salvação é a graça de Deus. Ninguém pode ser salvo por mérito próprio, por obras, sacrifícios penitências ou compra de indulgências. A única causa eficaz da salvação é a graça de Deus sobre o pecador, (Ef 2.8). Pela graça somos salvos mediante a fé, e isso não vem do homem é dom de Deus.
Nenhuma obra por mais justa e santa que possa parecer poderá dar ao homem livre acesso a salvação e ao reino dos céus, ocorrerá isso somente pela graça de Deus.
"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se gloria". Ef 2.8 e 9

4- Sola Christus (Somente Cristo)
Esse "somente" mostra a suficiência e exclusividade de Cristo no processo de salvação. Desde a eternidade Deus promove a aliança da redenção, onde o beneficiário seria o homem e o executor dessa aliança seria seu Filho unigênito "Jesus Cristo, o Messias prometido", portanto somente Cristo é o instrumento de nossa salvação.
O homem nada poderá fazer para sua salvação, pois Jesus Cristo realizou a obra da redenção ao ser sacrificado na cruz do calvário, vertendo o seu sangue como sacrifício por nossos pecados.
 "E não há salvação em nenhum outro: porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dentre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" At 4.12.

5- Sola Scriptura (Somente as Escrituras)
Somente as Escrituras são regra de fé e prática para o crente. As tradições as bulas e os escritos papais mão têm, não podem ser ou mesmo servirem de instrumento de fé e prática para o rebanho de Cristo, somente as Escrituras Sagradas. Elas foram escritas por homens inspirados por Deus, são instrumentos de revelação da vontade de Deus para nossa vida. Ao lê-la somos iluminados pelo Espírito Santo para entendê-la.
Martinho Lutero escreve: "Então, achei-me recém-nascido e no paraíso, toda as Escrituras tinham para mim outro aspecto, perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a justiça de Deus"
Podemos ler em 2Tm 3. 16-17: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra".

CONCLUSÃO:
Concluímos através desse breve estudo que os Cinco Solas, serviram de base para a teologia dos reformadores, foram e são de grande importância para a estruturação de uma teologia fundamentada exclusivamente na palavra de Deus, servindo como instrumento de orientação às igrejas, no retorno para os verdadeiros ensinamentos das Escrituras, livrando o homem do senhorio do clero e voltando para o senhorio de Cristo. (SOLI DEO GLORIA)  Pb. Gilson dos Santos.

FONTE:  Boyer, Orlando. Os Heróis da Fé, CPAD, Rio de Janeiro, 2002.

Os Cinco Solas da Reforma - por Declaração de Cambridge


SOLA SCRIPTURA: A Erosão da Autoridade
Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes tem mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.
Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores, devemos proclamar a Lei como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da igreja.
A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensino, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado.
A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade.
Tese 1: Sola Scriptura
Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.
Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação. 

SOLO CHRISTUS
: A Erosão da Fé Centrada em Cristo 

À medida que a fé evangélica se secularizou, seus interesses se confundiram com os da cultura. O resultado é uma perda de valores absolutos, um individualismo permissivo, a substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram do centro de nossa visão.
Tese 2: Solus Christus
Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.
Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada. 
SOLA GRATIA: A Erosão do Evangelho 
A Confiança desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. Esta falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona. Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais de nossas igrejas.
A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora.
Tese 3: Sola Gratia
Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.
Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada. 

SOLA FIDE: A Erosão do Artigo Primordial 

A justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Este é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É um artigo muitas vezes ignorado, distorcido, ou por vezes até negado por líderes, estudiosos e pastores que professam ser evangélicos. Embora a natureza humana decaída sempre tenha recuado de professar sua necessidade da justiça imputada de Cristo, a modernidade alimenta as chamas desse descontentamento com o Evangelho bíblico. Já permitimos que esse descontentamento dite a natureza de nosso ministério e o conteúdo de nossa pregação.
Muitas pessoas ligadas ao movimento do crescimento da igreja acreditam que um entendimento sociológico daqueles que vêm assistir aos cultos é tão importante para o êxito do evangelho como o é a verdade bíblica proclamada. Como resultado, as convicções teológicas freqüentemente desaparecem, divorciadas do trabalho do ministério. A orientação publicitária de marketing em muitas igrejas leva isso mais adiante, apegando a distinção entre a Palavra bíblica e o mundo, roubando da cruz de Cristo a sua ofensa e reduzindo a fé cristã aos princípios e métodos que oferecem sucesso às empresas seculares.
Embora possam crer na teologia da cruz, esses movimentos a verdade estão esvaziando-a de seu conteúdo. Não existe evangelho a não ser o da substituição de Cristo em nosso lugar, pela qual Deus lhe imputou o nosso pecado e nos imputou a sua justiça. Por ele Ter levado sobre si a punição de nossa culpa, nós agora andamos na sua graça como aqueles que são para sempre perdoados, aceitos e adotados como filhos de Deus. Não há base para nossa aceitação diante de Deus a não ser na obra salvífica de Cristo; a base não é nosso patriotismo, devoção à igreja, ou probidade moral. O evangelho declara o que Deus fez por nós em Cristo. Não é sobre o que nós podemos fazer para alcançar Deus.
Tese 4: Sola Fide
Reafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.
Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima. 
SOLI DEO GLORIA: A Erosão do Culto Centrado em Deus 
Onde quer que, na igreja, se tenha perdido a autoridade da Bíblia, onde Cristo tenha sido colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida, sempre foi por uma mesma razão. Nossos interesses substituíram os de Deus e nós estamos fazendo o trabalho dele a nosso modo. A perda da centralidade de Deus na vida da igreja de hoje é comum e lamentável. É essa perda que nos permite transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a fidelidade em ser bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando muito pouco para nós e têm um peso irrelevante sobre nós.
Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.
Tese 5: Soli Deo Gloria
Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.
Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.



Fonte: Declaração de Cambridge

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O Dever do culto familiar - Por Dr. Joel Beek


Dada a importância do culto familiar como uma potente força para ganhar incontáveis milhões para a verdade do evangelho através das eras, nós não devemos nos surpreender que Deus requer que os cabeças dos lares façam tudo o que puderem para guiar suas famílias em culto ao Deus vivo. Josué 24:14-15 diz, “Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; deitai fora os deuses a que serviram vossos pais dalém do Rio, e no Egito, e servi ao Senhor. Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor”.
Repare três coisas neste texto: Primeiro, Josué não fez da adoração ou culto ao Deus vivo uma opção. No verso 14, ele ordenou Israel a temer o Senhor. No verso 15 ele enfatiza que o Senhor deseja ser adorado e cultuado voluntariamente e deliberadamente em nossas famílias.
Segundo, no verso 15, Josué reforça o culto a Deus em família com seu próprio exemplo. O verso 1 demonstra que ele estava se endereçando aos cabeças dos lares. Verso 15 declara que Josué irá fazer o que ele quer que todo chefe de família em Israel faça: “servir ao Senhor. ” Josué tem tal comando sobre sua família que ele fala em nome de toda sua casa: “Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor”, ele diz. Diversos fatores reforçam esta ousada declaração.
• Quando Josué faz esta declaração ele estava com mais de 100 anos de idade. Ele tem o zelo notável como um ancião.
• Josué sabia que seu controle direto sobre sua casa iria em breve terminar. Deus tinha falado a ele que em breve ele morreria. Mesmo assim Josué está seguro que sua influência irá continuar sobre sua família e que eles não irão abandonar a adoração após sua morte.
• Josué sabe que ainda havia muita idolatria em Israel. Ele tinha acabado de dizer ao povo para afastar os falsos deuses (v. 14). Ele sabia que sua família iria nadar contra a correnteza em continuar servindo ao Senhor – mesmo assim ele enfaticamente declara que sua família irá proceder assim de qualquer maneira.
• Os registros históricos mostram que a influência de Josué foi tão penetrante que grande parte da nação seguiu seu exemplo por pelo menos uma geração. Josué 24:31 diz, “Serviu, pois, Israel ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que sobreviveram a Josué e que sabiam toda a obra que o Senhor tinha feito a favor de Israel. ” Que encorajamento aos pais tementes a Deus em saber que o culto que eles manterão em seus lares pode durar gerações após eles!
Terceiro, a palavra servir no verso 15 é uma palavra abrangente. Ela é traduzida como adoração (culto) muitas vezes nas Escrituras. A palavra original não inclui apenas servir a Deus em todas as esferas de nossas vidas, mas também em atos especiais de culto. Aqueles que interpretam as palavras de Josué de um modo vago, ambíguo, perdem de vista este ensinamento essencial. Josué tem muitas coisas em mente, incluindo a obediência a todas as leis cerimoniais envolvendo o sacrifício de animais que aponta para o Messias que viria cujo sacrifício de sangue seria efetivo para pecadores uma vez por todas.
Certamente todo marido temente a Deus e pastor deve dizer como Josué: “Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor. Nós buscaremos a Deus, cultuaremos a Ele e oraremos a Ele como família. Nós leremos Sua Palavra, repleta de instruções e reforçar seus ensinamentos em nossa família.”. Todo pai representante deve perceber, como Kelly diz, “O princípio representativo inerente na aliança de Deus lidando como nossa raça indica que o cabeça de cada família deve representar sua família perante Deus em divina adoração e que a atmosfera espiritual e o bem-estar pessoal dessa família será afetada em grande medida pela fidelidade – ou fracasso – do cabeça da família nesta área.”

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Que diremos, pois, diante dessas coisas? .




"Que diremos, pois, diante dessas coisas?" - Rm 8:31a

Essa frase foi proferida pelo apóstolo Paulo enquanto escrevia a epístola à igreja que estava em Roma. Uma frase de espanto, admiração e temor diante de Deus pela obra maravilhosa da Salvação, a qual foi planejada na eternidade, antes da criação dos céus e da terra.

A verdade que deixou Paulo maravilhado, em nossos dias é um tanto negligenciada, pois era para ele, e deve ser para nós também, motivo de regozijo!

Mas que verdade é essa? Que “coisas” são estas?

Nos versículos 29 e 30 nos é apresentado de forma sucinta a maravilhosa obra da salvação. De acordo com as Escrituras o próprio Deus já nos conhecia, não uma simples “previsão do futuro”, não uma “presciência morta” de simples observação, mas sim um relacionamento com aqueles a quem Ele havia de escolher, e de fato escolheu. E a esses (a quem escolheu) Deus predestinou a ser conforme a Imagem do Filho! “... o Senhor Jesus Cristo, Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso...” (Cf. Fp 3.20-21). Sim, Deus nos predestinou para a Salvação em Jesus Cristo!

De modo que a obra fosse completa e pudéssemos ter um relacionamento íntimo com ele, livres da culpa e do castigo pelo pecado, a esses que Ele “predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou.” 

Paulo não levantou objeções quanto aos eternos decretos Deus, não acusou de injustiça o Justo Deus por haver predestinado seus escolhidos, e muito menos por haver escolhido para salvação a quem lhe aprouve! Ao contrário, teve uma postura humilde diante de Deus, e o glorificou dizendo: “QUE DIREMOS, POIS, DIANTE DESSAS COISAS?”.

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Autor: Eduardo Aragão Romero Sanches
Divulgação: Bereianos
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