terça-feira, 31 de maio de 2011

O Grande Engano – John MacArthur

Mateus 7.21 diz que só "aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus", entrará no reino. Se você não vive uma vida de retidão genuína, não importa o que diga. Você está enganado. Os dois parágrafos finais desse grande sermão, versículos 21-23 e 24-27 apresentam um contraste entre a resposta errada e a resposta certa ao convite de Jesus, e mostram que a escolha que fazemos determina nosso destino eterno.

Lembre-se de que aqui Jesus não falava a pessoas descrentes, mas a pessoas que eram obcecadas pela atividade religiosa. Não eram apóstatas, hereges, ateístas ou agnósticas. Porém, estavam condenadas porque estavam se iludindo a si mesmas e no caminho errado. Seu engano poderia ser resultado de terem estudado sob a orientação de um falso profeta, ou poderiam ter aprendido a verdade, mas continuavam iludindo-se.

Essa é uma questão importante, pois estou convencido de que a igreja visível de nossos dias está literalmente superlotada de pessoas que não são cristãs, mas não sabem disso. Quando ouço estatísticas tais como 2 bilhões de pessoas no mundo são cristãs, e 2 bilhões não o são, imagino quem estabeleceu o cri¬tério para ser cristão. A Bíblia diz que muitos entram pelo caminho largo, mas poucos acertam o caminho estreito para Cristo. Muitas pesquisas de opinião noticiam que quase a metade da população americana alega ser cristã convertida, mas isso não concorda com as Escrituras.

Isso é mais uma indicação do grande número de pessoas que vive sob a ilusão de que, em razão do fato de terem bons sentimentos a respeito de Deus e de Jesus, e de terem assinalado uma linha num recenseamento ou num levantamento de opinião, são realmente cristãs convertidas. Esse é o engano principal. Você pode ser enganado sobre muitas coisas, mas ser enganado sobre se é ou não cristão afeta o seu destino eterno. Temos multidões iludidas que seguem alegres no cortejo de Jesus e pensam que está tudo maravilhoso. Para estas, o julgamento será uma grande surpresa.

FALSA SEGURANÇA

Muitas pessoas que não estão salvas realmente pensam que estão, e ficarão chocadas quando perceberem isso tarde demais. Muitas vezes, são levadas a terem essa certeza porque têm uma falsa doutrina de segurança. Alguém lhes afirmou que, desde que tenham convidado Jesus para entrar no seu coração e recitado uma oração ou realizado uma pequena cerimônia, elas seguramente fazem parte do reino.

Não podemos assumir uma resposta inicial positiva ao evangelho como uma absoluta garantia de que essa pessoa está salva, nem deveríamos ser tão rápidos em descartar as incertezas pessoais ou desencorajar o exame individual. Apenas o Espírito Santo confere certeza genuína: "O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Rm 8.16). Não usurpe o papel dele na vida de qualquer pessoa. Não permita que uma falsa segurança invalide a obra de convencimento que ele faz.

As pessoas podem ser enganadas a respeito de sua salvação se falharem em seu exame pessoal. Elas entram em certo tipo de disposição de espírito que lhes confirma que tudo é graça e perdão, de modo que, na realidade, nunca se preocupam com seu pecado. Elas ouvem dizer: "Não é necessário confessar os seus pecados, eles já estão perdoados! Não se impressione com isso. Viva a sua vida!". E um tipo de antinomianismo, uma atitude daquele que é contra ou indiferente à lei de Deus.

O Senhor coloca-nos repetidas vezes diante de sua mesa de comunhão para que cada cristão professo examine-se a si mesmo. Em 2 Coríntios 13.5 diz: "Examinai-vos vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados". Você precisa olhar para o seu pecado e para suas motivações para fazer o que faz. Creia-me, se está genuinamente salvo, Deus o confirmará pelo seu Espírito testemunhando com o seu espírito. Levantar a mão ou ir à frente não tem nada a ver com isso

Desconfie Sua Própria Espiritualidade – John MacArthur

Não subestime a seriedade do pecado. Certamente esta é a razão primária por que a maioria das pessoas tolera o pecado em suas vidas. Se vissem o pecado como Deus o vê, não poderiam continuar indiferentes nos caminhos do pecado conhecido. O pecado viola a santidade de Deus, traz sua disciplina, destrói nossa alegria e causa a morte. Se realmente entendêssemos, como disse Jeremiah Burrroughs, que o menor pecado contém mais mal do que todos os tormentos do inferno, não poderíamos permanecer despreocupados com a mortificação dos nossos pecados. Deus nos deu a lei exatamente para que a extrema pecaminosidade do pecado seja evidente (Rm7.13).


Proponha-se, no seu coração, não pecar. Faça um voto solene de se opor a todo pecado em sua vida. O salmista disse que: "Jurei e confirmei o juramento de guardar os teus retos juízos" (SI 119.106). A menos que você tenha esse tipo de determinação em sua vida, você facilmente se achará embaraçado pelo pecado. De fato, esse é aquele tipo de afirmação audaz e de coração zeloso que é a raiz de toda uma vida santa. Até que você faça esse tipo de compromisso com o Senhor, você batalhará pelas mesmas coisas, repetidas vezes — e será derrotado.

O mesmo Salmo contém este maravilhoso verso: "Percorrerei o caminho dos teus mandamentos, quando me alegrares o coração" (v. 32). O coração dos corredores de longa distância é geralmente maior do que a média. As muitas milhas correndo em treinamento realmente condicionam o coração para capacitá-lo a bombear sangue mais eficientemente durante os longos períodos de exercício. Davi dizia que Deus o equiparia espiritualmente com um coração que o habilitaria a correr a corrida a que havia se comprometido. Em outras palavras, Deus honrará seu compromisso de se livrar do pecado.

Desconfie da sua própria espiritualidade. Paulo disse: "Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia" (ICo 10.12). "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" (Jr 17.9). A sutileza sedutora do nosso próprio coração algumas vezes nos enganará nos momentos das nossas maiores vitórias espirituais. Todos nós podemos ser enganados facilmente; se não fosse pela graça de Deus, cairíamos em todo e qualquer pecado. Aprenda a procurar a graça e nunca confie na sua própria carne (Fp 3.3).

Resista ao primeiro sinal de desejo maligno. "A cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte" (Tg 1.5). O tempo de parar de pecar é quando da concepção do pecado e não depois de ele já ter nascido e conquistado vida própria. Na primeira sugestão de concupiscência, extermine o pensamento antes que ele incube e comece a produzir seu próprio fruto diabólico
Medite na Palavra. "A boca do justo profere sabedoria, e a sua língua fala o que é justo. No coração, tem ele a lei do Seu Deus; os seus passos não vacilarão'"' (SI 37.30, 31; ênfase acrescentada). Quando o coração é controlado pela Palavra de Deus, os passos são certos e firmes. A Palavra de Deus enche a mente e controla o pensamento, e isso fortalece a alma contra a tentação. A Bíblia age como um poderoso freio no coração entregue à sua própria verdade.


Arrependa-se imediatamente dos seus erros. Quando Pedro cometeu seu grande pecado, negando a Cristo por três vezes as Escrituras dizem: "... E saindo dali, chorou amargamente" (Mt 26.75). Nós nos arrepiamos diante desse pecado dele, mas devemos admirá-lo por seu remorso imediato. O pecado não confessado contamina e caleja a consciência. "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (Uo 1.9). E quando confessar o seu pecado, chame-o pelo nome. Deixe o seu ouvido ouvir o nome específico do pecado do qual você está arrependido. Essa é uma maneira de desenvolver um alto grau de responsabilidade final diante de Deus, e de abster-se de cair nos mesmos pecados repetidas vezes. Se você negar-se a nomear seu pecado, pode ser que secretamente queira cometê-lo de novo.

Vigie e ore continuamente. Depois de relacionar toda a armadura de Deus em Efésios 6, Paulo escreve: "Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos" (Ef 6.18). Ele disse aos crentes em Colossos: "Perseverai na oração, vigiando com ações de graças" (Cl 4.2). O próprio Jesus disse: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca" (Mt 26.41).

Essa é uma importante razão pela qual a igreja foi instituída. Devemos nos manter responsáveis uns pelos outros, e carinhosamente buscar aqueles que pecam (Mt 18.15-17), amar e servir um ao outro. Todas essas obras nos ajudam, como indivíduos, a mortificar nosso pecado

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Jesus no Meio dos Candeeiros (Apocalipse 1:9-20) - por Dennis Allan

            Quem é Jesus? Como devemos vê-lo? Muitas pessoas imaginam Jesus como um nenê indefeso numa manjedoura em Belém. Outras pensam na imagem de um moribundo sofrendo terrivelmente na cruz do Calvário, evidentemente derrotado pelas forças do mal. Certamente, Jesus nasceu. Sem qualquer dúvida, ele morreu numa cruz. Mas aquelas cenas representam episódios temporários, embora importantíssimos, e não o estado permanente do Cristo vitorioso. Que consolo daria aos cristãos perseguidos pensar numa criança pequena e fraca? Que conforto achariam na imagem de um líder morto?

A mensagem do Apocalipse deriva seu poder da pessoa que a revelou. O Cristo que cuida dos servos e garante a vitória sobre os perseguidores não é fraco, nem derrotado. Ele possui toda autoridade e fala com poder absoluto. Os cristãos da Ásia naquela época – como nós nos dias atuais – precisavam do consolo de um Senhor Todo-Poderoso. Acharam este conforto nas palavras de Jesus, o forte e vitorioso Rei dos reis.


João, na Ilha de Patmos, Ouviu uma Grande Voz (1:9-11)

1:9 – "Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus."

João, irmão e companheiro na tribulação: Ao invés de destacar a sua posição de autoridade ou o seu privilégio de comunhão íntima com Jesus, o autor deste livro procura se identificar com os seus leitores e ouvintes. Ele se descreve como irmão deles, e companheiro no sofrimento que os fiéis sofriam. Nesta descrição, João frisa os mesmos fatos essenciais para a vitória dos ouvintes: passariam por tribulação como súditos do reino de Cristo, e venceriam com sua perseverança e confiança no Senhor Jesus.

Quando João se diz companheiro na tribulação, ele refere-se à sua própria circunstância. Ele se achou na ilha de Patmos, por causa da palavra de Deus. João não explica o sentido dessas palavras. Tradicionalmente, entende-se que João fosse banido à ilha de Patmos por causa da sua fé. No fim do terceiro século, Victorinus disse que João escreveu o Apocalipse em Patmos, para onde foi banido por Domiciano, imperador romano de 81 a 96 d.C. A questão da data do livro será considerada em outras lições. O local citado, Patmos, é uma pequena ilha no mar Egeu (perto de Éfeso), para onde os romanos exilavam alguns condenados.
1:10 – "Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz,como de trombeta,"

Mais importânte do que a sua circunstância física, João descreve a sua situação espiritual: Achei-me em espírito. As visões que ele revela não foram vistas com olhos humanos, e não eram meramente imaginações do próprio homem. Ele as reconhece como revelações vindas de Deus a um servo que se dedicou ao Senhor durante as longas décadas de sua vida.

No dia do Senhor: Esta expressão se refere, em várias outras passagens, aos dias em que Deus visitava o homem para castigar os malfeitores. Mas, o sentido mais provável aqui é o dia especialmente dedicado ao Senhor no louvor dos santos, no Novo Testamento. Já sabemos que o primeiro dia da semana, o dia que ganhou seu significado especial com a ressurreição de Jesus, se tornou o dia principal de adoração. Neste dia, os cristãos primitivos se reuniam para participar da Ceia do Senhor (Atos 20:7), e aproveitavam o mesmo dia para outros trabalhos importantes, como a coleta para ajudar os irmãos necessitados (1 Coríntios 16:2).

E ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta: João ainda não identifica a pessoa que falou, mas deixa bem claro que a voz foi forte e impressionante. Lembramo-nos especialmente

da aparição de Deus no monte Sinai (Êxodo 19:16-19; veja Apocalipse 4:5).

1:11 – "dizendo: O que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes,Filadélfia e Laodicéia."

O propósito da grande voz aqui foi ordenar a João o que fazer a respeito das coisas que ele veria (11). Ele deveria: Œescrever em livro e  mandar às sete igrejas (Éfeso, Esmirna, Pérgamo,

Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia).

Jesus no Meio dos Candeeiros (1:12-16)

1:12 – "Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro"

Vi sete candeeiros de ouro: Antes de enxergar a pessoa que falava com ele, João viu sete candeeiros (ou candelabros) de ouro. No Velho Testamento, eles mantinham aceso no tabernáculo o candelabro de ouro com sete lâmpadas, que servia para iluminação (Números 8:1-4; Êxodo 27:20; 35:14; 39:37; Levítico 24:2,4; 2 Crônicas 13:11; Hebreus 9:2). Na visão de Zacarias 4, encontramos um candelabro de sete lâmpadas. O texto mostra que o poder vem do Espírito de Deus por meio dos servos ungidos (Zacarias 4:6,14), e que os olhos de Deus percorrem a terra (Zacarias 4:10). Na visão de João, Jesus identifica os sete candeeiros, no versículo 20, como as sete igrejas.

1:13 – "e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro."
E, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem: A posição de Jesus no meio dos candeeiros sugere a sua comunhão íntima com o seu povo. Jesus anda no meio das igrejas, realmente fazendo seu tabernáculo entre os seus servos. Filho de homem, ou filho do homem, é uma expressão usada freqüentemente nas Escrituras para identificar os homens, simples seres humanos (Jó 25:6; 35:8; Salmo 144:3; Isaías 51:12; etc.). Tomou um significado especial no livro de Ezequiel, no qual Deus, repetidamente, usou esta expressão para identificar o profeta Ezequiel (veja 2:1-8; 4:16; etc. – a expressão aparece mais de 90 vezes só em Ezequiel). Daniel foi chamado de “filho do homem” (Daniel 8:17), mas ele viu numa visão “um como o Filho do Homem” que veio do céu, chegou ao Ancião de Dias, e recebeu o reino e o domínio eterno (Daniel 7:13-14). Assim, percebemos que, até o final do Antigo Testamento, a expressão ganhou dois outros sentidos mais específicos: identificou homens chamados para um papel especial de revelar a palavra de Deus e, mais ainda, identificou o eterno rei sobre o reino de Deus. Jesus tomou para si esta descrição, com toda a autoridade inerente nela: Mateus 8:20; 9:6; 10:23; 11:19; 12:8,32,40; etc. Todos os quatro relatos do evangelho empregam esta expressão com bastante freqüência para identificar Jesus. O evangelho de João, que nos interessa especialmente por ser do mesmo autor do Apocalipse, usa o termo para destacar as qualidades essenciais de Jesus Cristo: Ele veio do céu e voltaria para lá (3:13; 6:62); é o acesso ao céu (1:51); ele seria levantado para salvar (3:14); tem toda a autoridade (5:27); ele dá vida eterna (6:27,53); ele, sendo divino, se sacrificaria conforme a vontade do Pai (8:28); a morte dele serviria para a glória dele mesmo, e do Pai (12:23-24; 13:31). Lucas atualiza as nossas informações sobre o Filho do Homem quando diz que Estêvão o viu no céu, à destra do Pai (Atos 7:56). Quando João viu “um semelhante a filho de homem”, ele viu uma imagem até humana, mas com todas as características do poderoso Rei eterno e Salvador do mundo.

Vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro: vestes que desciam até os calcanhares e uma cinta de ouro. Algumas pessoas acham nisso uma referência ao sacerdócio – veja Êxodo 28:39-40; Levítico 8:7 e comentários extrabíblicos (Josefo e Edersheim). Pelo menos, dá a idéia de um ofício de autoridade e poder.

1:14 – "A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo;"

A sua cabeça e cabelos eram brancos: Possíveis significados incluem a idade (Isaías 46:4), eternidade, neste caso (Daniel 7:9), a pureza (Salmo 51:7; Isaías 1:18), a sabedoria e a honra (Levítico 19:32; Provérbios 16:31; 20:29). Obviamente, Jesus possui todas essas características.

Olhos como chama de fogo: Os olhos de Deus estão em todo lugar (Provérbios 15:3; Jeremias 32:19). São atentos aos seus servos (Salmo 33:18; 34:15), mas também vigiam as nações (Salmo 66:7). Os olhos do justo rei dissipam o mal (Provérbios 20:8). Todos estes temas se tornam fundamentais no Apocalipse. Este elemento específico, como algumas outras características desta visão do filho de homem, vem de Daniel 10:6. Os olhos de fogo penetram, vendo tudo que o homem faz, e julgam, castigando os ímpios e protegendo os fiéis.

1:15 – "os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas."
Os pés, semelhantes ao bronze polido: Lembramo-nos dos pés dos seres viventes servindo a Deus na visão de Ezequiel (Ezequiel1:7) e do homem vestido de linho na visão de Daniel (Daniel 10:6). Freqüentemente, os profetas apresentam imagens de Deus ou de seus servos calcando aos pés os seus adversários (Isaías 41:2; Habacuque 3:12), e pés metálicos sugerem a força para esmagar os inimigos (Miquéias 4:13; Daniel 2:33,40-42; veja Romanos 16:20).

Voz de muitas águas: Mais uma vez, voltamos à visão de Daniel (10:6). Veja, também, os comentários acima sobre a grande voz do versículo 10. Jesus fala com a voz de poder e autoridade.

1:16 – "Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força."
Tinha na mão direita sete estrelas: identificadas, no versículo 20, como os anjos das sete igrejas, os mesmos que recebem as cartas nos capítulos 2 e 3. Quando pensamos na distância imensa entre as estrelas no céu, esta imagem sugere a enormidade de Jesus. Segurar as sete estrelas das igrejas na sua mão mostra seu poder para fazer com as igrejas como ele, na sua justiça, decidir.

Da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes: Certamente representa a palavra de Deus (Hebreus 4:12-13), destacando seu poder para julgar, castigar e destruir (19:15; Salmo 149:6-9; Isaías 11:4; Provérbios 5:4).
O seu rosto brilhava como o sol na sua força: Nada surpreendente aqui! Jesus como a luz do mundo é um dos temas espalhados pelo evangelho de João (1:4-9; 3:19-21; 8:12; 9:5; 12:35-36,46). Três dos apóstolos viram a glória resplandecente de Jesus no monte da transfiguração (Mateus 17:2), e Saulo de Tarso viu esta mesma glória numa luz “mais resplandecente que o sol” (Atos 26:13).


Jesus Orienta João sobre a sua Mensagem (1:17-20)
Depois de olhar para a impressionante figura de Jesus, João reagiu como outros que tiveram encontros com Deus no passado. Ele caiu como morto, não sabendo o que esperar do Filho de Deus. As orientações dadas por Jesus explicam o motivo de escrever o livro do Apocalipse.

1:17 – "Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último"

Quando o vi, caí a seus pés como morto: Apesar de João ser um dos companheiros mais íntimos de Jesus durante o seu ministério terrestre, ele mostrou reverência absoluta para com o Cristo. Ele reage com respeito e temor diante de Jesus. Ele acabou de ver Jesus pronto para julgar, e caiu como morto. Compare a reação de Isaías a uma visão semelhante (Isaías 6:5). Como nós todos devemos reagir a Cristo? Não devemos nos prostrar diante dele com respeito absoluto?

Porém, ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas: Jesus não veio para condenar João, seu mensageiro escolhido. A mão estendida oferece conforto, e as palavras trazem alívio.

Eu sou o primeiro e o último: Jesus afirma a sua eternidade e divindade com a mesma força de expressão usada no versículo 8 (veja 2:8; 22:13). É uma afirmação de divindade usada por Isaías (41:4; 44:6-8; 48:12). A aplicação deste termo a Jesus é uma das muitas provas de sua divindade. Qualquer pessoa ou doutrina que negue que Jesus é Deus necessariamente o trata como um mentiroso, pois ele mesmo alegou ser divino.

1:18 – "e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno."

E aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos: Jesus vive eternamente, mas é o mesmo que esteve morto. A morte, sepultamento e ressurreição de Jesus são fatos fundamentais do evangelho (1 Coríntios 15:3-4). Ele morreu pelos nossos pecados, e vive para nos governar e ajudar. “Estive morto”, ele diz. A morte não segurou Jesus (Atos 2:24-32). Este fato é de grande importância ao cristão. Paulo argumenta que, se Jesus nos salvou dos pecados do passado pela sua morte, ele é capaz de fazer muito mais para nos preservar pela sua vida (Romanos 5:8-11). Que mensagem necessária para discípulos perseguidos. Jesus morreu, mas ele vive! Nós podemos morrer, até pela fé em Cristo, mas viveremos!

E tenho as chaves da morte e do inferno: Jesus não apenas “escapou” do sepulcro, ele venceu a morte e o inferno. Ele tem as chaves na mão. Ele não permitirá que seus servos sejam presos eternamente na morte. É uma mensagem de conforto e confiança para os fiéis (Hebreus 2:14-18; Colossenses 2:15; 1 João 3:8).

1:19 – "Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas."

Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas: O papel de João é de transmitir uma mensagem (1:1-2,11). Jesus falou para ele começar no início da revelação (as coisas que viste), continuar através da cena daquele momento (as que são) até as outras visões que seguiriam no livro (as que hão de acontecer). João fez exatamente isso, até descrevendo a responsabilidade que Jesus lhe deu naquele momento.

1:20 – "Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas."

O mistério das sete estrelas: Era um mistério, mas agora se tornou manifesto. Não podemos errar esta interpretação, porque Jesus claramente fala que as sete estrelas representam os anjos das sete igrejas. Alguns interpretam como “bispos” ou “pastores” das igrejas, mas o texto não apóia tal explicação. A palavra “anjo” quer dizer mensageiro, e pode se referir a mensageiros do céu (Mateus 24:36) ou a homens que servem como mensageiros (Lucas 7:24). O papel destes anjos era, obviamente, de transmitir a mensagem de Jesus às respectivas igrejas. A fonte da mensagem (Jesus) e o seu conteúdo (as cartas e o livro todo) são muito mais importantes do que os mensageiros usados para transmitir a revelação divina.

Os sete candeeiros: Os candeeiros, que devem transmitir a luz da presença de Deus, são as sete igrejas. A igreja, composta por santos, deve transmitir a luz de Deus no mundo (Mateus 5:14-16).

Conclusão

Que visão poderosa! Jesus, depois de sua grande vitória sobre a morte, volta numa revelação especial para confortar João e os cristãos de sua época. Mas, a mesma mensagem que consola os perseguidos na igreja primitiva serve para nos confortar, também. O mesmo Jesus continua brilhando como o sol, pronto para julgar os ímpios e calcar aos pés os rebeldes, enquanto garante aos fiéis a vitória sobre a morte.

-por Dennis Allan

SUJEITAR-SE A DEUS – Por Pastor Miranda

"Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti

ao diabo, e ele fugirá de vós". Tiago 4.7.7

Este texto é muito usado para ensinar que temos que resistir ao diabo para ele fugir de nós. No intuito de serem mais enfáticos dizem que devemos tomar a espada do Espírito (Efésios 6.17) como arma de ataque ao diabo. Isto estimula a confiarmos a capacidade para a luta em nossas próprias forças, mas isto também não passa de uma tentação. O texto acima nos ensina qual deve ser o nosso procedimento quando somos tentados pelo diabo: "Sujeita-vos, pois, a Deus". Lembremo-nos: O grande erro dos nossos primeiros pais “Adão e Eva”, foi que eles não se sujeitaram a Deus, e não tiveram forças para resistir ao Diabo.

Não é resistir ao diabo, mas sujeitarmos a Deus. A própria sujeição a Deus já é resistência ao diabo.

O testemunho claro desse ensino está na Pessoa de Jesus. Quando Ele foi levado ao deserto para ser tentado pelo diabo, em todas as ocasiões Ele se sujeitou a Deus primeiro, e com a sujeição veio automaticamente a resistência àquela tentação: "E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão. E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus. E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se tu me adorares, tudo será teu. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás. Levou-o também a Jerusalém, e pô-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Mandará aos seus anjos, acerca de ti, que te guardem, e que te sustenham nas mãos, Para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Dito está: Não tentarás ao Senhor teu Deus. E, acabando o diabo toda a tentação, ausentou-se dele por algum tempo" Lucas 4.3-13.

Toda tentação é humana; toda ela é para o nível da carne e da alma do homem: "Não veio sobre vós tentação, senão humana..." I Coríntios 10.13. O diabo, nosso adversário, cogita nas suas tentações das coisas que são dos homens, e não das que são de Deus: "Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens" Mt 16.23.

A tentação é uma proposta para o nosso EU, para a nossa carne e para a nossa alma. Como então resistir às tentações? Sujeitando-nos a Deus: "Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo" I Ped 5.6-9.

Se quisermos resistir ao diabo ele jamais fugirá de nós. Ele estará sempre disposto a nos persuadir novamente com as suas tentações. Mas se nos sujeitarmos a Deus, ele fugirá de nós até achar novamente ocasião oportuna.

Se a mulher no Éden tivesse se sujeitado a Deus e não tentado convencer o diabo, ele teria fugido dela e esperado uma outra oportunidade: "E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela" Gênesis 3.2-6.

É fato que enquanto estivermos neste corpo mortal, neste mundo que jaz no maligno, seremos tentados. Todo momento em que estamos em fraqueza, em necessidades, em aflições e em tribulações são oportunas para o diabo, mas em todas elas temos a promessa do nosso Pai para nos sujeitarmos; temos o Senhor Jesus em nós para nos fortalecer: "No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo" Efésios 6.10-11.

O Senhor Jesus em nós é o nosso socorro bem presente. Ele em tudo foi tentado a nossa semelhança e agora pode nos socorrer com a Sua fé: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" Gálatas 2.20.

Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós: "...porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo" I João 4.4.

Sujeitai-vos Uns aos Outros - por Carl Ballard

           A vida do cristão é uma vida de serviço a Deus e aos outros. Se nós verdadeiramente vivemos para servir, teremos que nos submeter uns aos outros no amor e "no temor de Cristo" (5:21).

Marido e mulher (5:22-33). As mulheres são instruídas a se submeterem aos seus maridos em tudo, como também se sujeitam ao Senhor (5:22-24). Deus tem dado ao homem o papel de "cabeça" da mulher, da mesma maneira que ele deu para Cristo o papel de "cabeça" da igreja (5:23). Do mesmo modo que a igreja de Deus se submete à autoridade de Jesus em todas as coisas, a mulher deve se sujeitar à autoridade do marido.

Porém, isso não quer dizer que o homem pode usar sua autoridade segundo seu próprio capricho. O homem, também, precisa se submeter à esposa, no sentido que ele deve a conduzir com o mesmo amor que Cristo demonstra quando guia a igreja, pela qual ele deu a própria vida (5:25). Cristo, o qual está acima de todos os homens, se submeteu "em amor" até ao ponto de morrer, para santificar e purificar a igreja para Deus (5:25-27; veja Filipenses 2:5-11).

Os homens são admoestados a amar suas esposas como seus próprios corpos (5:28-30). Ninguém maltrata ou abusa seu próprio corpo de propósito, mas antes protege e cuida dele como Cristo faz para com a igreja (5:29). O marido que não ama e cuida da sua esposa, fornecendo suas necessidades, está pecando contra ela e contra Deus! Num casamento, homem e mulher se tornam uma só carne, como a igreja é o corpo de Cristo (5:31-32; 1:22-23). Por esse motivo, homens e mulheres devem se submeter uns aos outros e cuidar uns dos outros como Cristo faz com o seu corpo.

Pais e filhos (6:1-4). Filhos devem se submeter aos pais na obediência (6:1). Obediência a esse mandamento traz a promessa de uma vida melhor aqui na terra (6:2-3). Imagine como o mundo seria diferente se não tivesse nenhum filho rebelde!

Esse princípio não dá licença para os pais a praticar autoridade irresponsável. Pais devem se submeter aos filhos, os disciplinando no Senhor, ao invés de dominá-los de um modo que provoque a ira (6:4). Pais que não disciplinam seus filhos estão pecando contra eles e contra Deus!

Servos e senhores (6:5-9). Servos são admoestados a se submeterem aos seus senhores com corações sinceros, da mesma maneira que se submetem a Cristo (6:5). O cristão, no seu emprego, não faz somente o mínimo para satisfazer homens, mas serve com diligência para agradar ao Senhor (6:8). Deus é o mestre que sempre está vigiando, e ele pagará cada um de acordo com seu próprio trabalho, mesmo se o patrão não esteja olhando!

A família sob Ataque - por Hernandes Dias lopes

              A família brasileira está encurralada por crises medonhas. Há uma orquestração perversa contra essa vetusta instituição divina, com o propósito de solapar seus alicerces e desconstruir seus valores. Abordaremos, aqui, quatro forças poderosas que se voltam contra a família nos dias presentâneo.

1. A mídia televisiva. A televisão é ainda o mais poderoso instrumento de comunicação de massa em nossa nação. É considerada o quarto poder. A televisão brasileira é conhecida em todo o mundo pela sua descompostura moral. As telenovelas brasileiras são as mais imorais do mundo. Talvez nunhum fenômeno exerça mais influência sobre a família brasileira do que as telenovelas da Rede Globo. O argumento usado para essa prática é que a televisão apenas retrata a realidade. Ledo engano. A televisão induz a opinião pública. Ela não informa, mas deforma. Não esclarece, mas deturpa. Agora, de forma desavergonhada a televisão brasileira abraçou a causa homossexual com o propósito de induzir a sociedade a aceitar como opção legítima a relação homoafetiva. Não se trata de um esclarecimento ao povo sobre o referido assunto, mas uma indução tendenciosa. Os programas que tratam da matéria são feitos com a intenção de escarnecer dos valores morais que sempre regeram a família e exaltar a prática homossexual, que a Escritura chama de um erro, uma torpeza, uma abominação, uma disposição mental reprovável, uma paixão infame, algo contrário à natureza (Rm 1.24-28).

2. A suprema corte. A suprema corte brasileira, o Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, legitimou os direitos da relação homoafetiva. A nação brasileira já colocou o pé na estrada do relativismo moral, da absolutização do erro, do desbarrancamento da virtude, da conspiração irremediável contra a família. Os juízes de escol da nossa nação reconheceram como legal e moral a relação de um homem com um homem e de uma mulher com uma mulher. Precisaremos, portanto, redefinir o verbete casamento e criar um novo conceito para família. Estamos colocando os valores morais de ponta cabeça. Estamos desmoronando o que Deus edificou. Estamos nos insurgindo não apenas contra a família, mas contra o próprio Deus que instituiu o casamento e estabeleceu a família. Desta forma, julgamo-nos sábios, tornamo-nos loucos, pois ninguém pode desfazer o que Deus faz e ninguém pode insurgir-se contra Deus e prevalecer.

3. O ministério da educação. Com os recursos suados dos trabalhadores brasileiros que, com dignidade lutam para o progresso da nação, o ministério da educação está lançando um kit gay, para ser distribuído nas escolas públicas, cuja finalidade, mais uma vez, não é esclarecer crianças e adolescentes sobre a sexualidade, mas induzi-los à prática homossexual. Querem tirar das famílias o privilégio de orientar seus filhos. Querem domesticar a consciência das nossas crianças, induzindo-as a essa prática que avilta o ser humano, escarnece da família e afronta ao criador. É preciso tocar a trombeta aos ouvidos da sociedade, para repudiar essa iniciativa infeliz do ministério da educação, que em vez de sair em defesa da família, e promover a educação, lança sobre ela seus dardos mais mortíferos. Em virtude da pressão da bancada evangélica e não por dever de consciência, nestes últimos dias, a presidente mandou suspender o referido kit.

4. O congresso nacional. Está na pauta do congresso nacional um projeto de lei que visa criminalizar aqueles que se manifestarem contra a prática homossexual, contrariando, assim, a constituição federal, que nos faculta a liberdade de consciência e de expressão. Contrariando, outrossim, os preceitos da Palavra de Deus que, considera a relação homossexual como algo contrário à natureza e uma abominação para Deus (Lv 18.22; Rm 1.24-28; 1Co 6.9-11). Essa lei visa não apenas legitimar o ilegítimo, tornar moral o imoral, mas também, punir com os rigores da lei, aqueles que, por dever de consciência, não podem se curvar ao erro. Povo de Deus, não podemos nos calar diante dessas ameaças!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Proposito de Deus na Criação - Por Pastor Miranda

"...multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a..." (Gn 1:28).

Vemos dois propósitos para Adão em relação ao Jardim: guardá-lo e lavrá-lo. Com relação à terra Adão deveria sujeitá-la e dominá-la. Deus colocou o Jardim como um foco de luz no meio das trevas. O Éden era o quartel general de Deus aqui na terra e nele estava Adão. Ali estava o representante do Senhor. Quanto à terra, Adão tinha que dominá-la e governá-la.

Por que Deus disse para Adão guardar o Éden? Guardar de quem? Havia algum inimigo? Sim, havia. Este inimigo era o diabo e ele estava na terra, por isso o Senhor disse a Adão:

"Você guardará o Éden e expandirá o nosso domínio e o nosso Reino por toda terra". Ou as trevas iriam ao Éden ou a luz do Éden iria à terra. Este é o princípio do Reino de Deus. O Senhor estava colocando aqui o seu Reino e escolheu o homem para, por intermédio Seu, vencer Satanás e expulsá-lo da terra da qual havia se apoderado nos capítulos 1 e 2 do livro de Gênesis.

Sabemos o que aconteceu: o Éden foi vencido, as trevas da terra invadiram o Éden. Adão não guardou o Jardim como devia, ele não percebeu quando o diabo entrou, se incorporou na serpente e tentou a mulher. O maior culpado pela queda foi o próprio homem. Ele tinha a responsabilidade de guardar o Jardim e não o fez. O Jardim do Éden foi protegido, guardado"O senhor colocou querubims ao oriente do jardin do Éden e o refulgir de uma espada que se movia, para guardar o caminho da arvaore da vida - Gênesis 3.24

PREPARE-SE! JESUS ESTAR VOLTANDO - Por Pastor Miranda

A última oração mencionada na Bíblia é “Ora, vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20), indicando que os servos de Deus devem estar preparados, como se o Arrebatamento da Igreja fosse ocorrer a qualquer momento. Mas, diante do cumprimento de tantos sinais indicadores da Segunda Vinda, por que o nosso Senhor ainda não veio buscar o seu povo especial, zeloso de boas obras (Tt 2.13,14)?

Vemos que, além de terremotos, guerras, fomes, pestilências, violência, a degradação moral e as perseguições contra os que pregam o Evangelho, opondo-se ao pecado, têm aumentado consideravelmente neste novo milênio. Observe o que já ocorreu, em pouco tempo, no Brasil, e o que ainda pode acontecer.

O STF legitimou a união entre pessoas do mesmo sexo, dando a ela status de casal, ignorando a Constituição Federal. O nefasto PLC 122 esteve na iminência de ser aprovado. E o Ministério da Educação (MEC) pretende distribuir em breve, nas escolas públicas e particulares, o aberrante “kit gay”. Este, a despeito de ser apresentado pelo MEC como uma arma contra o preconceito, é, na verdade, serve muito mais para iniciar os infantes e adolescentes na prática homossexual do que para conscientizá-los a respeito da homofobia.

Por que a trombeta de Deus ainda não soou? O que falta para o Senhor descer do céu com alarido e voz do arcanjo? A Palavra do Senhor afirma que Deus não retarda a sua promessa, ainda que muitos a têm por tardia (2 Pe 3.9). Essa aparente demora para que sua promessa se cumpra tem feito com que muitos neguem a realidade do Arrebatamento da Igreja e até escarneçam dele, o que também não deixa de ser um sinal indicador da Segunda Vinda (2 Pe 3.3,4). Por outro lado, teólogos (teólogos?), tomando como base cálculos mirabolantes, estão fazendo previsões da vinda do Senhor e do fim do mundo.

É impossível determinar o dia e a hora do Arrebatamento da Igreja (Mt 24.42; At 1.7). O fato de a Palavra do Senhor afirmar que um dia para Deus é como mil anos, e mil anos, como um dia (2 Pe 3.8), não significa que um dia divino equivale a mil anos nossos. Mas denota que, para o Senhor, seriam exatamente a mesma coisa: ter vindo buscar o seu povo há mil anos; retornar agora; ou voltar daqui a mil anos. Ele não está preso ao nosso cronômetro. Passado, presente e futuro são coisas do ser humano. Para Ele, tudo isso é um eterno presente.

Então, por que o Senhor Jesus ainda não veio buscar a sua Igreja? A Palavra de Deus assevera que Ele ainda não voltou porque é longânimo e misericordioso, não querendo que alguns se percam, mas que todos venham a se arrepender (2 Pe 3.9). Considerando que, para Jesus, seria exatamente a mesma coisa ter voltado ontem, voltar hoje ou amanhã, Ele tem adiado, por assim dizer, o cumprimento da sua promessa para que mais vidas sejam salvas, mediante a pregação do Evangelho, e muitos servos de Deus, desviados, desapercebidos, estejam preparados para aquele grande Dia (Fp 3.20,21; Tt 2.11-14).

O Senhor virá buscar uma Igreja que já está pronta. As virgens loucas que estavam se preparando não entraram com o Noivo paras as Bodas, na parábola das dez virgens, mas as prudentes, que estavam preparadas, entraram com Ele, e a porta se fechou (Mt 25.1-13). Não falta mais nada para que o Arrebatamento da Igreja aconteça. E isso não ocorreu ainda tão-somente por causa da longanimidade e da misericórdia do Senhor. Mas Ele pode voltar a qualquer momento. Ora, o céu que agora existem e a terra, pela mesma palavra, tem sido entesourados para o fogo, estando reservados para o Dia do juízo e condenação dos homens ímpios (Pedro 3.7). Saiba que AQUELE que fez a promessa é fiel para cumprir.

A Importância da Vida de Oração

"A oração é o encontro da sede de Deus e da sede do homem."

Agostinho de Hipona (354-430 d.C)

"Teu desejo é a tua oração; se o desejo é contínuo, também a oração é contínua. Não foi em vão que o Apóstolo disse: Orai sem cessar (I Ts. 5.17). Ainda que faças qualquer coisa, se desejas aquele repouso do Sábado eterno, não cesses de orar. Se não queres cessar de orar, não cesses de desejar."

Agostinho de Hipona (354-430 d.C)

"Atualmente estou tão ocupado que não posso passar menos de quatro horas por dia na presença de Deus."

Martinho Lutero (1483-1546)
"A oração é o antídoto para todas as nossas aflições."

João Calvino (1509-1564)

"Que melhor guia poderemos encontrar para oração além do exemplo do próprio Cristo? Ele se dirigiu diretamente ao Pai. O apóstolo nos mostra o que devemos fazer, quando diz que Ele endereçou Suas orações Àquele que era capaz de livrá-lO da morte. Com isso ele quer dizer que Cristo orou corretamente, visto que recorreu ao Deus que é o único Libertador."

João Calvino (1509-1564)

"Quando buscamos a Deus em oração, o diabo sabe que estamos querendo mais poder para lutar contra ele, e por isso procura lançar contra nós toda a oposição que é capaz de arregimentar."

Richard Sibbes (1577-1635)

"Na oração, é melhor ter um coração sem palavras do que palavras sem um coração."

John Bunyan (1628-1688)

"A oração fará o homem parar de pecar, ou o pecado o seduzirá a parar de orar."

John Bunyan (1628-1688)

"Sempre que Deus tenciona exercer misericórdia para com seu povo, a primeira coisa que faz é levá-lo a orar."

Matthew Henry (1662-1714)
"Se alguns cristãos que se tem queixado de seus ministros, tivessem dito e agido menos diante dos homens e tivessem aplicado a si mesmos com todo o seu poder clamar a Deus pelos seus ministros - teriam, por assim dizer, levantado e agitado o céu com as suas orações humildes, fervorosas e incessantes em favor deles, e teriam tido muito maior sucesso."

Jonathan Edwards (1703-1758)


"Pela fé e pela oração, fortaleça as mãos frouxas e firme os joelhos vacilantes. Você ora e jejua? Importune o trono da graça e seja persistente em oração. Só assim receberá a misericórdia de Deus."

John Wesley (1703-1791)

"Tenho passado dias e até semanas prostrado ao chão, orando, silenciosamente ou em voz alta."

George Whitefield (1714-1770)

"A oração é um instrumento poderoso não para fazer com que a vontade do homem seja feita no céu, mas para fazer com que a vontade de Deus seja feita na terra."

Robert Law (1788-1874)

"O que o homem é, é sobre seus joelhos diante de Deus, e nada mais."

Robert Murray McCheyne (1813-1843)

"Que seu molho de lã fique na eira da súplica até que seja molhado com orvalho do céu."

Charles H. Spurgeon (1834-1892)

"Sussurros que não podem ser expressos em palavras são freqüentemente orações que não podem ser recusadas."

Charles H. Spurgeon (1834-1892)

"A oração em si mesma é uma arte que somente o Espírito Santo pode nos ensinar. Ele é o doador de todas as orações. Rogue pela oração - ore até que consiga orar, ore para ser ajudado a orar e não abandone a oração porque não consegue orar, pois nos momentos em que você acha que não pode, é que realmente está fazendo as melhores orações. Às vezes quando você não sente nenhum tipo de conforto em tuas súplicas e teu coração está quebrantado e abatido, é que realmente está lutando e prevalecendo com o Altíssimo."

Charles H. Spurgeon (1834-1892)

"Aqueles que deixaram a mais profunda marca nesta Terra amaldiçoada pelo pecado foram homens e mulheres de oração. Você descobrirá que a oração é a força poderosa que tem movido não somente a mão de Deus, mas também o homem."

D.L. Moody (1837-1899)

"As minhas orações não mudam a Deus, mudam a mim mesmo."

C.S. Lewis (1898-1963)

"A boa pregação nasce da boa oração."

John Piper (1946)

"A oração é o meio escolhido por Deus para realizar os Seus propósitos soberanos através de homens submissos."

André Aloísio

"Deus não faz a nossa vontade quando essa se opõe à vontade d'Ele, mas somente quando está em harmonia com ela."

André Aloísio

"Quando oramos  nos encontramos com o Senhor das promessas".
Pastor Miranda

"A oração é a esperança dos eleitos no amnhecer e no anoitecer na presença de Deus"
Pastor Miranda.

Na oração expressamos a confiança que temos no Senhor".
Pastor Miranda


Fonte: Vivendo e parendendo com os santos.

Escolhidos desde o Princípio - A. W. Pink

Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade" (2 Ts 2.13).

Aqui se destacam três coisas que merecem nossa atenção. Primeiro, diz-se expressamente que os eleitos de Deus são escolhidos "para a salvação". A linguagem não poderia ser mais clara. Essas palavras destroem de maneira sumária os sofismas e equívocos de todos aqueles que pretendem que a eleição se refira a nada mais do que privilégios externos ou hierarquias no serviço! Para a própria "salvação" é que Deus nos escolheu. Segundo, somos advertidos de que a eleição para a salvação não desconsidera o emprego de meios apropriados: a salvação é atingida "pela santificação do Espírito e fé na verdade". Não é correto dizer que, por ter Deus escolhido certa pessoa para a salvação, ela será salva, quer queira, quer não, quer creia, quer não.

Em trecho algum as Escrituras apresentam desse modo a situação. O mesmo Deus que predestinou o fim, também indicou os meios; o mesmo Deus que "escolheu... para a salvação", decretou que o seu propósito seja concretizado através da obra do Espírito e da fé na Verdade. Terceiro, que Deus nos escolheu para a salvação, é motivo de fervoroso louvor de nossa parte. Note quão enfaticamente o apóstolo exprime essa verdade — "Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação". Ao invés de recuar horrorizado, perante a doutrina da predestinação, o crente, percebendo que se trata de uma verdade revelada na Palavra, descobre motivos para gratidão e ação de graças, que não poderia encontrar em nada mais exceto no inefável dom do próprio Redentor.

"Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça, que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos" (2 Tm 1.9).

Como a linguagem das Escrituras Sagradas é clara e precisa! É o homem que, com suas palavras, escurece os desígnios de Deus (Jó 38.2). É impossível expressar o fato com clareza ou vigor maiores do que em tais textos. Nossa salvação não é "segundo as nossas obras"; em outras palavras, não é devido a qualquer coisa que haja em nós, não é a recompensa de qualquer coisa que tenhamos praticado; pelo contrário, resulta da "própria determinação e graça" de Deus; e essa graça nos foi concedida em Cristo antes que houvesse mundo. E pela graça que somos salvos, e, no propósito de Deus, essa graça nos foi concedida não somente antes de termos visto a luz, não somente antes da queda de Adão, mas até antes daquele longínquo "princípio" mencionado em Gênesis 1.1. É nisso que reside a inefável consolação do povo de Deus. Se a escolha divina foi determinada desde a eternidade, perdurará por toda a eternidade!

"Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo" (1 Pe 1.2). Uma vez mais, a eleição feita pelo Pai precede a obra do Espírito nos que são salvos, bem como precede a obediência que eles prestam mediante a fé; assim, a questão deixa o terreno da criatura e descansa na soberana vontade do Todo-Poderoso. A "presciência de Deus Pai" não se refere aqui ao conhecimento prévio de todas as coisas; simplesmente significa que os santos estavam todos eternamente presentes em Cristo, diante da mente de Deus. Deus não tinha a "presciência" de que certas pessoas, que ouviriam o evangelho, creriam nEle, à parte do fato de que Ele destinara tais pessoas à vida eterna. O que a presciência divina viu em todos os homens foi amor ao pecado e ódio contra a própria pessoa divina.

A presciência divina alicerça-se nos próprios decretos de Deus, conforme se vê claramente em Atos 2.23: "Sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos". Note a ordem de apresentação: primeiramente, o "determinado desígnio" de Deus (o seu decreto); em segundo lugar, a sua "presciência". Isto também se apreende em Romanos 8.28,29: "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho". A primeira palavra aqui usada, "porquanto", diz respeito ao versículo anterior, cuja última cláusula fala "daqueles que são chamados segundo o seu propósito" — são aqueles que Deus "de antemão conheceu" e "predestinou". Finalmente, devemos salientar que, ao lermos nas Escrituras que Deus "conheceu" determinadas pessoas, tal palavra é empregada no sentido de conhecer com aprovação e amor: "Mas se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele" (1 Co 8.3). Aos hipócritas, porém, Cristo dirá: "Nunca vos conheci". Esses nunca foram objetos especiais de seu amor. "Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai", por conseguinte, significa escolhidos por ele como objetos especiais de sua aprovação e de seu amor.

Resumindo os ensinamentos dessas sete passagens, podemos concluir o seguinte: Deus ordenou certas pessoas para a vida eterna e, em conseqüência de tê-las destinado, no seu devido tempo, elas chegam a crer; Deus ordenou a salvação dos eleitos não se fundamentando em qualquer coisa de boa que neles existe, nem em qualquer mérito da parte deles, mas unicamente na graça divina; Deus escolheu, deliberadamente, as pessoas mais improváveis a fim de receberem seus favores especiais, a fim de que "ninguém se vanglorie na presença de Deus"; o Senhor escolheu seu povo em Cristo, antes da fundação do mundo, não porque eles fossem santos, mas a fim de que se tornassem santos e irrepreensíveis perante Ele; e, tendo selecionado certas pessoas para a salvação, Deus igualmente decretou os meios pelos quais tudo seria feito de acordo com o conselho da sua vontade; ainda, a própria graça através da qual somos salvos, de conformidade com os propósitos de Deus, foi "dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos"; e, muito antes de terem sido criados, os eleitos já estavam presentes na mente de Deus, tendo sido conhecidos de antemão por Ele, isto é, já se constituíam objetos definidos do seu eterno amor.

Antes de voltarmos nossa atenção para a segunda divisão deste capítulo, é mister que digamos mais uma palavra sobre o objeto da graça predestinadora de Deus. Insistimos nesse assunto porque é no predestinar certas pessoas para a salvação que a doutrina da soberania de Deus é mais freqüentemente atacada. Os que pervertem essa verdade invariavelmente procuram achar alguma causa fora da vontade de Deus que O teria impulsionado a conceder salvação aos pecadores, ou seja, alguma coisa é atribuída à criatura, conferindo-lhe o direito de receber misericórdia da parte do Criador. Voltamos, então, à pergunta: Por que Deus escolheu aqueles a quem escolheu?

Que havia nos eleitos que os atraiu ao coração de Deus? Deveu-se isso a certas virtudes que possuíam? Tinham o coração generoso, temperamento dócil, eram pessoas que sempre falavam a verdade? Em resumo, foram eleitos por serem "bons"? Não; pois nosso Senhor afirmou: "Ninguém é bom senão um só, que é Deus" (Lc 18.19). Foi por causa de quaisquer boas obras que eles tinham praticado? Não; porquanto está escrito: "Não há quem faça o bem, não há nem um sequer" (Rm 3.12). Foi por que deram evidências de sinceridade e zelo, na busca pelas coisas de Deus? Não; porque igualmente está escrito: "Não há quem busque a Deus" (Rm 3.11). Foi por que Deus previu que os eleitos haveriam de crer? Não; porque como podem crer em Cristo os que estão mortos nos seus "delitos e pecados" (Ef 2.1)? Como Deus poderia ter presciência de que certos homens haveriam de crer, quando a própria fé lhes é algo impossível? As Escrituras ensinam que é "mediante a graça" que se crê (At 18.27). A fé é dom divino, e, à parte desse dom, ninguém jamais poderia crer. Portanto, a causa da escolha feita por Deus se encontra em Deus mesmo, e não nos objetos de sua escolha. Deus escolheu certas pessoas simplesmente porque quis fazer assim.

Somos filhos, porque Deus nos escolheu, Nós, que cremos em Cristo Jesus, Por causa da eterna predestinação Agora, recebemos soberana graça Tua misericórdia, Senhor, Graça e glória nos concede!(Gospel Magazine, 1777)

domingo, 22 de maio de 2011

Quando os Sofrimentos se tornam Bênçãos - J. C. Ryle

Lucas 1.5-12
O primeiro acontecimento narrado neste evangelho é a súbita aparição de um anjo a um sacerdote judeu chamado Zacarias. O anjo anuncia-lhe que milagrosamente ele se tomará pai de um menino e que esse menino será o precursor do Messias prometido há muito tempo. A Palavra de Deus havia predito claramente que, na vinda do Messias, alguém O precederia, a fim de preparar-Lhe o caminho (Ml 3.1). A sabedoria de Deus providenciou as coisas de tal modo que o precursor nasceria na família de um sacerdote.

Não podemos compreender claramente, em nossos dias, a imensa importância do anúncio feito por esse anjo. Para um judeu piedoso deve ter sido boas-novas de grande alegria! Foi o primeiro comunicado de Deus para Israel desde a época de Malaquias. O longo silêncio de quatrocentos anos foi quebrado. O anúncio do anjo dizia ao crente israelita que as semanas proféticas de Daniel se cumpriam completamente (Dn 9.25), que a mais preciosa promessa de Deus finalmente estava para se cumprir e que estava para surgir "a semente" por meio da qual todas as nações da terra seriam abençoadas (Gn 22.18 - ARC). Precisamos nos colocar no lugar de Zacarias, a fim de tributarmos a estes versículos o seu devido valor.

Primeiramente, observemos nesta passagem o belo testemunho proferido sobre o caráter de Zacarias e de Isabel. Somos informados que "ambos eram justos diante de Deus" e viviam "irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor". Pouco importa se interpretamos a expressão "eram justos" como uma referência à justiça imputada ao crente no ato de sua justificação ou à justiça realizada no íntimo dos crentes por operação do Espírito Santo, no processo de santificação. Esses dois tipos de justiça nunca estão dissociados. Não existe qualquer "justo" que não seja santifícado e qualquer "santo" que não seja justificado. Basta saber que Zacarias e Isabel possuíam a graça divina, quando esta era muito rara, e observaram com devoção consciente todos os exaustivos preceitos da lei cerimonial, em uma época quando poucos israelitas se importavam com eles, exceto na aparência.

O que realmente chama a nossa atenção é o exemplo que esse casal santo oferece aos crentes. Todos devemos nos esforçar para servir a Deus fielmente e fazer brilhar toda a nossa luz, assim como eles o fizeram. Não esqueçamos as claríssimas palavras das Escrituras: "Aquele que pratica a justiça é justo" (1 Jo 3.7). Felizes são as famílias cristãs das quais podemos testemunhar que ambos, marido e mulher, são "justos" e se empenham para ter uma consciência livre de ofensas diante de Deus e dos homens (At 24.16).

Em segundo, observemos nesta passagem a árdua provação que Deus se agradou em trazer a Zacarias e Isabel. Eles "não tinham filhos". Um crente moderno dificilmente pode compreender o significado completo dessas palavras. Ao judeu da antigüidade elas transmitiam a idéia de uma aflição bastante severa. A esterilidade era uma das mais amargas experiências (1 Sm 1.10). A graça de Deus não torna uma pessoa imune a qualquer problema. Ainda que esse sacerdote santo e sua esposa eram "justos", eles tinham um "espinho na carne". Lembremos isto, se servimos a Cristo, e não nos assustemos com as provações. Ao invés disso, creiamos que uma mão de perfeita sabedoria está avaliando qual deve ser a nossa porção e que, ao disciplinar-nos, Deus visa fazer-nos "participantes da sua santidade" (Hb 12.10). Se as aflições nos levam para mais perto de Jesus, da Bíblia e da oração, elas são bênçãos! Talvez não pensemos assim. Mas pensaremos, quando acordarmos no mundo vindouro.

Em terceiro, observemos nesta passagem o instrumento pelo qual Deus anunciou o nascimento de João Batista. "Apareceu um anjo do Senhor" a Zacarias. Sem dúvida alguma, o ministério dos anjos é um assunto profundo. Em nenhuma outra parte da Bíblia encontramos menção tão freqüente aos anjos quanto na época do ministério terreno de nosso Senhor. Em nenhuma outra época lemos sobre tantas aparições de anjos quanto durante a encamação de Jesus e sua vinda ao mundo. O significado dessa circunstância é muito claro: a igreja deveria compreender que o Messias não é um anjo; é o Senhor dos anjos e dos homens. Os anjos anunciaram a sua vinda, proclamaram o seu nascimento, regozijaram-se quando Ele surgiu. E, ao fazerem tais coisas, deixaram bem claro a seguinte verdade: Aquele que veio para morrer pelos pecadores não era um dentre os anjos, era Alguém superior a eles — o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

Acima de tudo, há uma coisa a respeito dos anjos que não devemos esquecer: eles se interessam profundamente pela obra de Jesus e pela salvação que Ele providenciou. Cantaram louvores sublimes quando o Filho de Deus veio para estabelecer a paz entre Deus e o homem, por intermédio de seu sangue. Regozijam-se quando pecadores se arrependem, quando homens se tornam filhos na família do Pai celestial. Deleitam-se em ministrar aos herdeiros da salvação. Enquanto estamos nesta terra, esforcemo-nos para ser como os anjos, tendo a maneira de pensar deles e compartilhando de suas alegrias. Este é o modo de estar em sintonia com o céu. As Escrituras afirmam sobre aqueles que lá entram: são "como os anjos" (Mc 12.25).

Finalmente, observemos nesta passagem o efeito que o aparecimento do anjo produziu na mente de Zacarias. Esse homem justo "turbou-se, e apoderou-se dele o temor". A sua experiência é exatamente a mesma de outros santos que passaram por situações semelhantes. Moisés diante da sarça ardente, Daniel às margens do rio Tigre, as mulheres no sepulcro de Jesus e o apóstolo João na ilha de Patmos — todos demonstraram temor semelhante ao de Zacarias. Assim como ele, esses outros santos tremeram e sentiram medo, quando contemplaram visões de coisas pertencentes ao outro mundo.

Como explicar esse temor? Existe apenas uma resposta: esse temor surge de nosso senso íntimo de fraqueza, culpa e corrupção. A visão de um habitante celestial inevitavelmente nos faz lembrar de nossa própria imperfeição e inconveniência natural para nos apresentarmos diante de Deus. Se os anjos são excessivamente grandes e tremendos, como será o Senhor deles?

Devemos bendizer a Deus porque temos um poderoso Mediador entre Ele e nós, Jesus Cristo, homem. Crendo nEle, podemos nos aproximar de Deus com intrepidez, esperando sem temor o Dia do Juízo. Quando os anjos poderosos saírem para ajuntar os eleitos de Deus, esses não terão motivo para ficar com medo. Os anjos são conservos e amigos dos eleitos de Deus (Ap 22.9).

Devemos tremer ao pensar no terror que sobrevirá aos ímpios naquele dia! Se mesmo os justos sentem-se perturbados por uma aparição súbita de espíritos amáveis, qual será a reação dos ímpios quando os anjos vierem para recolhê-los como palha destinada à fogueira? Os temores dos justos não têm fundamento e são efêmeros. Quando se manifestarem os temores dos perdidos, ficará comprovado que os ímpios tinham motivos corretos para esses temores, que permanecerão para sempre.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A Fonte do Poder - Tito 1. 5-9 - Solano Portela



Introdução:
·        Esperamos que sejamos veículos do poder de Deus, vencendo todos os obstáculos que porventura apareçam em nosso caminho. Oramos, também, para que tanto os instrutores, como os que serão treinados e formados, sejam instrumentos do poder de Deus, nas vidas das igrejas em que vierem a ministrar. Oramos, com igual intensidade, que o poder de Deus se manifeste em suas vidas, mantendo as convicções, a visão, a fidelidade à sã doutrina, fazendo-os frutíferos para a disseminação do reino de Deus.
·        Devemos ponderar, entretanto, que vivemos em uma era onde a busca e procura pelo PODER é ávida. Ela ocorre não somente fora da igreja, mas principalmente dentro da igreja. Busca-se a Religião do Poder, como nos descreve Michael Horton no livro de mesmo nome que editou. Mas é ele próprio que nos alerta, quando escreve: "O evangelho de poder é um inimigo do poder do evangelho" (p. 267).
·        Ocorre que o PODER,  como é hoje em dia procurado e demonstrado, não é o verdadeiro poder do Espírito Santo. Procura-se o inusitado, o extraordinário, o sobrenatural. Esquece-se o verdadeiro poder de Deus que ressurgiu Cristo ao Terceiro Dia, que converge nele o centro do plano de redenção, que realizou a indescritível maravilha de separar um povo seu para glória eterna, transformando os perdidos e aniquilados pelo pecado.
·        A este povo, a esta Igreja, congregado em igrejas locais, Deus chama líderes que a dirijam com base no poder que emana de Deus. Que não se envergonhem "... do evangelho, que é poder de Deus para a salvação..." (Rm 1.16)
·        Não devemos, portanto, desprezar, as expressões relacionadas com o exercício do poder, mas possivelmente, nesta ocasião, possamos ponderar sobre a maneira que Deus escolheu para utilizar os líderes do Seu povo, como veículos do Seu Poder. Que a instrução e alerta sirva para todos nós presentes, especialmente os envolvidos na execução do Projeto da Faculdade Reformada.
·        Chamaria a sua atenção para a leitura da Palavra de Deus, conforme a encontramos na carta de Paulo a Tito, 1.5-9. Nesse trecho, escrito pelo apóstolo a um jovem pastor e líder, como os que intencionamos preparar e como somos muitos de nós, aqui presentes. Paulo, após declarar sua autoria, seus objetivos, sua autoridade e após definir o destinatário (Tito), lemos:
5 Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi:
6 alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados.
7  Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância;
8  antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si,
9   apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem.
Creio que podemos destacar três pontos, para nossa meditação e instrução, nesta passagem. Em cada igreja local estabelecida, o que é necessário, para que os líderes tenham poder?
1.      É necessário uma estrutura bíblica de organização, com oficiais.
  1. Vemos isso no verso 5 - "...para que pusesses em ordem...". A necessidade de pôr em ordem. Espontaneidade desregrada, aliatoriedade constante, individualismo indiscriminado, independência descabida das estruturas eclesiásticas, não são sinônimos de espiritualidade. Na realidade, temos testemunhado a queda de muitos, por terem rejeitado os chamados bíblicos à organização, à sistematização ao planejamento exercitado dentro de uma visão do Deus Soberano, que cumpre os seus propósitos através de nossas vidas.
  2.  Ainda no verso 5 - "... constituísses presbíteros...". Essa estrutura pressupõe uma multiplicidade de presbíteros, a existência de oficiais na igreja, um governo representativo, com oficiais apontados, eleitos ou indicados.
2.      É necessário que os oficiais tenham uma vida " irrepreensível". Vemos essa admoestação, nos versos 6-8.
a.       Isso pressupõe, em primeiro lugar a crença / a conversão à Fé Cristã. No versículo 16, lemos que não estamos falando de mera profissão. Ela é necessária, mas não é suficiente, em si: "No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra". A verdadeira profissão se manifestará na ação do espírito Santo na vida, nas obras de cada um, na medida em que o processo de santificação se torna evidente à igreja.
b.      Vida irrepreensível (v. 6; 1 Tm 3.2 e 10) não é um conceito abstrato, nebuloso. Não significa, também ausência de pecado, perfeccionismo. O apóstolo é bem concreto, colocando algumas necessidades em duas áreas (em ambas a palavra irrepreensível é repetida) básicas indispensáveis, que caracterizam a irepreensibilidade.
(1)   A primeira delas é no âmbito da vida familiar. No verso 6 está o requerimento:
(a)    Marido de uma só mulher. Fiéis no matrimônio (v. 6; 1 Tm 3.2 e 12).
(b)   Filhos crentes - não dissolutos (v. 6; 1 Tm 3.4, 5 e 12). Que foram instruídos a não causarem brigas e dissensões e que aprenderam subordinação e respeito hierárquico, no lar, na igreja e na sociedade.
(2)   A segunda área, é no relacionamento com os demais - com os irmãos, com a igreja, com o próprio exercício da liderança. Paulo explica que o oficial é "despenseiro" - administrador (oikonomos) das coisas de Deus, perante o Seu povo. Nesse sentido, temos, nos versos 7 e 8, alguns NÃOS e alguns SINS.
(a)    O líder do povo de Deus NÃO pode ser (verso 7):
Arrogante - Seguidor de sua própria vontade. Desconsiderado com os demais.
Irascível - Inclinado à ira.
Dado ao Vinho - Que se detém na atração das bebidas.
Violento - Espancador, aquele que intimida os demais.
Ganancioso (cobiçoso de ganho indevido) - Ávido pelo ganho desonesto.
(b)   SIM - O líder DEVE ser (verso 8).
Hospitaleiro - Disposto ao sacrifício do conforto pessoal para abrigar outros.
Amigo do Bem (se compraz) - (filagayos)
Sóbrio (não dominado pelas emoções) - Prudente, de mente aguçada, não bêbado.
Justo - (dikaios) Reto
Piedoso - Direcionado a Deus.
Com domínio próprio - Auto controlado, temperante (egkratha).
3.      É necessário que os oficiais tenham apego à Palavra de Deus.
  1. FIEL - Note no versículo 9 - "...apegado à Palavra Fiel.."; ou seja, fiel à Palavra Fiel.
  2. Harmônico com o corpo de doutrinas previamente reveladas. Ensinando segundo a revelação previamente recebida. Ainda no v. 9 - "... que é segundo a doutrina".
Quantas e quantas vezes somos relembrados da necessidade de nos mantermos coerente com o corpo de doutrinas reveladas:
Is 8.19-20: "Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva".
Rm 12.6: "... se profecia, segundo a proporção (analogia) da fé".
Jd 1.3: "...exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos".
Rm 3.2; Hb 5.12; 1 Pe 4.11: "... aos judeus foram confiados os oráculos de Deus"; "... tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus?"; "Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus...".
Conclusão:
·        Todas as qualificações, maneira de viver, conteúdo do ensinar, que foram transmitidos por Paulo a Tito tinham um propósito bem definido, explícito no próprio verso 9 - a concessão de PODER ("de modo que tenha poder"). Não o poder pessoal, próprio. Não um poder espúrio, irreal, enganoso. Mas o poder advindo de Deus.
·        A palavra utilizada (dunatos) expressa um pouco mais do que "ter a possibilidade", como está no inglês. A tradução de Almeida é mais feliz, bem como a Holandesa (machtig - might). Revela ser poderoso, no sentido de transmissor do poder de Deus, em função de retratar uma vida compatível com os preceitos de Deus.
·        Poder para exortar, pelo reto ensino.
·        Poder para convencer os de persuasão contrário.
·        Não há lugar para os "vôos independentes", para os "ventos de doutrina". O poder é exercitado pelo reto ensino - aquilo em que todos nós, almejamos, venhamos a nos envolver.
·        Não há lugar para arrogância, para um conceito de que representamos uma casta superior de agraciados, ou mais inteligentes e perceptivos do que os demais crentes - o direcionamento de Paulo e que temos de ter a paciência a exortar, bem como a competência e o esmero necessários no convencer aos que discordam. Assim como Paulo arrazoava e demonstrava, as verdades do Evangelho. Assim como a palavra deve ser sempre "temperada com sal"(Col. 4.6), para que a verdade transmitida não venha a tropeçar em nosso próprio orgulho.
·        Todos nós queremos ser veículos do poder de Deus. Muitos querem poder, nos dias de hoje. Estamos agindo dentro das Estruturas determinadas por Deus? Estamos demonstrando uma vida Exemplar e dirigida pelos princípios da Palavra? Estamos apegados à Palavra de Deus, à sã doutrina, exercitando o reto ensino?
·        Que Deus nos possibilite a seguirmos os seus  princípios e que as estruturas nas quais estamos envolvidos evidenciem o poder de Deus, pelas vidas formadas e transformadas pela Fé Cristã Reformada.

terça-feira, 17 de maio de 2011

O Dia do Senhor - Por Rev. M.S. Aielo

               O quarto mandamento é claro: de sete dias que compõem a semana, um deve ser separado e totalmente dedicado ao Senhor. O povo de Israel deveria se lembrar disso, pois quando eram escravos no Egito, essa norma não valia. Lá no Egito, como escravos, eles tinham que servir em qualquer hora, em qualquer dia.

Seis dias são concedidos por Deus para que neles o povo se dedicasse aos seus afazeres. Cuidar da caminhada, dos animais, da montagem do Tabernáculo Móvel, colher o Maná, estudar, outras coisas que iriam se constituir em base para que a estrutura social da nação deveriam ser tarefas desenvolvidas em seis dias, mas no sétimo dia, tudo isso deveria cessar. É óbvio que algumas dessas atividades já eram observadas mesmo no cativeiro. No sétimo dia, todas as energias, tanto físicas como psicológicas e toda espiritualidade deveriam ser convergidos para a Adoração ao Eterno Deus de toda Providência. A palavra hebraica shabbat deriva-se do verbo cessar para descanso . Assim o dia de descanso deveria ser caracterizado por esse cessar de fazer as coisas comuns e ordinárias e dedicar-se à Adoração e ao Culto ao Único e Verdadeiro Deus.

O texto diz: “porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou.” (Êxodo 20:11) Ora, Deus não descansou no sentido em que nós descansamos. A idéia é de que Deus cessou sua obra no sétimo dia. Ele não a continuou no outro dia, pois ela foi totalmente concluída em seis dias. O modelo nos é fornecido por Deus, e Ele alerta ao seu povo neste quarto mandamento a que não se esqueça de separar o sétimo dia para servi-lo de forma integral e plena. Santificar é o verbo que define como Israel deveria se relacionar com seu Deus.

Há uma intrínseca relação entre os primeiros quatro mandamentos; o primeiro falou do objeto de culto, o segundo dos meios do culto, o terceiro da maneira do culto e o quarto fala da separação de um dia para o Culto. É nesse dia que Deus deve ser considerado integralmente como objeto de Culto, pois foi no sábado, o sétimo dia, que Ele descansou depois de ter criado todas as coisas e foi no primeiro dia da semana, o domingo, que Jesus ressuscitou, culminando assim sua obra redentiva. Assim ao guardar o Dia do Senhor os israelitas lembravam-se de sua Criação.

Hoje a cristandade consagrou não o sétimo, mas sim o primeiro dia da semana como Dia Santo, o Dia do Senhor, já que foi nele que nossa plena redenção foi consumada com a ressurreição de Cristo Jesus. Assim, o primeiro dia da semana é o sábado do Cristão assim como o sétimo dia era o sábado do povo de Israel. (Ap. 1.10; I Cor. 16.1-2; João 20.19; At. 20.7).

A Igreja de hoje faz muitas concessões. Hoje algumas poucas horas de Culto Matutino, Escola Bíblica Dominical, Culto Noturno, já são considerados os eventos que rotulamos como Dia do Senhor. Alguns escolhem em sua agenda qual dessas atividades vai optar e reduzem o Dia do Senhor a apenas isso. Outros, lamentavelmente, nem isso fazem. Usam os outros seis dias e ainda negligenciam o Dia do Senhor, usando-o para seu bel prazer. Por isso a história da Igreja tem mostrado que, quando isso acontece, ela perde sua força, e sua atividade evangelística se enfraquece.

Querido leitor, resgatemos a seriedade e a urgência da observância desse quarto mandamento se desejamos ter uma jornada segura e feliz neste deserto em que vivemos a caminho da terra prometida.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A VERACIDADE DE UMA RESSURREIÇÃO LITERAL, CORPORAL E HISTÓRICA DE CRISTO

“E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; e, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.” 1 Coríntios 15:14,17.
Dado o ceticismo e a incredulidade dos eruditos humanistas seculares e dos teólogos modernistas, é importante enfatizar que a ressurreição de Cristo foi um evento histórico real. Numa manhã de domingo, logo cedo, Cristo literalmente ressuscitou dentre os mortos no mesmo corpo físico que tinha sido crucificado e posto num sepulcro. Esse fato deve ser enfatizado porque há muitas teorias perigosas e heréticas circulando com respeito à ressurreição.

(1) Uma idéia popular propagada por judeus incrédulos foi que Jesus nunca ressuscitou realmente. O que supostamente aconteceu é que os discípulos roubaram seu corpo e então espalharam a mentira da ressurreição do Senhor (Mt 28:11-15). Contudo, a idéia que um grupo pequeno de discípulos amedrontados poderia sobrepujar soldados romanos bem armados e roubar o corpo de Jesus, sem a traição se tornar imediata e amplamente reconhecida é ridícula.

(2) Outra idéia é que Jesus não morreu realmente, mas apenas perdeu a consciência (a teoria do desmaio). Então, quando foi posto na tumba fria, reviveu e se mostrou aos discípulos. Que a teoria do desmaio é absurda e impossível de ser acreditada é provada pelos seguintes fatos: Primeiro, as narrativas do evangelho deixam perfeitamente claro que Jesus de fato morreu sobre a cruz. Ele foi esbofeteado (Mt. 26:67; Mc. 14:65; Lc. 22:63ss.), severamente açoitado (Mt. 27:26; Mc. 15:15; Jo. 19:1) e então pregado sobre uma cruz com grandes cravos (Mt. 27:35; Mc. 15:24; Lc. 23:33; Jo. 19:18). Como resultado, Jesus teve uma perda grande e contínua de sangue por pelo menos três horas inteiras (Mc. 15:33; Mt. 27:45; Lc. 23:44). Então, cada um dos relatos do Evangelho registra que realmente Jesus entregou o seu espírito (Mc. 15:37; Mt. 27:50; Lc. 22:46; Jo. 19:30). Para se assegurar que o nosso Senhor estava morto, um soldado furou o lado de Jesus com uma lança, que penetrou o seu coração (Jo. 19:34); dali saiu sangue e água. A frase “sangue e água” é significante, pois indica que o coração de Cristo já tinha parado, permitindo que as células de sangue descessem mediante a gravidade. Segundo, a idéia que um homem que tinha suportado tortura e crucificação poderia rolar uma pedra que pesava mais de uma tonelada, e então defender-se contra soldados romanos armados, é cômica. Terceiro, todas as aparições de Jesus pós-ressurreição (Jo. 20:14, 18, 26; 21:1; Mt. 28:2, 10, 18ss.; Lc. 24:13-31, 34; etc.) indicam não um homem em extrema necessidade de atenção médica, mas um Rei dos reis perfeitamente saudável e poderoso. Quarto, se a teoria do desmaio é correta, então se deve descartar a ascensão de Jesus e seu governo à mão direita de Poder. Tal pessoa deve afirmar que Cristo viveu o restante de sua vida em segredo e reclusão. Tal pensamento é um absurdo blasfemo.

(3) Atualmente, a teoria mais popular entre os modernistas é que a ressurreição é um embelezamento da igreja primitiva. Em outras palavras, a igreja pós-apostólica (talvez após uma desilusão anterior) perpetuou uma fraude gigantesca para honrar seu salvador. Essas heresias perigosas vestem sua incredulidade com superficialidades piedosas tais como, “embora Jesus não tenha ressuscitado literalmente dentre os mortos, a história ou o mito da ressurreição tem um significado metafórico profundo que nos dá força e esperança espiritual”; ou, “Jesus ressuscitou no kerygma [i.e., a mensagem do evangelho]. Por que nos preocupar ou perturbar com fatos ou lendas históricas, quando Cristo está de fato vivo e presente na mensagem do seu evangelho?”. Tais frases que soam piedosas podem dar conforto aos seguidores iludidos do liberalismo “cristão”. Tais afirmações, contudo, não podem diminuir o fato que o modernismo ensina que Cristo mentiu (Jo. 2:19) e que o evangelho está fundamentado sobre uma mentira, uma grande fraude. O evangelho oferecido pelos “liberais cristãos” é pura especulação. Ela é a religião do humanismo secular disfarçada de Cristianismo. A terminologia teológica e religiosa é retida, mas é redefinida de acordo com as pressuposições anti-sobrenaturais. Se o que os modernistas dizem é verdade, não há nenhuma razão para as pessoas orar, ler suas Bíblias ou ir à igreja. Talvez esse seja o motivo das igrejas modernistas estarem perdendo membros num ritmo veloz por mais de uma geração.

(4) Outra visão é que os discípulos ficaram tão excitados e angustiados com respeito aos eventos recentes que tiveram uma alucinação ou visão imaginária do Salvador (a teoria da visão subjetiva). Essa teoria é refutada pelo fato de Jesus ter aparecido a diferentes pessoas em muitas ocasiões separadas num período de quarenta dias. Ele então apareceu a quinhentos irmãos de uma só vez (1Co. 15:6). “A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus” (At. 1:3). Ele apareceu: à mulher que veio até ao sepulcro (Mt. 28:2, 10); a Maria Madalena (Jo. 20:14, 18); a Pedro (Lc. 24:34), aos onze na ausência de Tomé (Jo. 20:19); então, oito dias depois, a Tomé e aos onze (Jo. 21:1); aos dois discípulos no caminho de Emaús (Lc. 24;13-31); aos sete discípulos que estavam pescando (Jo. 21:1); aos onze na Galiléia (Mt. 28:16ss.), aos quinhentos irmãos (1Co. 15:6); a Tiago (1Co. 15:7); aos apóstolos na ascensão (At. 1:9); a Paulo (At. 9:17; 1Co. 15:8); e a João em Patmos (Ap. 1:11ss.). Uma variante dessa visão é que os discípulos testemunham de fato uma visão de Jesus da parte de Deus (a teoria da visão objetiva). Às pessoas que sustentam tal visão perguntamos: “Se Deus tem o poder de enviar visões que são miraculosas, então por que não tem o poder de ressuscitar aos mortos? Por que crer numa especulação humana com respeito aos milagres, quando o ensino bíblico sobre a ressurreição é claro e abundante?”. Além do mais, o número de aparições adicionado ao fato que os discípulos tocaram Jesus e o viram comer torna tal teoria impossível.

(5) Alguns modernistas, bem como alguns grupos pentecostais, que têm fortes influências platônicas (i.e., a antiga idéia grega que o corpo, que é feito de substância material, é intrinsecamente mau e inferior) afirmam que Jesus ressuscitou apenas espiritualmente. Seu corpo permaneceu no sepulcro e os discípulos viram somente seu espírito. Essa visão contradiz o ensino explícito da Escritura. O Messias ressurrecto disse: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc. 24:39; veja a próxima seção para maiores detalhes).

Todas as objeções à doutrina bíblica de uma ressurreição real, histórica, literal e corporal de Cristo procedem de axiomas apóstatas e incrédulos. Existem muitas pessoas que não crêem em Jesus Cristo como ele é revelado nas Escrituras. Essas pessoas frequentemente têm uma necessidade interior para justificar sua rejeição de Cristo.2 Assim, eles inventam toda sorte de teorias mitológicas para apaziguar suas consciências culpadas, para suprimir a verdade em injustiça. Tais pessoas não têm fé na palavra infalível de Deus; e, portanto, colocam sua fé nas teorias especulativas de homens pecadores (homens que têm um motivo oculto, que não querem encarar a realidade do pecado, morte e inferno). De forma trágica, tais pessoas se apresentarão no final diante do tribunal de Cristo (Mt. 25:31-46), o mesmo a quem negaram e rejeitaram.

Extraído e traduzido do livro The Resurrection of Jesus Christ, de Brian Schwertley.

Nota do tradutor: Como disse Agostinho: “Nenhum homem diz ‘Deus não existe’, a não ser aquele que tem interesse em que Ele não exista”.

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto. Traduzido em Novembro de 2006.

Fonte: Monergismo

domingo, 15 de maio de 2011

EMAÚS, O CAMINHO DA RESTAURAÇÃO

EMAÚS, O CAMINHO DA RESTAURAÇÃO


TEXTO BÁSICO – LUCAS 24:13-35

INTRODUÇÃO 

A morte de Jesus abalou a fé de todos os seus seguidores. Na madrugada da sexta-feira, o dia de sua prisão, Judas o traiu e os outros onze fugiram. Na manhã do terceiro dia (domingo) quando as mulheres foram ao sepulcro com aromas para embalsamar o corpo de Cristo, ao encontrarem a pedra removida ficaram surpresas, e atemorizadas quando o anjo lhes falou acerca da ressurreição do Messias (Mc 16:1-8). Os discípulos também estavam atemorizados e todos ficaram surpresos, e alguns até céticos, quando o Senhor Jesus apareceu a eles (Lc 24:36-43). Certamente todos os fatos recentes: a prisão, o julgamento, o martírio, a crucificação e a morte de Jesus, abalou a fé daqueles primeiros irmãos. Não os critiquemos...
 

Muitas vezes na vida nós também vamos ficar atemorizados diante das circunstâncias e situações que enfrentaremos. Convém nos prepararmos para que não sejamos pegos de surpresa quando isso suceder a nós. Se eles se abateram por ver o Mestre sendo humilhado, torturado e assassinado injustamente, nós nos abatemos por muito menos. Aqueles primeiros irmãos, apesar de suas fraquezas, revelaram-se no futuro serem verdadeiros heróis da fé, porque foram restaurados por Jesus. A obra de Jesus, sua morte e ressurreição, tem esse poder, essa magnificência, de restaurar-nos e transformar-nos.

EXPLICAÇÃO 

Emaús era uma aldeia que ficava distante de Jerusalém cerca de 11 Km. Foi no caminho entre Jerusalém e Emaús que Jesus veio ter com eles na tarde daquele domingo. Não sabemos ao certo quem são eles, sabemos somente o nome de um deles, Cléopas (vs.18). A Bíblia não revela o nome do outro, mas a experiência deles tem muito a nos ensinar, pois podemos traçar um paralelo entre a caminhada deles e a nossa caminhada de vida.

ARGUMENTAÇÃO 

O texto gira em torno do encontro de Jesus com esses irmãos, e o fato de que eles não O reconheceram. Talvez o fato do dia estar declinando, escurecendo, tenha afetado a visão deles. Mas a Bíblia nos mostra algo mais. Eles não reconheceram Jesus principalmente porque:
 

1 – SEUS OLHOS ESTAVAM FECHADOS (vs.16) 
Certamente a memória da Cruz de Jesus estava latente em suas mentes. Se assistir um filme traz para nós tamanha comoção, imagine o que foi que eles sentiram ao ver tudo aquilo...
 

Não deixemos que os problemas da vida, as lutas e dificuldades, tapem nossos olhos. Uma pessoa com os olhos vendados está sujeita a tropeçar e cair; a queda deles naquele momento foi não reconhecer quem estava ao seu lado. Não permitamos que isso venha a ocorrer conosco. A Bíblia é um farol que ilumina nosso caminho “Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra, e luz para os meus caminhos.” Diante das lutas e tribulações, por pior que sejam, devemos sempre reconhecer a presença de nosso Senhor a nos consolar e fortalecer.

2 – SEUS CORAÇÕES ESTAVAM INCRÉDULOS (vs.25) 

A incredulidade fez com que eles ainda que cientes das Escrituras, não cressem que Jesus fosse o Messias (19-21). A incredulidade fez também com que não cressem nos relatos dos primeiros discípulos que foram ao sepulcro e o encontraram vazio (22-24). Nota-se o ceticismo em suas palavras...
Não podemos deixar que a incredulidade entre em nosso coração. Precisamos sempre pedir ao Senhor que nos ilumine a mente e nos fortaleça na fé, pois pior do que não conhecer a Palavra de Deus, é conhecer e duvidar.

3 – SEUS CORAÇÕES NÃO ARDIAM MAIS (vs.32) 

O verbo “arder” significa queimar, estar aceso. A indagação daqueles homens era por que o coração deles não estava ardendo quando Jesus estava com eles. Esse fogo que há dentro de nós é o que nos mantém vivos na fé, alegres, avivados! É o fogo de Deus, o fogo do Espírito Santo que nos santifica e nos renova na presença de Deus. Isso não é emocionalismo ou manipulação mental, trata-se de um fogo espiritual que vem de Deus e que nos mantém vivos espiritualmente. É com esse fogo, que é o poder do Espírito de Deus, que Jesus nos batiza quando recebemos a salvação. É o selo da promessa com o qual fomos selados para o dia da redenção. Aqueles irmãos estavam com seus corações insensíveis à presença de Jesus...
 

Não podemos deixar que o fogo do Espírito se apague dentro de nós. O lixo do pecado precisa ser removido para que as chamas espirituais nos incendeiem interiormente. Quantos crentes há que não sabem o que é ser cheio do Espírito Santo, quantos que sequer conseguem distinguir e sentir a presença de Cristo.
As lutas e tribulações podem nos enfraquecer, mas podem também nos fortalecer. Que seja esse o momento em que vamos buscar mais a presença de Deus do que em qualquer outro tempo. Que seja esse o tempo em que vamos orar mais do que antes. Enfim, que ao passarmos pelos momentos sombrios da vida estejamos em santificação e na busca da presença de Deus, para que o nosso coração permaneça aceso e ardente diante dEle.

CONCLUSÃO 

A história terminaria triste não fosse a graça e a bondade de Deus. Cristo veio ao encontro daqueles irmãos com o intuito de restaurá-los, e foi exatamente isso que Ele fez.

1 – Jesus os exortou (vs.25-26) e lhes relembrou as Escrituras (vs.27). 

2 – Quando chegaram na aldeia Jesus fez como quem ia mais longe, e então eles O convidaram (vs.29): “Fica conosco porque já é tarde, e já declinou o dia”. Jesus entrou para ficar com Ele.
3 – Jesus tomou o pão, e abençoando-o o partiu e lhes deus. Então os olhos deles se abriram.

Aqui houve algo maravilhoso na vida daqueles irmãos: uma restauração espiritual aconteceu, seus olhos foram abertos, o coração deles foi aceso, iluminado novamente, eles se levantaram e no mesmo momento retornaram para Jerusalém e contaram aos irmãos tudo que lhes havia acontecido.

Se desejamos ser restaurados pelo poder de Deus necessitamos:
- Receber em amor e submissão as exortações de Jesus.
- Convidar Jesus a entrar em nossa vida, nosso coração, nossa casa, e permanecer conosco.
- Participar da Santa Ceia é um ato de fé no qual somos renovados constantemente, desde que participemos em espírito de santidade, e não em pecado.

Certamente nossos olhos se abrirão e iremos contar a outros irmãos aquilo que Cristo fez em nossas vidas. O crente que não tem nada a compartilhar precisa reavaliar sua vida espiritual.

Que possamos sempre viver nessa perspectiva de vida, pois o nosso Cristo está vivo, Ele ressuscitou!!!

SOLI DEO GLORIA!!!

Material de apoio:
A Bíblia Anotada - Mundo Cristão
Bíblia de Estudo de Genebra - SBB

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O O ensino dos Pais eclesiásticos sobre a justificação (até 1.200 dC)

O ensino dos Pais eclesiásticos sobre a justificação (até 1.200 dC)

Os escritos dos Pais eclesiásticos não são Escrituras inspiradas. Nós não os consideramos como uma autoridade no ensino. Contudo, eles oferecem evidência do ensino que foi dado à Igreja de sua época. Possuímos uma corrente ininterrompida de escritos, desde o tempo dos apóstolos até os nossos dias que podem mostrar-nos toda a história do pensamento cristão sobre o assunto da justificação.

A pergunta que dirigimos aos primeiros Pais eclesiásticos é esta: poderia a doutrina da justificação pela graça, mediante a fé nos méritos de Cristo, ser encontrada em algum dos escritos durante o primeiro período da história da Igreja? Se pudermos, então teremos provas conclusivas de que a doutrina não foi uma invenção de Lutero, como se diz às vezes! Mas, se a verdade fosse conhecida por qualquer um dos primeiros Pais eclesiásticos, então, com toda certeza, foi conhecida antes da Reforma.
Clemente de Roma (talvez o mesmo mencionado em Filipenses 4:3), em sua carta aos Coríntios, diz:
"Nós também, sendo chamados mediante a Sua (Deus) vontade em Cristo Jesus, não somos justificados por nós mesmos, nem por nossa própria sabedoria, ou entendimento, ou piedade, ou obras que temos feito com pureza de coração, porém, pela fé ... " (Epístola aos Coríntios)

Inácio, um discípulo do apóstolo João, escreveu:
"A Sua (Cristo) cruz, a Sua morte, a Sua ressurreição e a fé que vem por meio dEle, são as minhas garantias imaculadas; nessas, pelas suas orações, acredito que tenho sido justificado." (Epístola aos de Filadélfia)

Policarpo (falecido em 155 dC), também um discípulo do apóstolo João, escreveu:
"Eu sei que mediante a graça você é salvo, não por obras, mas sim, pela vontade de Deus em Jesus Cristo." (Epístola aos Filipenses)

Justino Mártir (falecido em 165 dC), escreveu:

"Não mais pelo sangue de bodes e de carneiros, nem pelas cinzas de uma novilha... são os pecados purificados, e sim, pela fé, mediante o sangue de Cristo e de Sua morte, que por essa razão morreu." (Diálogo com Trifa)

Numa carta (escrita cerca de 150 dC) dirigida a uma pessoa chamada Diogneto, que evidentemente tinha indagado a respeito da cristandade, encontram-se as seguintes frases:

"Deus deu o Seu próprio Filho em resgate por nós . . . porque, o que poderia encobrir os nossos pecados, senão a Sua justiça? Quem possibilitou a justificação de transgressores e impiedosos, tais como nós, senão o Filho de Deus somente? Quão maravilhoso é o benefício inesperado, que a transgressão de muitos pudesse ser escondida em uma só Pessoa justa e que a justiça de Um só pudesse justificar a muitos transgressores."

No período iniciado com o reinado de Constantino (falecido em 337 dC), quando o cristianismo tornou-se uma religião oficialmente reconhecida, e não mais uma fé perseguida, algumas heresias surgiram e feriram várias doutrinas básicas do cristianismo. Inevitavelmente, um erro no trato de uma verdade cristã, envolveu erros a respeito de outras também, isto é, conceitos deficientes quanto ao pecado impediram que alguns compreendessem a sua necessidade de um Salvador. Outras heresias relacionaram-se com a Trindade, a encarnação de Cristo e a incapacidade do pecador perdido para fazer obras espirituais. Essas heresias todas enfraqueceram o entendimento da justificação bíblica.
Ao combater essas heresias e reafirmar a impotência pecaminosa da natureza humana, a necessidade de salvação pela graça e a expiação eficaz oferecida por Cristo, os fiéis remanescentes lançaram fundamentos seguros para a doutrina da justificação pela graça mediante a fé em Cristo.

Irineu (falecido no princípio do terceiro século), um discípulo de Policarpo, escreveu:

"... através da obediência de um homem, que primeiro nasceu da Virgem, para que muitos pudessem ser justificados e receber a salvação."

Cipriano (falecido em 258 dC), um bispo na Igreja da África do Norte, escreveu:

"Quando Abraão creu em Deus, isso lhe foi imputado para justiça, portanto, cada um que crê em Deus e vive pela fé, será considerado como uma pessoa justa."

Atanásio, bispo de Alexandria durante quarenta e seis anos (falecido em 373 dC), escreveu:
"Nem por esses (isto é, esforços humanos), mas, à semelhança de Abraão, o homem é justificado pela fé."

Basílio, bispo de Capadócia (falecido em 379 dC), foi um escritor prolífico e tem nos deixado palavras tais como estas: "O verdadeiro e perfeito gloriar-se em Deus é isto: é quando o homem não se exalta por causa da sua própria justiça; é quando ele sabe por si mesmo que carece da verdadeira justiça e que a justificação é somente pela fé em Cristo."

Ambrósio, bispo de Milão (falecido em 397 dC), famoso como grande pregador, tem nos deixado estas palavras:

"Para o homem ímpio, para um gentio que crê em Cristo, a sua fé lhe é imputada para justiça, sem as obras da lei, como também aconteceu com Abraão."De Orígenes, o grande professor, pensador e escritor do cristianismo (falecido em 253 dC), vem o seguinte:

"Pela fé, sem as obras da lei, o ladrão na cruz foi justificado; porque ... o Senhor não indagou a respeito de suas obras anteriores, nem aguardava a realização de qualquer obra depois de crer; antes ... Ele o tomou para Si mesmo como companheiro, justificado somente na base da sua confissão."

Jerônimo, o grande tradutor da Bíblia para o latim (falecido em 420 dC), escreveu:

"Quando um homem ímpio é convertido, Deus o justifica somente por meio da fé, não por causa de boas obras que, na realidade, ele não possuía."
Crisóstomo, talvez o maior pregador de todos os Pais eclesiásticos (falecido em 407 dC), e que vivia por muitos anos em Constantinopla. Dele nós temos:

"Então, o que é que Deus fez? Ele fez com que um homem justo (Cristo) Se fizesse pecado, (como Paulo afirma) para que Ele pudesse justificar pecadores ... quando nós somos justificados, é pela justiça de Deus, não por obras ... mas pela graça, pela qual todo o pecado desaparece."
De Agostinho, bispo de Hipona, perto de Cartago, um grande expositor da teologia da salvação somente pela graça de Deus (falecido em 420 dC), temos:

"A graça é algo doado; o salário é algo pago... é chamada graça porque ela é concedida gratuitamente. Você não comprou por nenhum mérito pessoal o que tem recebido. Portanto, em primeiro lugar, o pecador recebe a graça para que sejam perdoados os seus pecados ... na pessoa justificada, as boas obras vêm depois; elas não precedem a graça, a fim de que a pessoa seja justificada ... as boas obras que seguem a justificação manifestam o que o homem tem recebido."

Anselmo, de Cantuária (falecido em 1109 dC), um grande teólogo, e talvez mais conhecido por causa de seu estudo sobre a expiação do pecado por Cristo, escreveu:

"Você acredita que não pode ser salvo, senão pela morte de Cristo? Então, vá, e . . . ponha toda a sua confiança unicamente em Sua morte. Se Deus lhe disser: "você é um pecador", então responda: "coloco a morte de nosso Senhor Jesus Cristo entre mim e o meu pecado."

De Bernardo de Claraval, considerado como o último dos Pais eclesiásticos (falecido em 1153 dC) vem o seguinte: "Acaso a nossa justiça não seria apenas uma injustiça e imperfeição? Então, o que será dos nossos pecados, quando a nossa justiça não é suficiente para defender-se a si mesma? Vamos, portanto, com toda humildade, refugiar-nos na misericórdia, porque ela somente pode salvar as nossas almas . . . qualquer um que tenha fome e sede de justiça, que creia nAquele que "justifica o ímpio", e assim sendo justificado somente pela fé, terá paz com Deus."

Portanto, fora de qualquer dúvida, vemos que a doutrina da justificação pela graça, mediante a fé, não foi uma novidade introduzida por Lutero e Calvino. Embora houvesse muitas heresias e conceitos corruptos durante os primeiros séculos da história da Igreja, houve paralelamente uma corrente contínua dos maiores escritores e pensadores que adotaram e ensinaram esta verdade bíblica.



James Buchanan